Após as insinuações do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), de que o Greenpeace está envolvido no vazamento de óleo que atinge as praias do litoral nordestino, a ONG marcou presença em protesto contra o desastre, promovido por cerca de movimentos sociais ligados à pauta ambiental, na tarde deste sábado (26), no Centro do Recife. Em seu site oficial, a instituição reforça que está em atuando em Pernambuco, inclusive na distribuição de equipamentos de proteção para os voluntários.
Através de sua conta no Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) chegou a questionar: “Por que durante as supostas queimadas na Amazônia as ONGs, Marina Silva, partidos ecológicos e etc gritaram tanto e agora com o óleo venezuelano nas praias do nordeste pouco se fala?”. Presente na manifestação, a ativista do Greenpeace Taís Herrero conta que está no Recife há alguns dias, acompanhando o trabalho da organização. “O que o Greenpeace está fazendo? A gente está aqui, tem uma equipe em Salvador e, desde o começo da semana, com um representante em Maceió. Nosso trabalho tem sido o de apoiar com, além dos EPI’s, a doação de água, mantimentos e a limpeza das praias. Também estamos entrevistando as pessoas e dando voz às comunidades atingidas”, ressalta.
##RECOMENDA##A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que também participou do ato no Recife, afirmou que o comentário de Eduardo Bolsonaro não merece resposta. “Bolsonaro é o presidente da república, tem o Ministério de Minas e Energia, que é responsável por toda a parte de exploração de petróleo, a Petrobrás, o Ministério do Meio Ambiente, a Marinha, a Aeronáutica e vem cobrar da sociedade e de uma pessoa que não tem mandato? É desqualificado”, comentou.
Para Marina, ao contrário da população, da comunidade acadêmica e das organizações sociais, quem não está atuando é o Planalto. “Mesmo tendo acusado levianamente as ONG’s em relação às queimadas e ao derramamento de óleo, a gente continuou agindo, como está acontecendo em relação ao Greenpeace. O governo não age por falta de compromisso, falta de autoridade técnica, ética e moral”, criticou.
Posicionamento do Greenpeace
No dia 24 de outubro, Ricardo Salles postou em seu Twitter uma foto do navio Esperanza, do Greenpeace, e escreveu: “Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...”. Em reação à acusação, a ONG’s publicou o seguinte posicionamento:
“Enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca fazendo insinuações sobre o desastre ecológico. Trata-se, mais uma vez, de criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação. É bom lembrar que isso vem de alguém conhecido por mentir que estudava em Yale e ser condenado na Justiça por fraude ambiental.
O nosso navio Esperanza faz parte de uma campanha internacional chamada “Proteja os Oceanos”, que saiu do Ártico e vai até a Antártida ao longo de um ano, denunciando as ameaças aos mares. Ele passou pela Guiana Francesa, entre agosto e setembro, onde realizou uma expedição de documentação e pesquisa do sistema recifal conhecido como Corais da Amazônia, com o propósito de lutar pela proteção dos oceanos e contra a exploração de petróleo em locais sensíveis para a biodiversidade marinha. No momento, o navio está atracado em Montevidéu, no Uruguai.
Tomaremos todas medidas legais cabíveis contra todas as declarações do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e responder pelo Estado de Direito pelos seus atos”.