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Deputados da oposição protestaram nesta quinta-feira (3), no Plenário da Câmara, contra notícias de que o governo está monitorando as atividades de deputados, jornalistas, economistas e influenciadores em mídias sociais. A liderança do governo não se pronunciou.

As deputadas Érika Kokay (PT-DF) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) anunciaram que estão colhendo assinaturas para formar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Detratores, nome como são identificados os influenciadores que se posicionam contra o governo em seus perfis públicos em mídias sociais.

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Para Jandira Feghali, o fato é mais grave por envolver o gasto de dinheiro público com contratações de empresas privadas. "Não basta argumentar que são clipagens. Clipagem não se faz assim, clipagem é natural em qualquer governo, existe assessoria de imprensa para isso", refutou.

"Certamente, é algo inconstitucional e tem que ser averiguado. Conte sempre com o meu apoio", respondeu o deputado Luís Miranda (DEM-DF), que presidia a sessão.

Érika Kokay destacou que o contrato do governo com a empresa de monitoramento de mídias sociais é de R$ 2,7 milhões. "Há que se estabelecer aqui, sim, a CPI para investigar lista de detratores, esses que estão sendo perseguidos, na mais nítida expressão do arbítrio de quem desrespeita a Constituição, tira e coloca a democracia para dançar na beira do abismo."

Já a líder do Psol, Sâmia Bomfim (Psol-SP), afirmou que seu partido entrou com uma representação na Procuradoria-Geral da República para apurar as informações. Para a deputada, o monitoramento ameaça a liberdade de expressão. "Isso é um rompimento completo das liberdades democráticas. As redes sociais são um instrumento sim para manifestar as nossas opiniões", disse.

Segundo Sâmia Bomfim, as informações sobre o monitoramento teriam sido fornecidas para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o próprio presidente Jair Bolsonaro. "São 116 parlamentares monitorados. Eu estou entre eles, assim como vários parlamentares do Psol. Mas há também vários parlamentares da base do governo."

*Da Agência Câmara de Notícias

 

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou, nesta quarta-feira (2), durante sessão remota, voto de repúdio ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em razão da elaboração de relatório intitulado “Mapa de Influenciadores”, no qual lista jornalistas e influenciadores digitais como "detratores", "neutros" e "favoráveis" ao governo. Além de questionar o caráter antidemocrático da listagem feita pelo governo, Contarato apontou o uso de dinheiro público — R$ 2,7 milhões — para uma ação alheia ao papel do Estado e em plena pandemia.

De acordo com Contarato, o relatório denominado “Mapa de Influenciadores” classificou 81 jornalistas e formadores de opinião, listando 50 deles como "detratores". O senador enfatizou que a liberdade de expressão e de informação é um dos principais pilares da democracia. E, segundo ele, não cabe a este governo, nem a qualquer outro governo, elaborar e compartilhar tais informações.

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“Detratar, como sabemos, significa detrair, deprimir a fama, a reputação, o mérito; depreciar, difamar. O termo 'detrator', caras e caros colegas, foi bastante utilizado pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Queremos deixar expressa nossa indignação a esse relatório, pois jornalistas e formadoras e formadores de opinião não são detratores. São profissionais fundamentais à democracia”, justificou.

Ditadura

Ao questionar sobre o investimento de dinheiro público nessas ações em meio a pandemia, o parlamentar observou que no contrato para elaboração do relatório, que a empresa BR+ Comunicação entregou ao Ministério da Economia, consta o valor de R$ 2,7 milhões.  

“Não podemos permitir que fatos que ocorreram na ditadura militar se repitam no presente. Não podemos permitir a utilização do aparelhamento estatal para perseguições políticas e ideológicas. Não podemos permitir, caras e caros parlamentares, que o dinheiro público, tão escasso nos dias atuais, seja utilizado para tais fins”, enfatizou.

Dossiê no Ministério da Justiça

O senador comparou o “Mapa de Influenciadores” com o dossiê do Ministério da Justiça e Segurança Pública que compilou informações sobre servidores públicos identificados com o movimento antifascista. De acordo com Contarato, o Supremo Tribunal Federal considerou que tal dossiê caracterizava desvio de finalidade e suspendeu a produção e compartilhamento daquelas informações. O parlamentar ressaltou posicionamento do ministro do Supremo, Edson Fachin, de que “só em governos autoritários é que se pode cogitar dessas circunstâncias".

Contarato relatou que, embora Paulo Guedes negue ter encomendado o "Mapa de Influenciadores", muitos questionamentos permanecem.

“Quem encomendou, afinal? Por quais motivos? Para qual finalidade? Por quê foi utilizado o termo 'detrator'? Esperamos que o Ministro da Economia esclareça todos esses pontos e não mais se incline a ideias autoritárias. É o que propomos com o presente voto de repúdio”, finalizou.

*Da Agência Senado

 

 

A elaboração de um dossiê e lista com 81 nomes de jornalistas e influenciadores digitais, realizada com dinheiro público, cerca de R$ 2,6 milhões, pelo governo Federal causou indignação ao vereador Ivan Moraes (PSOL). Ele alertou na manhã desta terça-feira (1º), em reunião Ordinária da Câmara do Recife, por videoconferência, que a verba saiu de gabinetes do Ministério de Ciências e Tecnologia, da Economia e da Secretaria de Comunicação do governo Federal.

A lista, com 81 nomes, apresenta jornalistas e influenciadores digitais, que trabalham com redes digitais, segundo uma classificação, que considera e nomina estas pessoas em três categorias: como “detratoras do governo federal, neutros informativos, e favoráveis ao governo”.

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O vereador classificou como indigno o uso do dinheiro do povo para listar nomes e propor ações contra estas pessoas, a depender da classificação em que foram colocadas neste dossiê. “Sobre cada nome listado há contato dessas pessoas investigadas pelas empresas de conteúdos digitais. Lista também possíveis ações contra elas”.

O vereador disse que o conteúdo produzido será analisado e depois investigado, Sugerem medidas contra jornalistas e influenciadores de acordo com a categoria em que estão encaixados, e sugere ainda medidas contra  detratores e para apoiadores com dinheiro público, recursos do governo no Federal. “Isso não é tarefa de governo, é falta de respeito com o dinheiro do povo”.

Ivan Moraes disse que governos têm obrigação de se pautarem pelo respeito ao dinheiro público, serem transparentes e impessoais ao fazerem publicidade, sobre como mostram suas ações.  “Isso mostra como funcionam esses gabinetes deste governo, que têm ligações com milícias e que violam os direitos humanos. É mais um exemplo do que o governo Federal faz com o dinheiro do  povo. Sugiro que todos que discordamos dessas práticas trabalhemos mais e façamos parte da lista de detratores, para combater o mal”.

*Da Câmara Municipal do Recife

 

Na tarde desta terça-feira (1º) o jornalista Rubens Valente divulgou, em sua coluna no site UOL, uma lista encomendada pelo pelo Governo Federal à empresa BR+ Comunicação denominada "Mapa de Influenciadores" e utilizada pelo Ministério da Economia de Paulo Guedes. O relatório encomendado por contém nomes de jornalistas, professores, youtubers e outros influenciadores digitais, além de indicações sobre o comportamento on-line de cada um em relação a “temas sensíveis” ao governo. O documento classifica todas as pessoas citadas entre “neutros informativos”, “favoráveis” e “detratores”. 

Para cada pessoa listada, há orientações sobre a distribuição de informações a esses profissionais e também referentes à política de postagens do Ministério da Economia para responder indiretamente a críticas. Para os detratores, há recomendações de medidas como por exemplo “Monitoramento preventivo das publicações do influenciador” e também “A partir dos posts que ele fizer sobre economia, monitorar se há algum debate equivocado e publicar posts que esclareçam de forma indireta essas mensagens”. 

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Para os neutros também há recomendações de monitoramento, mas com adendos como “Envio de esclarecimentos para eventuais equívocos que ele publicar”, “Envio de matéria e projetos do ME” e “Propor parceria para divulgar ações da pasta”. Nas ações a se adotar com os jornalistas e influencers tratados como favoráveis ao governo, há sugestões como “post em conjunto”, “live para tratar de temas atuais” e “proposta de matéria sobre a pasta”. 

Há, na lista de detratores, nomes conhecidos como o do youtuber Felipe Neto, das jornalistas Rachel Sheherazade, Vera Magalhães e Hildegard Angel, que é filha da estilista Zuzu Angel, morta pelo regime da ditadura militar do Brasil, dos também jornalistas Guga Chacra, o pernambucano João Andrade Neto, Xico Sá e George Marques e também o professor e youtuber Jones Manoel, entre muitos outros. 

As jornalistas Malu Gaspar e Mônica Bergamo aparecem entre outros colegas na lista dos considerados “neutros informativos”. Já na lista de influenciadores favoráveis, estão pessoas como Rodrigo Constantino, jornalista da Gazeta do Povo que está no meio de um escândalo sobre apologia ao estupro, Bárbara Zambaldi Destefani, youtuber do canal Te Atualizei e o apresentador e jornalista esportivo Milton Neves.

“Agora sei que estou sendo monitorado pelo ministério da economia”

O jornalista pernambucano João Andrade Neto, que trabalha com jornalismo esportivo e produz os podcasts 45 Minutos e Podcast Agamenon, é um dos que foram citados como detratores na lista encomendada pelo governo para o Ministério da Economia. Ao LeiaJá, o jornalista contou que estava trabalhando quando começaram a chegar diversas mensagens lhe avisando sobre a citação de seu nome. 

“Fui ver meu nome nessa lista e achei meio louco. Nunca me chamaram de detrator na vida, primeira vez. Sou crítico do governo Bolsonaro, não tem porque não ser. (...) Faço crítica ao governo sistematicamente no Twitter, sou jornalista esportivo e gosto muito de política, vira e mexe faço uma crítica ao governo. Não sabia que estava sendo monitorado, agora sei que estou sendo monitorado pelo Ministério da Economia”, afirmou ele. 

A citação ao nome de João Andrade Neto no relatório estava atrelada a uma crítica feita ao ministro Paulo Guedes, por uma fala que ele proferiu durante a reunião ministerial que teve seu vídeo divulgado publicamente. Mesmo sabendo do monitoramento às suas postagens, o jornalista afirmou que o ocorrido não será razão para que ele deixe de fazer críticas. “Não vou parar de fazer crítica por conta disso, a gente ainda vive num país democrático, aparentemente. Cada vez menos, pelo visto, mas ainda vive”. 

A utilização do termo “detratores” por parte do governo e da empresa, é uma atitude que João considera perigosa e irresponsável. “Quando você monitora como pessoas influentes falam do ministro ok, mas usar a palavra DETRATOR? É muito pesado, o governo do seu país tá chamando você de detrator porque você faz crítica (...) Tem apoiadores do governo bem radicais, bem raivosos, na hora que o governo me chama de detrator, tá botando um alvo na sua testa. Isso é perigoso, é falta de responsabilidade”, afirmou o jornalista.

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