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Um dos maiores clássicos do rap acaba de ganhar uma releitura com direito a videoclipe e  reunião de duas gerações do gênero. O projeto, idealizado pelo rapper Dexter, deu cara nova à canção Voz Ativa, do grupo Racionais Mc’s, e contou com as participações de atuais grandes figuras da cena, Djonga e Coruja BC1. O clipe da música foi lançado nesta sexta (21), e já pode ser conferido no YouTube. 

Com uma longa carreira de sucesso no rap, Dexter tem cinco discos e um DVD lançados. O músico já cantou ao lado de grandes artistas como Guilherme Arantes, Péricles, Paula Lima e Seu Jorge e já foi reconhecido em importantes premiações como o Hutúz, pelo disco exilado Sim, Preso não; e o Inovare, que recebeu das mãos do ministro Dias Toffoli, no Supremo Tribunal Federal.

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Nesta sexta (21), Dexter lança um projeto no qual se junta à nova geração do rap nacional para homenagear um de seus ídolos declarados, o grupo Racionais MC’s. Ao lado de Djonga e Coruja BC1, o rapper fez uma releitura do clássico Voz Ativa, de 1992, que quase 30 anos após sua criação, continua atual tocando em temas graves da sociedade brasileira, como o racismo e a violência urbana. As batidas foram assinadas pela dupla KL Jay e DJ Will.  Nas redes sociais, Dexter falou sobre o lançamento: "Só consigo explicar com a seguinte frase: 'é muito amor envolvido'". 

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Em 1988, Mano Brown, KL Jay, Edi Rock e Ice Blue, quatro jovens moradores da periferia de São Paulo, se juntaram para formar um grupo de rap. Batizado de Racionais MC's, o grupo chegou como uma 'bomba' mudando a história do rap nacional e se tornando um dos mais importantes e influentes do gênero. Com letras contundentes, samplers e scratches únicos para sua época e uma narrativa de fazer cair o queixo até do mais rebuscado literato, o Racionais transcendeu os limites da periferia fazendo-se ouvir em lugares antes inimagináveis para artistas negros vindos da favela.

Em 2019, o grupo viaja o Brasil com a turnê Racionais 3 Décadas, que celebra seus 30 anos de carreira. O Recife recebe o show no próximo sábado (5), no Classic Hall. Para fazer o 'esquenta' dos fãs, o LeiaJá elencou nove motivos que explicam a importância do Racionais MC's não só para o rap, mas para a cultura nacional. 

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Sabiam escolher as influências

Os Racionais surgiram da vivência de seus integrantes nos bailes black da periferia de São Paulo. O nome do grupo foi inspirado no disco Racional de Tim Maia. As referências de soul music encontradas na obra de Maia também foram fonte para os rappers paulistas. A música 'Homem na estrada', por exemplo, leva um trecho de 'Ela Partiu', de Tim, sampleada. Também tiveram a influência do renomado grupo de rap americano Public Enemy e do ativista negro Malcom X.

Lançaram o álbum Sobrevivendo no Inferno, considerado um marco no rap nacional

Desde o início da carreira, nas primeiras coletâneas lançadas, o Racionais já mostrou a que veio com músicas que falavam sobre a vida na 'quebrada'. Mas, foi em 1997, com 'Sobrevivendo no Inferno', lançado de forma independente, que eles escancararam o estilo ferino de seu rap mostrando a todo o país a dureza imposta à juventude negra submetida a violência, criminalidade e pobreza nas periferias. O disco chegou a ter mais de um milhão e meio de cópias vendidas, tornando-se o mais bem sucedido álbum de rap na história da música nacional. 

Levaram sua mensagem além

Em 1992, o Racionais MC's foi para as escolas públicas paulistas para falar sobre racismo, violência e criminalidade. Eles foram convidados pela Secretaria de Educação de São Paulo para participar do projeto 'RAPensando a Educação' e contribuíram para a conscientização dos estudantes com as mesmas mensagens que levavam em suas músicas.

Dominaram o mainstream

Em em 1998, o grupo conquistou um reconhecimento antes inimaginável para artistas oriundos da favela e que cantavam rap. Com o clipe da música Diário de um Detento, gravado dentro da casa de Detenção de São Paulo, o extinto Carandiru, eles subiram ao palco do MTV Video Music Brasil, premiação do canal de música MTV levando o troféu de Escolha da Audiência, um dos mais cobiçados da premiação. A música integrou a lista de mais tocadas da revista Rolling Stones e o clipe entrou para a lista Melhor Videoclipe Brasileiro de Todos os Tempos da Folha de São Paulo em segundo lugar. 

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Não têm medo de mudar 

Com 30 anos de estrada, os rappers do Racionais entendem bem a importância de estarem ligados aos tempos em que vivem. Sendo assim, eles não se incomodam em abandonar ou mudar seus discursos. Algumas músicas consideradas machistas, como Mulheres Vulgares, de 1993, foram retiradas do repertório do grupo. A musicalidade também foi se adaptando ao longo do tempo e eles sabem, como ninguém, entregar aos fãs o que os fãs querem. Em 2014, eles surpreenderam com o suingado álbum 'Nada como um dia após outro dia' e, na própria turnê que comemora as três décadas de carreira, o que se tem visto é um verdadeiro baile black em cima do palco, com som mais melodioso e dançante. 

Ajudam os 'manos'

Em 2008, Edy Rock, Mano Brown, KL Jay e Ice Blue começaram uma temporada de shows para ajudar os 'manos' da cena rap em São Paulo. Divididos em duplas, eles acompanhavam as apresentações de grupos e rappers, subindo ao palco com eles, para ajudá-los na divulgação de seus trabalhos. 

Virou leitura obrigatória no vestibular

Em 2018, reconhecendo a relevância sociocultural do disco Sobrevivendo no Inferno, a Universidade de Campinas (Unicamp) listou-o como leitura obrigatória para seu vestibular ao lado de escritores renomados como Luís Camões. Esta foi a primeira vez que um álbum de música foi listado como item obrigatório em um processo seletivo de universidade. À época, o perfil oficial do grupo no Instagram celebrou o feito: "É a periferia ocupando a Academia", escreveram. 

E virou livro, literalmente

Apos a indicação da Unicamp, o disco Sobrevivendo no Inferno virou livro mesmo. Editada pela Companhia das Letras, a obra traz a transcrição das letras das faixas do álbum e traz acabamento das folhas em dourado, como costuma ser feito na Bíblia. Também há análises das músicas, descrições de intervenções sonoras e contribuição de Eliane Dias, produtora dos Racionais e esposa de Mano Brown. 

Tocam de casamento à velório

Ainda que com letras contundentes, falando sobre criminalidade, violência, preconceito racial e pobreza, o rap do racionais MC's conseguiu penetração nos mais diversos círculos e classes sociais. Com seu poder de conscientização e de denúncia da realidade, o grupo levou sua música às mais distintas situações. Em uma entrevista, Mano Brown contou que vários fãs o abordavam dizendo terem ouvido um rap do grupo em velórios. Eles também tocaram muito no rádio, AM e FM, em eventos religiosos e em bordéis, como o próprio rapper contou. Casamentos também não ficam fora da lista. Em 2019, um casal escolheu o rap 'A vida é um desafio' para marcar a celebração de seu matrimônio. 

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A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) contratou Kléber Geraldo Lélis Simões, de 44 anos, o KL Jay dos Racionais, para dar oficinas de discotecagem em Centros Educacionais Unificados (CEUs) na periferia da zona sul. Considerado um dos melhores DJs de hip hop do mundo, KL Jay foi contratado por R$ 14 mil para dar aulas e conversar com alunos. As primeiras interações foram realizadas na terça-feira, 18, e na quarta-feira, 19. As próximas estão marcadas para os dias 21 e 22 de dezembro.

KL Jay participa do programa do governo municipal batizado de Ciclo de Oficinas de Mobilização da Juventude, feito pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos. As aulas do DJ dos Racionais acontecem nos CEUs Guarapiranga, Três Pontes, Alto Alegre e Vila Atlântica. As oficinas duram quatro horas, das 14h às 18h.

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No dia 21 de dezembro, KL Jay vai se apresentar no CEU Guarapiranga um dia após o show de lançamento do novo CD dos Racionais, marcado para dia 20 no Espaço das Américas, na zona oeste da capital paulista. As músicas do novo CD, produzido 12 anos após o último lançamento do grupo (Chora Agora, Ri Depois), vão ser colocadas à venda no dia 25. O primeiro single, "Quanto Vale o Show", foi divulgado na terça-feira.

Considerado o "comandante da nave" do melhor e mais importante grupo de rap do país, KL Jay é o responsável pelos "samples" que dão o tom às músicas do grupo, misturando influências da black music americana do final dos anos 1970 com bases criadas no Brasil, na mesma época, por Jorge Ben e Tim Maia. Colaborou Adriana Ferraz

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