Com 51% de aprovação dos recifenses, os ambulantes reclamam da falta de apoio do poder público. Criticam a falta de espaço físico, a política de planejamento e reivindicam alternativas. E apontam soluções.
Antônio Marcelino da Silva (foto), de 54 anos, vive do comércio informal há mais de 35 anos. Com o dinheiro que consegue apurar da venda de coxinhas, acarajés e refrigerantes, ele sustenta a mulher e quatro filhos. “Um dia comemos ovo, no outro comemos peixe. Um dia bebemos água, no outro bebemos suco. O dinheiro é pouco, mas minha família não passa fome”.
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Seu Marcelo, como é conhecido pela localidade, se queixa das dificuldades em sair da informalidade. “Eu não posso ter uma lojinha porque a Prefeitura coloca muitos obstáculos. As taxas que são cobradas eu não tenho condições de pagar”. Segundo ele, a venda de lanches foi à única saída encontrada para sustentar a família. “Se eu não for trabalhar e não colocar comida em casa, os meus filhos vão virar marginais e isso vai refletir em toda a população que não tem nada a ver com isso”.
Para o comerciante, o problema da informalidade tem uma solução que não prejudicaria nenhuma das partes envolvidas. “Antes de nos tirar das ruas, a Prefeitura deveria fazer um levantamento para ouvir as nossas necessidades e nos ajudar”.
Há poucos metros de distância encontramos a barraca de Marinaldo Araujo, 53. Bastante receoso, ele preferiu não ser fotografado. Numa espécie de “carro lanchonete”, ele vende cachorro-quente e refrigerante. Desempregado há mais de dois anos, foi no comércio informal que seu Marinaldo viu a saída para sustentar duas filhas e a esposa. “Assim que fui demitido cheguei a fazer três entrevistas em empresas diferentes e todas me disseram que eu estava velho para o mercado de trabalho”.
Quando perguntado o que poderia ser feito para mudar a realidade dele e de tantos outros brasileiros que vivem na informalidade, Marinaldo foi taxativo em responder que a Prefeitura e o Governo deveriam dar mais oportunidades e alternativas para as pessoas que tenham uma idade acima da que o mercado costuma absorver.
Alcides Souza (foto), 29, divide com a irmã, há 1 ano e 3 meses, o comando de uma barraquinha em Casa Amarela. Também por falta de oportunidade, ele se viu obrigado a se tornar um comerciante informal. Para Alcides, os problemas dos ambulantes poderia ser resolvido a partir da criação de espaços onde eles pudessem comercializar formalmente os produtos.
Contrário ao comerciante, Reinaldo de Lima (foto/azul), 43, não bota fé nos locais específicos para os ambulantes. “Já ficou comprovado que essas galerias não dão certo. Nas ruas os comerciantes já têm os seus fregueses e conseguem vender muito mais”. Ocupando um pequeno espaço entre a rua e a calçada, há cerca de dois anos, Reinaldo acredita que a padronização dos ambulantes poderia ser a solução. “Se a padronização e criação de quiosques feita pela Prefeitura em Boa Viagem se estendessem ao bairro de Casa Amarela nossa situação seria outra, mesmo que tivéssemos que pagar impostos”.
Já o comerciante Reinaldo de Lima (foto), 43, aponta outra solução para os problemas enfrentados por eles. “Eu acho que a Prefeitura deveria eliminar somente o pessoal que vende frutas e verduras. Eles colocam os tabuleiros no meio da rua, deixam tudo sujo e não são preparados para atender os clientes”. Reinaldo, que procura diferenciar no preço e no atendimento, se mostrou satisfeito com as vendas e com o ponto que conseguiu, através da amizade, em frente a uma grande loja de calçados. “Tenho um bom relacionamento com os funcionários da loja. Eles me ajudam e eu os ajudo e assim conseguimos levar a vida”, finalizou.