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A Igreja Católica celebrou, no último domingo (27), a missa para canonização de dois novos santos, João Paulo II e João XXIII. A celebração foi presidida pelo papa Francisco, com a presença do papa emérito Bento XVI. Muitos peregrinos vararam a noite e enfrentaram a chuva para guardar um lugar e assistir à cerimônia. 

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Mas a visibilidade da cerimônia não se limitou à Praça de São Pedro.  Ela foi vista em mais de 90 países ao redor do mundo. Nas Filipinas, país asiático de maioria católica, os fiéis também acompanharam através de um telão e se mostraram bastante entusiasmados por participar do momento da canonização. Foi um dia para ficar guardados nas mentes e corações de cada um deles. 

Milhares de fiéis - poloneses, principalmente, mas também latino-americanos e de outros países -, seguiram neste domingo com devoção e carregando suas próprias bandeiras a canonização de João Paulo II e de João XXIII na Praça de São Pedro.

Muitos deles passaram a noite em claro, sob a chuva, para reservar um bom lugar para a cerimônia.

O altar estava localizado aos pés da Basílica de São Pedro e os lugares de destaque foram ocupados pelo papa emérito Bento XVI - muito aplaudido pela multidão -, por cardeais, bispos e delegações oficiais.

Outros milhares de peregrinos foram se aglomerando com o passar das horas nas ruas próximas à praça de São Pedro e avançavam pela Via da Conciliação, embora os jovens voluntários da Defesa Civil, formando correntes humanas, tentassem contê-los para evitar incidentes.

Medidas de segurança importantes, mas não proibitivas, cercavam o Vaticano, onde também existiam postos para fornecer assistência médica de urgência e garrafas de água aos peregrinos.

O Vaticano estimou que 500.000 pessoas estavam presentes na região de São Pedro e 300.000 acompanhavam a cerimônia através dos telões instalados em diferentes pontos da cidade, como o Coliseu.

Em certo momento, quando a cerimônia estava prestes a começar, era praticamente impossível caminhar sem esbarrar em alguém.

- Milhares de poloneses invadiram a esplanada -

Os poloneses, o grupo mais notável, que carregavam consigo cadeiras dobráveis, mochilas com comida e almofadas, abriam um espaço para se ajoelhar quando a cerimônia exigia.

"Sinto-me muito feliz, muito comovida e muito cansada depois desta cerimônia", comentou Anna Wiswinska, uma professora polonesa que conheceu João Paulo II em Cracóvia.

"Viemos pelos quatro Papas, os dois vivos e os dois canonizados", contou à AFP a jovem italiana e estudante de engenharia Letizia Montironi.

"Mas acredito que o Papa mais importante para a juventude italiana é Francisco", ressaltou, reconhecendo que sua geração conhece pouco ou nada do papa italiano João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II na década de 60 para modernizar a Igreja.

Provenientes de México, Argentina, Peru, Equador, Chile e Costa Rica, entre outros países, os latino-americanos disseram se sentir mais próximos de João Paulo II, a quem conheceram em suas viagens à América Latina, já que João XXIII, que viajava pouco, faleceu em 1963.

"João Paulo II visitou várias vezes o México e todas as vezes nos dizia que se sentia mexicano. Para nós isso é muito importante. Mas eu vim também porque, quando a minha mãe estava grávida de mim, veio ao Vaticano e ele lhe deu a bênção", contou à AFP Juan Pablo Almeyda, de 23 anos, originário de Guadalajara.

"Eu vim de Madri, onde moro. Estou emocionada por ter tido a oportunidade de presenciar uma cerimônia histórica. João Paulo II era muito bom, se dava bem com todos, por isso gostamos tanto dele", contou a equatoriana Enid Vásquez.

Para María Patricia Cardoza de Peña, do Peru, ir a Roma era o sonho de sua vida.

"Ontem na Basílica deixei a João Paulo todos os pedidos e orações que trouxe de meu país. E hoje me sinto muito emocionada porque aquele Papa era, de certa forma, o cuidador de meus filhos", confessou.

Entre as muitas delegações se destacava a de Uganda, formada por 220 pessoas, algumas com seus trajes tradicionais, contou à AFP o sacerdote Jacinto Shibuca, que guiava o grupo.

"João Paulo II esteve em nosso país em 1993 e sua influência trouxe paz e um melhor entendimento, por isso o amamos tanto", contou.

Cansados devido às longas horas de espera, mas felizes, os peregrinos começaram a abandonar a praça após o papa Francisco percorrer de automóvel, de forma excepcional, a Via da Conciliação, para saudar de perto e despertar alegria e entusiasmo nos fiéis provenientes de todas as partes do mundo.

Dois cardeais que foram secretários particulares dos papas que serão canonizados amanhã - d. Loris Capovilla, de João XXIII, e d. Stanislaw Dziwisz, de João Paulo II - deram seu testemunho sobre a vida deles, na entrevista coletiva do Centro de Imprensa da Santa Sé, mostrando que os dois já eram santos, antes de serem eleitos sucessores de São Pedro.

"Falo como um velho cansado e confuso, mas com a alegria e a profunda emoção de ver o papa Francisco canonizar Angelo Roncalli, de quem fui secretário por mais de dez anos, primeiro quando era o patriarca de Veneza e depois no Vaticano", disse Capovilla, de 98 anos. Residente em Sotto il Monte, no norte da Itália, onde João XXIII nasceu, Capovilla foi nomeado cardeal em fevereiro último.

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Capovilla vai acompanhar a cerimônia pela televisão, porque a idade não lhe permite viajar. Ele participou da entrevista coletiva por teleconferência. Enquanto os tradutores de inglês e espanhol resumiam o que havia falado, o cardeal se agitava em seu escritório, intrigado com a tecnologia da transmissão ao vivo do Centro Televisivo Vaticano. Reagia como uma criança, depois de afirmar que João XXIII nunca foi um santo porque nunca deixou de ser criança.

O cardeal Dziwisz, hoje arcebispo de Cracóvia, que foi secretário de João Paulo II na Polônia e depois durante todo o tempo de seu pontificado, lembrou a vida de oração de Karol Wojtyla. "Ele rezava o tempo todo e tinha grande devoção a Nossa Senhora", disse o cardeal polonês. "Antes das audiências, rezava por quem ia encontrar e, depois das audiências, voltava a rezar pelas pessoas com as quais tinha encontrado",revelou.

Com emoção, Dziwisz disse que estava na ambulância que socorreu João Paulo II, após o atentado de 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro. "O papa não sabia quem havia atirado nele, nem por que tinha feito isso, mas dizia que perdoava o autor do atentado", recordou. "João Paulo II passou por muitos sofrimentos, a começar pela perda da mãe e de um irmão quando era ainda muito jovem", observou.

A dupla canonização de João Paulo II e João XXIII é um golpe de mestre do Papa Francisco para reconciliar duas visões da Igreja e balancear o culto à personalidade suscitada pelo conservador e carismático pontífice polonês.

Elevar à glória dos altares em uma única cerimônia no dia 27 de abril na Praça de São Pedro o carismático e conservador João Paulo II (1978-2005), primeiro Papa não italiano em mais de quatro séculos, e João XXIII (1958-63), que abriu a Igreja à pluralidade do mundo moderno, gerou tanto elogios quanto críticas.

A decisão de canonizar João XXIII (Angelo Giusepe Roncalli) sem comprovação de milagres não é tomada com frequência, mas corresponde a uma prerrogativa do chefe da Igreja Católica, que quis, assim, valorizar o exemplo do chamado "Papa Bom", autor da encíclica "Pacem in terris", e equilibra de certa forma a veneração provocada pelo polonês Karol Wojtyla.

"Francisco quis santificar alguém que considera realmente um santo", embora não seja atribuído a ele nenhum milagre específico, sustenta o vaticanista do jornal La Stampa Marco Tosatti, ao se referir ao Papa italiano.

João XXIII entrou para a história como o pontífice que convocou o grande Concílio Vaticano II (1962-1965), que abriu a Igreja ao mundo ao modernizá-la. Foi uma pessoa simples e de bom humor, uma atitude parecida com a mantida atualmente por seu sucessor Francisco, primeiro Papa latino-americano e primeiro jesuíta à frente do Vaticano.

A canonização conjunta mostra, por um lado, a intenção de Francisco de manter o equilíbrio entre duas figuras tão contrastantes quanto "a água e o óleo", afirmou o especialista em assuntos religiosos espanhol Juan Bedoya.

Hostilidade na Igreja polonesa

Esta decisão valeu a Francisco críticas indiretas de uma parte da Igreja polonesa, reduto do catolicismo na Europa, que encara com inquietação o interesse do Papa argentino pelos problemas dos laicos e sua abordagem de questões sociais.

O presidente da conferência episcopal polonesa, Stanislaw Gadecki, reconheceu recentemente que "colocar em prática o estilo do papa Francisco pode ser difícil para nossa Igreja", criticando o estilo direto e pouco protocolar do pontífice que, em 2013, sucedeu o alemão Bento XVI (Joseph Ratzinger), que renunciou ao cargo.

Milhares de poloneses viajarão à Itália com todo o tipo de meios de transporte para assistir à cerimônia solene, embora considerem que será em parte ofuscada pela canonização simultânea do "Papa Bom".

A morte de João Paulo II em abril de 2005 desencadeou o grito espontâneo da multidão reunida na Praça de São Pedro para que fosse declarado "Santo Súbito"

Para o cardeal falecido Carlo Maria Martini, identificado como a cabeça pensante dos setores progressistas da Igreja, não era necessário canonizar João Paulo II, afirma em um livro o fundador da Comunidade de Santo Egídio, Andrea Riccardi.

João Paulo II "já era um homem de Deus, não era necessário torná-lo santo", declarou Martini, que havia questionado a decisão de João Paulo II de não renunciar, apesar de sua grave doença, seguida pelo mundo inteiro dramaticamente ao vivo.

A canonização do primeiro papa polonês da história é realizada em um prazo recorde, embora tenha seguido todos os passos exigidos pela Igreja, entre eles a demonstração, segundo a Igreja, de dois milagres, um deles realizado no dia de sua beatificação, 1º de maio de 2011, com a cura inexplicável da doença de Parkinson de uma mulher da Costa Rica.

Os caminhos da santidade foram muito diferentes para os dois Papas.

"Um era reformista, aberto e bonachão; o outro amava o espetáculo (Karol Wojtyla foi um jovem ator na Polônia) e era intransigente e inimigo do pensamento teológico livre", sustenta Bedoya.

A ideia de uma "Igreja dos pobres", que foi a principal proposta de João XXIII com o Concílio Vaticano II, "foi um caminho que não foi seguido por João Paulo II e Bento XVI", afirma em um artigo o renomado teólogo progressista espanhol Juan José Tamayo.

Francisco, em seu primeiro ano de pontificado, voltou a construir algumas pontes com a Teologia da Libertação, que havia sido marginalizada nos tempos de João Paulo II e Bento XVI.

A dupla canonização convida a apreciar e a venerar dois modelos de religiosos, tanto por seu modo de agir quanto de pensar, apesar da rivalidade histórica entre setores conservadores e progressistas no seio da Igreja.

Ironia da história, no ano 2000 João Paulo II beatificou (passo anterior à canonização) João XXIII junto com Pio IX, que tiveram trajetórias inversas.

Enquanto o chamado "Papa Bom" passou de um eclesiástico conservador ao pontífice da abertura, Pio IX (1846-1878), com uma imagem inicial de liberal, se converteu no Papa que rejeitou o modernismo.

Os hotéis e alojamentos em Roma já estão quase todos reservados, a menos de um mês e meio da dupla canonização do Papa João Paulo II e do Papa João XXIII, indicou nesta quinta-feira (6) a Federação Italiana de Hotelaria Federalberghi.

Para o fim de semana de 26 e 27 de abril - as canonizações serão celebradas na Praça de São Pedro no domingo, dia 27 - mais de 82% dos quartos já estão reservados. Dos 3.178 hotéis, albergues e alojamentos de habitantes inscritos no site do Booking.com da capital, apenas 509 ainda têm lugares disponíveis. "A situação é boa. Espero, e isso seria muito positivo, que a lotação seja completa", declarou o presidente da Federalberghi em Roma, Giuseppe Roscioli, citado pela agência Ansa.

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A canonização do Papa Karol Wojtyla, ainda muito popular entre os católicos, deve atrair centenas de milhares de europeus, e principalmente poloneses. Já João XXIII, muito amado na Itália, deverá atrair menos fiéis. A cidade eterna espera um fluxo comparável apenas ao do funeral de João Paulo II em 2005, que reuniu milhares de pessoas.

O papa emérito Bento XVI deve participar, ao lado do papa Francisco, da cerimônia de canonização de João Paulo II e João XXIII, prevista para 27 de abril de 2014. "Não há motivo, seja doutrinário ou institucional, que o impeça de participar de uma cerimônia pública", declarou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano. "Não existe razão para excluir essa possibilidade."

Os papas João Paulo II e João XXIII devem ser declarados santos em 27 de abril de 2014, segundo um anúncio feito pelo papa Francisco nesta segunda-feira durante reunião com cardeais no Palácio Apostólico.

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Em julho, o papa Francisco disse que canonizaria dois dos papas mais influentes do século 20 juntos, ao aprovar um milagre atribuído a João Paulo II e ao entender que, devido às ações e postura de João XXIII, ele não precisaria da aprovação de um ato miraculoso.

Analistas disseram que a decisão de canonizá-los juntos visa a unificar a igreja, pois cada um tem seus próprios críticos e admiradores. Francisco é claramente um simpatizante de ambos: no aniversário da morte de João Paulo neste ano, Francisco rezou junto aos túmulos dos dois, o que foi visto como uma indicação de que ele vê uma grande continuidade pessoal e espiritual neles. Fonte: Associated Press.

O Papa Francisco autorizou nesta sexta-feira (5) a canonização de João Paulo II (1978-2005) e de João XXIII (1958-1963), anunciou a secretaria de imprensa do Vaticano. O pontífice argentino assinou o decreto no qual reconhece a atribuição de um milagre por intercessão de João Paulo II, enquanto no caso de João XXIII Francisco considerou que não era necessário demonstrar que intercedeu em um milagre. A data da cerimônia das canonizações das duas canonizações não foi fixada, acrescenta a nota. "Poderá ocorrer no final de 2013", afirmou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

A atribuição de um segundo milagre ao beato João Paulo II foi o passo-chave para sua rápida canonização, autorizada apenas oito anos depois de sua morte, em 2005. "O sumo pontífice aprovou a canonização de João XXIII e decidiu convocar um consistório para a canonização do beato João Paulo II", indicou o Vaticano em sua nota.

Segundo a mídia religiosa, Francisco quis relativizar a canonização do papa polonês ao autorizar simultaneamente e sem necessidade de demonstrar uma intercessão em um milagre a de João XXIII, o chamado "papa bom".O pontificado de João Paulo II, que atraía multidões em todo mundo, foi questionado nos últimos anos por sua atitude frente à pedofilia e aos escândalos do banco do Vaticano.

A decisão do papa se canonizar João XXIII sem registro de milagre, algo não muito frequente nas últimos décadas, é uma prerrogativa do chefe da Igreja, segundo as normas do Vaticano. "Todos conhecemos as virtudes e a personalidade do papa Roncalli (João XXIII) e não é necessário explicar as razões pelas quais alcança a glória dos altares", afirmou Lombardi.

João Paulo II, cujo nome de nascimento era Karol Wojtyla, foi beatificado em 1º de maio de 2011, depois de provado um primeiro milagre com a assinatura do papa emérito Bento XVI. Trata-se da cura inexplicável da freira francesa Marie Simon Pierre, que padecia desde 2001 do Mal de Parkinson, a mesma doença que João Paulo II sofreu em seus últimos anos.

Segundo Lombardi, o segundo milagre de João Paulo II foi a cura milagrosa de uma mulher na Costa Rica. Por sua parte, João XXIII foi beatificado por João Paulo II em setembro de 2000, durante o Jubileu. O milagre aprovado por sua beatificação foi a cura da irmã Caterina Capitani, em 1966.

O Vaticano retirou nesta terça-feira o último obstáculo à canonização de João Paulo II, afirmou hoje uma fonte na Santa Sé. Uma comissão de cardeais e bispos reuniu-se hoje para avaliar o caso e aprovou a canonização, informa a agência de notícias Ansa.

A fonte vaticana confirmou a veracidade da notícia e disse que a decisão foi tomada já há algum tempo e que a reunião desta terça-feira foi apenas uma formalidade.

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Com a aprovação da comissão, a canonização depende apenas do aval do papa Francisco e da escolha de uma data para a cerimônia.

Especula-se que a data provável para a canonização seja 8 de dezembro, quando é celebrada a festividade católica da Imaculada Conceição. Este ano, a data cairá num domingo, que é quando normalmente se realizam cerimônias de canonização no Vaticano.

Sob a condição de anonimato, já que os processos de canonização tramitam em sigilo, a fonte vaticana confirmou ainda notícia veiculada pelo jornal italiano La Stampa de que a canonização de João Paulo II poderia ocorrer junto com a do papa João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, mas morreu em 1963, antes de vê-lo concretizado.

O processo de canonização de João Paulo II tramitou em ritmo acelerado logo depois de sua morte, em 2005. Fonte: Associated Press.

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