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O público que compareceu ao Engenhão nesta terça-feira vibrou com o passeio de Usain Bolt nas séries dos 200 m, mostrou-se indiferente à estreia de Darya Klishina, única representante do atletismo russo no Rio, e voltou a vaiar o francês Renaud Lavillenie, derrotado por Thiago Braz no salto com vara.

Um dia depois da medalha de ouro do jovem paulista de 22 anos, foi a vez da veterana Fabiana Murer entrar na pista, para amargar mais uma desilusão olímpica.

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A campineira de 35 anos falhou nas três tentativas de superar os 4,55 metros na fase de classificação, pouco tempo depois de estabelecer sua melhor marca (4,87 m), no início do mês passado, no Troféu Brasil.

Logo depois, porém, durante a etapa de Mônaco da Liga Diamante, em julho passado, ela sentiu uma dor muito forte, e semanas depois foi diagnosticada com uma hérnia de disco cervical.

"Acabei de sair de uma prova muito complicada, passei um mês muito difícil, desde que eu descobri que estava com uma hérnia de disco cervical, que tira a força dos braços, das costas e não me deixou treinar do jeito que eu poderia treinar para chegar bem na Olimpíada", lamentou.

Em Pequim-2008, ela tinha sido prejudicada pelo sumiço de uma vara. Quatro anos depois, em Londres-2012, foi a vez do vento atrapalhar. Desta vez, Fabiana foi vítima do próprio corpo.

Abalado com mais uma decepção de um dos maiores nomes do atletismo nacional público só voltou a sorrir quando Bolt entrou em cena.

O 'Raio', que fez história no domingo ao se tornar o primeiro tricampeão olímpico dos 100 m, avançou com absoluta tranquilidade às semifinais da sua prova predileta, os 200 m.

"Só faltam duas medalhas e será feito: imortal", sentenciou o superastro, que também disputará o revezamento 4x100 m para tentar completar o 'triplo tricampeonato' e se tornar de vez uma das maiores lendas do esporte.

Se conseguir, somará nove ouros olímpicos, igualando Carl Lewis e Paavo Nurmi.

- Doping e vaias -

Apresentado como o messias do atletismo, em meio a escândalo de doping e corrupção, Bolt voltou à pista carioca justamente no dia da estreia de Darya Klishina.

Repescada pela IAAF em julho, excluída de novo no último sábado e reintegrada depois de um recurso diante do Tribunal Arbitral do Esporte, ela é a única representante russa nas provas de atletismo, depois das revelações de doping organizado no seu país.

Diante da indiferença geral no estádio, ela conseguiu avançar à final do salto em distância, com a quinta melhor marca da fase eliminatórias (l6,64 m).

"Estou tentando esquecer tudo que aconteceu na semana passada", disse a saltadora.

Pouco antes, a noite do quinto dia do atletismo teve como ponto alto o hino brasileiro para o pódio de Thiago Braz, mas a cerimônia de premiação foi novamente marcada pela polêmica.

Antes de receber sua medalha de prata, o francês Renaud Lavillenie foi alvo de uma sonora vaia, depois de reclamar da atitude da torcida brasileira na noite de segunda-feira, quando ocorreu a competição.

"É a primeira vez que vejo isso no atletismo. Acho que a última vez que aconteceu, foi em 1936, com Jesse Owens", havia declarado o francês, em referência infeliz aos Jogos de Berlim, sob regime nazista, o que colocou mais lenha na fogueira. O francês pediu desculpas depois, mas o público não perdoou.

Thiago fez sinal com os braços para deter as vaias e foi parcialmente atendido.

O francês chorou no pódio e acabou desabando nos corredores do estádio, onde recebeu o conforto de Sebastian Coe, presidente da IAAF, e do lendário Serguei Bubka, do qual quebrou o recorde mundial indoor.

"Ser vaiado durante a competição foi infeliz, mas faz parte. Dessa vez, me senti humilhado no pódio. Tentei segurar as lágrimas, mas foi muito difícil. Sinceramente, não desejo isso para ninguém, é horrível", desabafou o campeão olímpico de Londres-2012.

As vaias contra Lavillenie são "inaceitáveis", postou Thomas Bach, presidente do COI, no Twitter.

- Dibaba vice-campeã dos 1.500 m -

Em meio a desilusões e polêmicas, também houve grandes façanhas. Na prova dos 1.500 m, o ouro foi para a queniana Faith Kipyegon, que surpreendeu a favorita Genzebe Dibaba, da Etiópia, recordista mundial da distância.

As duas já se enfrentaram no Mundial de Pequim, no ano passado, e a etíope tinha levado a melhor, deixando a queniana com o vice-campeonato.

No Mundial de Pequim, Dibaba já tinha sido frustrada na sua tentativa de 'dobradinha' 1.500-5000 m ao ficar com o bronze na distância mais longa.

Nos 110 m com barreiras, que levou a melhor foi o jamaicano Omar McLeod, mostrando que a hegemonia do seu país em provas de velocidade não se limita aos 100 m e 200 m rasos, dominados por Bolt.

No salto em altura, prevaleceu o favoritismo do canadense Derek Drouin, atual campeão mundial, que saltou 2,38 m.

A velocista Franciela Krasucki surpreendeu neste domingo no Troféu Brasil, disputado no Ibirapuera, em São Paulo, ao superar a favorita Ana Cláudia Lemos e faturar o índice para disputar a prova dos 200 metros no Mundial de Moscou, em agosto.

Franciela marcou o tempo de 22s76, enquanto Ana Cláudia registrou 22s85. "Queria um dia correr a prova em 22s99 e assim quebrar a barreira dos 23 segundos. Estou surpresa e feliz. As lágrimas são de felicidade porque os treinos estão dando muito certo", afirmou Franciela, que é especialista nos 100 metros.

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Ana Cláudia, medalhista de prata, já estava garantida no Mundial, tanto nos 100 quanto nos 200 metros. O bronze na prova deste domingo ficou com Rosângela Santos, com 23s13.

Na versão masculina da prova, Bruno Lins faturou o ouro, com 20s33, e confirmou o favoritismo. Ele já está garantido no Mundial. "Não adiantava nada ter conseguido a marca exigida e não voltar a repeti-la", disse o velocista, que correu abaixo do índice novamente. "É importante manter os resultados na casa dos 20s30". Jorge Henrique da Costa ficou em segundo, com 20s62, e Jefferson Liberato terminou em terceiro, com 20s63.

Fabiana Murer, que já tinha índice, também se destacou na competição. Com sua melhor marca do ano - 4,73 metros -, ela faturou seu oitavo título na competição, após ficar dois anos sem disputar o Troféu Brasil.

"Senti ainda um pouco de falta de ritmo de competição, mas estou contente com a marca", comemorou Murer. Karla da Silva faturou a prata, com 4,23 metros, e Joana Costa, o bronze, com 4,03 metros.

No salto triplo, Keila Costa confirmou o favoritismo ao vencer com 6,51 metros, mas ficou aquém do índice estabelecido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), de 6,65 metros. Jéssica dos Reis, com 6,34 metros, e Vanessa Seles, 6,29 metros, completaram o pódio.

Na prova masculina, Jefferson Sabino conquistou a medalha de ouro e o índice para o Mundial, ao saltar 16,94 metros. Jonathan Henrique Silva ficou com a prata, com 16,84 metros. E Jean Cassimiro Rosa faturou o bronze, com 16,82 metros.

"Há dois meses não sabia nem se ia competir, mas fiz tudo o que podia para voltar. Por isso gritei e comemorei como nunca", festejou Sabino, que passou por uma cirurgia no pé há seis meses. "Vou para o meu sétimo Mundial, entre indoor e ao ar livre."

Outro destaque do dia, que encerrou o Troféu Brasil, foi Ederson Vilela Pereira. Ele surpreendeu ao bater o favorito Marilson Gomes dos Santos na prova dos 5.000 metros. A vitória veio com o tempo de 13min54s16, abaixo dos 13min55s88 de Marilson. "Para ganhar minha primeira medalha de ouro no Troféu Brasil tive de vencer o 'grande' Marilson".

Uma das maiores esperanças brasileiras de medalhas no atletismo, a saltadora Fabiana Murer está fora dos Jogos Olímpicos de Londres.  Ela não passou da primeira eliminatória do salto com vara, na manhã deste sábado (4).

Campeã mundial da modalidade, Fabiana não conseguiu superar o 4,55m de altura. Ela errou as duas primeiras tentativas e, na terceira, estourou o tempo limite.  No geral, Fabiana ficou em 14º lugar e apenas as 12 melhores avançam para a final.

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O curioso é que a melhor marca de Fabiana na carreira é 4,85m. Este ano, ela já tinha atingido 4,77m. Por sua vez, a russa Yelena Isinbayeva passou com sobras e está garantida na final, que acontece na próxima segunda.  Isinbayeva tenta o tricampeonato olímpico.

Maurren Maggi sucumbiu à ansiedade neste domingo e ficou de fora do pódio no Mundial de Daegu, na Coreia do Sul. Dona da melhor marca nas eliminatórias, a campeã olímpica queimou saltos e registrou apenas 6,17 metros em sua única tentativa válida.

Campeã nos Jogos de Pequim, a brasileira queimou suas duas primeiras tentativas no saldo em distância e, pressionada, foi cautelosa na última chance, ficando aquém do esperado. Nas eliminatórias, ela marcara 6,86 metros. "A prova estava aberta e acho que a única que acertou foi a Brittney (Reese, dos EUA). Infelizmente vou voltar para casa com uma medalha a menos no meu currículo", comentou Maurren, em lágrimas, em entrevista ao Sportv.

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Com a brasileira fora da disputa, a americana Brittney Reese faturou o ouro, com 6,82m. A prata foi para a russa Olga Kucherenko, com 6,77m, seguida da letã Ineta Radevica, com 6,76m.

Pela fase eliminatória, a brasileira Fabiana Murer avançou à final no salto com vara, com os mesmos 4,55 metros da russa Elena Isinbayeva, favorita e recordista mundial. A disputa pelo título mundial acontecerá somente na terça-feira, a partir da 7h05 (horário de Brasília).

OUTROS RESULTADOS - Ana Cláudia Lemos e Rosângela Santos avançaram à semifinal dos 100 metros, que será disputada na segunda-feira. Na prova dos 20km, Caio Bonfim ficou em 22º lugar entre os 46 que largaram. Moacir Zimmermann acabou sendo desclassificado após completar a prova.

No decatlo, Luiz Alberto de Araújo subiu de 19º para 11º após completar sete das 10 provas previstas na disputa. Ele soma 5.794 pontos. "Se for bem nas provas finais pode subir na classificação", disse o técnico Edemar Alves.

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