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O relator do Orçamento no Congresso Nacional, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), expôs a reação dos parlamentares com o bloqueio nas verbas do orçamento secreto. Questionado sobre o decreto do presidente Jair Bolsonaro, o deputado disse ao Estadão/Broadcast que o corte "não irá prosperar".

A equipe econômica anunciou na semana passada um bloqueio de R$ 1,7 bilhão nas despesas do Executivo. No decreto publicado nesta quinta-feira, 31, todo o bloqueio ficou concentrado nas emendas de relator.

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O decreto provocou reação nos bastidores do Congresso, que aumenta a pressão pela liberação de recursos antes do período eleitoral. Parlamentares avisam que vão buscar garantir o pagamento de recursos prioritários ainda no primeiro semestre e vão "correr atrás" do restante até o fim do ano.

O relator-geral do Orçamento de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), apresentou nesta sexta, 3, o parecer preliminar da proposta orçamentária, autorizando expressamente a destinação de verbas para as emendas do orçamento secreto em 2022.

O relatório garante uma reserva de R$ 1,2 bilhão em emendas RP9 no próximo ano, mas abre uma brecha para turbinar o valor após a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Na prática, os recursos podem superar R$ 16 bilhões.

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Na última semana, o Congresso editou um ato conjunto e aprovou um projeto de resolução mantendo as emendas de relator no Orçamento. A cúpula do Legislativo ocultou os nomes de quem apadrinhou as verbas nos dois últimos anos, contrariando uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), e estabeleceu regras de transparência cercadas de questionamentos entre técnicos e parlamentares para o futuro.

O parecer preliminar cita um limite para as emendas de relator equivalente à soma de todas as verbas indicadas individualmente pelos deputados e senadores e pelas bancadas estaduais, o que representa R$ 16,2 bilhões para 2022. Com isso, o relator poderá carimbar metade de todas as emendas aprovadas pelo Congresso. A PEC dos Precatórios pode elevar o valor para R$ 17 bilhões, pois altera o teto de gastos e mexe diretamente no cálculo das emendas.

Hugo Leal repetiu a estratégia dos relatores dos dois anos anteriores e autorizou a si próprio a carimbar emendas para ações e serviços públicos que contemplam praticamente todo o Orçamento da União. Ele poderá carimbar emendas aumentando os gastos federais em 20 programações específicas, além de "acréscimo de recursos nas programações constantes do projeto de lei orçamentária anual", ou seja, abarcando todo o Orçamento conforme o interesse dos parlamentares.

O parecer preliminar não define regras de como esses recursos serão distribuídos entre deputados e senadores. O que o documento estabelece é uma cesta de recursos para as emendas parlamentares que soma R$ 90,6 bilhões, mas nem tudo pode ser usado em função do teto de gastos. A cesta de emendas é formada com o uso da reserva para emendas impositivas, a reestimativa de arrecadação da União em 2022 e o cancelamento de programações do Executivo.

Sem a PEC, o que está garantido: R$ 10,5 bilhões para emendas individuais, R$ 5,8 bilhões para emendas de bancada e R$ 1,2 bilhão para emendas de relator, além de um saldo extra de R$ 1,5 bilhão que sobrará em verbas discricionárias para distribuição entre relatores setoriais, bancadas estaduais, comissões e o próprio relator-geral. A aprovação da PEC dos Precatórios vai aumentar o espaço para verbas ao mexer no teto de gastos. No parecer, há uma brecha para o relator destinar um total de R$ 47,2 bilhões a despesas com a aprovação da proposta.

O relator do projeto que altera a meta de superávit primário em 2015, deputado Hugo Leal, disse nesta quarta-feira (28) que o governo não descarta um déficit em 2015 maior do que os R$ 51,8 bilhões anunciados ontem, e que isto está previsto no documento encaminhado pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento ao Congresso Nacional. Leal ressaltou que o déficit pode chegar a R$ 103 bilhões se for necessário colocar em dia as "pedaladas fiscais", que somam cerca de R$ 40 bilhões, e o leilão das hidrelétricas não ocorrer, do qual são esperados mais R$ 11 bilhões. "Não descartamos a possibilidade de o déficit aumentar, o documento apresentado pelo governo prevê isso", afirmou.

Leal, que deverá apresentar seu relatório na próxima semana, disse que, ao invés de apresentar uma meta fechada, tende a propor mudanças conceituais, prevendo, por exemplo, que receitas poderão ser abatidas da meta ou os casos em que o déficit pode ser maior. "Acho um risco apontar um número que não esteja consolidado", completou.

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