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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que irá ampliar a fiscalização da Guarda Civil Municipal e da Polícia Militar no Largo da Concórdia, região central da capital, para combater o comércio ambulante.  A declaração ocorreu após uma ação para retirar do local mais de 1.200 ambulantes, que trabalham sem o Termo de Permissão de Uso (TPU). Contudo, os vendedores se deslocaram para ruas próximas do Largo, no entorno da Feirinha da Madrugada.

"Estas ações marcam a retomada do poder público no centro de São Paulo, que estava ocupado de forma irregular. Aqui, nós estamos falando de ocupação irregular do espaço público, nós estamos falando de venda de contrabando e estamos falando de altos índices de criminalidade, centenas de furtos e roubos realizados", afirmou Covas.

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Segundo o prefeito, a presença dos guardas municipais e dos policiais militares, com o apoio das secretarias municipais e da prefeitura regional, tem como objetivo efetuar uma nova etapa de zeladoria no centro de São Paulo. O tucano afirmou ainda que a ação deveria ter começado na semana passada, mas foi adiada após o viaduto da Marginal Pinheiros, próximo à ponte do Jaguaré, ceder.

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos participa da ação para orientar os vendedores ambulantes em busca de recolocação profissional já que, segundo Covas, mais de 90% deles são imigrantes.

O Recife é um centro de convergência política, econômica e cultural e isso não é de hoje. “Menina dos olhos” para qualquer político que se dispõe a governar as cidades pernambucanas, apesar da disponibilidade deles nem sempre o cuidado com o Centro da cidade é visto como prioridade por quem fica à frente do Palácio Capibaribe Antônio Farias. 

Fazendo um panorama de 1983 até hoje, o LeiaJá ouviu ex-prefeitos e a atual gestão sobre os investimentos direcionados para a região central da capital pernambucana e as iniciativas comungam entre si a tese contínua de revitalização da área que reúne, diariamente, não apenas os recifenses, mas também, como classificava o sociólogo Gilberto Freyre, “recifencizados”. Ou seja, pessoas de outras cidades do Estado que adotam o Recife como local de trabalho ou de moradia. 

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Na década de 80, Joaquim Francisco (PSDB) governou a capital pernambucana por duas vezes e uma das curiosidades detectadas por ele na época foi de que o Recife é “uma cidade matuta” reforçando a tese de Gilberto Freyre. Matuta ou não, o certo é que a cidade tem uma visibilidade secular seja na política ou nas intervenções urbanas. 

Ao receber a nossa equipe em seu escritório na Zona Norte, o ex-prefeito contou do amor que sente pelo Recife e o fato de ter direcionado as ações para o Centro durante seus mandatos na tentativa de torná-lo mais habitável, apesar das chamadas “ruas humanizadas” que, segundo ele, restringiam a passagem e permanência de carros, dificultando o preenchimento dos imóveis da região.  

Francisco detalhou que durante a sua gestão revitalizou ruas, avenidas, pontes e a iluminação da área central -  rendendo, segundo ele, ao Recife o título de cidade mais bem iluminada do país na época. O investimento, entretanto, não surtiu o efeito esperado pelo tucano. 

“Minha intenção era fazer com que o espaço urbano central fosse cada vez mais humano, mas os humanos não atenderam na velocidade que eu esperava”, observou, ao lembrar o esforço feito para ocupar os prédios vazios do Centro da capital pernambucana. 

“Pensei que seria mais fácil quando eu começasse a fazer a recuperação dos prédios no Centro, garantisse o sistema de limpeza urbana - fazíamos a lavagem das ruas cinco vezes por dia - e desse uma melhoria radical na iluminação. Mas isso não brotou um Centro habitado. Aprendi que seria um processo muito lento, porque se criou um conceito de que a melhor moradia era distante da cidade”, lamentou Joaquim, ponderando que o desafio de habitar a região ainda é atual.

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Navegabilidade do Rio Capibaribe: um desejo antigo e frustrado

Na veia da garantia da mobilidade urbana no Recife, um dos debates que não deixa de estar em evidência é o da navegabilidade do Rio Capibaribe, assunto que ganhou ênfase nas administrações do ex-governador Eduardo Campos (2006-2014) e do atual prefeito da capital, Geraldo Julio (PSB), mas não é de agora, vem se arrastando por várias gestões e ainda não saiu do papel. 

A possibilidade de tornar viável o transporte aquático, que reduziria o impacto do congestionamento no Centro já que o rio corta toda a cidade e é considerado uma “avenida líquida”, já era estudada na década de 80 por Joaquim Francisco. Ele tentou atrair empresários e intelectuais do Texas, nos Estados Unidos, para garantir a proposta, mas não obteve êxito.  

“Era um investimento grande, mas não prosperou porque a rentabilidade pública não era viável. Depois, Eduardo [Campos] começou, mas infelizmente não concluiu. Mas ficou um salto. Tem o catamarã andando. A ideia germinou e o catamarã já está incluído no roteiro turístico e o Centro passou a ganhar mais vida naquela época”, rememorou Francisco que deixou a prefeitura para assumir o Governo de Pernambuco. 

Jarbas Vasconcelos: um “cuidado de casa” para o Centro

Também antes de gerir o Estado, o atual deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB) esteve à frente do Palácio Capibaribe Antônio Farias no intervalo entre os governos de Joaquim Francisco e, anos depois, de 1993 a 1996. Sob a ótica dele na época, Recife precisava ser “cuidado como nós fazemos na nossa própria casa” e, seguindo esta linha, logo nos primeiros dias como prefeito fez uma espécie de “faxina geral” na Avenida Guararapes, uma das mais movimentadas da região central. 

Além das limpezas de avenidas e ruas, Jarbas disse que para guiar o trabalho direcionado para a área criou um Escritório de Revitalização do Centro para coordenar as ações e projetos para o local. Entre as intervenções do ex-prefeito estão a reorganização do Recife Antigo e a implantação do camelódromo, na Avenida Dantas Barreto.

 “O camelódromo não surgiu para acabar ou solucionar o problema da atuação irregular dos ambulantes no Centro do Recife. Esse equipamento surgiu para dar uma ordem nesse comércio. Realocamos ambulantes, que antes disputavam entre si os espaços nas ruas do Centro, para um local único, com estrutura, e construído aproveitando a logística e o fluxo dos passageiros de ônibus que por ali passavam e passam até hoje”, justificou Jarbas. 

Apesar da intervenção, o emedebista ainda ponderou a dificuldade que foi, quando prefeito, “desfazer determinadas culturas e hábitos da população” recifense para tentar manter essas iniciativas. 

“O maior desafio foi trabalhar para desfazer a cultura local de muitas das pessoas da cidade de que os espaços públicos, principalmente os localizados no Centro da cidade, são espaços livres de regulamentação e que por isso poderiam ser ocupados sem regras. E era essa a realidade de muitas ruas, ruas importantes do centro do Recife. Vias principais e vias secundárias eram ocupadas de forma desordenada em relação ao comércio, principalmente ao comércio informal”, detalhou. Hoje o camelódromo tem diversos boxes fechados e o comércio ambulante voltou a tomar conta das ruas do Recife, principalmente da Avenida Conde da Boa Vista.   

Já no que se tratou do Recife Antigo, Jarbas relembrou que “foram reformados pontos históricos da região como a Rua do Bom Jesus, além da Rua da Imperatriz e da Rua Nova, passando pela revitalização das pontes, pela reforma completa do Mercado de São José e chegando ao Porto Digital, que hoje é o melhor parque tecnológico urbano do Brasil e fica situado no bairro histórico do Recife Antigo e no bairro de Santo Amaro”.

O Recife no início do século XXI 

De 2001 a 2008, quem esteve à frente da prefeitura foi João Paulo (PCdoB). Ele foi o primeiro prefeito reeleito para cumprir mandatos seguidos e ao falar do Centro do Recife salientou que a região “é fruto de toda a cidade” porque nela trabalham e transitam pessoas da Região Metropolitana e de todo o estado. Seguindo esta linha, as principais e mais polêmicas intervenções feitas pela gestão do comunista na área central foram com relação ao transporte. 

João Paulo extinguiu o transporte clandestino no Centro em parceria com Jarbas, que na época era governador de Pernambuco. A intervenção teve uma reação violenta de kombeiros que chegaram, inclusive, a ameaçar de sequestro um dos filhos do então prefeito e forçou João Paulo a circular pelas ruas da capital de carro blindado por dez meses [ver mais detalhes no vídeo]. 

Logo em seguida, de acordo com o ex-prefeito, veio a construção das paradas de ônibus na Avenida Conde da Boa Vista, construção que iniciou a implantação do corredor leste-oeste e rende críticas a João Paulo até hoje.  

“Uma questão política, na época, foi o fato de Mendonça [Filho - sucessor de Jarbas Vasconcelos] ter colocado todos os fluxos de ônibus para circular pela Conde da Boa Vista gerando engarrafamento e uma crise grande, mas aí conversamos e encontramos outros roteiros como solução, mas o principal motivo do congestionamento foi o excesso de ônibus. Tem muita gente que reclama até hoje porque foi priorizado o ônibus, mas não me arrependo”, garantiu João Paulo, ao comentar sobre a intervenção. 

A revitalização de ruas do Centro também esteve na lista de ações de João Paulo, assim como dos outros prefeitos, e o “disciplinamento do comércio ambulante com fiscalizações e um trabalho educativo de limpeza” da região. 

Outro aspecto de destaque na administração do ex-prefeito foi no âmbito cultural. Ele instalou o Circuito da Poesia em 2005, com 12 estátuas de escritores e artistas pernambucanos espalhados pelo Centro da cidade, implantou o carnaval multicultural fazendo com que o Marco Zero virasse referência da festa no país, e recuperou o Teatro Santa Isabel,  onde começaram a exibir peças teatrais para famílias contempladas pelo Bolsa Família durante a gestão dele.

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O Centro hoje: a visão dos ex-prefeitos e da atual gestão

De prefeito em prefeito, o discurso de ações benéficas é constante, mas o Centro do Recife não é essa maravilha toda e ainda carece de novas intervenções atualmente. O LeiaJá tentou ouvir o prefeito Geraldo Julio (PSB) sobre como estava atuando na região, assim como fez com os demais ex-prefeitos, mas o pessebista não disponibilizou agenda. 

Apesar disso, o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, conversou com a nossa reportagem e argumentou que o poder público sozinho não consegue ser responsável pela requalificação da região e pelo combate, por exemplo, do fenômeno de esvaziamento das atividades econômicas que sustentaram por anos a área - ponto tão questionado pelos ex-prefeitos Joaquim Francisco e Jarbas Vasconcelos. 

“O sucesso para iniciativas que visam evitar o esvaziamento do centro passa pela parceria entre o poder público e o setor privado. Os proprietários dos imóveis, dos prédios, poderiam se comprometer mais em requalificar os imóveis enquanto que o poder público se faria presente nessas áreas. Uma presença não só na manutenção correta dos espaços e vias, mas também garantindo segurança e o suporte necessário para quem trabalha e circula por esses locais”, ponderou Jarbas, cobrando também a atuação mais eficaz da prefeitura.

“É colocar uso, gente e atividades no Centro. Não pode ser apenas na base do restaurante”, argumentou Joaquim Francisco. 

Neste sentido, o secretário explicou que a atuação do poder público no Centro atualmente está baseada em três eixos: ordenamento urbano, promoção da dinâmica urbana e a requalificação e valorização das áreas públicas. 

No âmbito do ordenamento urbano, o secretário fez questão de destacar o comércio ambulante que vem tomando conta da Avenida Conde da Boa Vista e de outros pontos da capital pernambucana  que já foram, inclusive, alvos de investimentos de outras gestões [como citamos acima]. Alexandre disse que a Prefeitura é contra a tese de “higienização da cidade”, com a retirada dos ambulantes sem dar alternativas. 

“Estamos falando da base socioeconômica da cidade. Existe a carência que acaba colocando para as famílias, como fonte de geração de renda, o comércio informal e ambulante. Por isso estamos buscando alternativas onde estas pessoas possam fazer suas atividades de geração de renda”, afirmou, pontuando que estão sendo estudados quatro terrenos para a construção de shoppings populares. 

“Tivemos uma ação importante na Conde da Boa Vista, mas o fluxo é grande e não adianta pensar que só tirando resolve. Mas fizemos uma ação, por exemplo, na Ponte da Boa Vista [conhecida como Ponte de Ferro], não se conseguia andar nela e hoje a realidade é outra”, completou. 

Já no tocante da requalificação e valorização das áreas públicas, Antonio Alexandre salientou que a gestão está mais avançada com ações culturais como o Recife Antigo de Coração e a Ciclofaixa móvel aos domingos e feriados. “Os dois projetos fizeram com que os recifenses redescobrissem o Centro do Recife”, frisou. 

Além disso, o secretário lembrou ainda do projeto de requalificação da Avenida Conde da Boa Vista, uma promessa da campanha de reeleição de Geraldo Julio, mas que ainda não saiu do papel. “Estamos concluindo para apresentar, em breve, para a sociedade”, concluiu. A Conde da Boa Vista é ponto de gargalo do trânsito do Centro do Recife e alvo de críticas desde a intervenção feita por João Paulo. 

Embora os ex-prefeitos e a atual gestão tenham listados suas intervenções para a região, o retrato atual do Centro não é tão animador e existem diversas interrogações sobre até quando uma das principais áreas da capital pernambucana seguirá sem o cuidado que ela merece.

O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) e a Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiram proibir o comércio ambulante próximo aos locais de votação durante o 2° turno, que acontece neste domingo (26). Os ambulantes terão um limite médio de 100 metros do acesso dos prédios para ofertarem qualquer produto. 

A medida, de acordo com os órgão, tem o objetivo de evitar possíveis aglomerações de pessoas próximo aos colégios eleitorais e reduzir as ocorrencias de boca de urna. Assim como aconteceu no 1° turno, a não adoção da Lei Seca e o número de policiais destacados para o dia do pleito serão mantidos. 

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A rua Silvino Macedo, no centro de Caruaru, Agreste pernambucano, está passando por uma revitalização, à pedido dos moradores. Conhecida como “rua da má fama”, pela quantidade de bares alternativos, o local tem gerado desconforto e insegurança.

Como parte do programa de revitalização, na Silvino Macedo está proibido o comércio ambulante, aqueles que descumprirem a recomendação poderão ter o material apreendido.

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De acordo com informações da assessoria, foi diagnosticado que a comercialização de produtos pelos ambulantes atrapalha o trânsito, perturba a vizinhança – alguns trabalham com carrinhos de CD e, em alguns casos venda de produtos ilícitos.

As ações são uma recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e acontecem nos fins de semana, quando há maior movimentação, em parceria com a Polícia Militar

O nível de insegurança do local aumentou há alguns meses, sendo cobrada maior atenção com a segurança pelos clientes dos bares e restaurantes. Os moradores solicitaram também o auxílio da Prefeitura para repaginar o nome da rua e que, popularmente haja uma campanha para não seja citada como “Rua da Má Fama”, assim como nos comunicados oficiais.

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Por Íris Garbuglio

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Quem percorre o centro da cidade do Recife, tem a mesma impressão sobre a situação do local: muito lixo, barracas distribuídas pelas calçadas, buracos e falta de espaço para circular. Na Avenida Dantas Barreto não é diferente. Em um dos trechos mais movimentados da via - entre a Igreja de Santo Antônio e a Igreja de Nossa senhora do Carmo - os problemas ficam bastante claros. 

Não há acessos para pessoas com mobilidade reduzida por todo o trecho. Thiago Dantas, que é cadeirante, só consegue ter acesso às paradas de ônibus por que já tem prática de subir o meio fio. Entretanto, nem sempre isso é possível. “Há dois meses sofri um acidente, na Rua Paissandu, por não conseguir subir na calçada, fiquei no meio da rua e fui atropelado por uma moto, me ferindo e quebrando minha cadeira de rodas”, relatou o cadeirante.

Os passageiros que utilizam o serviço público de transporte têm dificuldades para se locomover e pegar ônibus. Muitas vezes, a alternativa é esperar pelo coletivo no meio da rua. “É perigoso demais, ando por esse lugar todos os dias, é arriscar a própria vida”, afirmou uma das usuárias, a diarista Elizângela. Para ela, a situação só vai melhorar quando os ambulantes forem retirados do local. “Não temos calçadas para andar e o saneamento básico é péssimo, tem lixo para todo lado”, concluiu.

Além do acesso ao transporte coletivo, outros serviços particulares também são afetados pela falta de mobilidade. A agência bancária, ao lado do edifício Guararapes, por exemplo, fica completamente tomada por ambulantes. Na calçada próxima à entrada da agência, um buraco enorme, compromete quase toda a calçada e a outra metade está ocupada pelos camelôs. Os pedestres têm de escolher entre passar dentro do buraco ou andar no meio da rua.

Em nota, a Prefeitura do Recife explica que está realizando ações para organizar o comércio. “A Diretoria de Controle Urbano (Dircon) informa que está realizando ações de ordenamento em alguns pontos de maior incidência de comércio ambulante no Centro do Recife. A Avenida Dantas Barreto também está incluída na programação dessas ações, que seguirão até o final do ano”. 

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