Tópicos | Dia do Samba

Roberta Sá chega a Pernambuco com o com show de lançamento do álbum 'Sambasá - Ao Vivo' para única apresentação na véspera do Dia do Samba. O encontro dos pernambucanos com a potiguar será dia 1º de dezembro, no Teatro Guararapes. Os ingressos estão à venda pela Sympla e na bilheteria do teatro. 

"Sempre quis fazer um show assim, como uma roda de samba, em que as pessoas saibam cantar as músicas, com sambas mais 'pra fora'. O Sambasá veio para fazer parte da minha vida e vou apresentá-lo sempre que houver oportunidade", celebra Roberta. 

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No roteiro, as canções do repertório da cantora se mesclam a alguns sucessos de nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Martinho da Vila. A força feminina no samba é lembrada e reafirmada através de clássicos de Dona Ivone Lara, Alcione, Jovelina Pérola Negra e Beth Carvalho.

As mais recentes, como "A Roda" (Wanderley Monteiro / Deco Romani), "Sem Avisar" (Wanderley Monteiro), "Antes Tarde" (Nego Álvaro / Marcos Maia), "Luz da Minha Vida" (Toninho Geraes / Chico Alves) e "Nossos Planos" (Fred Camacho / Leandro Fab / Carlos Caetano), se unem a músicas tradicionais em seu repertório, como "Samba de Um Minuto" (Rodrigo Maranhão) e "Interessa" (Carvalhinho), ambas do disco "Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria"; e "Ah, Se Eu Vou" (Lula Queiroga), de "Braseiro". "Amanhã é Sábado", feita por Martinho da Vila especialmente para Roberta gravar, também aparece no setlist.

Sambasá conta com uma banda especialista em conduzir o batuque e levantar a poeira: Roberta canta acompanhada por Alaan Monteiro (cavaquinho e direção musical), André Manhães (bateria), Gabriel de Aquino (violão), João Rafael (baixo) e Thiaguinho Castro (pandeiro, congas, caixa, repique de anel, tamborim, efeitos). 

SERVIÇO

Roberta Sá em 'Sambasá - Ao Vivo'
Dia 1º de dezembro, às 21h

Teatro Guararapes: Centro de Convenções de Pernambuco

Informações: (81) 4042-8400

Ingressos:

Plateia especial: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia)

Plateia: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia)

Balcão: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)

À venda no site Sympla e na bilheteria do teatro (segunda a sexta, das 9h às 17h)

*Da assessoria de imprensa

De tão importante para o país, o samba, um dos mais brasileiros dos ritmos, ganhou um dia para chamar de seu: 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba. No Recife, o estilo musical também é celebrado na mesma data e, para festejar, acontecem diversos eventos em toda a Região Metropolitana da capital. Confira o roteiro e divirta-se. 

23ª edição do Dia Nacional e Municipal do Samba

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Os sambistas Belo Xis e Wellington do Pandeiro. comandam, no Pátio de Santa Cruz, uma grande celebração em virtude do do Dia do Samba, nesta sexta (2). A festa, que já está em sua 23ª edição, conta com as participações de  Ramos Silva, Ana Xis, Luísa Pérola, Gracinha do Samba, o grupo Pernambuco Samba Show e muito mais.  

Serviço

Dia Nacional e Municipal do Samba - Recife

Sexta, 2 de dezembro de 2022, às 17h

Pátio de Santa Cruz - Recife

Evento Gratuito 

Grupo Terra

Nesta sexta (2), um dos maiores grupos de samba de Pernambuco celebra não só o dia de seu ritmo maior, como seus 30 anos de carreira, com um show dentro da programação do 5º Festival da Tapioca. O evento é gratuito, na Praça do Carmo, em Olinda,  e a apresentação do Terra começa às 22h30. 

Serviço

Sexta, 2 de dezembro, 22h30

Praça do Carmo - Olinda

Gratuito

Samba da Vitória

A pernambucana Karynna Spinelli e a paulista Fabiana Cozza realizam neste sábado (3), no Armazém do Campo, localizado no Bairro de Santo Antônio, no Recife, o Samba da Vitória, a partir das 14h. O acesso é gratuito. A abertura da festa será feita pelo grupo Flor de Catemba.

Serviço

Sábado, 3 de dezembro de 2022, às 14h

Armazém do Campo (Av. Martins de Barros, 387 - Santo Antônio, Recife)

Gratuito – com pedido de doação de alimentos não perecíveis

 

 

O Dia do Samba, comemorado nesta quarta-feira (2), é uma celebração para os adeptos do mais brasileiro dos ritmos. A data, instituída na década de 1960, foi uma homenagem à primeira visita do emblemático compositor Ary Barroso (1903-1964) ao estado da Bahia, e é festejada, desde então, em todo o território nacional.

As comemorações que envolveriam shows e a tradicional reunião de sambistas e ritmistas nas quadras das escolas de samba, no entanto, vão ficar para outra oportunidade. Com a chegada da pandemia, pouco tempo depois do último Carnaval, muitas agremiações suspenderam as atividades. Esse que seria um período de ensaios, ajustes e muito trabalho nos barracões Brasil afora, virou incerteza e tirou a alegria de quem vive o samba e celebra a cultura carnavalesca.

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Angústia e saudade na UPM

No bairro suburbano de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, nada de comemoração pelo Dia do Samba em uma das mais tradicionais escolas da região. Para o autônomo Leandro Pascoal, 39 anos, diretor de alegoria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Padre Miguel (UPM), a pandemia trouxe dias de aflição para os entusiastas do Carnaval. Segundo ele, embora a grande maioria da comunidade tenha que ficar fora dos festejos e dos preparativos para os desfiles da agremiação, a distância é a saída em tempos de crise. "Estão sendo dias angustiantes e de muita saudade. Estamos longe do que lutamos e amamos, mas temos a consciência que, mediante a esse vírus, se faz necessário esse sacrifício", declara Pascoal, que ocupa há dez anos o cargo de dirigente da escola des samba carioca.

Ainda segundo o líder, o corpo diretivo da agremiação luta para manter o trabalho de quem tira da folia anual o sustento da família. De acordo com Pascoal, o contingente foi reduzido e os protocolos de saúde são respeitados. "A escola vem mantendo, com muita luta e resistência, poucos colaboradores em seus ateliês e no barracão para não deixar o projeto parado, mas mantemos todas as regras de segurança e prevenção", destaca.

Além disso, o diretor de alegoria da UPM afirma que a comunidade da Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, foi orientada pela própria escola para manter as normas sanitárias e evitar a Covid-19. "Desde o começo da pandemia, nossa escola procurou orientar e aplicar atividades sociais para diminuir os impactos e manter os colaboradores devidamente antenados e conscientes para as regras básicas de prevenção", explica Pascoal.

De acordo com o diretor de alegoria, a preocupação com a saúde da comunidade é tanta que a UPM inovou e apresentou a eliminatória da escolha de sambas-enredo por uma transmissão ao vivo. "Nossa escola foi pioneira em fazer a primeira live para uma disputa de samba".

Silêncio na Paulicéia

Na cidade de São Paulo, a celebração do Dia do Samba também não vai acontecer como os sambistas gostariam. De acordo com o vigilante patrimonial William Tarso, 26 anos, membro da Harmonia da Unidos de Vila Maria e diretor de alegoria no Morro da Casa Verde, ambas da região norte, a primeira semana de dezembro é sempre especial para as escolas paulistanas. "Hoje estaríamos a todo vapor, entre ensaios, reuniões e nos preparativos para a festa de lançamento dos sambas-enredo das agremiações, que sempre ocorre no 1º sábado do mês de dezembro", lamenta o folião, que tem 12 anos de vivência no Carnaval.

William Tarso é diretor de alegoria no Morro da Casa Verde | Foto: Morro da Casa Verde

Segundo Tarso, para preservar o trabalho dos funcionários e nutrir a força das comunidades, alguns eventos restritos ajudam a manter as escolas de samba em atividade. Além das iniciativas em benefício de moradores dos arredores das sedes, reuniões no ambiente virtual garantem a execução dos planos da agremiação. "Estão sendo feitas ações sociais em datas específicas com todos os cuidados e protocolos de saúde, e também reuniões online entre os setores da agremiação", comenta.

De acordo com ele, além de São Paulo ter recuado nas normas de flexibilização da quarentena, ainda não há perspectiva de normalização relacionada ao Carnaval. Mesmo saudoso do clima e da responsabilidade do trabalho nos desfiles, Tarso prefere manter os cuidados e cumprir as recomendações sanitárias. "Está sendo difícil, pois sinto falta do calor humano, mas o momento requer cuidados e vidas importam. Espero que acabe logo", comenta.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o Carnaval movimentou mais de R$ 8 bilhões na economia brasileira no ano passado.

De tão grandioso e praticamente onipresente em território nacional, o samba se tornou cara e alma do Brasil. O ritmo, que teria nascido no início do século 20, se incorporou à vida dos brasileiros de maneira tal que tornou-se um símbolo de brasilidade como quase nenhum outro foi capaz. 

Nesta quarta (2), é celebrado o Dia Nacional do Samba. O ritmo que é a cara do país, além de ter uma data em sua homenagem, também ostenta outros títulos, como o de Patrimônio Imaterial do Brasil. Sem contar que o estilo musical tem como trunfo, ainda, nomes importantíssimos que disseminam sua grandeza através das gerações. Homens e mulheres que dedicam suas vidas a levar a cultura do samba adiante, garantindo-lhe sua manutenção e evolução. 

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Nesse grupo, algumas vozes femininas têm destaque por sua potência, representatividade e graça ao tratar tão bem esse ritmo brasileiro. Para celebrar a data, o LeiaJá elencou 10 mulheres que desempenham, como ninguém, essa missão.  

Alcione

Uma das mais carismáticas cantoras da música popular brasileira, Alcione é dona de uma potente voz, muitos prêmios e vários discos de ouro e platina - que no passado representavam sucesso de vendas. Ela nomeia dois teatros em seu estado natal, o Maranhão, e já foi tema de samba enredo, além de ter emplacado vários sucessos em trilhas de novelas. 

Beth Carvalho

Beth Carvalho percorria as rodas de samba do Rio de Janeiro à procura de cantores e compositores. Ela revelou vários talentos, o que lhe rendeu o apelido de Madrinha. Beth também tornou-se um exemplo de perseverança e amor ao samba ao lutar contra as limitações do corpo apresentando-se no palco deitada, em certa ocasião, por conta de um problema na coluna. A sambista faleceu em abril de 2019 deixando um legado de grandes canções e muita dedicação à cultura do samba. 

Jovelina Pérola Negra

Jovelina começou sua vida artística já tarde, aos 40 anos, em 1985, após abandonar o ofício de doméstica. Também compositora, ela difundiu o partido-alto cantando sobre mazelas sociais e o orgulho de ser uma mulher preta. Gravou seis discos e deixou, como legado, o amor ao samba. Uma de suas filhas, Cassiana Belfort, seguiu seu caminho na música cantando samba.  

Clementina de Jesus

Conhecida como Rainha Ginga, Clementina de Jesus - a Quelé -, imprimia em seu samba toda a ancestralidade que carregava consigo. Sua música trazia as referências herdadas da mãe, filha de escravos, com o tom do jongo, do lundu e pontos de umbanda; e do pai, capoeirista, do qual certamente herdou o gingado. Quelé lançou 11 discos em quase 20 anos de carreira. 

Clara Nunes

A mineira Clara Nunes foi a primeira artista brasileira a alcançar a marca de 100 mil discos vendidos. Apaixonada pela escola de samba Portela, dedicou-se à agremiação gravando diversos compositores portelenses e atraindo novos membros para a escola. Religiosa, ela não se intimidava em cantar sobre a fé de matriz africana e sua obra ficou marcada pela devoção aos orixás. 

Dona Ivone Lara

Dona Ivone fez seu nome em uma época na qual mulheres eram mal vistas e até impedidas de participar das rodas de samba. Ela começou a compor aos 12 anos e foi a primeira mulher a assinar sambas e sambas enredos. No final da década de 1940, suas composições eram apresentadas como sendo do primo, Mestre Fuleiro, para driblar o machismo do segmento. Só em 1965 ela conseguiu, de fato, entrar na ala de compositores da escola Império Serrano, na qual desfilava como baiana, e logo se consagrou como compositora. 

Teresa Cristina

Teresa Cristina é apontada como uma das responsáveis pelo ressurgimento da boêmia no Rio de Janeiro, nos anos 2000, por reviver sucessos de grandes compositores como Candeia, Cartola, Nelson do Cavaquinho e Paulinho da Viola. Em 2007 estreou suas composições no disco Delicada e, em 2020, se destacou promovendo lives durante a quarentena, nas quais, diariamente, cantava e conversava sobre música brasileira. 

Elza Soares

Com uma trajetória de vida marcada por tragédias pessoais, violência doméstica e miséria, Elza deu a volta por cima se valendo de seu grandioso talento. Nos anos 2000, foi eleita pela BBC a Cantora do Milênio e começou a misturar samba com bossa nova e música eletrônica. Em 2015, se juntou a nomes da nova geração de produtores e músicos brasileiros e formou um novíssimo público que encantou-se com a potência de sua voz e personalidade.

Leci Brandão

Leci foi a primeira mulher a compor um enredo para a escola de samba Mangueira, na década de 1970. Em suas canções, estão presentes temas sociais, a defesa e valorização do povo preto, das mulheres e da classe trabalhadora. Além de ter se consagrado como sambista e um dos maiores nomes da música brasileira, Leci também se dedica à política. Ela é deputada estadual pelo PCdoB, em São Paulo. Como parlamentar, Brandão dedica-se  à promoção da igualdade racial, ao respeito às tradições de matriz africana e à defesa da cultura popular brasileira.

Karynna Spinelli

A pernambucana Karynna Spinelli é uma das maiores representantes do samba na terra do frevo. Em seu trabalho autoral, ela evidencia a cultura de terreiro, trazendo para a sua música os batuques do candomblé e a reverência à religião de matriz africana. Ela é fundadora e presidente do Clube do Samba de Recife, que há 11 anos reúne, no Morro da Conceição, Zona Norte da capital pernambucana, cantores e compositores não só de samba como, também, de outras vertentes. 

 

Considerada a mais emblemática expressão cultural do povo brasileiro, o samba faz aniversário na próxima segunda-feira (2). A cidade de São Paulo, que já foi chamada de "túmulo do samba" por Vinicius de Moraes (1913-1980), apresenta uma programação especial e gratuita durante todo o mês de dezembro e mostra, mais uma vez, que o “Poetinha” estava errado na declaração que fez durante os anos 1960. A partir deste domingo (1), acontecem na capital paulista 65 atividades entre shows, rodas de samba, um seminário e sessões de cinema para celebrar o samba.

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A Comunidade do Samba da Vela de Santo Amaro é uma das atrações da programação do Dia Nacional do Samba que se estende até 15 de dezembro em São Paulo. Foto: Joalpe

Com atrações espalhadas por 47 locais de todas as regiões da cidade, as rodas de samba dão o primeiro tom para as celebrações no domingo (1). Serão 24 rodas comunitárias no Mapa das Comunidades de Samba. Os projetos de samba oriundos da periferia como o Samba da Vela, Samba do Livro, Pagode da 27 e Samba da Laje mantêm a música raiz viva em vários bairros paulistanos e se reúnem, em diversos ambientes e com a participação de convidados, até o dia 15 de dezembro. Na segunda-feira (2), Dia Nacional do Samba, o Theatro Municipal abre as suas portas e reverencia a importância do ritmo para a música brasileira. O espetáculo "Sambando no Municipal", apresentado pelo ator Ailton Graça e a jornalista Claudinha Alexandre, traz dez horas de samba com shows de Demônios da Garoa, Thobias da Vai-Vai, Fabiana Cozza, Germano Mathias, Nãnãna da Mangueira, Velha Guarda da Nenê de Vila Matilde, Velha Guarda da Camisa Verde e Branco, entre outros. Grandes nomes do samba paulistano como Seu Carlão do Peruche, Ideval Ancelmo, Laurinha da Embaixada da Nenê de Vila Matilde, Maria Helena da Rosas de Ouro, Oswaldinho da Cuíca e a Lavapés, escola de samba mais antiga em atividade na cidade, serão homenageados.

Ainda nas dependências do Municipal, acontece o autêntico choro do Regional Mistura - Chorinho Silvillí. Na parte de fora, rodas de samba com as participações de cantoras como Jurema Pessanha, Adriana Moreira, além do Grupo Feitiço de Mulher seguem com os festejos do local em comemoração à data.

Mais samba

Na zona sul, a Comunidade Pagode da 27, toca no domingo (1), no Centro Cultural do Grajaú e a cantora Virgínia Rosa canta Clara Nunes, no Centro de Culturas Negras do Jabaquara, segunda-feira (2). Já a cantora Fabiana Cozza homenageia Dona Ivone Lara nas zonas norte, sul e oeste com shows na Casa de Cultura da Freguesia do Ó na quarta-feira (4), no Centro Cultural de Santo Amaro na sexta-feira (6) e na Casa de Cultura do Butantã, no domingo (8). No centro da cidade, a partir de terça-feira (3), o Triângulo SP recebe o Palco do Samba no Coreto da Bolsa, com apresentações às 13h e às 18h.

O bairro da Mooca, na zona leste, recebe Jorge Aragão no Templo–Bar de Fé (Rua Guaimbé, 322). O cantor e compositor apresenta seus grandes sucessos para celebrar a data dos sambistas. Os ingressos, que custam a partir de R$ 40, estão à venda pelo site. Mais informações www.bartemplo.com.br.

 

“Cinenário” e Seminário do Samba Paulista

Na Biblioteca Mário de Andrade, região central da cidade, a atração é um Cinenário com a temática “O samba no cinema”, na quarta-feira (4). Serão são exibidos “Batuque Paulista – A Trajetória do Samba de São Paulo, do Rural ao Urbano” (2016) e “Lavapés: Ancestralidade e Permanência” (2017). Após as sessões, um bate-papo com convidados comenta as obras. Já no sábado (7), o debate acontece no seminário “Vozes do Samba”. Em duas frentes, com a presença de representantes do poder público e da sociedade civil, os temas “Cenário da salvaguarda do Samba em São Paulo – Políticas culturais em âmbitos municipal, estadual e federal” e “Samba Paulistano: Memória, tradição e Linguagem”, discutem a importância e a participação do samba na cultura paulista.

Confira a programação completa clicando aqui.

O samba, um dos mais brasileiros dos ritmos - senão o maior deles -, é consagrado por várias honrarias. Como se já não bastasse o reconhecimento popular do gênero como símbolo tácito da cultura nacional, o samba também é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, título concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); e tem um dia próprio no calendário para ser celebrado: 2 de dezembro.

Mas, apesar de ser legitimamente tão brasileiro, sendo parte expressiva da identidade nacional em seus mais diversos tipos e manifestações, o samba ainda não tem registrado em sua certidão de nascimento um lugar, neste país de dimensões continentais, para chamar de berço primeiro. Pesquisadores vêm se debruçando, e, sobretudo, divergindo sobre o tema há tempos. Como dizia  o poeta, "desde que o samba é samba".

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A teoria mais difundida, e por que não dizer, mais aceita, é a de que o ritmo teria nascido no Rio de Janeiro, na virada do século 20, através da influência de outras manifestações trazidas pelos negros escravizados no país, uma dança chamada lundu vinda da África. Estes negros, quando trazidos da Bahia para o Estado fluminense, teriam levado consigo um jeito próprio de tocar e dançar que acabou esbarrando em outras expressões vindas da Europa, como a polca, dando origem ao maxixe, marchinhas e afins.

Conta-se ainda que o primeiro samba registrado, Pelo Telefone, de Donga, teria sido criado na casa de Tia Ciata, simpática moradora da Rua Visconde de Itaúna, no Rio, que abria sua residência aos músicos da época. Hoje, já se sabe, que muitas outras canções vieram antes, mas esta foi a que mais sucesso alcançou tendo sido alçada ao posto de 'mito fundador' do samba.

Porém, como diz o escritor Lira Neto, em seu livro Uma História do Samba, tal explicação seria bem aplicada no que diz respeito ao que ele chama de "samba urbano". Este teria, espalhados pelos quatro cantos do país, vários "primos", nem sempre reconhecidos como samba. Já para outros pesquisadores, o samba teria uma origem bem diferente, ele seria uma expressão originária da cultura indígena e vinda do Nordeste.

É o que pensa o jornalista cultural, fotógrafo e cineasta Fabio Gomes. Ao ler o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, Fabio encontrou no texto várias menções ao samba. "Considerando o que dizia Euclides, não era possível considerar que o samba teria nascido no Rio de Janeiro, já no século 20, tendo em vista ele ser de conhecimento geral da população baiana em fins do século 19", disse o jornalista em entrevista ao LeiaJá.

Em seguida, Fabio encontrou um outro pesquisador do tema, Bernardo Alves, autor do livro 'A Pré-História do Samba'. Nele, Bernardo defende que o gênero seria originário das comunidades indígenas Kariri, que viveram em vários pontos do território nordestino. Este conhecimento teria sido conservado pelos descendentes dessas populações, os caboclos, e assim, teria sido levado a outros lugares do país. Fabio explica o processo: "Eu acredito que foi no ambiente dos quilombos, onde índios, caboclos e negros podiam conviver em liberdade, fora da repressão do colonizador português, que se deu o contato maior dos negros com o samba", diz o jornalista assinalando que "o início do samba carioca está sempre ligado a alguma comunidade de imigrantes nordestinos, baianos em geral, pernambucanos por vezes".  

Durante 20 anos de pesquisas, Bernardo Alves, falecido em 2004, levantou dados que o levaram a construir sua tese. Ele encontrou a presença da palavra samba em escritos do século 17, na Arte de Grammatica da Língua Brasílica da Nação Kiriri, escrita pelo padre Luiz Vincêncio Mamiani, que vivia no alto sertão nordestino. A descoberta o fez seguir na pesquisa que encontrou adeptos como Fabio, e até mesmo o músico Gilberto Gil: "No final de 2006, o então ministro da Cultura Gilberto Gil tomou conhecimento disso (das pesquisas) e entrou em contato comigo. A pedido dele, eu palestrei em dois eventos na Bahia em 2007, abordando a hipótese da origem indígena do samba, com base nos escritos de Bernardo Alves e alguns outros autores, como Décio Freitas", conta o jornalista. Em tempo, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano é tombado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Iphan.

Mas, afinal de contas, de onde mesmo é que vem o samba? Para Fábio, é fácil responder: "Após ler os estudos de Bernardo Alves e vários outros autores que se debruçaram sobre o tema, eu acredito que o samba teria surgido no Nordeste em algum momento dos últimos 12 mil anos". Tempo suficiente para ter ganho magnitude tal que não nos possibilita confinar essa expressão cultural tão brasileira, de construção coletiva e - importante pontuar -, de transmissão oral, a um único espaço no mapa do país. É como cantava o lendário sambista Sinhô, do século 20: “o samba é como um passarinho, é de quem pegar primeiro”.

*Fotos: Instagram Sambando Produções

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