Tópicos | obstrução da Lava Jato

O senador Aécio Neves (PSDB) é acusado de pedir R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, para tentar barrar a Operação Lava Jato e anistiar o caixa dois no Congresso. A transcrição completa do diálogo foi divulgada pelo site BuzzFeed Brasil na tarde desta quinta-feira (18). 

Confira a íntegra:

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Aécio — Esses vazamentos, essa porra toda, é uma ilegalidade.

Joesley — Não vai parar com essa merda?

Aécio — Cara, nós tamos vendo (...) Primeiro temos dois caras frágeis pra caralho nessa história é o Eunício [Oliveira, presidente do Senado] e o Rodrigo [Maia, presidente da Câmara], o Rodrigo especialmente também, tinha que dar uma apertada nele que nós tamos vendo o texto (...) na terça-feira.

Joesley — Texto do quê?

Aécio — Não... São duas coisas, primeiro cortar o pra trás (...) de quem doa e de quem recebeu.

Joesley — E de quem recebeu.

Aécio — Tudo. Acabar com tudo esses crimes de falsidade ideológica, papapá, que é que na, na, na mão [dupla], texto pronto nãnã. O Eunício afirmando que tá com colhão pra votar, nós tamo (sic). Porque o negócio agora não dá para ser mais na surdina, tem que ser o seguinte: todo mundo assinar, o PSDB vai assinar, o PT vai assinar, o PMDB vai assinar, tá montada. A ideia é votar na... Porque o Rodrigo devolveu aquela tal das Dez Medidas, a gente vai votar naquelas dez... Naquela merda das Dez Medidas toda essa porra. O que eu tô sentindo? Trabalhando nisso igual um louco.

Joesley — Lógico.

Aécio — O Rodrigo enquanto não chega nele essa merda direto, né?

Joesley — Todo mundo fica com essa. Não...

Aécio — E, meio de lado, não, meio de leve, meio de raspão, né, não vou morrer. O cara, cê tinha que mandar um, um, cê tem ajudado esses caras pra caralho, tinha que mandar um recado pro Rodrigo, alguém seu, tem que votar essa merda de qualquer maneira, assustar um pouco, eu tô assustando ele, entendeu? Se falar coisa sua aí... forte. Não que isso? Resolvido isso tem que entrar no abuso de autoridade... O que esse Congresso tem que fazer. Agora tá uma zona por quê? O Eunício não é o Renan.

Joesley — Já andaram batendo no Eunício aí, né? Já andaram batendo nas coisas do Eunício, negócio da empresa dele, não sei o quê.

Aécio — Ontem até... Eu voltei com o Michel ontem, só eu e o Michel, pra saber também se o cara vai bancar, entendeu? Diz que banca, porque tem que sancionar essa merda, imagina bota cara.

Joesley — E aí ele chega lá e amarela.

Aécio — Aí o povo vai pra rua e ele amarela. Apesar que a turma no torno dele, o Moreira [Franco], esse povo, o próprio [Eliseu] Padilha não vai deixar escapulir. Então chegando finalmente a porra do texto, tá na mão do Eunício.

(...)

Joesley — Esse é bom?

Aécio — Tá na cadeira (...). O ministro é um bosta de um caralho, que não dá um alô, peba, está passando mal de saúde pede pra sair. Michel tá doido. Veio só eu e ele ontem de São Paulo, mandou um cara lá no Osmar Serraglio, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (...). Porque aí mexia na PF. O que que vai acontecer agora? Vai vim um inquérito de uma porrada de gente, caralho, eles são tão bunda mole que eles não (têm) o cara que vai distribuir os inquéritos para o delegado. Você tem lá cem, sei lá, 2.000 delegados da Polícia Federal. Você tem que escolher dez caras, né?, do Moreira, que interessa a ele vai pro João.

Joesley — Pro João.

Aécio — É. O Aécio vai pro Zé (...)

[Vozes intercaladas]

Aécio — Tem que tirar esse cara.

Joesley — É, pô. Esse cara já era. Tá doido.

Aécio — E o motivo igual a esse?

Joesley — Claro. Criou o clima.

Aécio — É ele próprio já estava até preparado para sair.

Joesley — Claro. Criou o clima.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depôs na manhã desta terça-feira (14) na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. O líder-mor petista é acusado de ter tentado impedir que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró firmasse um acordo de delação premiada para contribuir com as investigações da Operação Lava Jato. Durante o depoimento, Lula afirmou que “só tem um brasileiro que pode ter medo” de Cerveró: o ex-senador Delcídio do Amaral. 

Amaral foi justamente quem ligou, em delação premiada, o ex-presidente às articulações para obstruir o andamento da Lava Jato. Para Lula, os dados da acusação feita pelo ex-senador contra ele são "falsos". “Fico chateado com essa ilação feita neste processo contra mim pelo Delcídio”, cravou.

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O ex-presidente negou ter tentado manipular uma negativa de acordo de Cerveró. “Se tem um brasileiro que neste momento deseja a verdade, sou eu. Só tem um brasileiro que pode ter medo de uma delação do Cerveró. Era o Delcídio. Ele sim era próximo dele. Eu nunca fui próximo do Cerveró”, disse Lula ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite. 

O depoimento foi reproduzido pela assessoria do petista na sua página oficial do Twitter. Na avaliação de Lula, a menção do nome dele por Delcídio teria sido uma estratégia para sair da cadeia. “Depois de presos há alguns dias, as pessoas começam a procurar um jeito de sair da cadeia. Acho que isso que aconteceu com o Delcídio. Acho que tem alguém instigando a falar meu nome. Fico sabendo disso. Depois de fazer a bobagem que fez, tinha que jogar nas costas de alguém”, ponderou.

A denúncia contra Lula foi aceita pela Justiça Federal em julho do ano passado. Ela é a primeira em que o ex-presidente passou a ser considerado réu na Lava Jato. O depoimento coletado hoje foi o primeiro dele em juízo. Além de Lula e Delcídio, também são réus na ação o  pecuarista José Carlos Bumlai e mais quatro pessoas. 

Indicação dos cargos da Petrobras

O ex-presidente também afirmou durante o depoimento que não definiu ou indicou pessoas para assumirem os cargos na Petrobras. Segundo ele, em um governo de “coalizão” quem faz indicações são os partidos da base. 

“Eu não definia cargos na Petrobras. O presidente não indica, só recomenda ao conselho da empresa a partir da capacidade técnica das pessoas. A Petrobras é uma empresa de engenharia muito poderosa e você não pode indicar gente não qualificada”, observou.

Relação com outros acusados

Lula frisou ainda que sua relação com Delcídio “sempre foi institucional” e não conhecia Nestor Cerveró. “Só agora ele ficou famoso. Eu só vi ele em reuniões. Portanto, não tinha nenhum interesse de indicá-lo”, cravou. 

Já sobre o amigo, Bumlai ele ponderou que a relação entre eles “não permitia discutir nenhum tipo de negócio”. “Se o senhor (juiz) soubesse o tanto de gente que usa o meu nome em vão… Eu duvido que o Bumlai ou qualquer outro empresário diga que eu os chamei para discutir qualquer promiscuidade. Eu sabia que não podia errar”, destacou.

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