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Em mais uma ação popular, o Ministério Público Federal emitiu parecer para que a Justiça Federal barre a elevação de PIS/Cofins sobre os combustíveis. Trata-se de pedido de liminar impetrado na 4ª Vara Federal do Ceará pelo vereador de Fortaleza Célio Studart (SD).

Desde que anunciou o aumento dos impostos sobre combustíveis, o governo federal tem enfrentado resistência na opinião pública e no judiciário. Quatro liminares, já derrubadas em segunda instância, chegaram a barrar o Decreto nº 9.101/2017.

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Em mais uma ação popular, o Ministério Público Federal emitiu parecer para que a Justiça Federal barre a elevação de PIS/Cofins sobre os combustíveis. Trata-se de pedido de liminar impetrado na 4ª Vara Federal do Ceará pelo vereador de Fortaleza Célio Studart (SD).

O parecer na ação de primeira instância movida pelo parlamentar, emitido pela procuradora da República Nilce Cunha Rodrigues, sustenta "o aumento das alíquotas se deu com violação aos princípios da legalidade tributária e da anterioridade nonagesimal".

"A majoração das contribuições deve ser realizadas por meio de lei, não sendo substituível por decreto presidencial, podendo ter vigência no mesmo exercício financeiro, mas desde que atendida a anterioridade nonagesimal que busca garantir o princípio da não-surpresa ao contribuinte, conforme disposto na Carta Magna", anotou.

O Ministério Público Federal se manifestou "pela regularidade e prosseguimento do presente feito, pugnando pela procedência da ação".

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da AGU e deixou espaço aberto para manifestação.

Sem a aprovação das novas metas fiscais no Congresso, o Ministério do Planejamento estima que será preciso realizar corte de R$ 18,457 bilhões no Orçamento de 2018. A estimativa faz parte do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). O principal corte terá de ser feito nos investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que teria redução de R$ 17,717 bilhões no próximo ano na comparação com o observado no 3º trimestre deste ano.

Com esse grande corte, o Orçamento do PAC cairia para praticamente zero ao sair de R$ 26,694 bilhões empenhados em 2016 para R$ 1,971 bilhão estimado no próximo ano. Há, ainda, previsão de corte de R$ 4,717 bilhões nas demais despesas, para R$ 198,247 bilhões. A cifra, porém, não foi detalhada pelo Ministério do Planejamento.

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Apesar do grande corte sobre o Orçamento do PAC, o Planejamento prevê aumento do valor destinado aos parlamentares. Para as emendas impositivas individuais - aquelas apresentadas pelos deputados, o valor destinado seria elevado em R$ 2,663 bilhões, para R$ 8,774 bilhões. Já as emendas de bancada, o valor aumenta em R$ 1,314 bilhão, para R$ 4,387 bilhões.

Segundo o ministro substituto do Planejamento, Esteves Colnago, o aumento do valor das emendas para deputados é explicado unicamente pela inflação. Pela nova regra do teto dos gastos, as emendas impositivas crescerão conforme a meta - referência que segue a inflação do ano anterior. Portanto, o governo não poderia cortar nessas rubricas.

Com todos esses cortes, o corte líquido de todas as despesas alcançaria R$ 18,457 bilhões, para R$ 213,381 bilhões.

Com a votação pendente de vetos presidenciais, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou nesta quarta-feira, 30, considerar "quase impossível" inverter a pauta do Congresso para votar antes a revisão da meta fiscal. A sessão, prevista para 13 horas, nem sequer foi aberta ainda por causa da votação, na Câmara, dos destaques à Medida Provisória (MP) 777, que cria a TLP.

Eunício chegou a acompanhar parte da sessão da Câmara no plenário, aguardando a conclusão da votação da MP, mas desistiu de esperar e foi para o seu gabinete. "A MP tem prazo para chegar ao Senado. Se não votar, não vai ter prazo para votar no Senado. Vou aguardar (para abrir a sessão do Congresso)", disse.

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Segundo ele, como os vetos trancam a pauta do Congresso, será necessário analisá-los antes de votar a revisão da meta. "A não ser que haja acordo de líderes, o que eu acho quase impossível", afirmou o presidente do Senado.

O governo tenta aprovar a proposta que altera o déficit no Orçamento de 2017 e de 2018 para R$ 159 bilhões até quinta-feira, 31. A data é o prazo máximo para que o Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA) seja enviado ao Congresso.

O Congresso Nacional volta a se reunir, nesta quarta-feira (30), para tentar encerrar a votação dos vetos presidenciais iniciada nessa terça (29). A sessão está marcada para às 13h. A conclusão dos vetos libera a pauta para analisar a nova meta fiscal de 2017, anunciada pelo governo. 

Nessa terça, os senadores e deputados derrubaram um veto e mantiveram outros sete na sessão de ontem. O único veto derrubado permitia às empresas destinarem até 10% de sua cota de contratação de jovens aprendizes à formação técnico-profissional relacionada a práticas de atividades desportivas e à prestação de serviços relacionados à infraestrutura de instalações esportivas.

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Hoje os parlamentares devem votar o veto 14/17 à chamada MP das Concessões. A votação de todos os vetos é necessária para destrancar a pauta do Congresso e permitir a análise do projeto que altera as metas fiscais de 2017 e 2018. 

A proposta enviada pelo governo amplia o deficit em R$ 20 bilhões neste ano e em R$ 30 bilhões em 2018. Um deficit maior significa, na prática, a possibilidade de ampliação dos gastos públicos. O projeto que altera as metas foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento ontem à noite.

*Com a Agência Câmara

O líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), minimizou as cobranças pelo envio de uma projeto de lei do Congresso Nacional (PLN) para "corrigir" trechos vetados pelo presidente Michel Temer na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e defendeu a aprovação ainda nesta terça-feira, 29, da mudança das metas fiscais para 2017 e 2018. Questionado sobre o envio do projeto, Jucá disse que o governo "tem palavra" e "não há nenhum obstáculo" para a votação das metas.

O envio do PLN é esperado por integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que acusaram o governo de descumprir acordo. Irritados, eles ameaçam derrotar a revisão da meta fiscal deste ano e de 2018 para autorizar déficits de até R$ 159 bilhões nas contas públicas, em cada um dos anos.

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"O governo está negociando com a Comissão Mista de Orçamento o PLN para corrigir vetos na LDO, está conversando com o presidente da comissão, senador Dário Berger (PMDB-SC), portanto, não há nenhum tipo de obstáculo", rechaçou Jucá, antes de defender que o Congresso aprove a revisão da meta ainda nesta terça. "Se depender de mim, aprova a meta fiscal hoje. Aprovar revisão da meta até amanhã é fundamental. A prioridade é votar e liberar o orçamento para se aplicar em políticas públicas. Precisamos destravar a máquina pública, por conta do déficit que foi subestimado."

Jucá também se mostrou otimista em relação à aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), nova taxa de juros que será usada pelo BNDES em seus financiamentos. Como a Medida Provisória que institui a nova taxa expira em 7 de setembro, o líder afirmou que há prazo suficiente para o governo garantir a aprovação da proposta

"Se aprovar hoje na Câmara, ainda temos esta semana e a próxima para aprovar no Senado. Haverá prazo, sim, e vamos aprovar essa MP. Aprovar a TLP é importante para reduzir os juros estruturais e beneficiar a maioria da população brasileira", explicou o senador.

O presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, desembargador federal Hilton Queiroz, derrubou a quarta liminar que suspendia os efeitos do decreto presidencial que eleva o PIS/Cofins sobre os combustíveis. Na última sexta-feira, 18, a juíza Adverci Rates Mendes de Abreu, da 20ª Vara Federal de Brasília, havia barrado o aumento dos combustíveis. A decisão da Corte, proferida nesta segunda-feira, 21, acolhe pedido da Advocacia-Geral da União.

Esta é a quarta vez que um tribunal derruba liminar concedida pela Justiça em primeiro grau para suspender os efeitos do decreto presidencial.

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O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMD-RR), afirmou nesta segunda-feira, 21, que durante apresentação do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, na sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) nesta terça-feira, 22, o recado que será dado é que houve frustração da arrecadação e também que o fato de a reforma da Previdência ainda não ter sido aprovada prejudicou ainda mais as contas do governo.

"O recado é mostrar o tipo de frustração de arrecadação, o tipo de aumento do déficit da Previdência", disse. Segundo ele, quando o governo apresentou a proposta de reforma da Previdência muitos apressaram a aposentadoria com medo de perder algum tipo de direito. "Não perderiam, mas algum se apressaram em se aposentar. Aumentou o rombo e não se votou a reforma da Previdência. Então, não se teve o bônus. A reforma da Previdência surpreendeu negativamente na questão do déficit, nós tivemos queda de arrecadação", disse.

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Apesar disso, o senador afirmou que a reforma da Previdência é possível. "Nós temos que trabalhar para aprovar a reforma da Previdência. Temos que discutir com a Câmara como irá ser posta esta reforma da Previdência e a partir daí temos a condição de aprovar o que for possível e avançar no controle, na ação de mudar este déficit ao longo do tempo."

Jucá citou também a frustração por conta da repatriação, "já que foi proibido parente de agente público" e que o governo teve "várias frustrações que devem ser debatidas". "Eu acho que, ao criar o limitador do gasto público, o governo definiu o seu gasto fiscal. Déficit ou superávit, durante uma transição, será resultado desse esforço. Depois, nós teremos superávit direcionado todo para o abatimento da dívida, portanto, a médio prazo essa questão está superada. Eu acho que um déficit para o ano faz parte de uma transição", completou.

Em relação à revisão de vetos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, Jucá disse que está sendo feita uma negociação. "Alguns vetos que a comissão de orçamento reclamou e, com razão, eu acho que foi preciosismo vetar alguns pontos ali, então acho que está sendo negociado que o governo mande um PL reinserindo alguns vetos que foram vetados para a LDO de 2018."

O senador comentou ainda que o governo pretende votar a revisão da meta fiscal até o fim do mês. "Nós queremos votar a meta, se depender do nosso esforço, até o final do mês. Acho que o governo precisa destravar os ministérios. Nós precisamos ter uma condição de liberar gastos públicos e investimentos em setores estratégicos. Então, portanto, que a meta seja votada para depois se ter o gasto", afirmou.

Na semana em que o governo reviu o rombo fiscal de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, o presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, diz que, ao contrário do que muitos esperam, a medida não evitará alta de impostos. "Não vamos escapar disso. Demoramos demais a fazer as reformas e vai faltar dinheiro para políticas essenciais." A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. avalia a mudança na meta fiscal?

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Reflete a severidade da situação do País. Não foi uma surpresa. O preocupante é que a causa dessa situação é o aumento recorrente das despesas obrigatórias, por força de lei, como as regras de reajustes, que vêm aumentando há quase três décadas nos governos federal e estaduais. Esse gasto cresce mais que o PIB há muito tempo. Esse imenso conjunto de leis e obrigações diz quanto e como gastar. Ou fazemos discussões profundas sobre reformas estruturais para interromper esse crescimento ou teremos aumentos recorrentes da carga tributária.

De 2014 a 2020, vamos acumular um déficit de R$ 818 bilhões. O que isso significa para o País?

Haverá perda de espaço para a política pública, para o investimento, carência de recursos para áreas como ciência e tecnologia, para programas sociais. Isso prejudica o País e a volta do crescimento. Poderemos ver a falta de capacidade de aumentar o salário mínimo, de fazer políticas que são comezinhas em qualquer lugar porque acabou o dinheiro. O mesmo ocorre com governos estaduais. Sofrem funcionários, universidades e se espalha. Está no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Brasília. E outros Estados terão dificuldades.

Como chegamos a esse ponto?

Para além do problema estrutural, houve incontáveis erros de política econômica. O governo anterior expandiu subsídios, desonerações, criou políticas públicas sem avaliar impactos. O atual, no ano passado, com a maior recessão da história e o maior desemprego desde os anos 70, concedeu aumento para servidores e agora tem de voltar atrás. Além disso, errou na avaliação de como a economia ia se recuperar. E não errou sozinho, pois diversos economistas falavam em uma recuperação mais rápida. Há uma recuperação, mas não como se esperava. O governo errou, por fim, em se comunicar mal com a sociedade. Deveria ter explicado melhor sobre o tamanho do problema - por exemplo, sobre a Previdência -, a necessidade de ajustes e como fazê-los.

O que mais o governo poderia fazer para conter o rombo?

Essa forma de tratar os problemas, um de cada vez, pode ter vantagens na execução, mas perde na clareza. Por exemplo, quando se fala de Previdência, assistência social e dos servidores, não é um tema só. Há leis específicas, programas sociais que somam e alguns que fracassam. Não seria a hora de fazer uma avaliação e terminar ou rever o que não funciona? Programas de incentivo a conteúdo nacional funcionam? Os setores que o governo apoiou mais fortemente no passado hoje estão em grave dificuldade: óleo e gás, indústria naval, a intervenção no setor elétrico. O governo passado atendeu a pedidos de diversos setores. O resultado é a crise em que eles se encontram. Mas eles não podem reclamar muito porque são sócios da culpa, foram cúmplices do projeto e o resultado a gente está assistindo.

Elevar imposto é uma saída?

Não vamos escapar disso. Demoramos demais para fazer as reformas. E mesmo aumentando a meta faltará dinheiro para políticas essenciais. Seria melhor que não fosse assim, mas é o custo por demorarmos a reconhecer os problemas. Todos teremos de ir para o sacrifício. Teremos de pagar mais imposto e trabalhar mais para nos aposentar. A questão é como fazer o processo de maneira socialmente justa e equânime, tratando iguais como iguais e protegendo os vulneráveis.

O sr. acha que a reforma da Previdência vai avançar?

A população aposentada cresce 3,5% ao ano. A que trabalha está crescendo 0,7% e em poucos anos vai parar de aumentar. A estimativa é de que em três décadas haverá 6% a menos pessoas trabalhando e 250% a mais de pessoas recebendo benefícios da Previdência. Um número menor de trabalhadores vai sustentar um número duas vezes e meia maior de aposentados. A reforma é urgente.

Por que há tanta resistência?

O que me surpreende é como os grupos resistem em participar do sacrifício para tirar o País da crise. Há uma série de privilégios disseminados na economia. Tem gente com acesso a crédito subsidiado do BNDES, que paga pouco imposto, que é protegido da concorrência externa. Há pessoas que podem se aposentar mais cedo, que têm benefícios maiores, outras que pagam seu aluguel, sua educação. E há pessoas que, além do salário, recebem auxílio-moradia. É um país onde é disseminada a meia-entrada. É preciso ficar claro que, se preservar o privilégio de A, os demais vão pagar.

A resistência em relação à nova taxa de juros do BNDES, a TLP, vai nessa mesma linha?

Vários grupos empresariais se manifestaram contra, ao mesmo tempo em que reclamam de aumento do imposto. Estamos numa crise fiscal, está faltando dinheiro para coisas essenciais, mas tem gente que não quer pagar mais imposto, não quer que tire o subsídio do BNDES. Conceder subsídios via BNDES à empresa privada tira dinheiro do resto da sociedade.

O pacote fiscal deve ser aprovado?

Depende da capacidade do governo em prestar contas e explicar o planejamento fiscal. Boa notícia é que acordou para o problema e começa a enfrentá-lo. Má notícia é que vai precisar de muito mais medidas para sairmos de onde estamos.

Que cenário podemos esperar daqui para frente?

Se iniciarmos a agenda fiscal e as reformas, poderemos começar uma agenda republicana de igualar as regras, reduzir distorções. Há muitas oportunidades de crescimento. Há uma produtividade latente que pode crescer. A gente consegue construir um ambiente tributário saudável, com impostos simples e claros e ter um período longo de crescimento. Ou podemos insistir nos erros do passado. Os anos 50 deram a crise dos anos 60. Os anos 70 deram a crise dos anos 80. Os últimos 10 anos deram a crise atual. Podemos repetir pela quarta vez o mesmo caminho.

Um dia após o anúncio da ampliação das metas de déficit fiscal para R$ 159 bilhões neste e no próximo ano, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse ao 'Estadão/Broadcast' que o governo tem plena confiança na aprovação das medidas de corte de gasto de pessoal e tributárias que reforçarão o caixa do governo em 2018. As iniciativas foram "testadas", segundo ele, e o resultado mostrou que há apoio suficiente para aprová-las.

"Dentro das discussões, as medidas foram testadas e discutidas com líderes do Congresso e houve a avaliação de que há viabilidade alta de serem aprovadas", afirmou Oliveira, que concedeu a entrevista no seu gabinete no Ministério do Planejamento, onde acompanhou ao longo da quarta-feira, 16, a repercussão do anúncio feito terça-feira à noite.

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Em resposta às críticas, Oliveira deixou claro que a solução permanente para a crise fiscal é a aprovação da reforma da Previdência. O ministro admitiu que as medidas que foram anunciadas são limitadas pelo seu próprio tamanho. "Tudo ou mais que se faça não é comparável a uma despesa que representa 57% do conjunto dos gastos, são R$ 730 bilhões", disse.

Segundo o ministro, o governo tem tido taxa de sucesso altíssima no Congresso. Ele acrescentou que não há "gordura" nenhuma nas medidas que foram apresentadas ontem para serem negociadas no Congresso. "Aqui, todo mundo é fitness", brincou.

O ministro antecipou que, para acelerar a tramitação da medida que vai pôr em prática o teto do funcionalismo, o governo decidiu apoiar projeto da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) sobre o tema. O governo quer aproveitar o projeto na Câmara porque ele já foi aprovado no Senado, o que adianta a tramitação. O texto detalhará quais verbas serão incluídas no cálculo do teto, hoje em R$ 33,7 mil, mas o ministro defendeu que esse valor valha para todos os funcionários públicos, inclusive ministros de Estado como ele, que muitas vezes recebem verbas indenizatórias que hoje não entram nessa conta.

A expectativa é que o adiamento do reajuste dos servidores também seja aprovado no Congresso, apesar de sindicatos de várias categorias já pressionarem os parlamentares contra as medidas. Oliveira indicou que não deve partir para o confronto com o funcionalismo e que as medidas serão detalhadas e discutidas com as categorias. "Não tenho animosidade nenhuma com os servidores. Estamos colocando uma situação de dificuldade financeira do Estado e acredito que a sociedade compreende isso. Vamos dialogar."

O ministro negou que tenha sido um erro manter em 2016 os aumentos acertados ainda no governo Dilma. Ele ponderou que a inflação foi muito menor do que se esperava, o que afetou a arrecadação do governo. "O contexto fiscal se deteriorou além do que prevíamos. Com aquelas informações, naquela época, a decisão foi a que consideramos acertada", afirmou.

Lucros e dividendos

O governo concluiu que o aumento de tributos enfrentaria forte resistência e decidiu deixá-los de fora do pacote. "Há resistência geral da sociedade a qualquer tipo de aumento de impostos", disse. Apesar disso, o ministro ponderou que a carga tributária efetivamente paga está caindo nos últimos anos e saiu de uma média de 22,4% de 2002 a 2010 para 20% em 2017. "Isso tem que ser esclarecido", completou.

Oliveira ressaltou que mesmo o aumento de tributos que atingem pessoas de renda mais elevada encontram resistência, inclusive a tributação de lucros e dividendos. O ministro deu pistas de que a correção de distorções nesse item pode ser uma frente a ser atacada. "Tributar de novo o dividendo é um negócio perigoso. O que temos são distorções que geram uma não tributação na empresa e na renda", afirmou. "Isso merece ser estudado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a decisão da equipe econômica de descontingenciar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões do Orçamento de 2017 assim que a nova meta fiscal for aprovada pelo Congresso, as emendas parlamentares poderão ter um reforço de mais de R$ 1 bilhão até dezembro. Embora parte dos parlamentares tenha se manifestado contra o aumento do déficit em R$ 20 bilhões - de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões - as cotas das bancadas e dos próprios deputados para o financiamento de projetos em suas regiões ficarão maiores com a liberação de gastos.

O valor fixado no Orçamento para as emendas parlamentares é calculado com base em um porcentual da Receita Corrente Líquida (RCL), que é a receita do governo federal com a arrecadação de tributos descontadas as transferências para Estados e municípios, que este ano chegaria a R$ 12,732 bilhões.

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Mas, com os cortes de gastos determinados anteriormente pela equipe econômica, ainda na tentativa de cumprimento de uma meta de déficit de R$ 139 bilhões este ano, esse montante havia caído para R$ 9,184 bilhões. As emendas são afetadas na mesma proporção do contingenciamento das demais despesas discricionárias.

Agora, com uma folga adicional de R$ 20 bilhões na meta e a disposição do governo em liberar gastos de, pelo menos, R$ 8 bilhões, os recursos para as emendas serão recompostos, voltando a um patamar de R$ 10,121 bilhões, de acordo com cálculos da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados.

As emendas parlamentares são divididas em dois grupos: as de bancada e as individuais, cujos valores são distribuídos igualmente entre todos os congressistas. Hoje, cada parlamentar tem um limite de R$ 10,3 milhões para as suas emendas individuais, mas no cenário de elevação da meta esse teto passaria para R$ 11,34 milhões.

Caso o descontingenciamento chegue a R$ 10 bilhões, o orçamento das emendas será também maior, e chegará R$ 10,356 bilhões, com um acréscimo de R$ 1,175 bilhão aos recursos disponíveis atualmente. Neste segundo cenário, o limite de valor para as emendas individuais subirá para R$ 11,60 milhões.

Até a semana passada, o total de emendas empenhadas pelo governo em 2017 era de R$ 4,176 bilhões, restando pouco menos de R$ 5 bilhões a serem liberados até o fim do ano. Com a mudança da meta, os recursos ainda disponíveis para os parlamentares poderão ultrapassar os R$ 6 bilhões.

Em palestra a investidores, o presidente da República, Michel Temer, justificou hoje (16) a alteração da meta fiscal do governo, anunciada nesta terça-feira (15), ressaltando que a baixa da inflação causou queda na arrecadação. Disse ainda que a negociação do novo projeto do Refis, o refinanciamento de dívidas de empresas com a Receita Federal, fez com que empresários adiassem o pagamento de impostos.

“Como o Congresso alterou radicalmente [o projeto do governo sobre o Refis], aqueles que iriam aderir, ficam esperando. E ao ficarem esperando, também não pagam tributo. Isso aconteceu nesses últimos três ou quatro meses, que fez também cair a arrecadação. Isso criou um grande problema para o nosso déficit”, disse Temer em evento organizado pelo Banco Santander.

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O presidente da República disse que, além de alterar a meta fiscal, o governo se preocupou em cortar gastos, como o adiamento do reajuste de servidores públicos e o corte de 60 mil cargos do serviço público federal. Segundo Temer, mesmo com a necessidade da alteração da meta fiscal, o país está indo no caminho certo, e deverá fechar o ano com inflação e juros baixos.

“Essas alterações que fizemos, essas alterações com cortes de gastos, vão colaborar muito para esse novo Brasil. Eu vejo que o interesse dos países de investir em nosso país está crescendo cada vez mais. A queda de inflação, a queda de juros, isso tudo vai ajudando muitíssimo. Você anunciou bem [referindo-se ao presidente do Banco Santander no Brasil, Sergio Rial], muito provável que, ao final do ano, nós estejamos em torno de 7,5% na taxa Selic. Não é improvável que isso aconteça”, disse.

Com uma perspectiva de crescimento menor do País e avanço mais lento da massa salarial, o governo revisou a previsão para o salário mínimo em 2018. O valor previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem era de R$ 979,00, mas agora passou a R$ 969,00, segundo os novos cálculos do governo.

O ritmo de crescimento nominal da massa salarial, por sua vez, passou de 8,5% para 5,7%. A evolução da massa salarial é um dos principais indicadores sobre o mercado de trabalho no País.

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Cemig

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou que o leilão de quatro usinas hidrelétricas da Cemig continua nas projeções do governo para 2017, mas não descartou que a empresa possa oferecer uma proposta ao governo. "Parlamentares ainda buscam acordo da União com a Cemig, mas não se pode ignorar decisão da Justiça que determinou a devolução ao governo federal. Mas o leilão está mantido", enfatizou.

Ele confirmou que para 2018 também haveria um número substancial de leilões de hidrelétricas que podem ocorrer. "Pretendemos e temos o dever de buscar as fontes de receita a que a União tem direito", alegou.

Congresso

Meirelles disse ainda que as dificuldades de debate da equipe econômica com parlamentares sobre as medidas propostas são normais e fazem parte da democracia. "Contamos com a aprovação do Congresso para a revisão da meta no menor patamar possível. Sem a aprovação das medidas pelo Congresso, o aumento do déficit pode ser ainda maior. Mas o Congresso é soberano e respeitamos as decisões", completou.

O governo ampliou as previsões para o déficit do governo central também nos anos de 2019 e 2020. Para 2019, a previsão passou de uma expectativa de déficit de R$ 65 bilhões para déficit R$ 139 bilhões. Em 2020, a previsão passou de um superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões.

Nesta noite de terça-feira, 15, o governo divulgou que pedirá ao Congresso Nacional a ampliação das metas de 2017 e 2018 para déficit R$ 159 bilhões, um aumento do rombo de, respectivamente, R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões. Com isso, mesmo com a manutenção das metas de resultado das estatais federais e Estados e municípios, a meta para o setor público consolidado passou de déficit de R$ 143,1 bilhões para R$ 163,1 bilhões em 2017 e de R$ 131,3 bilhões para R$ 161,3 bilhões em 2018. Para 2019, o valor passou a déficit de R$ 137,8 bilhões e, em 2020, déficit de R$ 51,8 bilhões.

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A nova meta do governo central de 2017 passará de 2,07% do PIB para 2,4% do PIB. Em 2018, vai de 1,78% para 2,23% do PIB. Em 2019, o valor chegará a 1,8% do PIB e, em 2020, 0,78% do déficit.

Para o setor público consolidado os déficits representarão 2,46% do PIB em 2017, 2,26% do PIB em 2018, 1,79% do PIB em 2019 e 0,62% do PIB em 2020.

Justificativas

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificou o aumento das metas de déficit fiscal também em 2019 e 2020 pela revisão dos saldos dos dois anos anteriores. Com uma base menor nas receitas, a expectativa passa a ser de arrecadação menor também nos anos seguintes.

Em relação a 2017, Meirelles citou a frustração com a arrecadação da repatriação e com o novo Refis. "Hoje esperamos um número um pouco menor do Refis pelas negociações em andamento no Congresso", acrescentou. "Isso leva a uma queda total de projeção de receita primária em R$ 42 bilhões".

Meirelles lembrou que há uma queda sistemática da arrecadação em porcentual do PIB desde 2008. Um dos motivos, segundo o ministro, é a mudança na composição da economia brasileira. "Este ano houve crescimento do setor agrícola, que tem tributação menor. Indústria decresce e tem tributação maior. Setor de serviços também está crescendo e tem tributação menor", completou.

O ministro ressaltou que há um esforço do governo para reduzir despesas. "Tem havido um esforço grande de contenção, com queda da receita em porcentual do PIB", afirmou.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse não esperar que haja mudanças na nota de rating do Brasil por causa da mudança de metas. "Temos explicado para as agências de rating os motivos da mudança e uma das agências mais importantes deve divulgar ainda nesta terça-feira, 15, uma nova avaliação. Mas nossa expectativa é que não haja mudança no rating", respondeu.

Logo depois, a agência S&P afirmou o rating do Brasil em BB e manteve em observação para possível rebaixamento. Em comunicado, a agência manteve tanto a nota como a perspectiva negativa anteriores à mudança e metas. A S&P informou ainda que a economia brasileira parece ter se estabilizado apesar das questões políticas, mas que a perspectiva negativa reflete justamente os desafios políticos do país.

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Meirelles repetiu que a alteração das metas fiscais para 2017 e 2018 não é resultado de aumento das despesas, como já foi muitas vezes, mas sim de uma queda na arrecadação decorrente de uma inflação menor. "Há um ano, nem o mercado nem o BC previam uma inflação abaixo da meta em 2017", afirmou. "E devido às restrições de ordem legal, não se podem cortar despesas obrigatórias", completou o ministro.

Questionado sobre como o Congresso receberá a proposta de mudança de meta, o ministro disse que as lideranças estão convencidas da necessidade de alteração. "Num primeiro momento, todos são contra mudança de metas, eu também. Mas todos somos responsáveis e realistas e consideramos que revisão decorre da mudança na inflação", alegou.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, confirmou ainda que, com a ampliação da meta de 2017 em R$ 20 bilhões, será possível realizar um descontingenciamento de R$ 8 bilhões no Orçamento deste ano.

O rápido processo de desaceleração da inflação é um dos principais fatores que levaram à revisão das metas fiscais de 2017 e 2018, disse nesta terça-feira, 15, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo cálculos do governo, o ritmo menor de aumento de preços vai provocar sozinho uma frustração de R$ 19 bilhões na arrecadação deste ano. Em 2018, o efeito é ainda mais intenso, com perda de R$ 23 bilhões entre receitas de tributos e da Previdência Social.

"A desaceleração da inflação é boa notícia para o País e para atividade no futuro, mas tem efeito importante agora, que é exatamente uma mudança na expectativa de arrecadação", disse Meirelles. Quando a inflação fica menor, os preços da economia como um todo avançam menos, afetando o ritmo de arrecadação de tributos.

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O ministro destacou que no momento da fixação da meta fiscal de 2017, em julho do ano passado, o Boletim Focus apontava projeções de 5,4% para a inflação neste ano. Em 10 de julho deste ano, essa estimativa já era bem menor, de 3,28%. Agora, essa previsão é de 3,5%. "Pode haver recuperação dessa expectativa para inflação até o fim do ano", afirmou Meirelles.

Dos R$ 19 bilhões de frustração de receitas que o governo deve ter neste ano por causa da inflação menor, o governo já observou nos números da arrecadação um impacto de R$ 7,2 bilhões até junho de 2017, com os resultados já apurados.

O mesmo problema foi observado em 2018. No momento da fixação da meta, em abril deste ano, a previsão de mercado era de inflação em 4,5% no ano que vem. Hoje, os economistas já projetam alta de 4,2%.

Além da inflação menor, o aumento da provisão para perdas de crédito do sistema financeiro também afeta a arrecadação de tributos. "Isso ocorre à medida que há endividamento maior das empresas, resultado da recessão muito forte durante dois anos. Então, temos esse aumento de projeção de perdas, temos maior problema das empresas com efeito maior nos bancos e na capacidade das empresas que pagar impostos", explicou Meirelles.

Na análise apenas dos impostos pagos pelo sistema financeiro, a queda foi substancial, destacou o ministro. De julho do ano passado até agora, o recuo nessas receitas foi de 46%.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD-SP), disse na noite desta segunda-feira (14) que o governo precisa encontrar um ponto de equilíbrio. Assim como aumentos de impostos não serão bem-vindos, "não é saudável" uma elevação muito significativa da meta fiscal, que prevê déficit primário de R$ 139 bilhões em 2017, segundo o ministro.

"Desde o primeiro momento defendo os ajustes na economia. Sabemos que o governo está procurando encontrar o ponto de equilíbrio", disse Kassab, ao falar das possível razões para a demora da equipe econômica em definir como ficará a meta fiscal para 2017 e 2018. "É uma situação muito difícil para o governo."

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O Broadcast noticiou que a meta tanto de 2017 quanto de 2018 deve ser elevada em R$ 20 bilhões, para déficit primário de R$ 159 bilhões, como foi o de 2016. Nesta segunda-feira, chegaram a circular notícias de que a meta saltaria para R$ 170 bilhões. Para Kassab, a elevação precisa ser no menor valor possível.

"Não é saudável aumentar impostos. Não é saudável expandir a meta de uma maneira muito significativa. Essa é a razão com certeza dessa demora (em definir a questão fiscal)", disse a jornalistas logo após participar de evento da Ordem dos Economistas do Brasil que premiou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, como o economista do ano.

Kassab ressaltou que o governo precisa mostrar para a sociedade que "não abandonou e nem vai abandonar" seu objetivo prioritário, que é o de avançar com a agenda de reformas para fazer a economia voltar a crescer. "Temos que cortar gastos na maior intensidade possível", disse ele, destacando que, se houver elevação da meta, precisa ser no menor valor possível.

O ministro ressaltou que a economia tem melhorado, mas destacou que qualquer mudança no governo "precisa ser muito bem pensada". Ele reafirmou o apoio do PSD ao presidente Michel Temer e às reformas. "Este é meu objetivo pessoal e do meu partido", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o que chamou de "jeitinho" do governo federal para fechar as contas públicas. Além de rejeitar qualquer aumento de impostos para o equilíbrio entre receitas e despesas, Maia rechaçou o aumento da meta fiscal como solução para os rombo fiscal.

"A gente sabe que está difícil, mas se nós não organizarmos as contas públicas de uma vez, vai ficar cada vez mais difícil fechar as contas no futuro. Se cada vez damos jeitinho e aumentamos a meta mais do que precisa, você acaba gerando gastos desnecessários. Fica parecendo que as coisas caminham bem. A gente sabe que a coisa não caminha bem", afirmou.

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Questionado sobre que sugestões têm feito ao governo para a solução do problema, Maia negou que isso seja tarefa do Poder Legislativo. "A resposta sobre a meta fiscal quem tem de dar é o governo. Não vou decidir pelo governo. Vou continuar criticando, não é responsabilidade do Legislativo um proposta de mudar a meta", argumentou.

Antes, porém, ele voltou a defender o enxugamento do Estado, com foco na reforma da Previdência e na redução de privilégios de servidores. "Os caminhos pra se fechar o caixa são cada vez menores. Ou a gente reduz o tamanho do Estado, ou vai chegar uma hora que a dívida vai explodir. Se não reduzirmos, principalmente, o gasto da Previdência, esse teto de gastos vai ser atingido rapidamente. Precisamos acabar com benefícios que poucos têm na sociedade brasileira", complementou.

Maia ainda culpou as projeções equivocadas de arrecadação, feitas pelo governo, e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) para explicar o agravamento da situação fiscal. "Você teve algumas questões que geraram situação que vivemos hoje. Houve, de fato, uma projeção errada de arrecadação do governo. Um segundo ponto é que a reoneração da folha de pagamento caiu porque a Casa ficou praticamente parada com a votação da denúncia da PGR", explicou.

O presidente da Câmara acrescentou que espera, "nas próximas horas", uma nova proposta do governo para poder organizar a votação do Refis, novo programa de refinanciamento de dívidas com a União.

Apesar de ainda não constar da agenda oficial, o presidente Michel Temer, que chegou no Palácio do Planalto pouco depois das 10 horas, entrou em reunião nesta segunda-feira, 14, em seu gabinete com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Segundo apurou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), também entraram na reunião os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco; da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy; e de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.

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No domingo à noite, Temer recebeu no Palácio do Jaburu os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara, Rodrigo Maia, além dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco, Imbassahy, Meirelles e Dyogo.

De acordo com a assessoria da Presidência, o encontro foi para discutir a pauta da semana. Apesar disso, conforme mostrou a Coluna do Estadão, o encontro definiu as novas metas de déficit para 2017 e 2018, que podem ser anunciadas nesta segunda-feira.

A meta para 2017 é de um déficit de R$ 139 bilhões, mas deve ser alterada para um déficit de R$ 159,5 bilhões, igual ao rombo do ano passado. Para 2018, a meta atual é de um déficit de R$ 129 bilhões, mas é provável que seja mudada para o mesmo valor de 2016 e 2017.

O presidente Michel Temer e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, terão nesta segunda-feira (14) a reunião final para definir em quanto vai aumentar a meta de déficit primário para este ano e para 2018. Em nota conjunta enviada na última quinta-feira (10), as duas pastas informaram que qualquer decisão será anunciada imediatamente depois de tomada.

O déficit primário é o resultado negativo nas contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública. Originalmente, a meta de déficit estava fixada em R$ 139 bilhões para este ano e em R$ 129 bilhões para o próximo. No entanto, a arrecadação ainda em queda e uma série de frustrações de receitas dificultaram o cumprimento da meta original.

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Primeiramente, o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) refazer o edital do leilão de renovação de concessão de usinas hidrelétricas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que renderia R$ 11 bilhões aos cofres federais este ano.

A segunda versão do programa de regularização de ativos no exterior, conhecida como repatriação, arrecadou apenas R$ 1,61 bilhão, contra R$ 13 bilhões inicialmente previstos. As alterações na medida provisória que criou a renegociação especial de dívidas com a União também podem diminuir a previsão de arrecadação, caso o governo não consiga reverter essas mudanças.

Por fim, o governo teve de recuar de duas medidas que elevariam as receitas. O aumento do Programa de Integração Social e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) sobre o etanol foi parcialmente revertido, reduzindo a previsão de arrecadação em R$ 501 milhões.

Na semana passada, o governo revogou a medida provisória (MP) que acabaria com a desoneração da folha de pagamento para 46 dos 52 setores beneficiados pela política. A MP, que trancava a pauta da Câmara dos Deputados, perdeu a validade na última quinta-feira (10) e foi revogada sem passar por votação. O governo enviará um projeto de lei sobre o assunto. A revogação resultará em perda de R$ 4,8 bilhões.

Incertezas

O governo enfrenta ainda incertezas com receitas extraordinárias. Em julho, o TCU emitiu um alerta de que a União terá dificuldades em arrecadar R$ 19,3 bilhões por causa de receitas de concessões que podem não entrar no caixa do governo em 2017. Além dos R$ 11 bilhões dos leilões de hidrelétricas, que não vão mais entrar nos cofres federais este ano, o governo fará um leilão de R$ 8 bilhões de concessões de petróleo e gás no próximo mês.

A equipe econômica também pretende concluir a venda de ações do Tesouro no IRB-Brasil, empresa que detém o monopólio do mercado de resseguros no país, e privatizar a Caixa Seguridade e a Lotex, empresa de loterias. As vendas, no entanto, precisam ser concluídas até outubro para que os recursos ingressem no caixa do governo ainda este ano.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na noite desta segunda-feira (7) que o mês de setembro, quando o governo divulga o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do orçamento federal, pode ser um "bom momento" para avaliar a situação da meta fiscal, que hoje prevê déficit primário de R$ 139 bilhões este ano.

"No relatório bimestral de setembro certamente será um bom momento para avaliarmos a situação", disse ele, ressaltando que os mercados estão entendendo que o governo está tentando fazer o possível para cumprir a atual meta. "O que for possível será feito." Apesar disso, Meirelles reforçou que não há um prazo definido para anunciar uma revisão da meta.

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"Estamos estudando este assunto. Houve queda grande da arrecadação este ano. Não há aumento de despesas, há controle rigoroso", disse o ministro a jornalistas, após participar de evento da revista Exame em São Paulo. Meirelles citou alguns fatores que levaram à queda da arrecadação, como a atividade econômica fraca desde 2015 e o fato de o setor agrícola, que tem uma base tributária menor, ter sido um dos que mais avançou este ano.

Outra questão que contribui para a menor arrecadação do governo é o Refis, programa que prevê perdão de dívidas tributárias corporativas, ressaltou o ministro. Muitas empresas, ressaltou, acharam que poderiam postergar o pagamento de impostos na expectativa de aderir a um novo programa ainda mais generoso. "As empresas devem aderir sim ao Refis (atual) durante o mês de agosto."

Meirelles disse que a expectativa é que a arrecadação cresça no segundo semestre, por conta da recuperação da atividade. Assim, será possível, disse ele, avaliar se é necessário ou não mudar a meta fiscal.

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