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Chegando ao fim de sua primeira temporada, o ‘Sextas da Invasão’ promete uma noite de muito funk e rap, com convidados especiais, na próxima sexta (30). Um deles: Tiger Rapper, renomado artista do Hip Hop pernambucano, fundador e ex-integrante do Faces do Subúrbio. Além disso, os residentes do projeto, como Vilão da Norte, MC Louco e Matheus Perverso, também sobem ao palco, além de outros nomes que vêm despontando na cena independente recifense, como WK Chefe e RG no Beat. 

Realizado pelo Projeto Invasão - iniciativa independente que atua em prol da “música, dança, esporte e comunicação das favelas” -, o ‘Sextas da Invasão’ nasceu com o propósito de abrir espaço para os artistas locais do brega funk, funk, trap, trap funk e rap. A festa acontece semanalmente, no bairro do Arruda, coração da Zona Norte da capital pernambucana, sempre com entrada gratuita.

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Para fechar a primeira temporada do evento, foi convidado um dos maiores nomes do Hip Hop local: Tiger Rapper, um dos fundadores e ex-integrante do Faces do Subúrbio, grupo formado no início dos anos 1990, no Alto José do Pinho - comunidade periférica do Recife -, e que fez história dentro do rap nacional. Além disso, o público poderá conferir os shows de Kelvin Zika, TH Piva, John Ventura, Vilão da Norte, Matheus Perverso, MC Louco, WK Chefe e RG no Beat.

Serviço

Sextas da Invasão - Encerramento da 1ª temporada

Sexta - 30/09; a partir das 21h

Venda de Seu Biu (antigo Esquenta do Arruda) - Rua Ramiz Galvão, 332 - Arruda 

Gratuito


 

Cria de Santo Amaro, a ‘Terra dos Artistas’, Matheus Perverso é um dos nomes que vem se destacando da cena do funk consciente de Pernambuco. Com apenas 19 anos, o cantor - hoje integrante do Projeto Invasão -, tem conseguido chamar a atenção de empresários e de grandes artistas da música nacional. Um deles é o rapper pernambucano Zé Brown, que após conhecer o jovem, o convidou para subir ao palco ao seu lado no festival ‘Festa do Caranguejo', que acontece nesta sexta (23), na orla da praia do Janga, em Paulista. 

Matheus Perverso se apresentou como um proeminente artista da cena funk de Pernambuco desde a adolescência. O jovem músico começou a compor cedo e seu talento o levou a São Paulo, onde gravou seu primeiro EP, ‘Pobre Louca Trajetória’. Lá, o pernambucano trabalhou com grandes MCs como Kevin e Paulin da Capital. De volta à sua terra natal, Perverso entrou para o time do Projeto Invasão, pelo qual lançou seu primeiro álbum, 'Época de Colheita'.

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O trabalho de Matheus Perverso chamou a atenção, também, de um dos mestres do rap e do repente pernambucanos, Zé Brown, nome de referência no Hip Hop Nacional. Desse modo, Brown escalou o artista da nova geração da música local para o seu show ‘Zé Brown e Convidados’, que acontece na próxima sexta (23), às 21h40, dentro da programação da 4ª Festa do Caranguejo. O evento é aberto ao público e contará ainda com outras atrações como Mano Weber, Zeca do Rolete e GUerrilha Zona Norte. 

Serviço

Matheus Perverso no show ‘Zé Brown e Convidados’

Sexta (23) - 21h40

Orla do Janga - Paulista

Gratuito

O pernambucano Matheus Perverso lança, nesta terça (20), o single ‘Criador’. A música, um funk consciente, foi inspirada nos vídeos do influenciador Iran Ferreira, o Luva de Pedreiro. Assim como o astro das redes sociais, Perverso busca com o novo trabalho marcar mais um gol em sua carreira. A faixa estará disponível em todas as plataformas digitais, inclusive no YouTube com videoclipe inédito, às 12h. 

Com apenas 19 anos, Matheus Perverso é uma das promessas do funk e trap recifense. Integrante do Projeto Invasão - iniciativa independente que promove artistas de diferentes periferias da Região Metropolitana do Recife -, o cantor vem percorrendo um caminho bem trilhado na cena, repercutindo não só no estado de Pernambuco como também em São Paulo, onde o funk tem grande expressão.

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Ainda no começo da adolescência, Matheus começou a publicar algumas de suas composições na internet e conseguiu chamar a atenção de alguns empresários e produtores de fora do Nordeste. Um deles foi Didi, que já trabalhou com nomes célebres do funk nacional como o MC Daleste - assassinado em 2013 durante um show -, um dos grandes ídolos de Perverso. “Eu era fãzão de Daleste, sou até hoje. Quando Didi falou comigo, me ligou do nada, eu ouvi a voz dele, no banheiro lá de casa em Santo Amaro (bairro do Recife), sem condições…”, relembra o recifense em entrevista ao LeiaJá

A ida de Matheus para São Paulo, no entanto, só aconteceu depois de outras inúmeras ligações e contatos. A viagem aconteceu quando o artista estava com 16 anos. À época, ele seguiu para a ‘capital do funk’ acompanhado pela mãe e já com contrato assinado. A passagem por São Paulo durou cerca de dois anos. Entre dificuldades, conquistas - lá ele gravou seu primeiro EP, ‘Pobre Louca Trajetória’ -, e parcerias musicais, o pernambucano recebeu a ‘benção’ de alguns funkeiros conceituados, como MC Kevin, e chegou a conhecer familiares de Daleste. 

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O destaque de Perverso, que o levou para fora de seu Estado natal, acabou trazendo-o de volta. Acolhido pelo Projeto Invasão, ele hoje é uma das 'pratas da casa’ no elenco da produtora - pela qual lançou seu primeiro álbum, ‘Época de Colheita’ -, e continua produzindo com muito gás. Nesta terça (20), o artista lança o single ‘Criador’, um funk consciente com mensagens de encorajamento e resiliência. 

Referência

Para compor ‘Criador’, Perverso tomou como inspiração outro jovem que, assim com ele, ‘bomba’ nas redes sociais: Luva de Pedreiro. O objetivo do cantor é marcar um gol certeiro com a cançõ, bem como o influenciador digital faz em seu perfil. “Uma música boa é como marcar um gol. E ele (Luva) sempre marca nos vídeos que ele posta, então, eu tomei isso como referência pra mim”, explica. 

A faixa, produzida em solo pernambucana por RG no Beat, outro fenômeno das redes, chega acompanhada por um videoclipe assinado por Jardel Colen (Sr Colen). As imagens, com estética que remete aos vídeos de Luva, foram gravadas no berço de Matheus, Santo Amaro, região central do Recife, no Campo do 11. “Significou muito (gravar lá). Muitos moradores de lá escutam minha música e me acompanham. Eu puxo muito pela minha quebrada”.

Reprodução

Coincidentemente, ‘Criador’ chega em meio a uma nova polêmica na vida de Luva de Pedreiro. Na última segunda (12), o influenciador anunciou o fim de sua recém iniciada carreira e foi assunto durante toda semana na internet. Agora, Perverso espera que a música chegue até Iran e que possa ajudá-lo a se reerguer. “Pelo que meus fãs falam sobre minhas composições, acho que ele pode pegar a visão, se identificar e absorver a ideia. Acho que ele pode se inspirar e até fazer um vídeo ouvindo a música”, diz o jovem cantor na esperança de encerrar essa ‘partida’ em goleada. 

Serviço

Lançamento de 'Criador' - Matheus Perverso

Terça (20) - 12h

No canal oficial do Projeto Invasão no YouTube

 

Tão brasileiro quanto o samba, o funk é quase unanimidade no país, podendo ser encontrado em inúmeras comunidades - e até casas de shows das mais nobres - do Norte ao Sul do país. A música que majoritariamente é produzida na favela traz consigo uma carga pesada de representatividade, senso de pertencimento e autoestima para aqueles que com ela convivem, a despeito de um expressivo preconceito que teima em marginalizar o gênero afastando-o da grande mídia e dos redutos tidos como de alta cultura. 

No Recife, capital de Pernambuco, o funk provou todo seu poder entre as décadas de 1990 e, sobretudo, 2000. Para o bem e para o mal. Na virada para o segundo milênio, quando na internet tudo ainda era ‘mato’, os envolvidos no segmento conseguiram impulsioná-lo através de fotologs - sites equivalentes ao que é hoje o Instagram. As lan houses instaladas nas comunidades, que vendiam acesso à internet por hora, geralmente a R$ 1 cada, transformavam-se em verdadeiros escritórios para que os funkeiros pudessem fazer o trabalho de divulgação, uma vez que computadores com acesso à rede eram artigos de luxo naquela época.

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Além da ‘world wide web’, outra ferramenta muito usada para espalhar a palavra dos MCs no auge da cena funk eram as carrocinhas de CDs piratas que circulavam pela cidade tocando os ‘batidões’, sem contar a influência causada por esses artistas em suas próprias comunidades. Mas o verdadeiro ápice da massa funkeira se dava mesmo nos bailes. Nas festas, os ‘bondes’ de cada comunidade se encontravam para exaltar a sua periferia e ‘duelar’ com outras ‘galeras’. A música dava o tom, tanto de valorização de cada bairro quanto da rivalidade entre eles, com letras sobre suas vivências que estimulavam a autoestima e o senso de pertencimento, porém, afloravam também uma agressividade que geralmente culminava em confronto. 

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MC Leozinho do Recife, um dos nomes de maior peso do movimento funk em Pernambuco. 

Os ‘bailes de galera’ ou ‘bailes de corredor’, que ‘bombaram’ nas periferias recifenses entre as décadas de 1990 e 2000,  reuniam milhares de pessoas e revelaram artistas que estão na cena até os dias atuais. Os MCs Boco, Schevchenko, Cego e Leozinho - esse último considerado um visionário do segmento e batizado como General -, começaram a construir suas carreiras nesse período, em festas que entraram para a história do funk pernambucano como o Baile do Rodoviário e Baile do Téo, todos realizados em bairros periféricos da Região Metropolitana da capital.

Outro funkeiro dessa época, ainda na ativa, é MC Pito, que guarda “na mente” boas lembranças dos antigos bailes: “Ficou em memória, toda a repercussão que o funk teve em Recife e em Pernambuco. Nós somos uma das capitais mais fortes no funk no Brasil, desde aquele tempo e ainda mais hoje”, disse em entrevista ao LeiaJá. No entanto, ao passo que o movimento se misturava a outros elementos do cotidiano das comunidades, como as torcidas organizadas e até mesmo o tráfico e disputas territoriais, a violência também aumentou nos eventos.

A polícia e a Justiça começaram a bater de frente com o movimento  e não era incomum que os eventos terminassem com batidas policiais. A violência em torno dos bailes contribuiu para que o estigma contra o gênero aumentasse e, consequentemente, sua maior marginalização. A pressão crescente em torno da cena, o preconceito instaurado e a falta de visibilidade de seus artistas para além de suas periferias, acabou colocando um ponto final na história das festas de galera. 

MC Pito é um dos veteranos da cena. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Em meados de 2000, o famoso Baile do Rodoviário encerrou sua história em uma operação policial que contou com a intervenção das polícias civil, militar e até a Polícia de Trânsito da capital. “Quando veio do Rio pra cá não tinha essa ideia de funk consciente, funk de paz, era o funk de corredor, um som agitado e um bonde de cada lado, aquela selvageria. Toda ação traz uma reação, então acarretou em preconceito, uma má visão da sociedade e as autoridades tiveram que usar de força maior até que acabaram os bailes”, relembra MC Pito. 

Com o fim dos bailes e o já natural distanciamento das casas de show e programas populares da TV local, o funk estava fadado a desaparecer em Pernambuco. Foi aí que MC Leozinho acabou se jogando na cena ‘queridinha’ dos pernambucanos, o brega. O General, como é conhecido, já havia feito uma fundamental intervenção no movimento, ao lançar o Rap da Cyclone, música que homenageia não só o seu mas vários bairros periféricos da cidade e contribuiu para a diminuição da rivalidade existente entre eles. A música ganhou tanta força que ficou famosa até fora do Estado e é uma das mais pedidas nos shows do artista até hoje.

Mas foi por volta de 2008, ao lançar seu primeiro brega, Dois Corações, que o funkeiro acabou abrindo os caminhos para as boates mais badaladas do Recife e para a televisão. Provando ser possível uma coexistência saudável entre os dois estilos, ele passou a apresentar um pouco de cada em seus shows e a mistura acabou originando um terceiro gênero musical: o bregafunk. Leozinho é considerado o pioneiro no segmento que hoje domina as paradas do país e já chegou até ao exterior. Vários MCs de funk pegaram carona nesse ‘bonde’ e hoje ostentam carreiras consolidadas dentro e fora do Estado. “A tendência é crescer e chegou em um nível que não tem como cair mais, é um gênero que foi lançado no Brasil e no mundo, agora não volta mais”, disse Leozinho em entrevista ao LeiaJá.

MC Leozinho, o General, é considerado o precursor do bregafunk. Foto: Divulgação

No entanto, embora o bregafunk tenha conquistado tamanho reconhecimento, a força do funk ‘raiz’ parece mesmo ser imbatível ainda. Não há uma apresentação em que o General consiga terminar a primeira canção sem que o público já esteja pedindo por seus grandes sucessos, como o Rap da Cyclone e Cenário Louco. “Se eu não cantar funk no meu show a galera não gosta não. Meu público que vai ao show vai por causa do funk, eu acho. A galera curte o brega, mas o público vai pro show pra me ver cantar o funk. Se eu parar de cantar o brega e ficar cantando só os meus funks, acho que faço mais uns 20 anos de carreira”, brinca o MC que promete um EP de inéditas para agosto, além de lançamentos nos projetos Poesia Bregafunk e Invasão, esse último voltado ao funk consciente. 

Retomada na paz

Apesar do triunfo do bregafunk em meio a um aparente desaparecimento do funk raiz, um movimento de retomada da cultura dos bailes ganhou corpo no Recife por volta de 2016. O surgimento do Baile da PAZ, realizado pela equipe Funk Antigo de Pernambuco (FAPE), deu nova cara aos eventos e novos fundamentos à cena. “A rapaziada do funk antigo uniu todas as galeras, as galeras que eram rivais hoje se falam e vão pro baile curtir junto”, conta Leozinho. Com a chegada da pandemia, os eventos pararam de acontecer, no entanto, as articulações dos envolvidos na cena continuam através das redes sociais. 

Também somam força a esse movimento associações como a Relíquia da Pichação (RDP) e coletivos como o Pancada Funk PE, este último fundado por alguns MCs veteranos como o próprio MC Pito e MC Pato do Ibura, falecido em abril deste ano em virtude da Covid-19. O objetivo hoje, para além de voltar a curtir os bailes, é trabalhar em prol das comunidades e fortalecer a cultura do funk dentro do Estado, sobretudo para tirá-lo em definitivo da marginalização, como explica Pito. “A diminuição do preconceito vem de dia a dia, não acontece de imediato, mas esse momento do funk da paz aconteceu uma coisa muito importante que no passado não existia, que é o funk se mobilizar para ajudar a comunidade, fazer ação social, levantar meios de revitalizar uma praça, um campo de futebol em nome do movimento. Isso abriu o leque pra sociedade ter outra análise do que rolava antes, há 20 anos atrás e o que vem acontecendo agora”.

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Hoje, o funk tem se aliado a outras cenas, como a  do brega, rap, trap e até mesmo do samba com intuito de promover a autoestima das pessoas que o fazem e o consomem e provar para a sociedade que é uma cultura valiosa e tão poderosa quanto qualquer outra. Além de servir como instrumento de identificação e pertencimento dos moradores das comunidades, o funk também movimenta a economia local, gera empregos diretos e indiretos e consegue, através das letras conscientes, orientar os mais jovens a andarem ‘pelo certo’, longe das drogas e da criminalidade. 

Nesse caminho, o movimento conseguiu subverter a violência e aos estigmas mais negativos com apurado senso de coletividade dos seus fazedores e a força de vontade de quem acredita no funk como ferramenta de empoderamento e libertação, como bem coloca MC Pito. “É uma chama que até hoje não conseguiu se apagar, mesmo com justiça em cima, polícia em cima, sociedade discriminando mas a gente vai arrumando meios para ir se esquivando e segurando firme a bandeira do funk. O meu maior objetivo hoje em dia não é estourar, é somente que minhas músicas sejam eternizadas no cotidiano das pessoas que quando escutem elas digam; ‘poxa me inspirei nessa música e eu vi que como ele falou na música aconteceu na minha vida’;  é fazer a música para ser consumida verdadeiramente pelas pessoas”. 

Homenagem a MC Pato do Ibura

Neste sábado (27), o coletivo Pancada Funk PE promove uma live para homenagear um de seus fundadores, o MC Pato do Ibura. Participam da transmissão os MCs Tibiro, Feru, Rugal, Omago, Frenk, Beca e Pito. A live marca também o início da formulação de projetos que estão à espera do fim da pandemia para poderem acontecer. Segundo MC Pito, além de um CD de inéditas suas, já pronto e aguardando o melhor momento para lançamento, virão sites, clipes, e outras ações que visam promover os artistas e a cena do funk. A live será exibida nas redes sociais do coletivo a partir das 13h.

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