Uma mensagem distribuída em celulares de sindicalistas da Petrobras vazou, na sexta-feira (26) informações do plano de venda de ativos da Petrobras, antes da empresa se posicionar oficialmente ao mercado, o que só deve acontecer hoje. Segundo a mensagem, "Liquigás, Gaspetro, Transpetro, algumas sondas e poços terrestres serão desinvestidos".
O texto trata ainda da transferência de empregados dessas subsidiárias para a companhia controladora. "Todos os 500 funcionários próprios de Cabiúnas (terminal de gás localizado em Macaé, no Rio) serão cedidos (à Petrobras) a partir de janeiro de 2016", traz a mensagem, em relação ao terminal de gás localizado em Macaé (RJ).
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Fontes afirmaram ao Broadcast, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, que movimento semelhante ocorrerá nas demais subsidiárias incluídas no desinvestimento.
A informação circulou em grupos de sindicalistas no mesmo dia em que o conselho de administração da Petrobras estava reunido para decidir os bens que serão vendidos e o orçamento da empresa até 2019. No meio do encontro, o conselheiro representante dos empregados, Deyvid Bacelar, ficou sabendo que o plano de desinvestimento havia vazado e correu para se antecipar a acusações de que a mensagem teria partido dele, já que é o único do colegiado a manter relação direta com sindicalistas.
Para se precaver de multas por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se posicionar frente à diretoria, ele correu para registrar em ata que o texto distribuído em celulares teria partido de sindicalistas da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), dissidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), da qual faz parte.
Como a informação sobre os ativos que estariam no plano de desinvestimento só foram divulgados aos conselheiros durante a reunião, Bacelar ainda alega que outro membro do colegiado passou a informação para os sindicalistas da FNP, dissidente do governo PT. A FUP está alinhada com a CUT o PT.
"Se a informação espalhada pelo integrante dos dissidentes for verdadeira, significa que a oposição tem um informante entre os conselheiros da Petrobras", afirmou Bacelar no blog que mantém na internet.
A discussão sobre a origem da mensagem ganhou proporção no fim de semana e gerou trocas de acusações entre os dois grupos de sindicalistas representantes dos empregados da Petrobras, que se dividem entre os que apoiam ou não o governo. A versão dos sindicalistas ligados à Central Sindical e Popular (CSP Conlutas), mais próxima ao PSTU, divulgaram textos no WhatsApp atribuindo as informações vazadas do conselho da estatal a dois diretores da FUP, em reunião setorial, que teria acontecido na manhã de quinta-feira, 25. Os diretores teriam se encontrado com Bacelar previamente.
"Notemos que o horário da mensagem (8:50) foi anterior ao início da reunião do conselho de administração da Petrobras, o que nos faz pensar que o conselheiro eleito (Bacelar) já tinha as informações sobre o futuro das instalações da Transpetro, Gaspetro e Liquigás", traz mensagem distribuída por membros da FNP.
Apreensão
O plano de desinvestimento tem causado apreensão aos funcionários da empresa, porque, como antecipou o presidente Aldemir Bendine, será o primeiro passo para o encolhimento da petroleira.
Na mensagem distribuída aos sindicalistas, o autor faz menção ao remanejamento de funcionários de pelo menos uma das empresas cujos ativos serão vendidos, a Transpetro, para a controladora. Mas, apenas após o anúncio oficial do plano, esperado para hoje, será possível tomar conhecimento da dimensão dos cortes. A Petrobras não comenta o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.