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Eles são jovens, com boa saúde e ainda assim morrem ou precisam ser hospitalizados por causa da Covid-19. São casos de predisposição genética, raros, mas que os especialistas estudam intensamente.

"Como acontece com qualquer outra doença genética, nem todo mundo é o mesmo quando confrontado com Covid", explica o imunologista francês Seiamak Bahram à AFP.

A grande maioria das pessoas que morrem de Covid são idosos. E aqueles que também são gravemente afetados e são mais jovens sofrem de outros problemas, como obesidade ou diabetes.

Mas os pesquisadores também examinam aqueles que a priori não apresentam nenhum quadro de risco.

Sob a direção do Dr. Bahram, um grupo de pesquisadores identificou uma série de genes associados ao aparecimento de formas graves do coronavírus.

São pacientes jovens sem problemas de saúde. A equipe acaba de publicar um estudo no qual eles apontam para o provável papel de um gene, ADAM9. É uma pista entre muitas outras.

“As pesquisas conseguiram reunir com uma velocidade impressionante uma mina de informações sobre o papel dos fatores genéticos no Covid-19”, destacou em outubro outro estudo que sintetiza os principais trabalhos sobre o assunto, na revista EBioMedicine.

Dois tipos de pesquisa 

As principais pesquisas são de dois tipos.

A primeira categoria compara os genomas de milhares de indivíduos, classificados em várias categorias: pessoas gravemente doentes, moderadamente doentes e saudáveis.

Um cruzamento aleatório dos dados revela elementos repetitivos entre as formas graves de Covid-19.

No final de 2020, descobriu-se, por exemplo, que havia pacientes graves com covid-19 que apresentavam um determinado pedaço de DNA, em uma região do cromossomo 3.

Esse pedaço de DNA aparece em particular em algumas populações no sul da Ásia, o que explicaria as mortes mais frequentes por Covid-19 naquela região.

Não há fórmula mágica

Mas, no momento, esses tipos de cruzamento de dados são muito vastos. Não foi possível entender por que um gene precisou atuar sobre a doença. Além disso, essas análises detectam apenas mutações genéticas muito comuns.

É aí que entra a segunda categoria de estudos. Em vez de começar aleatoriamente, esses estudos escolhem e partem de uma mutação genética específica.

Essa faixa deu um dos resultados mais importantes sobre o assunto. É o gene TLR7, cujas mutações afetam a resposta imune inicial à infecção.

"Escolhemos genes cuja mutação sabíamos que causava gripe severa ou doenças como a encefalite viral", disse à AFP o geneticista francês Laurent Abel, co-diretor do estudo publicado em agosto.

A descoberta é importante porque as mutações TLR7 aparecem com frequência em pacientes do sexo masculino que adoeceram gravemente com o coronavírus, em comparação com o resto da população.

Mas qual interesse específico tudo isso tem no combate à doença?

É impossível identificar pessoas com risco genético antes de adoecerem. “Você não pode controlar todos do ponto de vista genético”, diz Abel. "Não é possível nem razoável."

O que essas pesquisas permitem é "enfatizar os circuitos e vias da resposta imune que são realmente importantes", explicou o geneticista.

A mutação do gene TLR7 é conhecida por impedir o corpo de reagir adequadamente a certas proteínas, os interferons, que são cruciais na resposta imunológica.

Por esse motivo, o estudo sugere um tratamento anticovid à base de interferon, mesmo que os ensaios clínicos não tenham sido favoráveis até o momento.

Em qualquer caso, não deve haver ilusões sobre a existência de um único gene que predispõe ao Covid-19.

“Seria muito fácil se houvesse um mecanismo que explica tudo, que não existe na medicina”, conclui Bahram.

Duas doses da vacina Pfizer/BioNTech são eficazes na prevenção da hospitalização por todas as variantes do novo coronavírus por ao menos seis meses, destaca um estudo publicado nesta terça-feira na revista "The Lancet".

O estudo realizado pela Pfizer e a organização americana Kaiser Permanente analisou dados médicos de 3,4 milhões de pessoas no sul do estado da Califórnia entre 4 de dezembro e 8 de agosto, e determinou que a eficácia da vacina contra os riscos de infecção diminui ao longo do tempo, de 88% no mês seguinte à segunda dose, para 44% após seis meses. A vacina, por sua vez, mantém sua eficácia de 90% contra os riscos de hospitalização por Covid-19 por ao menos seis meses.

Os dados confirmam os resultados de estimativas anteriores do Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal agência federal de saúde pública dos Estados Unidos, e do Ministério da Saúde de Israel, informou a The Lancet.

"Nosso estudo confirma que as vacinas são uma ferramenta central para controlar a epidemia, e são extremamente eficazes na prevenção de formas graves e hospitalizações, inclusive contra a delta e outras variantes preocupantes", resumiu Sara Tartof, principal autora do estudo.

Luis Jodar, vice-presidente e diretor médico da Pfizer, acrescentou que "uma análise específica das variantes mostra claramente que a vacina é eficaz contra todos os tipos".

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