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O programa Plurarte desta semana, com apresentação da cantora Sandra Duailibe, entrevista o artista plástico Bichara Gaby. O Plurarte está no ar sempre às sextas-feiras, na Rádio Unama FM (105.5), às 13h20, com reapresentação aos sábados, às 10 horas, e publicação no portal LeiaJá. Acesse o Plurarte no Youtube aqui.

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Grupo de 27 pesquisadores do Brasil, Reino Unido, Argentina e Estados Unidos descobriu correlação entre a desnutrição das mães e a síndrome congênita do vírus Zika nos bebês, que tem na microcefalia uma de suas manifestações. A conclusão do trabalho foi publicada nesta sexta-feira (10) no periódico norte-americano Science Advances.

O trabalho foi dividido em duas partes disse a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patrícia Garcez, integrante do grupo de estudo. O trabalho foi iniciado em 2016 e envolveu, na primeira fase, estudos em laboratório com animais de experimentação. Foi usado um grupo que não era suscetível ao vírus Zika, “que não causava microcefalia”, e um grupo dos mesmos animais que eram submetidos a uma dieta com restrição de proteína durante a gravidez.

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“Na verdade, o que a gente mudou foi só a dieta de um grupo para outro. E quando a gente mudou a dieta, isso foi suficiente para fazer com que esse animal fosse mais suscetível a transmitir o vírus que tinha no ambiente materno para o feto”, disse Patricia. Os pesquisadores procuraram então entender se isso acontecia também com mães que tiveram filhos com a síndrome congênita. Ou seja, se as mães estavam com alimentação com restrição de proteína .

Confirmação

Foram entrevistadas 83 mães no Nordeste. “A gente descobriu que 40% dessas mães apresentavam desnutrição proteica”. Isso pode ter favorecido que os filhos dessas mães nascessem com microcefalia, por exemplo. Patricia explicou que a prevalência de mulheres que, quando infectadas no primeiro trimestre são capazes de transmitir o vírus para os fetos, varia muito, dependendo da região. Essa variação da transmissão vertical pode ser de 1% em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, chegando a 43% no Brasil.

Os pesquisadores decidiram investigar por que havia mais prevalência da síndrome congênita do Zika em algumas regiões e por que algumas mães eram mais suscetíveis do que outras. “É uma série de cofatores que pode estar facilitando essa diferença de prevalência na população e a gente mostrou, graças a esse estudo, que a dieta, certamente, é um desses cofatores”. A Região Nordeste foi escolhida para a pesquisa porque concentra 75% dos casos associados ao vírus Zika.

Os pesquisadores querem entender melhor, a partir de agora, como a dieta influi no sistema imune e como ela atua para facilitar o aumento da suscetibilidade ao vírus Zika. Outra meta é testar se algum tipo de dieta é capaz de reverter essa situação. “[Vamos verificar] se a gente consegue proteger os animais da infecção do vírus, sem transmitir aos bebês, por meio de uma dieta rica em proteína”. Outra diretriz é estender o estudo para outras regiões para ver se essa porcentagem de desnutrição proteica tem uma correlação positiva nas mães que tiveram filhos com microcefalia. “Essa pesquisa abre muitas avenidas”, disse Patricia Garcez.

Ministério da Saúde

A pesquisa é focada em 24 dos 27 estados brasileiros porque, segundo a pesquisadora da UFRJ, nos estados da Região Sul quase não houve síndrome congênita. O foco é a área tropical, que mostra presença acentuada do vetor, que é o mosquito Aedes aegypti.

Os pesquisadores haviam explorado, anteriormente, a relação potencial entre desnutrição e malformações associada ao vírus Zika por meio da análise do banco de dados integrado do Ministério da Saúde. Para isso, consideraram o número de casos de microcefalia confirmados e aqueles ainda sob investigação nos estados selecionados, entre 2015 e 2018, quantificando o número de pacientes desnutridos admitidos em hospitais nos mesmos estados e no mesmo período.

Eles apuraram, então, a existência de uma correlação significativa entre casos de microcefalia e desnutrição, o que aponta que estados onde se identificou um número maior de casos com desnutrição, na última década, também contavam com mais crianças com malformações desde o surgimento da síndrome do vírus Zika no Brasil.

Assimetria

Segundo a professora Patricia Garcez, a parceria com o Ministério da Saúde está sendo essencial para entender melhor a microcefalia e a distribuição no Brasil, que é assimétrica, e os cofatores que atuam. “A dieta é um cofator relevante, como estamos mostrando, mas, certamente, há outros fatores”, disse. Patricia acredita que a publicação do artigo científico na revista Science Advances será importante para a obtenção de novos financiamentos que garantam a continuidade dos estudos.

A pesquisa foi financiada pelo Zika Rapid Response do Medical Research Council do Reino Unido; pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj); pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela American Association of Physical Anthropologists (AAPA). A segunda etapa do projeto, para testar se uma dieta rica produz o mesmo efeito nos embriões, deverá ser iniciada ainda este ano.

 

O WikiLeaks denunciou nesta quarta-feira que está sendo chantageado por pessoas que obtiveram imagens de seu fundador, Julian Assange, dentro da embaixada do Equador em Londres a partir de câmeras de segurança instaladas na embaixada.

Kristinn Hrafnsson, editor-chefe do WikiLeaks, acusou as autoridades equatorianas de guardar milhares de fotografias e vídeos que pararam nas mãos de um grupo de pessoas na Espanha que estão pedindo três milhões de dólares (2,7 milhões de euros) em troca de não publicá-las.

Hrafnsoon disse ter se encontrado com esses "personagens questionáveis" há dez dias na Espanha e, embora não fale espanhol e teve que recorrer a um tradutor disse acreditar que são de origem latino-americana.

Os documentos incluem milhares de fotografias e gigabytes de vídeos nos quais Assange, de 47 anos, é visto se encontrando com advogados e outros visitantes e passando por um exame médico.

Afirmando não saber como as imagens saíram do prédio onde o fundador do WikiLeaks vive refugiado desde 2012, Hrafnsson assegurou que a polícia espanhola abriu uma investigação.

No entanto, considerou "muito mais preocupante" que esta tentativa de extorsão "o armazenamento deste material e a espionagem pelo governo equatoriano", que chamou de "ilegal e altamente antiético".

Contactada pela AFP, a embaixada do Equador em Londres limitou-se a afirmar que "não tem comentários" a fazer sobre o assunto.

De acordo com o editor do WikiLeaks, desde que o presidente Lenin Moreno chegou ao poder no Equador, Julian Assange "tem experimentado uma situação como a do Show de Truman", referindo-se ao filme em que o personagem interpretado por Jim Carrey tem toda a sua vida gravada e retransmitida na televisão.

Hrafnsson também acusou a equipe da embaixada de fotocopiar um documento legal pertencente a Aitor Martínez, um dos advogados de Assange.

O WikiLeaks, plataforma que se tornou famosa em 2010 ao divulgar centenas de milhares de documentos americanos classificados, acredita que os Estados Unidos trabalham com o Equador para extraditar Assange.

"Assim, é muito provável que os documentos privados obtidos pela embaixada tenham sido compartilhados com a administração Trump", disse Hrafnsson sem fornecer qualquer prova.

Na semana passada, o Equador descreveu como "insultantes" as declarações do WikiLeaks, segundo as quais Quito teria um acordo com Londres para expulsar Assange.

Na segunda-feira, o chanceler do Equador José Valencia disse que seu país resolverá "no devido momento" se mantém ou retira o asilo diplomático concedido pelo ex-presidente Rafael Correa a Assange.

Na época, Assange enfrentava uma ordem de prisão europeia. A Suécia queria sua extradição por acusações - que não prosperaram - de supostos crimes sexuais.

As autoridades britânicas mantêm um mandado de prisão contra ele por violação de sua liberdade condicional e vão prendê-lo assim que ele deixar a sede diplomática equatoriana.

Com a chegada de Lenín Moreno ao poder mudou o tratamento do Equador dado a Assange.

O ex-aliado de Correa, que revisou praticamente todas as políticas de seu antecessor, incluindo a de aberta crítica aos Estados Unidos, acusa-o de interferir nos assuntos internos do Equador.

Assange também é questionado por tentar influenciar as eleições de 2016 nos Estados Unidos e o processo de independência catalã em 2017.

Moreno, que chegou a considerar Assange uma "pedra no sapato" da diplomacia equatoriana, cortou temporariamente suas telecomunicações em 2018.

Correa também chegou a restringir seu acesso à Internet por um tempo, incomodado com a interferência do australiano.

Em Berlim, Richard Linklater revelou que o momento mais dramático de Boyhood foi quando sua filha - Lorelei Linklater - insistiu para que a personagem Samantha morresse. Não foi exatamente porque ela quisesse sair do filme, mas, argumentou com o pai, "Nada está ocorrendo. É preciso sacudir a vida dessas pessoas. O filme está sem dramaturgia". Era um risco calculado, papai argumentou. Desde que teve a ideia de fazer o filme, Linklater sabia o que não queria. Para ele, era importante que a grande história ficasse fora de Boyhood. Nenhuma ocorrência traumática. Ele queria seguir a passagem de um garoto da infância à juventude no seu cotidiano. A morte, como queria Lorelei, estava fora de cogitação.

Não só a morte. Linklater queria fugir à dramaturgia tradicional dos ritos de passagem. Nada de primeiro beijo, perda da virgindade. "O partido era ser rigorosamente realista, mas em pequenas doses, concentrando nas pequenas sutilezas do dia a dia." Boyhood segue o protagonista, Mason, dos 6 aos 18 anos.

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Interpretado por Ellar Coltrane, ele faz seu rito de passagem diante da câmera.

"Começamos a filmar em julho de 2002 e terminamos em outubro de 2013. Ao longo de 12 anos, tivemos 39 dias de filmagem, algo em torno de três dias por ano, mas as coisas não foram tão regulares assim. Houve um hiato de 18 meses, outro de nove. Quando nos reencontrávamos, sabíamos que tínhamos um plano a seguir, mas os detalhes das cenas eram decididos no set, com os atores e os técnicos. Boyhood tem 143 cenas e não creio que exista uma só delas que não tenha seu componente de improviso. É meu filme mais ‘experimental’, no sentido de que experimentávamos tudo, a todo momento."

Como se orça um filme desses? "Nosso custo ficou em torno de US$ 200 mil por ano, mas isso porque os atores e técnicos entraram no espírito do projeto e trabalharam pelo mínimo. Tivemos um patrocinador, a IFC, que nos deu o dinheiro a fundo perdido, e isso foi um milagre. O orçamento total ficou em torno de US$ 2,4 milhões e o mais complicado era a engenharia para reunir as pessoas de novo." Um termo que Linklater usa muito para definir seu filme é ‘normality’.

"Desde o começo, estava perfeitamente claro para mim que essa não seria uma família extraordinária. O que me atraía era o aspecto normal, de gente como a gente. E se eu não queria os grandes eventos nem os grandes traumas é porque já estamos lidando com o tempo, e isso já é uma experiência extraordinária. Lembro-me que, no primeiro dia, pensei comigo: ‘No que estou me metendo?’ Mas era o desafio. Filmar com a mesma equipe, o mesmo elenco, por tanto tempo. Mostrar os efeitos do tempo sobre todos nós. A memória."

Patricia Arquette disse que Linklater foi persuasivo, ao convidá-la, mas que a ideia volta e meia lhe parecia louca. "Me perguntava se ia dar certo, mas todo mundo estava tão entusiasmado." Na coletiva do filme, em Berlim, Lorelei agradeceu ao pai por não haver matado Samantha. E confessou que chorou ao ver Boyhood pela primeira vez. "Eu era aquela menininha? Aquela garota? Tentava me lembrar de cada momento, mas as lembranças ficavam confusas." Para o espectador, o efeito de um filme como Boyhood, baseado nas pequenas coisas do cotidiano, deve ser cumulativo. "Grandes diretores enfrentaram e venceram esse desafio, o japonês (Yasujiro) Ozu, que era mestre em filmar o nada que virava tudo na tela", reflete Linklater.

E, claro, havia os pequenos problemas. "A trilha é muito importante num filme como esse, assim como a direção de arte. A casa, os quartos. O tempo tem de estar expresso nos detalhes. Volta e meia Ellar (Coltrane) me ligava para perguntar se estava OK se ele fizesse uma tatuagem, ou colocasse um brinco.

Minha preocupação era com a cena em que ele corta o cabelo. Na verdade, Ellar não aguentava mais aquele cabelo e ficou aliviado ao cortar, mas teve de agir como se estivesse revoltado, como o personagem estava. Fazer esse filme foi uma experiência muito rica. Todo mundo queria ver o material do ano anterior, mas só bem recentemente eu comecei a mostrar o que havíamos filmado. Não queria que os atores ficassem muito conscientes dos personagens. Queria a vida. Alguns momentos foram de tensão, de dúvida. Mas, como tinha tempo para elaborar, foi um filme muito pensado. O mais pensado de minha carreira." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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