Moradores e comerciantes que atuam na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), já estão cansados de reclamar da falta de estrutura, pavimentação e da enorme quantiadade de buracos e desníveis que se espalham pela via há anos. Retrato de um cenário de abandono, os 4,4 quilômetros de extensão da avenida parecem reunir um conjunto de insatisfações. Carros, pedestres, bicicletas, ônibus e vendedores são prejudicados diariamente com a sujeira, os alagamentos e com a falta de movimentação no comércio por causa da péssima condição de uma das principais avenidas de Olinda.
Na última terça-feira (7), moradores realizaram um protesto para que a situação dos buracos fosse resolvida. Na avenida, eles se reuniram e interditaram os dois sentidos da via na altura do bairro de Peixinhos. Principal ligação entre aqueles que vem da PE-15, do Varadouro ou de Recife para os bairros de Peixinhos ou Jardim Brasil, a Kennedy deixou de ser uma opção viável e se tornou um pesadelo. A vendedora Jocilene Correia falou que o problema é recorrente. Ela falou que desde a reforma, em 2013, tudo continua dando errado. "É um absurdo, têm acidentes de carro, moto, bicicleta", contou.
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No último sábado (4), moradores se reuniram para colocar gelos-baianos e blocos de concreto em trechos mais críticos da via. Em entrevista à reportagem, eles explicaram que o intuito foi evitar que os veículos tombassem e caíssem sobre a calçada, a poucos metros das lojas. "Os carros não conseguiam passar mais, o buraco é muito fundo e os ônibus tinham que ir pela contramão. A gente fez isso para poder melhorar um pouco, mas é algo que não vai durar muito tempo", pontuou Antônio Oscar, comerciante da área há 22 anos.
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Além dos graves problemas de mobilidade com a formação de buracos e a falta de drenagem dos esgotos, a avenida, antes considerada um polo comercial importante de Olinda, hoje já não abriga mais tantas lojas. Estampados com a placa de 'aluga-se', já são 12 estabelecimentos fechados ao longo da avenida, segundo a comerciante Luciene Moreira, que é proprietária há mais de uma década de uma loja de móveis. Para Leandro Barbosa, o comércio da via ficou em segundo plano com a realização da reforma e a implatação das paradas de ônibus no meio da avenida. Há oito anos atuando na localidade, o montador de bicicletas diz que os clientes não procuram mais o comércio da avenida. "Os carros não podem estacionar, os clientes não querem mais vir para o lado de cá por causa da lama, dos buracos e dos esgotos entupidos", lamentou.
Esperançosa para conseguir se estabilizar financeiramente, a vendedora Edilente Francisca resolveu alugar um ponto na Kennedy e há cerca de três meses abriu uma loja lanches, que fechou as portas neste domingo (12). Ela contou que não há movimentação na área e que o mau cheiro, a falta de uma pavimentação linear e os esgotos com vazamentos são os principais fatores para o fechamento de seu negócio. "Ninguém vai querer comer um lanche em um local nessas condições", explicou.
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Prefeitura de Olinda
Em entrevista ao Portal LeiaJá, o secretário de Serviços Públicos da Prefeitura de Olinda, Manoel Sátiro, minimizou o fechamento do comércio e explicou que as lojas não estão fechando por conta da avenida, mas sim por conta da economia em crise do país. Ele ainda pontuou que há "pontos tristes" e que o acesso é ruim, mas que a Prefeitura da Olinda já está resolvendo. "Começamos a fazer uma operação para tapar os buracos, resolvemos o problema na frente do Centro da Moda e vamos continuar fazendo até o fim do mês. Enquanto não terminarmos o serviço, não sairemos do ar", garantiu Sátiro.
O secretário atribuiu uma parcela de culpa da situação da avenida à falta de consciência da população. "Colocamos lixeiras em todas as paradas e as pessoas não colocam o lixo dentro das sacolas, principalmente os comerciantes. É um ciclo vicioso, os moradores jogam os lixos na rua e isso também prejudica muito", ressaltou. Sátiro informou ainda que a rede de drenagem é direcionada para o Rio Beberibe, que está assoreado, ou seja, cheio. "Há muitas invasões nas margens do rio, o que também prejudica nosso trabalho e é uma das causas desses alagamentos pelos esgotos", afirmou.
"A avenida sempre teve problemas, mas de um tempo pra cá está caótico. Tivemos que colocar metralha e brita para que os carros pudessem passar sem tombar para a calçada. A gente sabe que aqui funciona o polo principal do comércio de Olinda e que depois da reforma, tudo piorou", relatou entristecida Luciene Moreira. Já para o secretrário de Serviços Públicos da Prefeitura de Olinda, a via já esteve pior. "Hoje há pontos críticos e estamos trabalhando para resolver isso e até a metade de julho. Se não chover, esperamos que o problema dos buracos já esteja resolvido", garantiu.