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Em comemoração ao Mês da Consciência Negra, a Ong Paratodos inaugurou o Espaço Cultural 11 Negras, na Comunidade Quilombola Onze Negras, no Cabo de Santo Agostinho, no sábado (27). O ambiente, cuja reforma foi 100% financiada pela ONG Paratodos, foi entregue às mulheres da comunidade para ser utilizado como um espaço de emancipação social e financeira. Na ocasião, também foram firmadas três parcerias que apoiam o processo emancipatório da Associação Onze Negras: com o Instituto Travessia, cujo objetivo será a erradicação da pobreza por meio do empreendedorismo social sustentável; cooperação com a Secretaria de Assistência Social do Município do Cabo de Santo Agostinho para implantação da Cozinha Comunitária, já co-financiada pelo Governo Estadual; e com a Paratodos, a partir da disponibilização de consultoria para o fortalecimento institucional e promoção da educação tradicional.

“Ao conversarmos com as mulheres que utilizavam aquele espaço, não quisemos fazer uma imposição do que a gente imaginava que elas precisavam. Pelo contrário, ouvimos todas elas e buscamos entender a real necessidade. Nosso objetivo era entregar um espaço de transformação social”, afirmou a presidente da Ong Paratodos, Marina Maciel. 

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O Espaço Cultural 11 Negras foi viabilizado pela Ong Paratodos por meio do Projeto Arquitetura Paratodos, que consiste na elaboração de projetos e reformas para oferecer condições básicas de dignidade e moradia de pessoas em vulnerabilidade social. Na Comunidade Quilombola Onze Negras, o projeto atuou num galpão já utilizado pelo grupo. O ambiente será utilizado para fomentar o empreendedorismo entre as mulheres, que poderão contar com palestras, cursos e ambiente próprio para realização de artesanatos e comidas típicas. 

A Ong Paratodos e seus parceiros realizaram a reforma completa do galpão seguindo a descrição conforme as necessidades eram relatadas pela comunidade. A partir disso, foram instaladas novas louças sanitárias, janelas,pontos elétricos e ventiladores de teto. Também foram recuperadas as madeiras do telhado, sendo realizada dedetização contra cupins, e colocadas novas telhas translúcidas para iluminação natural do espaço.

Para fortalecer a segurança alimentar das crianças e a autonomia das mulheres da comunidade, na ocasião também foi assinado o termo de parceria para estruturação da cozinha comunitária, através do Programa Tá na Mesa PE,com recursos do governo do Estado de Pernambuco específicos para as comunidades quilombolas. A iniciativa recebeu o apoio da Ong Paratodos na interlocução das Onze Negras com o Governo de Pernambuco e tem o intuito de combater a insegurança alimentar e nutricional, além de fortalecer a ação coletiva e a identidade comunitária das Onze Negras. 

Outra cooperação assinada foi com o Instituto Travessia, que ficará responsável por formar uma cooperativa de mulheres para desenvolver competências e empreendedorismo no ramo têxtil. A ideia é que futuramente seja lançada uma coleção moda praia inspirada nas cores e cultura  utilizada pela mulher quilombola. 

A Ong Paratodos ficará responsável por oferecer consultoria para o fortalecimento institucional da Associação Quilombo Onze Negras. O objetivo é a organização institucional inicial e geração de capacidades locais para autonomia na gestão e criação de competências para o  mapeamento e retenção de parcerias que fomentem a sustentabilidade das  ações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida na comunidade quilombola Onze Negras. 

A entrega do Espaço Cultural 11 Negras  e as assinaturas dos termos de cooperação ocorrem em um dia repleto de ações e debates. A programação extensa foi desde apresentação musical, a debates, homenagem e reconhecimento de quilombolas que têm feito a diferença na transformação social do local. “No evento em comemoração à Consciência Negra, precisamos falar sobre quem somos verdadeiramente, de onde viemos, para onde queremos ir. A igualdade não é um prêmio, é reconhecimento, do grego anagnórise, descobrimento de sua essência, oculta até então. O que é consciência negra? Primeiro saber-se negro ou sabê-lo negra e entender as lutas, vitórias, riquezas , angústias,tristezas e potencialidades. Em seguida, apoiar-se ou apoiá-lo a reencontrar o caminho de retorno à vida, à oportunidade, ao orgulho, à riqueza, à liberdade, sua África! Precisamos muito reparar. A consciência negra deve sera ponte para a reparação. À maioria do povo negro, remanescente do escravidão no Brasil, foi negada a identidade e oportunidades mínimas para a integração social, econômica e cultural Precisamos resgatar e devolver o direito de ser livre e prover a própria liberdade”, explicou diretora de Igualdade da Ong Paratodos, Sabrina Lira. 

ONZE NEGRAS - A comunidade quilombola Onze Negras está localizada no Engenho Trapiche, no município do Cabo de Santo Agostinho, a 35 quilômetros do Recife.Atualmente, estima-se que vivem no local cerca de 600 famílias, que formam a comunidade composta por pessoas negras remanescentes da escravidão no município.  Segundo a Onze Negras, a concepção do local ocorreu em meados de 1940, com a formação de uma pequena comunidade composta por negros remanescentes da escravidão no município. Nessa mesma época, famílias migravam para o Cabo de Santo Agostinho com a intenção de trabalhar nas usinas de cana-de-açúcar. Três grandes famílias foram originadas e seguiram morando no Engenho Trapiche, comprando as terras posteriormente e iniciando as construções de algumas casas. Ao longo dos anos, a comunidade recebeu vários nomes: Burrama, Pista Preta e, por fim, Onze Negras. Do grupo pioneiro que fundou a associação de moradores, quatro mulheres já faleceram,sendo substituídas por outras, sempre com a intenção de manter o trabalho coletivo em prol da comunidade. 

PARATODOS Tem como missão contribuir com o acesso dos mais vulneráveis a oportunidades de transformação de vida, semeando a esperança de um futuro melhor através do cuidado integral das pessoas. Fazemos isto combatendo as desigualdades sociais e econômicas, protegendo as crianças e os mais vulneráveis e trabalhando em parcerias para transformação de vidas, sendo o exemplo de mudança que queremos ver na sociedade.

Da assessoria

Recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fazem nesta quarta-feira (24) um teste do Censo 2022 na comunidade quilombola Campinho da Independência, em Paraty, no sul fluminense. Neste censo, pela primeira vez, o IBGE fará um recorte específico sobre as características demográficas, sociais e econômicas dos quilombolas, de acordo com o instituto.

As comunidades remanescentes de quilombos, agrupamentos formados por escravos que escapavam do cativeiro para se libertar dessa condição, são grupos reconhecidos pela Constituição de 1988 como portadores de direitos territoriais coletivos.

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Hoje, serão testados protocolos sanitários de segurança, normas de abordagem e o questionário específico para essas populações.

Os testes para o Censo 2022, voltados para a população em geral, começaram em vários municípios brasileiros, nas 27 unidades da Federação, no dia 4 de novembro e se estenderão até meados de dezembro.

O Censo 2022 começa em junho do ano que vem e visitará todos os domicílios do país. 

Entoando frases de protesto como “Povo negro unido e povo negro forte não teme a luta, não teme a morte”, e “O povo quilombola: Tem direito à terra”, cerca de 150 pessoas ligadas a movimentos sociais da Bahia realizaram um ato público nesta quarta-feira (1°), no Quilombo Rio dos Macacos, no município de Simões Filho, em defesa da comunidade que corre o risco de ser despejada do seu território pela Marinha do Brasil.

O ato, organizado pelas lideranças quilombolas de Rio dos Macacos e pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT), contou com o apoio de outros movimentos como a Quilombo X, o Coletivo Blacktude, Associação de advogados de Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia (AATR), Núcleo Akofena, Movimento dos Pescadores da Bahia (MopeBa) e Campanha Reaja.

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Após a manifestação, ocorrida em frente à Base Naval de Aratu, os manifestantes caminharam pelos fundos até as imediações do quilombo, onde foi realizada uma plenária com falas de apoio e denúncias dos casos de violência sofridas pelos moradores. “Já morreram seis pessoas aqui desde 2009, quando eles começaram a tentar nos expulsar. Essa terra é tudo que nós temos, e dormimos e acordamos com medo de perder o que é nosso e o que foi de nossos ancestrais. A gente nem tem mais medo da morte, por que daqui só saimos mortos”, emociona-se Rosimere dos Santos, liderança comunitária.

Após a manifestação, os militantes seguiram até o bairro de Periperi, em Salvador, a poucos quilômetros do quilombo, onde ficarão acampados em vigília até o fim da semana. Hoje (2) e amanhã (3) a agenda do movimento segue no evento chamado "Seminários dos Quilombolas em Defesa do Quilombo Rio dos Macacos", que abordará temas como Disputas entre quilombolas e Forças Armadas pelo Brasil, com representantes do Quilombo Marambáia (RJ) e Alcântara (MA), que passaram por processos parecidos com o Exército e a Marinha, respectivamente. O seminário também trará formação sobre direitos territoriais e quilombolas, discussões e encaminhamentos sobre o caso de Rio dos Macacos.

Na última terça-feira (31), integrantes do quilombo e representantes do governo fizeram uma reunião sobre a posse da terra, mas não chegaram a um consenso. Outro encontro foi marcado para daqui a duas semanas e, até lá, o governo garantiu que não haverá ações de reintegração de posse, mas os moradores afirmam não se sentirem assegurados, pela não existência de um documento que comprove este acordo.

O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), que reconhece a região como quilombo, já foi concluído pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mas não foi enviado para o Diário Oficial da União ou ao Diário Oficial do Estado, medida que daria valor legal ao estudo.

Vários Movimentos sociais, personalidades políticas e artistas já aderiram a campanha em pró do quilombo. Nesta quarta-feira (1°), o Coletivo Mães de Maio (SP) divulgou em sua página no Facebook, fotos dos rappers Helião, da banda Rzo, e Mano Brown, do Racionais Mc, segurando o banner da campanha.

Entenda o caso
A comunidade Rio dos Macacos é formada por cerca de 60 famílias, que reivindicam a posse da área e defendem que estão no local há mais de 200 anos, tendo registros de uma moradora com 112 anos, que nasceu no local e teve os pais e avós também nascidos ali. A Marinha afirma ter oferecido uma área para que os moradores fossem alocados, mas eles não demonstraram sinal de aceitação.

Em meados de 1960, as terras pertencentes aos quilombos foram doadas pela prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil, tendo ficado registrada na ocasião a existência de moradores e a ressalvada sobre a responsabilidade da Marinha por quaisquer indenizações por transferência de terra.

Nos últimos três anos, com a construção da base naval e a intensificação do contingente de oficiais no local, a tensão e o medo se instauraram na comunidade.

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