O dia 8 de dezembro, data dedicada à Nossa Senhora da Conceição, tem um significado marcante para a estudante Rayanne Freitas, 18 anos, e sua família. O seu pai, o empresário Eugênio Freitas e sua mãe, a dona de casa Flávia Maria, acordam na data às 4h da manhã, anualmente, para agradecer ao que chamam de cura proporcionada pela santa à filha. Ao todo, são cerca de 15 km a pé de sua residência, no bairro da Imbiribeira, até subir o Morro, em Casa Amarela, em agradecimento. Eles afirmam que o esforço é o mínimo diante da cura de Nani, como foi apelidada carinhosamente, que antes de completar quatro anos, teria que enfrentar uma batalha difícil para a sua idade.
Os primeiros sintomas que Nani apresentou, à época, assustou a família e a avó Dona Onilda que, com o passar do tempo, não vendo melhora da neta, fez uma promessa à Nossa Senhora da Conceição. A menina tinha um quadro de sintomas hemorrágicos. Qualquer pancada era sinônimo de um hematoma no seu então frágil corpo. Foi internada em alguns momentos de maiores instabilidades e, até chegou, à UTI. A suspeita chegou a ser de Leucemia. “Tempos difíceis”, recorda a mãe.
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A avó dona Onilda, prontamente, se apoiou em sua fé para pedir à Nossa Senhora da Conceição a cura da neta, seja lá qual fosse a doença a ser enfrentada. Cerca de um ano depois, o diagnóstico foi o de plaquetopenia, quando as plaquetas estão em um nível inferior ao normal. Foi cogitado até a retirada do baço, um órgão localizado abaixo do diafragma.
Uma promessa foi feita. Acreditando na melhoria da saúde de Nani, a menina vestiria apenas azul e branco até “ficar boa”. Assim foi feito e, por mais de dois anos, a pequena garota cumpriu o prometido até os sintomas que, antes afligiam à família, fossem amenizando até desaparecerem.
Dona Onilda acredita que sua fé na santa foi fator primordial para a melhora apresentada. “Depois da promessa, ela foi melhorando. Eu acho que tudo vem da nossa fé. Podemos fazer mil promessas, mas se não tiver fé, a gente não alcança”. Apesar de terem se passado mais de 12 anos, ela disse que não há de se esquecer o que chama de graça alcançada. “A gente não esquece quando uma pessoa alcança uma graça. É uma felicidade sem fim. Agradeço ao meu Deus e a Nossa Senhora da Conceição”.
O pai Eugênio conta que foi um período difícil e também se diz grato. “Foi um momento muito difícil porque eu tinha um entendimento da situação e sabia que tinha algo errado. Eu acreditava que era uma doença e creio que, depois da promessa, aconteceu outra por causa da fé. Todos os anos percorro os 15 quilometros em agradecimento à santa, que me deu essa tranquilidade em relação a saúde da minha filha. A fé, tenho plena certeza, foi o diferencial nessa história”, acredita.
A mãe Flávia Freitas também recorda com emoção a situação em que via a filha quando era internada. “Eu como mãe entrava em desespero ao ver a minha menina naquele estado. Ficava apavorada e pedíamos muito em orações, que foi o que curou a minha filha após tanto sofrimento com os cuidados também da médica hematologista Patrícia Marques, que acompanha ela até hoje. A sua tia Fátima também fez uma promessa à santa. Foi Nossa Senhora da Conceição que a curou e Deus. Enquanto vida eu tiver, eu nunca vou deixar de ir aos pés da santa agradecer o tanto que ela e Deus foram bons na vida da minha filha”.
Lembranças da Infância
Apesar da pouca idade, Rayanne recorda de alguns fatos que ficaram em sua alma. “Lembro-me de quando dormia e, às vezes, acordava sangrando. Lembro também que minha mãe chorava muito, das noites no hospital que só queria dormir no hospital com a minha irmã mais velha Maria Cláudia e da minha vó que levou, quando estava internada, uma boneca da Xuxa. É algo que me emociona e, hoje, tenho certeza, de que a fé ajudou muito. Na verdade, foi algo essencial”, ressaltou.
Uma nova fase começaria na vida de Nani com o nascimento de sua filha Isabella, que completou oito meses de vida, um dia antes do aniversário da santa, que Nani ressalta que será sempre lembrada em sua história. Ao lado do esposo Hiago, a garota de outrora fragilizada pela instabilidade de suas plaquetas enche a boca para agradecer. “Sou abençoada pela família que construí e pela fé daqueles que me amam tiveram em Nossa Senhora da Conceição. É um dia muito especial”, ressaltou.
A irmã Eugênia Freitas também lembra dos fatos e agradece. “Eu era pequena e não entendia porque, às vezes, Rayanne não podia voltar para casa. Não sabia a gravidade, mas lembro bem que não queria ver a minha irmã no hospital e não gostava quando ia só eu e minha irmã para a escola. Eu sentia falta dela. Eu dedico uma boa parte dela estar boa aos meus pais e à minha avó, pessoas de fé”.
Maria Cláudia, a irmã que dormia ao lado de Nani quando estava no hospital, se recorda emocionada. “Ela só queria dormir comigo e todo o cuidado era para ela. Depois de tudo que aconteceu e ver ela saudável, eu me tornei devota de Nossa Senhora da Conceição, que ajudou muito a consolar nos momentos de dificuldade e que é a nossa base no momento agora de agradecer”, complementou.
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