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O papa Francisco alertou neste domingo (31), durante sua viagem de volta do Marrocos, que as ditaduras nascem a partir do medo.

Segundo o Pontífice, "muitas pessoas de boa vontade, não apenas católicos", estão "um pouco tomadas pelo medo", que é a "pregação usual dos populismos". "Semeiam o medo e depois tomam as decisões. O medo é o início das ditaduras", disse Jorge Bergoglio, no avião papal.

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Francisco citou o exemplo da Alemanha, que cedeu às promessas de Hitler, alimentadas pelo medo da população. "Semear o medo é fazer uma coletânea de crueldades, fechamentos e até de esterilidades", acrescentou.

Além disso, o Papa disse sentir "dor" ao ver pessoas que "preferem construir muros". "Aqueles que fazem os muros acabarão prisioneiros dos muros que eles construíram. Já os que constroem pontes seguirão em frente", ressaltou.

De acordo com Bergoglio, a Europa deve ser acolhedora e interromper a migração em massa com a "generosidade", não com a "força". "É verdade que um país não pode receber todos, mas tem toda a Europa para distribuir os migrantes, toda a Europa", afirmou.

Da Ansa

O papa Francisco se considera tão pecador como os condenados a penas de prisão, revela em um livro de entrevistas, com um pronunciado tom pessoal, que chegará às livrarias na terça-feira (12). O papa é um homem que precisa da misericórdia de Deus, insiste Jorge Bergoglio em "O nome de Deus é Misericórdia", que será publicado na terça-feira por 21 editoras em 86 países.

Na longa reflexão sobre o perdão concedido por Deus ao ser humano, tema central do Jubileu da Misericórdia iniciado em 8 de dezembro, o pontífice argentino afirma que "a Igreja condena o pecado porque deve dizer a verdade. Diz: 'Isto é um pecado'. Mas ao mesmo tempo abraça o pecador que se reconhece como tal".

Francisco espera que o Jubileu permita redescobrir a igreja como uma estrutura ágil de intervenção rápida, na qual se pratica uma medicina de urgência. Nas respostas às perguntas do vaticanista italiano Andrea Tornielli, o papa incide mais uma vez em sua relação especial com os presos, que já visitou diversas vezes nas penitenciárias.

Ele afirma que se sente unido aos condenados porque é consciente de que também é um pecador. Jorge Bergoglio revela que a cada vez que entra em uma prisão se questiona por quê eles e não eu.

Neste sentido, destaca que a vergonha é um dom. Quando se sente de verdade a misericórdia de Deus, você fica com vergonha, ao perceber que, apesar de nossa história de miséria e pecado, Ele continua nos sendo fiel, afirma o pontífice.

Uma ideia é ressaltada: a vergonha permite que a pessoa reconheça que o que faz é um erro, com o que evita cair na tentação do corrupto que se cansa de pedir perdão e acaba acreditando que não deve pedir mais, explica.

O documentário "Francisco de Buenos Aires", uma coprodução argentino-italiana que atualmente ainda está sendo rodada, vai ser lançado nas favelas da Argentina em 13 de março, quando se completa um ano de pontificado de Jorge Bergoglio. "As filmagens estão muito adiantadas. O documentário vai ter pré-estreia em várias favelas e hospitais de Buenos Aires, porque deve ser fiel ao protagonista da biografia", afirmou o diretor argentino Miguel Rodríguez Arias.

Ainda não se tem certeza se o próprio Papa aparecerá na cinebiografia, que abordará sua fé, sua paixão pelo futebol, seu deleite pela música e a literatura e sua amizade com o escritor Jorge Luis Borges. Não deverá fazer referência a questões mais polêmicas como o papel do jesuíta Bergoglio durante a ditadura argentina (1976/83) nem sua militância no peronismo, o principal movimento político desde a segunda metade do século XX na Argentina.

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Jorge Bergoglio manteve o mesmo olhar simples e sincero e as mesmas atitudes de proximidade com o povo antes e depois de se tornar Papa Francisco, segundo jornalistas argentinos que o acompanharam durante anos, enquanto este ainda era cardeal em Buenos Aires.

"Diz-se que este Papa está surpreendendo. Mas para quem cobria informações religiosas na Argentina não é uma surpresa. Ele sempre foi assim, simples e sincero. Coerente no que diz e no que faz", disse o jornalista Sergio Rubín, do jornal argentino "El Clarín", coautor de uma biografia sobre Bergoglio ("O Jesuíta"). "Não é marketing. É o Jorge Bergoglio de sempre".

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Rubín disse que começou a pensar no livro depois que Bergoglio ficou em segundo lugar no conclave de 2005, que elegeu Joseph Ratzinger como Pontífice. Não havia a menor perspectiva de que algum dia ele pudesse se tornar Papa, disse. Mas sua devoção aos pobres, o contato com o povo e a força que vinha de sua humildade estavam entre as características que o tornavam um bom personagem para ser biografado.

"Era para ser a memória de um grande cardeal", disse. "Ele não gosta de aparecer e, quando o abordamos pela primeira vez sobre o livro, saiu correndo. Como jornalistas, insistimos. Na terceira vez, cedeu".

Durante dois anos, os autores Rubín e Francesca Ambrogetti se encontraram uma vez por mês com o religioso para discutir temas como Cultura, Igreja, Educação, história familiar e etc.

O padre Gustavo A. Sanchez, diretor do projeto "A Voz dos Hospitais" e repórter da radio Brazos Abiertos (Braços Abertos), de Buenos Aires, Alejandro D'Alessandro, também participaram de uma coletiva de imprensa hoje e compartilharam suas experiências com o Santo Padre.

O fotógrafo Enrique Cancas, também do "Clarín", relatou não ver mudanças na postura do Papa Francisco. Cancas o acompanha há dez anos, inicialmente como fotógrafo freelancer. Segundo ele, no entanto, nos últimos três anos foi sentida uma grande transformação na forma como Bergoglio era tratado, ganhando cada vez mais projeção, embora mantivesse a mesma postura humilde.

Cancas trouxe uma foto de presente para Francisco, com quem se encontrou durante a Jornada Mundial da Juventude. "Eu disse: Jorge, te trouxe uma foto", contou. A imagem mostra o close de um jovem em vigília, exibindo uma foto de Francisco e símbolos do seu time de futebol de coração, San Lorenzo. "Sempre se manteve humilde e sincero".

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O Papa mostrou mais uma vez que tem um estilo próprio. Assim como aconteceu no dia da sua escolha, em que ele não utilizou o crucifixo de ouro, o anel de pescador, símbolo do papado, será feito de prata. Tradicionalmente, o item é feito de ouro maciço. Segundo alguns pesquisadores, a escolha também é uma forma de homenagem à sua terra natal, a Argentina, que em latim significa "terra da prata".

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O modelo do anel de Francisco, que representa São Pedro com as chaves do Reino de Deus, é o mesmo de Paulo VI, falecido em 1978.

A mensagem transmitida por Jorge Bergoglio é clara, sinalizando que quer construir uma Igreja pobre e para os pobres, indo de encontro ao luxo de outros papas.

O argentino Jorge Bergoglio, de 76 anos, eleito nesta quarta-feira (13) para suceder o papa Bento XVI, é um jesuíta austero, de tendência moderada e que leva uma vida discreta. Sua designação para ocupar o trono de São Pedro é a primeira de um americano para dirigir a Igreja Católica, que também jamais esteve a cargo de um representante da Companhia de Jesus.

Arcebispo de Buenos Aires e primaz da Argentina, este homem tímido e de poucas palavras goza de um grande prestígio entre seus seguidores que apreciam sua total disponibilidade e sua forma de vida, afastada de qualquer ostentação. Bergoglio nasceu no dia 17 de dezembro de 1936 no seio de uma família modesta da capital argentina, filho de um funcionário ferroviário de origem piemontesa e de uma dona de casa.

Frequentou a escola pública, onde se formou como técnico de química, e aos 22 anos se uniu à Companhia de Jesus, onde obteve uma licenciatura em Filosofia. Depois de entrar para o ensino privado, começou seus estudos de Teologia e foi ordenado sacerdote em 1969. Aos 36 anos foi designado responsável nacional dos jesuítas argentinos, cargo que desempenhou durante seis anos.

Foi nos anos difíceis da ditadura argentina (1976-83), que Bergoglio precisou manter a qualquer custo a unidade do movimento jesuíta - invadido pela Teologia da Libertação - sob o lema de "manter a não politização da Companhia de Jesus", segundo seu porta-voz Guillermo Marcó. Depois, viajou à Alemanha para obter seu doutorado e em seu retorno retomou a atividade pastoral como simples sacerdote de província na cidade de Mendoza (1.100 km a oeste de Buenos Aires).

Em maio de 1992, João Paulo II o nomeou bispo auxiliar de Buenos Aires e começou a escalar rapidamente a hierarquia católica da capital: foi vigário episcopal em julho deste ano, vigário-geral em 1993 e arcebispo coadjutor com direito de sucessão em 1998. Converteu-se posteriormente no primeiro jesuíta primaz da Argentina e, em fevereiro de 2001, vestiu finalmente a púrpura de cardeal.

De acordo com a imprensa argentina, Bergoglio figurou entre os mais votados no conclave de 2005, que elegeu Joseph Ratzinger como sucessor de João Paulo II. O arcebispo goza de prestígio geral por seus dotes intelectuais e dentro do Episcopado argentino é considerado um moderado, a meio caminho entre os prelados mais conservadores e a minoria progressista.

Em um país de maioria católica, se opôs de forma tenaz em 2010 à aprovação da lei que consagrou o casamento homossexual, a primeira na América Latina. "Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é a pretensão destrutiva ao plano de Deus", disse Bergoglio pouco antes da sanção da lei. Também se opôs a uma mais recente lei de identidade de gênero que autorizou travestis e transsexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido.

Estas duas iniciativas esfriaram as relações entre a Igreja argentina e a presidente Cristina Kirchner, embora a presidente, que se declara cristã, seja contrária à legalização do aborto. Apesar de sua meteórica carreira na hierarquia católica, continua sendo um homem muito humilde. Sua rotina começa às 4 e meia da manhã e termina às 21h. É um grande leitor dos escritores argentinos Jorge Luis Borges e Leopoldo Marechal e do russo Fiodor Dostoievsky, amante da ópera e fã do clube de futebol San Lorenzo, curiosamente fundado por um sacerdote.

Na tarde desta quarta-feira (13), a Igreja Católica revelou ao mundo o novo Papa, após conclave iniciado na manhã de ontem. Numa escolha considerada por muitos surpreendente, o argentino Jorge Bergoglio, 76 anos, foi eleito pelos cardeais e assumirá o nome de Francisco I. É o primeiro Papa latino-americano da História. Confira imagens da celebração, ocorrida na Itália.

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