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Milhares de militantes contra a interrupção voluntária da gravidez (IVG) se reuniram nesta sexta-feira (19) em Washington em seu encontro anual "Marcha pela Vida", que contou com a participação do presidente Donald Trump por meio de videoconferência.

Os manifestantes estavam reunidos na esplanada do National Mall quando o presidente falou do roseiral da Casa Branca. "Me sinto honrado e muito orgulhoso de ser o primeiro presidente a estar aqui com vocês, da Casa Branca, para me dirigir à 'Marcha pela Vida'", declarou Trump em um telão, antes de ser aplaudido pelos manifestantes.

O presidente denunciou ter nos Estados Unidos "uma das leis sobre aborto mais permissivas do mundo". E acrescentou que seu país figura entre "os únicos sete que autorizam o aborto no final do período, com China, Coreia do Norte e outros".

Depois Trump fez menção a um mito derivado em várias ocasiões sobre as leis de IVG nos Estados Unidos, que serviram para sua campanha presidencial. Mas se enganou e ao invés de usar a palavra "torn" (arrancar) usou "born" (nascer): "Neste momento, em vários estados, as leis autorizam que um bebê nasça do ventre de sua mãe no nono mês. Isso tem que mudar".

Defensor da vida

"Escolham a vida", "respeitem as mulheres, respeitem a vida", são algumas das frases que podiam ser lidas nos cartazes que os manifestantes levavam, entre os quais havia religiosos, famílias e estudantes.

"Realmente aprecio que falemos sobre isso, é realmente importante", disse Sandy Burton, que viajou de Indianapolis, a 800 quilômetros de Washington. "Sonhamos em ver o aborto se converter em uma solução impensável", acrescentou a jovem. "Este presidente é um defensor incansável da vida e da consciência nos Estados Unidos", disse um pouco antes seu vice-presidente, o ultraconservador Mike Pence.

Em 2017, Pence se tornou o primeiro vice-presidente americano a comparecer à "Marcha pela Vida", da qual participam todos os anos militantes contra o aborto, muitos deles cristãos tradicionalistas.

Trump, que se divorciou várias vezes e já chegou a dizer que era a favor do direito ao aborto, não é um líder evidente para os opositores da IVG, embora eles tenham consciência que graças a ele ganharam alguns pontos nos últimos 12 meses.

O discurso de Trump por videoconferência foi o primeiro de um presidente em exercício. Chefes de Estado anteriores, como Ronald Reagan e George W. Bush, falaram com os manifestantes, mas por telefone.

Mais de 40 anos de luta

A "Marcha pela Vida" marca o aniversário do caso "Roe v. Wade" (22 de janeiro de 1973), que abriu jurisprudência dando o direito a abortar em todo o território americano. A cada ano, desde 1974, os militantes contra o aborto marcham nos dias próximos a essa data. Seu percurso vai do National Mall até a Suprema Corte, onde chegam com a esperança de poder reverter o "Roe v. Wade".

Eles sabem que se Trump tiver a chance durante o seu mandato de nomear um segundo juiz conservador para a Suprema Corte seu desejo poderá se tornar realidade. Enquanto isso, sua causa progride com pequenas vitórias. A Casa Branca, dezenas de estados e o Congresso já são controlados por opositores ao aborto.

O governo americano anunciou na quinta-feira a criação de uma nova divisão ministerial destinada às liberdades de consciência e religiosa. Ela apoiará médicos, enfermeiros e outros funcionários do sistema de saúde que rejeitem realizar determinadas tarefas que consideram contrárias a suas convicções.

Esta divisão oferecerá especialmente um apoio aos profissionais de saúde que não querem ser vinculados com práticas de aborto, nem se ocupar das pessoas transgênero. Esta iniciativa preocupa algumas organizações que temem que algumas populações sejam vítimas de discriminação no acesso a tratamentos médicos. "Ninguém deveria se ver privado de atendimento médico, incluindo um aborto seguro e legal", reagiu a organização de planejamento familiar Planned Parenthood.

Milhares de peruanos saíram às ruas neste sábado (21) em Lima para protestar contra a prática do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O Congresso peruano discute a possibilidade de legalizar a união civil gay.

A "Marcha pela Vida" foi promovida pelo arcebispo católico de Lima e cardeal Juan Luis Cipriani, um sacerdote conservador da Opus Dei. Colégios católicos e organizações religiosas participaram da manifestação, levando cartazes "em defesa de as crianças nascerem".

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No Peru, o aborto é legal em casos de má-formação grave do feto ou quando a gravidez representa risco de morte para a mãe. A Igreja rejeita a possibilidade de a gestação ser interrompida em caso de estupro, tema que debatido pelo parlamento no ano passado.

“A um problema de um estupro não podemos acrescentar o assassinato. O mundo que hoje se atreve a tantas coisas tem que ser humilde”, disse Cipriani.

O cardeal, que já disse que o aplicativo WhatsApp é responsável pelas traições conjugais, garantiu que essa manifestação também defende a família, "porque toda vida humana surge de um matrimônio entre um homem e uma mulher".

A Comissão de Justiça do Congresso peruano rejeitou recentemente um projeto para declarar legal a união civil homossexual, apresentado em 2014 pelo legislador Carlos Bruce, de 58 anos, que foi, no ano passado, o primeiro político peruano a assumir sua homossexualidade.

Dos 30 milhões de habitantes do país, cerca de 26 milhões são católicos, segundo dados do Vaticano.

O Papa Francisco manifestou no Twitter sua aprovação à "Marcha Nacional pela Vida", organizada todos os anos pela Igreja em Washington para protestar contra a legalização do aborto.

"Rezo pela Marcha pela Vida em Washington. Que Deus nos ajude a respeitar sempre a vida, em especial a dos mais fracos", escreveu o papa.

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O aborto é um tema delicado na política americana. Nos últimos anos, seus opositores impuseram restrições que buscam dissuadir as mulheres a interromper a gravidez e dificultam o funcionamento das clínicas que prestam este serviço.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, máxima instância judicial do país, confirmou no ano passado sua história decisão de 1973, intitulada "Roe Vs Wade", que legalizava o aborto, mas introduziu uma série de restrições, como período de espera e a proibição de abortos tardios.

Estimulados pelo exemplo espanhol, milhares de opositores ao direito ao aborto tomaram as ruas do centro de Paris, neste domingo, para protestar contra um projeto de lei que, segundo eles, banaliza a interrupção voluntária da gravidez na França.

A chamada "marcha pela vida" reuniu cerca de 16 mil pessoas, segundo a polícia, e mais de 40 mil, de acordo com os organizadores.

Os ativistas protestavam contra algumas disposições do projeto de lei, que será discutido a partir desta segunda-feira pelos deputados franceses e que, afirmam seus críticos, "banaliza totalmente" a interrupção voluntária da gravidez.

Os manifestantes, que gritavam "sim à vida" e "Viva Espanha", agitavam as cores vermelha e dourada da Espanha, cujo governo de direita quer proibir o direito ao aborto, votado em 2010. Apenas casos muito específicos seriam permitidos.

O protesto reuniu muitas pessoas do interior da França, incluindo famílias e padres. No sábado, o movimento chegou a receber o apoio do papa Francisco, que lhes pediu que "mantenham viva sua atenção diante de um tema tão importante".

A poucos quilômetros dali, uma manifestação oposta com entre 200 e 300 pessoas defendia que "abortar é meu direito". A convocação desse ato foi feita pelo Sindicato do Trabalho Sexual e das Feministas.

Mais de 220 mil abortos são realizados todos os anos na França, onde a interrupção voluntária da gravidez foi legalizada em 1975. Desde janeiro de 2013, a prática conta com reembolso total da Seguridade Social.

O Papa expressou seu apoio, em dois tweets, à 40ª "Marcha Nacional pela Vida", organizada em Washington para protestar contra a legalização do aborto nos Estados Unidos.

"Eu me junto a todos os que marcham pela vida e rezo para que os políticos protejam as crianças e promovam a cultura da vida", declarou Bento XVI nestas mensagens.

Esses tweets são os primeiros em que o Papa se envolve diretamente em uma manifestação que gera um amplo debate público. Todos os outros tweets do chefe da Igreja Católica, que tem mais de 2,5 milhões de "seguidores", são puramente religiosos, ecoando temas de sua catequese.

Esta marcha nasceu em janeiro de 1973, após a legalização do aborto. Em 22 de janeiro de 1973, a Suprema Corte considerou que o direito à privacidade permite a interrupção da gravidez enquanto o feto não é viável.

Sobre os temas de "valores não negociáveis ", defendidos pela Santa Sé - particularmente o não à pílula do aborto e ao casamento gay - a relação entre o episcopado americano e a administração democrata de Barack Obama têm sido tensas nos últimos anos.

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