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O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, o Tribunal da Lava Jato, manteve decisão do ex-juiz Sérgio Moro e decidiu reduzir de 4 anos e 6 meses para 2 anos e 3 meses a pena de Meire Poza, ex-assessora do doleiro Alberto Youssef - delator da grande operação contra corrupção na Petrobrás -, pela prática do crime de lavagem de dinheiro. Meire vai cumprir regime inicial aberto, terá que pagar multa e prestar serviços comunitários.

Na decisão em 2.ª instância, foi destacado que Meire não apenas confessou os fatos de que foi acusada - o que é reconhecido como atenuante de pena - mas também prestou informações relevantes para o esclarecimento do crime desde a fase investigatória.

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Meire Poza colaborou com as investigações. Ela apontou o elo do esquema de propinas da Petrobrás com o núcleo político, formado por deputados e ex-parlamentares que cobravam propinas para bancar a indicação de diretores em áreas estratégicas da estatal.

Apesar de não ter firmado acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal para compartilhar as informações, Meire colaborou de forma unilateral com a Polícia Federal.

Na ação em que Meire foi condenada, os réus terão que devolver aos cofres públicos o montante de R$ 2.399.850,00, como forma de indenização dos danos decorrentes dos crimes.

O valor deverá ser depositado na Caixa Econômica Federal, descontando a quantia arrecadada com o confisco criminal já realizado.

O TRF-4, em sua decisão, considerou a colaboração e o caráter acessório das condutas de Meire e a responsabilidade dela foi limitada a 4% desse valor, o que corresponderia à comissão recebida na operação de lavagem.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA BERNARDO FENELON, QUE REPRESENTA MEIRE

O advogado criminalista Bernardo Fenelon, sócio da Fenelon Costódio Advocacia, que representou Meire Poza no caso, disse que ela colaborou com as autoridades e "a Justiça foi feita pelo TRF-4".

"Os benefícios legais de redução de pena pela colaboração unilateral que ela prestou estão corretos e são irretocáveis", disse Bernardo Fenelon.

O advogado ressaltou que "aquele que se apresenta, de forma voluntária e regular, e traz efetivo auxílio à investigação, fornecendo novos indícios a autoridade policial ou ministerial, não pode ver seu direito tolhido pela simples inexistência de formalização".

A Operação Encilhamento, deflagrada nesta quinta-feira, 12, prendeu a contadora Meire Poza por suposto envolvimento em esquema de fraudes bilionárias contra sistema de Previdência de pelo menos 28 municípios de sete Estados. Ela já está na sede da Polícia Federal em São Paulo.

Meire era contadora do doleiro Alberto Youssef, que fez delação premiada na Operação Lava Jato e apontou o elo do esquema de propinas na Petrobras com o núcleo político - deputados, senadores e governadores.

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Ela trabalhava na GFD Investimentos, uma das empresas de fachada do doleiro, usada para lavar dinheiro ilícito e encaminhar propinas a políticos. Meire não fez delação premiada, mas colaborou com as investigações e se tornou testemunha importante da Lava Jato.

Em outubro de 2015, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ela se queixou. "Os amigos sumiram, os negócios minguaram, portas fechadas aqui e ali, vida destruída."

Nesta quinta-feira, 12, ela foi presa na Operação Encilhamento, que investiga fraudes de R$ 1,3 bilhão no sistema previdenciário de pelo menos 28 municípios.

A ação é a segunda fase da Operação Papel Fantasma, para apurar fraudes envolvendo a aplicação de recursos de Institutos de Previdência Municipais em fundos de investimento. A investigação suspeita que os fundos tem debêntures sem lastro (título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor) que ultrapassam R$ 1,3 bilhão.

A operação, que conta com o apoio da Secretaria de Previdência (SPREV), identificou 28 Institutos de Previdência Municipais que investiram em fundos que, por sua vez, direta ou indiretamente, adquiriram os papéis sem lastro.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou nesta segunda-feira (9), que tenha tido encontro com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato e considerado com um dos principais integrantes do esquema de desvios ocorridos na Petrobras.

A negativa ocorreu após o senador ser questionado sobre declarações dadas à imprensa por Meire Poza, ex-contadora de Youssef. Segundo ela, o peemedebista se reuniu com o doleiro para tratar de uma operação milionária de compra de debêntures para a Marsans Viagens e Turismo, uma agência que tinha o doleiro como um dos investidores.

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"Sinceramente, a chance de que eu possa ter tido encontro com essa gente é zero. Absolutamente zero. Nenhuma chance", afirmou Renan. O presidente do Senado também negou conhecer o doleiro. "Não sei nem quem é. Não conheço nenhum desses. Não sei quem é, nunca ouvi falar, só pelos jornais", ressaltou.

Em outubro do ano passado, Meire Poza relatou em sessão da CPMI da Petrobras que, na manhã do dia 12 de março, ela e Youssef tomaram café juntos, ocasião em que o doleiro disse que, naquela noite, ele conversaria com Renan Calheiros para tratar do aporte de R$ 25 milhões da Funcef. Segundo ela, a outra parte da operação, também no valor de R$ 25 milhões, já tinha sido acertada com o PT e seria feita por meio da Postalis.

A ex-contadora de Youssef afirmou ainda, na ocasião, que era preciso "acertar esta ponta, que era do PMDB". Ela disse que a operação com a Funcef não se concretizou porque o doleiro foi preso por envolvimento na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, no dia 17 de março, a segunda-feira posterior ao suposto encontro com Renan.

As declarações de Renan ocorreram após encontro com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o senador, a reunião foi feita como objetivo de "harmonizar" uma agenda comum nas duas Casas. "As duas Casas são conclusivas, uma com relação à outra e será melhor se trabalharem juntas. É uma agenda socioeconômica que priorize a reforma política", ressaltou.

Segundo ele, na semana após o recesso do carnaval será realizada sessão do Congresso para apreciação de vetos presidenciais. Após o recesso, também deverá entrar em discussão a votação do Projeto da Lei Orçamentária Anual de 2015. "Há um desejo no sentido de que o relator Romero Jucá possa receber emendas dos parlamentares novos", afirmou Renan.

Reportagem da revista Veja menciona o PP como a maior fonte de lucros do doleiro Alberto Youssef, principalmente os oriundos das transações que envolviam a Petrobras, conforme declarações da ex-contadora de Youssef, Meire Poza. Ela teria afirmado que, em uma ocasião, foi chamada pelo doleiro para providenciar notas frias para lavar R$ 5 milhões que teriam supostamente entrado no PP.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional da legenda desde 11 de abril de 2013, disse que os fatos relatados são anteriores à sua gestão, mas que seu antecessor, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), "nunca na vida sofreu nenhum questionamento, nem suposição contra ele".

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"Eu tenho certeza de que, se falarem do PP, você não vai ver em minuto nenhuma relação do Dornelles com essa figura Alberto Youssef", disse Nogueira. Ele afirmou ainda que defende a investigação do caso, mas que a sigla não pode conduzir a apuração e espera que o Ministério Público, a Polícia Federal e a CPI possam tirar conclusões sobre a história.

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