Após quatro meses fechado, o Centro de Treinamento Time Brasil será reaberto na próxima segunda-feira, dia 20, seguindo protocolo rígido do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Acostumada a receber 200 integrantes do alto rendimento, a estrutura localizada no Parque Maria Lenk, no Rio de Janeiro, terá apenas 40 pessoas, entre atletas e treinadores, em atividade, de forma a evitar eventuais contaminações por covid-19.
"Nossa intenção é passar uma mensagem positiva de que, mesmo num cenário difícil e sendo solidários às vítimas da pandemia, o Brasil tem condições de se organizar e permitir a retomada do esporte de alto rendimento", diz o diretor de esportes do COB, Jorge Bichara, ao Estadão. "Avaliando as condições de saúde, queremos que o atleta brasileiro se sinta em condições de igualdade com seus adversários, que já retomaram os treinos nos outros países."
##RECOMENDA##Para permitir o retorno, o COB realizará ao todo 150 testes em atletas e funcionários. Os esportistas, como a nadadora Ana Marcela Cunha, começaram a ser submetidos nesta segunda aos exames sorológicos, que checam a presença de anticorpos no organismo. Na quinta, haverá os testes de RT-PCR, que detecta diretamente a presença do vírus.
Os atletas com resultados negativos estarão liberados para voltar a frequentar as dependências do CT na segunda, na chamada fase 2 do protocolo do COB. Nesta etapa, a reabertura tem condições rígidas, com questionários constantes e triagem toda a manhã na entrada do CT para verificar possíveis sintomas, saturação de oxigênio e temperatura corporal.
O cuidado com o distanciamento social também será grande. Para tanto, haverá uma programação controlada de horários de treinos, sempre entre 8h30 e 18 horas, com intervalos para limpeza. A ideia é que os atletas treinem em pequenos grupos, nos mesmos horários, para facilitar a identificação dos contágios em eventuais casos positivos de covid-19.
Se algum atleta contrair o novo coronavírus, entrará em quarentena e o COB saberá identificar quem está em risco a partir do controle das programações de horários. "Mantendo o distanciamento, prevemos que podemos ter num espaço amplo, como a Sala de Força e Condicionamento (espécie de sala de musculação mais elaborada), no máximo dez pessoas", explica Bichara.
No momento, o COB só vai permitir a entrada de atletas com vaga olímpica já assegurada ou perto de ser conquistada. A partir de segunda, vão frequentar o CT esportistas de diferentes modalidades, como natação, maratona aquática, saltos ornamentais, vôlei de praia, canoagem, atletismo, pentatlo moderno e badminton. Eles poderão usar a Sala de Avaliação e o Laboratório Olímpico.
Quanto à ginástica artística, cujo CT também integra o do Time Brasil, o retorno às atividades só vai acontecer após um período de treinos em Portugal - a viagem será na sexta-feira. "No protocolo do COB existe uma dificuldade maior para manter a limpeza da estrutura e do aparelho da ginástica. Mas, quando eles voltarem para cá, em cinco semanas, a situação deve estar melhor."
Mais atletas de todas as modalidades só serão permitidos no CT Time Brasil na fase 3, quando o COB espera receber até 80 pessoas. "Se a tendência de melhora na pandemia for mantida no Rio, acredito que vamos entrar nesta fase lá por outubro", diz Bichara. O retorno total só acontecerá na fase 4, sem previsão de data. "O retorno será progressivo e gradual", destaca o dirigente.
Bichara enfatiza que a volta não é obrigatória. "Abrimos a possibilidade para estes atletas voltarem agora. Não existe a obrigatoriedade para o retorno. Queremos começar pequeno mesmo, para irmos nos adequando. Sabemos que seremos fiscalizados. E vamos seguir rigidamente nosso protocolo."
O mesmo vale para o escritório do COB. No dia 7, a entidade fez um teste de segurança para avaliar o retorno dos seus 250 funcionários. Nesta segunda, voltaram apenas 20% deles, nenhum que faça parte do grupo de risco. Esta fase vai durar 15 dias, com pessoal trabalhando meio período na sede e meio período em casa.
"Estamos fazendo um retorno com segurança. Nossa ideia é de que, se não mudar o panorama atual, poderemos ter um número maior de funcionários aqui lá para o final de agosto ou início de setembro", afirma o diretor-geral do COB, Rogério Sampaio, ao Estadão.