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Nos dois primeiros processos em que apurou os reflexos societários da corrupção exposta pela Operação Lava Jato na Petrobrás, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou R$ 1,7 milhão em multas e inabilitou os ex-diretores da área internacional da estatal Nestor Cerveró, por 15 anos, e o executivo Jorge Zelada, por 18 anos. Os casos tratam de irregularidades na contratação da construção dos navios-sonda da estatal. Outros sete processos envolvendo a Petrobrás seguem em curso.

Responsável pelas negociações de três sondas, Cerveró admitiu ao órgão regulador do mercado de capitais ter recebido propinas para fechar os contratos. Já Zelada foi condenado na CVM por ter direcionado a contratação de construção da sonda Titanium para a texana Vantage Deepwater em troca de vantagem pessoal. Os dois foram condenados e presos na Lava Jato por participar de esquema de corrupção na estatal.

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Por maioria, o colegiado do órgão regulador do mercado de capitais entendeu que os fatos estavam prescritos em relação aos demais membros da diretoria executiva da Petrobrás por terem ocorrido há mais de cinco anos.

Essa lista inclui o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e os diretores Almir Barbassa (financeiro), Guilherme Estrella (exploração e produção), Graça Foster (gás e energia), Ildo Sauer (gás e energia), Paulo Roberto Costa (abastecimento) e Renato Duque (serviços). Os dois últimos chegaram a ser presos na Lava Jato.

A acusação da área técnica da CVM afirmava que houve quebra do dever de diligência da diretoria, que dava o sinal verde aos negócios com base em documentos recebidos às vésperas das reuniões e que as aprovações eram usadas como moeda de troca entre os diretores.

Ainda cabe recurso em relação às condenações ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), o Conselhinho. Os advogados de Cerveró argumentam que as sondas contratadas em sua gestão foram utilizadas por anos e que não houve prejuízo à Petrobrás. A defesa de Zelada diz que não houve provas de que ele se beneficiou da contratação da Vantage nem de que violou deveres de diligência e lealdade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (14), que não é contra a Operação Lava Jato e ponderou estar sendo “vítima de um massacre” nos últimos dois anos. As declarações do petista foram expostas durante o depoimento à Justiça Federal em Brasília durante a manhã de hoje. Ele é acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

Durante a oitiva, além de negar participação nas articulações para obstruir a Lava Jato, Lula disse que duvida ter algum “empresário que vai dizer que eu pedi 10 centavos para ele”. “Não porque sou melhor que os outros. É que eu sabia que não podia errar. Eu não… Eu tô cansado de ouvir procurador falando que não tem prova. Só tem convicção. Eu estou cansado. Eu sempre valorizei o Ministério Público. Sempre fiz a indicações de forma republicana. E nunca pedi nenhum favor. Nunca”, salientou em depoimento ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite.

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Sem citar diretamente a acusação do procurador da República e coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, Lula disparou contra a atuação da Justiça nas investigações do esquema de corrupção. Dellagnol chegou a dizer que Lula era o “comandante máximo” do esquema de corrupção da Petrobras. “Eu não sou contra a Lava Jato. Sou contra tentar criminalizar a pessoa pela imprensa e não pelos autos… Juiz, delegado, procurador não devem ficar fazendo pirotecnia com a vida das pessoas. Provem, condenem e ponham na cadeia. Fazer isso não dá. Eu vou defender a minha honra, que é a coisa mais importante da minha vida”, declarou.

Lembrando ter deixado o governo com uma aprovação de 80%, Lula também destacou que fica ofendido com a classificação que a imprensa e setores do judiciário têm feito do PT. “Me ofende profundamente dizerem que o PT é uma organização criminosa… O que incomodou muita gente no mundo inteiro é este país, que tinha complexo de vira-lata, virar dono de seu próprio nariz. Nós fizemos a maior política de inclusão deste país, 36 milhões de pessoas saíram da pobreza”, enumerou. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depôs na manhã desta terça-feira (14) na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. O líder-mor petista é acusado de ter tentado impedir que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró firmasse um acordo de delação premiada para contribuir com as investigações da Operação Lava Jato. Durante o depoimento, Lula afirmou que “só tem um brasileiro que pode ter medo” de Cerveró: o ex-senador Delcídio do Amaral. 

Amaral foi justamente quem ligou, em delação premiada, o ex-presidente às articulações para obstruir o andamento da Lava Jato. Para Lula, os dados da acusação feita pelo ex-senador contra ele são "falsos". “Fico chateado com essa ilação feita neste processo contra mim pelo Delcídio”, cravou.

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O ex-presidente negou ter tentado manipular uma negativa de acordo de Cerveró. “Se tem um brasileiro que neste momento deseja a verdade, sou eu. Só tem um brasileiro que pode ter medo de uma delação do Cerveró. Era o Delcídio. Ele sim era próximo dele. Eu nunca fui próximo do Cerveró”, disse Lula ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite. 

O depoimento foi reproduzido pela assessoria do petista na sua página oficial do Twitter. Na avaliação de Lula, a menção do nome dele por Delcídio teria sido uma estratégia para sair da cadeia. “Depois de presos há alguns dias, as pessoas começam a procurar um jeito de sair da cadeia. Acho que isso que aconteceu com o Delcídio. Acho que tem alguém instigando a falar meu nome. Fico sabendo disso. Depois de fazer a bobagem que fez, tinha que jogar nas costas de alguém”, ponderou.

A denúncia contra Lula foi aceita pela Justiça Federal em julho do ano passado. Ela é a primeira em que o ex-presidente passou a ser considerado réu na Lava Jato. O depoimento coletado hoje foi o primeiro dele em juízo. Além de Lula e Delcídio, também são réus na ação o  pecuarista José Carlos Bumlai e mais quatro pessoas. 

Indicação dos cargos da Petrobras

O ex-presidente também afirmou durante o depoimento que não definiu ou indicou pessoas para assumirem os cargos na Petrobras. Segundo ele, em um governo de “coalizão” quem faz indicações são os partidos da base. 

“Eu não definia cargos na Petrobras. O presidente não indica, só recomenda ao conselho da empresa a partir da capacidade técnica das pessoas. A Petrobras é uma empresa de engenharia muito poderosa e você não pode indicar gente não qualificada”, observou.

Relação com outros acusados

Lula frisou ainda que sua relação com Delcídio “sempre foi institucional” e não conhecia Nestor Cerveró. “Só agora ele ficou famoso. Eu só vi ele em reuniões. Portanto, não tinha nenhum interesse de indicá-lo”, cravou. 

Já sobre o amigo, Bumlai ele ponderou que a relação entre eles “não permitia discutir nenhum tipo de negócio”. “Se o senhor (juiz) soubesse o tanto de gente que usa o meu nome em vão… Eu duvido que o Bumlai ou qualquer outro empresário diga que eu os chamei para discutir qualquer promiscuidade. Eu sabia que não podia errar”, destacou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já está na sede da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília para prestar depoimento, na manhã desta terça-feira (14), sobre a acusação de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Ele chegou ao local pouco antes das 10h e foi recebido por um grupo com cerca de 20 militantes que gritavam palavras de ordem como "Lula, ladrão, roubou meu coração". O prédio da Justiça Federal na capital amanheceu com pichações em apoio ao ex-presidente. "Lula é nóis [sic] esperança", diz uma das expressões grifadas no edifício.

Na ação em que depõe hoje, o líder-mor petista é réu juntamente com o pecuarista José Carlos Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais três pessoas, todos acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, para que ele não firmasse acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato.

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A denúncia é a primeira em que Lula se tornou réu na Lava Jato e foi aceita em julho do ano passado. Todos os réus negam as acusações.

Em novembro de 2015, Delcídio do Amaral foi preso quando era líder do governo de Dilma Rousseff no Congresso, após ser gravado em seu gabinete por Bernardo Cerveró, filho de Nestor. Na gravação, Delcídio oferece ajuda de R$ 50 mil à família de Cerveró. Para o MPF, o objetivo era impedir que o ex-diretor descrevesse a atuação do então senador, bem como de Lula, André Esteves e Bumlai, no esquema de corrupção na Petrobras.

*Com a Agência Brasil.

O juiz federal Ricardo Soares Leite atendeu ao pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e determinou a redistribuição do inquérito em que o ex-presidente e o ex-senador Delcídio do Amaral são acusados de tentar impedir o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de assinar acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato.

Em decisão assinada na sexta-feira (15), o juiz entendeu que o inquérito não deveria ter sido distribuído para a 10ª Vara Federal no Distrito Federal, onde ele atua, especializada em lavagem de dinheiro, pelo fato de o processo tratar-se de suposto crime de embaraço a investigação penal. 

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A decisão de Leite foi motivada por uma petição na qual a defesa de Lula contestava a distribuição do inquérito para a 10ª Vara Federal. De acordo com os advogados do ex-presidente, o inquérito deveria ser distribuído livremente porque houve um erro na classificação do processo, que foi enviado ao magistrado por ter sido identificado pelo tribunal como crime de lavagem ou ocultação de bens direitos e valores.

No dia 24 de junho, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), remeteu o processo para a Justiça Federal em Brasília por entender que a suposta tentativa de embaraçar as investigações ocorreu na capital federal. Além disso, nenhum dos envolvidos tem foro privilegiado na Corte. O processo chegou à Justiça Federal em Brasília no dia 12 de julho.

Em delação premiada, tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal na quinta-feira, o ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que, em 2009, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou o ex-senador José Eduardo Dutra (PT-SE) para "esvaziar" a Comissão Parlamentar de Inquérito aberta para investigar desvios na estatal petrolífera.

Dutra foi presidente da Petrobras (2003-2005) no primeiro mandato do petista e exerceu mandato de senador pelo PT entre 1995 e 2003. No período de 2010 a 2011 foi presidente do partido. Dutra morreu no ano passado, aos 58 anos.

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"Em 2009, foi instalada no Congresso Nacional uma CPI sobre a Petrobras", relatou Cerveró, no dia 7 de dezembro de 2015. "Na época, José Eduardo Dutra era o presidente da BR Distribuidora. Em razão da CPI, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a José Eduardo Dutra a missão de participar do 'esvaziamento' da CPI da Petrobras."

"Que, então, para cumprir essa missão, José Eduardo Dutra deixou a presidência da BR Distribuidora", diz o termo de declaração de Cerveró. Segundo o delator, Dutra, embora não fosse mais senador, "era muito bem conceituado como político, tendo facilidade de diálogo, inclusive com a oposição".

Outro delator da Lava Jato, o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, revelou aos investigadores que mandou pagar R$ 10 milhões a um dos integrantes da CPI, o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014. A comissão foi encerrada em 18 de dezembro de 2009. Guerra era um dos 11 integrantes do colegiado - três eram da oposição e acusaram, na ocasião, o governo de impedir as apurações.

Ao ser instalada, a CPI mirava em sete empreendimentos da Petrobras, entre eles as obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco - primeiro alvo da Lava Jato na Petrobras.

A revelação de Cerveró sobre o suposto empenho de Lula em "esvaziar" a CPI da Petrobras está no Termo de Colaboração 11/12, que aborda o tema "Indicação para a Diretoria da BR Distribuidora e distribuição de atividades na BR Distribuidora".

Nesse trecho da delação de Cerveró, os investigadores registram que, em 2008, o executivo foi exonerado da Diretoria Internacional da Petrobras, mas, em razão de Cerveró ter viabilizado a contratação da Schahin como operadora da sonda Vitória 10.000 - quando ainda ocupava aquele posto -, "havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores para com o declarante".

Empréstimo

Cerveró apontou detalhes desse capítulo emblemático do PT, alvo de uma das etapas da Lava Jato - o empréstimo de R$ 12 milhões que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, tomou no banco Schahin, em outubro de 2004. Segundo Bumlai, o PT foi o destinatário do montante. A força-tarefa da Lava Jato afirma que, em troca, a Schahin ganhou contrato com a Petrobras de US$ 1,6 bilhão, em 2009, para operar o navio-sonda Vitória 10.000.

"Essa contratação objetivava a quitação de um empréstimo do PT, perante o banco Schahin, garantido por José Carlos Bumlai", diz o termo de declaração de Cerveró. "Como reconhecimento da ajuda do declarante nessa situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o declarante para uma diretoria da BR, a Diretoria Financeira e de Serviços."

O Estado procurou o Instituto Lula, mas até a conclusão desta edição não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira, 3, o filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, negou que tenha influenciado a direção da Petrobras na contratação da empresa PRS Energia, como denunciou o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, em delação premiada. Segundo a nota, assinada pelo advogado Sergio Bermudes, o filho do ex-presidente "informa categoricamente que jamais teve qualquer relação, próxima ou remota, direta ou indireta, com as empresas referidas no depoimento do encarcerado Nestor Cerveró".

Segundo Bermudes, Paulo Henrique Cardoso "atribui a falsidade da declaração do ex-diretor da Petrobras a uma tentativa de envolver seu pai nos escândalos ocorridos na estatal". Nestor Cerveró, preso na Operação Lava Jato em janeiro de 2015, fechou acordo de delação premiada e deverá passar a prisão domiciliar no dia 24 deste mês.

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Na delação, Cerveró disse ter presenciado irregularidades na Petrobras durante o governo Fernando Henrique (1995-2002), entre as quais a contratação, pela estatal, da PRS Energia, que, segundo o ex-diretor, pertencia ao filho do ex-presidente tucano. Cerveró disse que a PRS associou-se à Petrobras para gerir a termoelétrica Termorio, construída pela multinacional francesa Alstom, ao custo de US$ 715 milhões. O ex-diretor afirmou que a contratação da PRS foi feita "por orientação do então presidente da Petrobras Philippe Reichtsul, por volta de 2000".

"A fonte dessa deslavada mentira deve ser a mesma da qual proveio a notícia, já cabalmente desmentida, de que o ex-presidente seria proprietário de dois apartamentos no exterior, tudo não passando de mais uma urdidura vexaminosa que compromete e denuncia os seus artífices", conclui o advogado de Paulo Henrique.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu em sua conta do Facebook denúncias feitas pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em delação premiada. "Notícias veiculadas pela mídia a propósito de delação do senhor Nestor Cerveró sobre o governo FHC não têm qualquer fundamento", diz o perfil oficial do tucano em postagem na manhã desta sexta-feira, 3.

O breve texto afirma que o filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, "nunca foi ligado" e "nunca ouviu falar" da empresa PRS. "De igual modo, Fernando Henrique Cardoso jamais interferiu ou orientou aquisições pela Petrobras durante os dois mandatos que exerceu como Presidente da República. Esclarecimentos mais detalhados podem ser prestados pelos técnicos que dirigiram a empresa no período mencionado", conclui a postagem.

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Em trechos da delação de Cerveró divulgados ontem, o ex-diretor Internacional da Petrobras disse que, dentre as irregularidades que presenciou na estatal durante o governo Fernando Henrique, estava a contratação da empresa PRS Energia, atribuída a Paulo Henrique Cardoso.

A PRS Energia teria se associado à Petrobras para gerir a Termorio - maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa Alstom e que custou US$ 715 milhões.

Segundo Cerveró relatou em sua delação, na época o operador de propinas na Petrobras e lobista Fernando Baiano estava fazendo lobby para a estatal se associar à espanhola Union Fenosa para gerir o empreendimento. Baiano e os representantes da empresa, inclusive, vieram ao Brasil no período para tratar com Cerveró sobre o tema. Na época, Cerveró era subordinado a Delcídio Amaral na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

"Fernando Antônio Falcão Soares (Fernando Baiano) e os dirigentes da Union Fenosa acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização; no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de nome Paulo Henrique Cardoso", relatou Cerveró em depoimento.

Ainda de acordo com o delator, o então diretor chegou a "fazer ameaça de votar contra a aprovação do negócio na Diretoria Executiva da Petrobras", quando soube do fato, mas acabou recuando depois e votou pela aprovação do negócio na Diretoria Executiva da estatal. Em 2003, pouco tempo depois da transação, a Petrobras acabou adquirindo a participação da PRS na Termorio, de 7%, por US$ 19 milhões.

Em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró acusou o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) de receber entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões da UTC para que a empresa construísse as bases de distribuição de combustíveis da BR Distribuidora, subsidiária da estatal. Segundo o delator, a empresa ganhou todas as licitações da BR desde que ele assumiu sua diretoria, em 2008.

Cerveró indicou que a empreiteira foi responsável pela construção de pelo menos duas bases de distribuição da subsidiária: a de Porto Nacional, em Tocantins, e de Cruzeiro do Sul, no Acre. Além disso, a empreiteira foi responsável pela ampliação do terminal de distribuição de combustíveis de Duque de Caxias. Todas as obras foram licitadas pelo diretor de operações logísticas da subsidiária, José Zonis, afilhado de Collor na empresa.

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O pagamento da propina ao senador era feito por intermédio de Pedro Paulo de Leoni Ramos, ex-ministro da gestão de Collor e apontado como o seu representante no esquema de corrupção na Petrobras. De acordo com Cerveró, Pedro Paulo chegou a mostrar uma tabela feita pelo próprio senador com indicação de valores que deveriam ser pagos a ele em relação a cada negócio da BR Distribuidora.

Ainda segundo Cerveró, os valores indicados por Collor na tabela eram "bastante elevados", e que Pedro Paulo chegou a perguntar a ele como o ex-diretor iria viabilizar o repasse de tanto dinheiro. "Te vira que esse problema é teu", teria respondido Cerveró ao operador do senador.

A delação do ex-diretor da Petrobras foi homologada no fim do ano passado se tornou pública nesta quinta-feira, 2, no sistema interno do Supremo Tribunal Federal. As declarações dele são similares às prestadas pelo próprio dono da UTC Ricardo Pessoa. Ele confirmou que repassou a Collor R$ 20 milhões para conseguir obras de infraestrutura na BR licitadas na gestão do presidente José Lima de Andrade Neto.

Collor e Pedro Paulo já foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Pedro Paulo já é alvo de duas denúncias na Corte e Collor, de outras cinco investigações sobre seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

A defesa de Collor nega que o senador tenha participado dos processos internos e licitações realizadas pela BR Distribuidora, e afirma que jamais recebeu propina da UTC.

Em sua delação premiada, o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse que, dentre as irregularidades que presenciou na estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1994-2002) está a contratação de uma empresa do filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, "por orientação do então presidente da Petrobras Philipe Reichstul, por volta de 2000".

A PRS Energia, pertencente ao filho do tucano, acabou se associando à Petrobras naquele período para gerir a Termorio. Trata-se da Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa Alstom e que custou US$ 715 milhões.

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Segundo Cerveró relatou em sua delação, na época o operador de propinas na Petrobras e lobista Fernando Baiano estava fazendo lobby para a estatal se associar à espanhola Union Fenosa para gerir o empreendimento. Baiano e os representantes da empresa, inclusive, vieram ao Brasil no período para tratar com Cerveró sobre o tema. Na época, Cerveró era subordinado a Delcídio Amaral na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

"Que Fernando Antônio Falcão Soares (Fernando Baiano) e os dirigentes da Union Fenosa acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização; Que no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de nome Paulo Henrique Cardoso", relatou Cerveró.

"Que o negócio havia sido fechado pelo próprio declarante, por orientação do então presidente da Petrobras Philippe Reichstul", segue o delator contando ainda que o fato deixou tanto Baiano quanto os representantes da empresa espanhola "contrariados". Ainda de acordo com ele, até Delcídio Amaral também ficou contrariado pelo fato de o fechamento do negócio envolvendo sua diretoria ter sido determinado pela presidência da Petrobras na época.

Ainda de acordo com Cerveró, o então diretor chegou a "fazer ameaça de votar contra a aprovação do negócio na Diretoria Executiva da Petrobras", quando soube do fato, mas acabou recuando depois e votou pela aprovação do negócio na Diretoria Executiva da estatal.

Em 2003, pouco tempo depois da transação, a Petrobras acabou adquirindo a participação da PRS na Termorio, de 7%, por US$ 19 milhões.

A reportagem entrou em contato com o Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas o ex-presidente e seu filho estão em viagem e ainda não foram localizados para comentar o assunto.

Em delação premiada à Procuradoria-Geral da República, na Operação Lava Jato, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que, em 2012, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) o chamou em seu gabinete no Senado para reclamar da 'falta de propina'. Na ocasião, o presidente da casa era José Sarney (PMDB/AP).

As informações sobre Renan Calheiros estão no Termo de Colaboração 28 de Cerveró que tem como tema ‘Negociações de propina na BR Distribuidora’.

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Renan, presidente do Senado, é alvo de 12 inquéritos no Supremo Tribunal Federal. Ele aparece em áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro e seu ex-aliado Sérgio Machado criticando a Operação Lava Jato e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem chama de ‘mau caráter"

"Em 2012, o declarante (Nestor Cerveró) foi chamado no gabinete de Renan Calheiros no Senado Federal. Na ocasião, Renan Calheiros reclamou da falta de repasse de propina por parte do declarante", relatou Cerveró. "O declarante explicou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora; que então Renan Calheiros disse que a partir de então deixava de prestar apoio político ao declarante; que no entanto, o declarante permaneceu na Diretoria Financeira e de Serviços, da BR Distribuidora."

Cerveró foi diretor na Petrobras entre 2003 e 2008 e, em seguida, diretor financeiro da BR Distribuidora. O executivo está preso desde janeiro de 2015 na Lava Jato. Foi o pivô da cassação do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS).

No depoimento, Cerveró contou que em 2009, depois da posse de José de Lima Andrade Neto na presidência da BR Distribuidora, foi feita uma reunião no anexo do hotel Copacabana Palace, da qual teriam participado o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP, que segundo o ex-diretor estaria representando o senador Fernando Collor de Mello (PTC/AL). Também estavam no encontro Renan Calheiros, Delcídio e o próprio Cerveró.

"Nessa reunião, José de Lima Andrade Neto foi bastante didático ao explicar que os negócios nos quais haveria ‘discricionaridade’ da BR Distribuidora eram a compra de álcool, o aluguel de caminhões para transporte de combustível e a construção de bases de distribuição de combustíveis; que esses seriam os negócios que poderiam render propina mais substancial na BR Distribuidora", declarou Cerveró.

O ex-diretor prosseguiu. "Nos outros negócios da BR Distribuidora não haveria maior liberdade financeira; que na ocasião José de Lima Andrade Neto se disponibilizou a ajudar os políticos interessados; que o declarante foi chamado para a reunião porque tinha sido diretor internacional da Petrobras e sabia como as coisas funcionavam."

O ex-diretor foi condenado em dois processos na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para Cerveró. Em sua primeira condenação, o ex-diretor foi condenado a 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo, de R$ 7,5 milhões, em Ipanema, no Rio.

A reportagem procurou Renan Calheiros, Fernando Collor e José de Lima Andrade Neto. O espaço está aberto para manifestação.

"Pedro Paulo Leoni Ramos não comenta delações premiadas e se manifestará nos autos, fórum adequado para a apresentação de sua defesa".

A oitiva do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) no Conselho de Ética do Senado foi remarcada para o dia 7 de abril. Desde que deixou a prisão e foi convocado pelo colegiado, que deve decidir se cassa ou não o mandato dele, o parlamentar tem apresentado licenças médicas postergando o interrogatório. 

Ele responde a um processo de quebra do decoro parlamentar. O petista foi preso no dia 25 de novembro, acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

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Para evitar manobras, os senadores definiram que Delcídio poderá ir ao Senado prestar o depoimento, ou ser ouvido por videoconferência. Os membros do Conselho oferecem ainda a possibilidade de um grupo deles ir até onde o senador estiver para ouvir a defesa dele.

Na próxima semana os membros do conselho pretendem ouvir Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró; o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira; e o advogado Edson Ribeiro, que atuou na defesa de Cerveró.

Bernardo foi o responsável por gravar a conversa com Delcídio, Diogo e Edson, na qual o senador oferecia à família Cerveró R$ 50 mil por mês e um plano de fuga para o ex-diretor para que ele não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público.

“A ausência do senador não prejudica o rito administrativo e o rito que temos que seguir. A partir de agora o relator dá sequência à instrução do processo e chama para serem ouvidas pelo conselho as testemunhas que entender por bem para instruir o processo”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que representou contra Delcídio.

O relator do caso, senador Telmário Mota (PDT-RR), queixou-se que o senador tenha concedido entrevistas e participado de uma carreata contra o governo, utilizando uma moto, no período em que estava “enfermo” e apresentava atestados médicos. Mota quer agora que o senador seja avaliado por uma junta médica se decidir apresentar nova licença médica após essa – o senador já apresentou duas prorrogações da licença médica.

“Como ele já deu dois atestados de um só médico – e o princípio básico de qualquer trabalhador é que o primeiro pode ser de um médico, mas o segundo já precisa ser de uma junta – então que ele também seja submetido a uma junta médica”, disse Mota.

*Com a Agência Brasil

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A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou ness quarta-feira (16) a condenação do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró a cinco anos de prisão, em regime inicial fechado, por lavagem de dinheiro. A decisão unânime também ordenou a expedição de mandado de prisão para a execução provisória da pena, independente de recurso.

Cerveró, preso desde janeiro deste ano, é o novo delator-bomba da Lava Jato. À Procuradoria-Geral da República, ele denunciou propina a três senadores: Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Delcídio Amaral (PT/MS). O ex-diretor da Petrobras disse que em 2006 pagou US$ 6 milhões para os peemedebistas e US$ 800 mil para o petista.

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A condenação em 1º grau havia sido imposta em maio deste ano pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato. Além da pena de reclusão, ele havia sido sentenciado ao pagamento de multa no valor de 750 salários mínimos, vigentes em abril de 2014. A sentença também determinou o confisco do imóvel.

Em outra ação penal, em agosto, Moro condenou Cerveró a 12 anos e 3 meses por lavagem de dinheiro e corrupção. Contra a primeira sentença, a defesa de Cerveró recorreu ao TRF4.

Segundo a denúncia, Cerveró e o empresário Oscar Algorta Raquetti, em 2009, ocultaram e dissimularam a origem e a propriedade de valores provenientes do crime de corrupção na Petrobras, mediante a aquisição de apartamento no Rio de Janeiro.

O Ministério Público Federal (MPF) apelou solicitando o aumento da pena e da multa e a decretação de interdição do exercício de cargo ou função pública pelo réu pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade. A defesa de Cerveró também recorreu, argumentando, entre outros, a insuficiência das provas apresentadas na denúncia.

Em seu voto, o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator dos processo da Lava Jato no TRF4, entendeu que deve ser mantida a condenação de Cerveró pelo crime de lavagem de dinheiro. "Muitos são os elementos de convicção da origem ilícita dos recursos exaustivamente analisados na sentença", salientou.

O magistrado destacou o depoimento de Paulo Roberto Costa, "relatando os esquemas de pagamento de propinas em diversas áreas da Petrobras, inclusive na Diretoria Internacional", a afirmação de Cerveró, em seu interrogatório, de que possuía relação com Fernando Soares e o relatório fornecido pela Petrobras, "indicando que Fernando Soares visitou Nestor Cerveró na sede da empresa em 66 datas diferentes" entre 2004 e 2008.

Gebran afirmou que ficou comprovado que o apartamento localizado no bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, foi adquirido por Cerveró, por meio de empresa subsidiária constituída no Brasil em nome de terceiro, a fim de ocultar sua propriedade e evitar o rastreamento de valores obtidos com a prática de crimes, "devendo ser preservada sua condenação".

Quanto ao recurso do MPF, a 8ª Turma entendeu que devem ser mantidas as penas de cinco anos de prisão e de multa de 750 salários mínimos.

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró - preso desde janeiro na Operação Lava Jato - afirmou em delação premiada na Procuradoria-Geral da República que pagou propina de US$ 6 milhões aos senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), ambos do PMDB, em 2006. Na ocasião, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) recebeu cerca de US$ 800 mil. Cerveró disse que pagou propina em troca de apoio político para permanecer no cargo.

Segundo o ex-diretor, quem fez a operação do pagamento dos valores foram os lobistas Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, e Jorge Luz, apontados como operadores de propinas do PMDB.

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"Que o declarante (Cerveró) havia se comprometido com o PMDB, nas pessoas de Jader Barbalho e Renan Calheiros, a efetuar o repasse de US$ 6 milhões para a campanha de 2006", registrou a Procuradoria-Geral da República.

Cerveró fechou acordo de delação dia 18 de novembro. Ele é o pivô da prisão de Delcídio, ocorrida no dia 25 de novembro. Com medo das revelações do ex-diretor da Petrobras, o petista, ex-líder do governo no Senado, teria tramado barrar a Lava Jato. Seu plano consistia em financiar com o banqueiro André Esteves - que também foi preso - a fuga de Cerveró para a Espanha.

O ex-diretor da Petrobras foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro por corrupção e lavagem de dinheiro. Acuado, com remotas chances de obter habeas corpus, Cerveró decidiu fazer delação.

Fontes

Ele afirmou que os US$ 6 milhões destinados a Renan e Jader, além da parte de Delcídio, foram retirados de duas fontes. A primeira delas do saldo da propina referente à contratação da sonda Petrobras 10000.

Segundo o delator, a parcela foi "resultado da diferença entre o valor ilícito total cobrado e o montante efetivamente reservado a funcionários da Petrobras e a Fernando Baiano". A outra fonte veio do adiantamento de propina referente à contratação da sonda Vitória 10000, feito pelo lobista Julio Camargo, no valor de US$ 2 milhões.

"A parte mais substancial dessas propinas foi repassada ao PMDB nas pessoas de Jader Barbalho e Renan Calheiros", declarou Cerveró.

O ex-diretor disse que Delcídio recebeu sua parte do adiantamento de uma propina repassada por Julio Camargo no valor de US$ 2 milhões. "Foi repassada uma quantia menor, de aproximadamente US$ 800 mil para Delcídio Amaral, em pagamento dos US$ 2,5 milhões prometidos em 2005 e 2006 no início da campanha a governador do Estado de Mato Grosso do Sul." Os US$ 6 milhões para Jader e Renan, segundo Cerveró, foram obtidos logo depois de concluída a negociação referente à sonda Petrobras 10000.

Segundo ele, a multinacional Samsung "demonstrou a possibilidade de construção de uma nova sonda e, por intermédio do lobista Julio Camargo, verificou com a Petrobras se haveria interesse na contratação dessa nova sonda. "A Petrobras tinha interesse nisso, e o declarante sinalizou esse interesse a Julio Camargo, mas condicionou a contratação ao pagamento de uma propina de US$ 20 milhões; que, então, Julio Camargo aceitou essa condição, tendo sido feita a contratação da segunda sonda, a Vitória 10000 pela Petrobras." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) respondeu nesta quarta-feira, 9, em sua página no Facebook, às supostas acusações do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró de que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) recebeu propina durante a gestão do tucano na Presidência da República (1995-2002).

"Se houve algo durante o meu governo, foi conduta imprópria do Delcídio, não corrupção organizada, como agora. Dele nada se sabia, tanto que em 2001 foi aceito pelo PT, e se elegeu Senador, depois foi candidato a governador do Mato Grosso do Sul. Derrotado pelo PSDB, virou líder da Dilma, sem que suspeitas fossem levantadas. Espero que as investigações se aprofundem e que se comprovado o fato, todos sejam punidos", afirmou FHC.

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Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo em sua edição do último dia 27, na conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, o senador, preso pela Polícia Federal, conta que, em um dos encontros com o banqueiro André Esteves, também preso, viu uma anotação manuscrita com o nome dele e o da empresa multinacional francesa Alstom na última página do acordo de delação de Nestor Cerveró, obtido pelo dono do BTG Pactual.

No diálogo, Delcídio demonstra surpresa e preocupação por ter se deparado com o manuscrito. O senador já foi citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como sendo destinatário de propinas da Alstom no período em que foi diretor de Gás e Energia da estatal, entre 1999 e 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que o advogado Edson Ribeiro, que atuava para sua família, lhe entregou R$ 50 mil em espécie durante uma reunião entre os dois. Segundo o filho de Cerveró, o criminalista disse que o dinheiro foi enviado pelo senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo na Casa. O parlamentar foi preso na quarta-feira, 25, por tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato.

A base da custódia do senador é uma conversa gravada por Bernardo Cerveró. Em 4 de novembro, o filho do ex-diretor da Petrobras gravou uma conversa de 1h35 na qual Delcídio tentava atrapalhar uma possível delação premiada do executivo, preso desde janeiro. O senador ofereceu R$ 50 mil mensais para comprar o silêncio de Nestor Cerveró. Em 18 de novembro, o ex-diretor da estatal petrolífera fechou sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

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Em depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, Bernardo Cerveró narrou a atuação do senador e do então advogado da família, Edson Ribeiro - também preso por atrapalhar as apurações. Segundo o filho de Nestor Cerveró, um dos encontros entre ele e Ribeiro ocorreu no escritório do advogado Nelio Machado. O filho do ex-diretor da Petrobras afirmou que o Machado, advogado do lobista Fernando Baiano durante parte da Lava Jato, não participou da reunião.

Ao Ministério Público Federal, Bernardo Cerveró contou que Edson Ribeiro "sempre seguia prometendo um habeas corpus" para o pai, preso desde janeiro deste ano. Em determinado momento, contou o filho do ex-diretor da estatal, ele procurou o irmão de Fernando Baiano, "porque o Nestor Cerveró e Edson Ribeiro diziam que quem tinha provas era Fernando Baiano, já que ele é que cuidava das contas bancárias".

No depoimento, Bernardo Cerveró relatou o recebimento do dinheiro e disse ter ficado incomodado, "pois o que ele queria não era auxílio financeiro, menos ainda espúrio, e sim a liberdade de seu pai."

Nestor Cerveró e Fernando Baiano já foram condenados em processos na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. O lobista pegou 16 anos. Em sua primeira condenação, Nestor Cerveró foi condenado a 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

O lobista deixou a cadeia, no Paraná, em 18 de novembro. Fernando Baiano ficou preso por 1 ano.

Defesa

O criminalista Nélio Machado, que defendeu Fernando Baiano até quando o lobista decidiu fazer delação premiada, afirmou que desconhece o pagamento de R$ 50 mil e a tratativa entre o advogado Edson Ribeiro e o filho de Nestor Cerveró em seu escritório. "Quando esse fato aconteceu eu não estive na sala onde eles estavam. Minha posição sempre foi de repúdio à delação premiada. O advogado Edson Ribeiro também se posicionou do mesmo modo durante os processos da Lava Jato", afirmou.

"Eu jamais participaria desse tipo de conversa. O Edson (Ribeiro) foi recebido por mim e o Bernardo é possível que tenha estado junto. Mas desconheço por completo essa tratativa", continuou o advogado. O criminalista não soube precisar a data do encontro realizado em seu escritório, no Rio.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse à Polícia Federal que em 2003 foi consultado pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff "acerca da possível nomeação" de Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobras. Na ocasião, Delcídio cumpria seu primeiro mandato no Senado.

Seu depoimento de anteontem foi dado na sede da Polícia Federal, onde está preso, em Brasília. "A então ministra Dilma já conhecia Nestor Cerveró desde a época em que ela atuou como secretária de Energia no governo Olívio Dutra (1999-2002), no Rio Grande do Sul", afirmou o senador. "Como a área de exploração de gás era bastante desenvolvida naquele Estado, havia contatos permanentes entre a Diretoria de Gás e Energia da Petrobras e a Secretaria comandada pela Dilma Rousseff", disse.

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O senador afirmou que "se manifestou favoravelmente" à indicação de Cerveró para o cargo "em face da experiência que (eles) tiveram conjuntamente no âmbito da Diretoria de Gás e Energia" da Petrobras. Cerveró era então gerente subordinado a Delcídio. O senador disse que em 1999 foi nomeado diretor de Gás e Energia da estatal petrolífera "atendendo a convite do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso".

Ele foi preso na quarta-feira sob suspeita de tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato. Segundo a Procuradoria-Geral da República, em conluio com o advogado Edson Ribeiro, ele pretendia comprar o silêncio de Cerveró, preso e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. O temor do senador, segundo a Lava Jato, é de que o ex-diretor o implique em temas suspeitos, como o da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que gerou prejuízo de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União.

Outros dois delatores, Paulo Roberto Costa e Fernando Soares, o Fernando Baiano, já o citaram. Baiano disse que o petista recebeu US$ 1,5 milhão em propinas do esquema de corrupção instalado na Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) presta depoimento na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. O depoimento começou por volta das 15h30 [horário de Brasília], de acordo com a polícia. O senador está acompanhado de dois advogados. Procuradores também estão presentes.

Delcídio foi preso nessa quarta-feira (25) na capital federal. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o senador estaria obstruindo as investigações da Operação Lava Jato ao tentar dissuadir o ex-diretor da Àrea Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de firmar um acordo de delação premiada. 

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Delcídio do Amaral passou a noite em uma sala administrativa adaptada, na superintendência. De acordo com o assessor do senador, Eduardo Marzagão, Delcídio amanheceu “menos assustado” do que estava ontem, após ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pela manhã, ele conversou com seu advogado Maurício Leite por quase duas horas. O advogado saiu sem falar com a imprensa.

Em um trecho do processo, a PGR afirma que Delcídio ofereceu dinheiro à família de Cerveró para evitar a citação de seu nome nas investigações. “O senador Delcídio Amaral ofereceu a Bernardo Cerveró auxílio financeiro, no importe mínimo de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) mensais, destinado à família de Nestor Cerveró, bem como prometeu intercessão política junto ao Poder Judiciário em favor de sua liberdade, para que ele não entabulasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal”, diz a PGR.

“Na história recente da nossa pátria houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois nos deparamos com a ação penal 470 [mensalão] e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes. Não passarão sobre a Constituição do Brasil”.

Esta declaração, da ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, ao comentar a prisão do senador Delcídio Amaral, abre um clarão na direção de que, finalmente, o País está sendo passado à limpo, e que a decência está vencendo a imoralidade, pondo abaixo o lodo da corrupção que o PT espalhou em todas as entranhas do poder. Segundo a Secretaria-Geral da Mesa do Senado, Delcídio é o primeiro senador em exercício preso desde a Constituição de 1988.

Segundo a Procuradoria-Geral da República relatou, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal, ele ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada ou, se o fizesse, não o citasse. Segundo a Procuradoria, Delcídio também prometeu a Cerveró influir em julgamentos no STF para ajudá-lo. O senador disse que falaria com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para influenciar a Corte.

“Estamos todos perplexos. É um constrangimento generalizado”, reagiu o senador Paulo Paim (PT-RS). As acusações contra o líder do governo são gravíssimas. A Constituição diz que o Senado tem que se reunir para deliberar sobre o tema. Ao receber os autos e analisar as provas, que são contundentes, o Senado não pode obstruir qualquer investigação por parte da Justiça.

Antes de ingressar na política, Delcidio trabalhou como diretor da Shell na Holanda. Ele também foi presidente da Eletrosul e do Conselho de Administração da Companhia Vale do Rio Doce. Durante o governo Itamar Franco, foi secretário executivo do Ministério de Minas e Energia. Em setembro de 1994, foi nomeado ministro de Minas e Energia, cargo que ocupou até o fim do governo Itamar.

Logo após deixar a pasta, Delcídio do Amaral assumiu a diretoria de Gás e Energia da Petrobrás no Governo Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, filiou-se ao PSDB, onde ficou até 2001. No ano em que se desfiliou do PSDB, Delcídio migrou para o PT, partido pelo qual elegeu-se senador em 2002 e em 2010. No Senado, o petista preside a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O senador petista ganhou projeção nacional ao presidir, em 2005, a CPI dos Correios no Congresso Nacional. Segundo a Procuradoria, Delcídio também prometeu a Cerveró influir em julgamentos no STF para ajudá-lo. O senador disse que falaria com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para influenciar a Corte.

O líder do Governo foi citado pela primeira vez na Lava Jato na delação do lobista conhecido como Fernando Baiano. No depoimento, Baiano disse que Delcídio recebeu US$ 1,5 milhão de dólares de propina pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Em outubro, Delcídio havia negado o teor da denúncia de Baiano e disse que a citação a seu nome era "lamentável".

O Governo teme que Cerveró possa ligar Dilma diretamente à compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), que deu prejuízo à Petrobras na época em que ela presidia o Conselho de Administração da estatal. No início de 2014, Cerveró chegou a ameaçar o envolvimento da presidente ao dizer que ela tinha conhecimento de todos os detalhes da compra da refinaria.

Na ocasião, Dilma divulgou uma nota na qual afirmou que a decisão do conselho foi tomada com base em um parecer "falho" elaborado pela área que era de responsabilidade de Cerveró. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, chegou a dizer que Dilma tinha conhecimento de toda a operação, mas, depois, Cerveró voltou atrás e fez media training, orientado pela Petrobras, para adequar sua fala à CPI da Petrobras que funcionava no Congresso.

Delcídio do Amaral, então, à época, foi escalado para monitorar pessoalmente Nestor Cerveró, já que era muito próximo ao ex-diretor da Petrobras. Delcídio revelou que Cerveró também era próximo ao PMDB e ao presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A indicação de Cerveró tinha aval de setores do PT e do PMDB.

Além disso, há preocupação no governo com o risco sistêmico no setor financeiro por conta da queda vertiginosa das ações do BTG Pactual após a prisão do banqueiro André Esteves. Entre parlamentares que acompanham o episódio, a avaliação é que André se envolveu diretamente na operação para evitar a delação de Nestor Cerveró em razão da compra, pelo BTG, de um controle de poços da Petrobras na África. A CPI da Petrobras constatou que a operação gerou prejuízo à estatal.

VIOLAÇÃO JURÍDICA-  Um dos petistas que passara, ontem, pela liderança do Governo no Senado, para sentir o clima da repercussão da prisão do senador Delcídio Amaral foi o deputado e advogado Wadih Damous (RJ), que afirmou: "É um cenário preocupante e de violação da ordem jurídica. Está se produzindo uma situação de insegurança jurídica no País". Para ele, a prisão de Delcídio é "aparentemente inconstitucional" e, com a medida, o STF acabou criando uma nova modalidade de flagrante, classificado por ele de "flagrante permanente". 

A prova do crime– Uma gravação com 1 hora e 35 minutos revela como o líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), ofereceu R$ 50 mil mensais ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. No diálogo ocorrido no dia 4 de novembro em um quarto do hotel Royal Tulip, em Brasília, o petista também propôs ao filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, que, se o ex-diretor realmente optasse por um acordo com os procuradores da República, ele não o citasse. A gravação embasou a prisão de Delcídio, ontem, pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O parlamentar petista é acusado pela PGR de estar atrapalhando as investigações.

A gravação foi feita em um celular de Bernardo. Além de Delcídio e do filho de Cerveró, também participou do encontro o advogado Edson Ribeiro, que era responsável pela defesa de Cerveró na Lava Jato.

Estado de perplexidade– Depois da decisão do STF de autorizar a prisão de Delcídio Amaral (PT-MS), senador no exercício do mandato, caso único na história recente do país, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, afirmou que ele e os colegas "estão atônitos" com a situação, mas com a missão de mostrar que o Brasil "não é mesmo um país do faz de conta". "Agora, o detentor do cargo público terá de ter freios inibitórios mais intensos e não cometer ilegalidades porque as instituições estão funcionando", disse o ministro. Ministros do STF ficaram impressionados com o primeiro relato do ministro Teori Zawaski sobre o caso envolvendo o senador Delcídio Amaral, quando já informava que iria autorizar a prisão do senador.

Governo preservado – O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), reagiu em relação à prisão de Delcídio. Desse que não há "qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo" nos fatos que levaram o líder do governo na Casa à prisão. “É importante registrar que não há, em nada que foi dito até agora, qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo. Isso é importante dizer", afirmou, para acrescentar: "Não há nenhum fato patrocinado pelo Governo. De tudo que foi dito até agora, são questões que correm totalmente ao largo do governo", afirmou. 

Convocação para CPI - O banqueiro André Esteves, preso, ontem, pela Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, havia sido convocado para depor na CPI dos Fundos de Pensão, que ocorre na Câmara dos Deputados e investiga desvios e fraudes nos fundos de aposentadoria e pensão da Petrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil e Correios. A convocação foi feita pelo deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), para quem seria importante apurar a participação do banco BTG Pactual, cujo dono é Esteves, em diversos negócios envolvendo fundos de pensão que hoje estão sob investigação na CPI.

CURTAS

INCERTEZAS– As prisões do senador Delcídio do Amaral e do banqueiro André Esteves têm impacto direto na conjuntura econômica e podem reverter os pequenos ganhos de estabilidade notados nas últimas semanas. O ambiente político volta a ser convulsionado por graves revelações de irregularidades que envolvem figuras de primeira linha no mundo político e econômico. O resultado é o aumento das incertezas na economia.

ALÔ, ARCOVERDE! – Chegou a vez de Arcoverde, onde estarei, hoje, lançando os meus livros Perto do coração e Reféns da seca. A noite de autógrafos está marcada para às 19 horas, na Câmara de Vereadores, onde antes farei uma palestra sobre a conjuntura nacional. Amanhã, encerrando a agenda da semana, falo sobre a crise no almoço do Gere, o Grupo de Executivos do Recife, no restaurante Boi e Brasa, no Pira, durante almoço, e a noite já estarei em Cumaru, no Agreste.

Perguntar não ofende: Quem será o próximo peixão do PT a ser preso?

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró (Internacional) e o lobista do PMDB Fernando Baiano Soares terão de pagar multa de R$ 3 milhões. Os dois e o lobista Julio Camargo - que acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de pressionar por propina de US$ 5 milhões em 2011 - foram condenados por corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, na segunda-feira (17).

O doleiro Alberto Youssef, também denunciado, foi absolvido. "O Ministério Público Federal está analisando a sentença para, se for o caso, propor o respectivo recurso", informou a instituição, no Paraná, em nota. Nestor Cerveró terá de pagar multa de R$ 1.140.725,00. A Baiano caberá R$ 2.074.370,00 do montante. Eduardo Cunha não é réu na ação. Ele está sob investigação da Procuradoria-Geral da República porque detém foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal.

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Nestor Cerveró, Fernando Baiano e Julio Camargo haviam sido denunciados pela força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal em dezembro de 2014.

Segundo a Procuradoria da República, em 2006, Nestor Cerveró, então diretor da área Internacional da Petrobrás, e Fernando Baiano acertaram com Julio Camargo o pagamento de cerca de US$ 15 milhões de propina para que fosse viabilizada a contratação, pela estatal, do navio-sonda Petrobrás 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries no valor de US$ 586 milhões. O navio seria utilizado para perfuração de águas profundas na África.

A força-tarefa sustentou que após as negociações - e confirmada a promessa de pagamento da propina -, Cerveró adotou as providências necessárias para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada. De acordo com o Ministério Público Federal, Fernando Baiano, então, passou a receber a propina combinada e, em seguida, a repassar uma parte dos valores a Cerveró.

Na denúncia, a Procuradoria apontou que o esquema se repetiu de forma 'praticamente idêntica' no ano seguinte. Na segunda ocasião, diz a força-tarefa, foi acertado entre Soares, Cerveró e Camargo o pagamento de propina de cerca de US$ 25 milhões para a viabilização do navio-sonda Vitoria 10000, que operaria no Golfo o México, com o estaleiro Samsung Heavy. A contratação foi estimada em US$ 616 milhões.

O juiz Sérgio Moro impôs a Cerveró 12 anos, três meses e dez dias de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Esta é a segunda condenação de Cerveró. Em maio, Cerveró pegou 5 anos de pena pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.

Baiano, apontado como braço do PMDB no esquema de corrupção que se instalou na Petrobrás entre 2004 e 2014, pegou 16 anos, um mês e dez dias de reclusão.

Julio Camargo, o delator, foi condenado a 14 anos de reclusão, mas beneficiado pela colaboração prestada à Lava Jato, teve sua pena reduzida para cindo anos em regime aberto. Terá de cumprir as seguintes condições: "prestação mensal de trinta horas de serviços comunitários a entidade pública ou assistencial; apresentação bimestral de relatórios de atividades; comunicação e justificação ao Juízo de qualquer viagem internacional nesse período."

Alberto Youssef, um dos delatores da Lava Jato, foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro "por falta de prova suficiente de que as operações de lavagem a ele imputadas na denúncia dizem respeito à propina dos contratos de fornecimento dos navios-sondas, enquanto as por ele confessadas não estão descritas na denúncia".

Na decisão, o juiz Sérgio Moro afirmou que ficou comprovado o pagamento de R$ 54.517.205,85 em propina sobre contrato de dois navios-sonda da Petrobrás a Cerveró e a Baiano. Ambos estão presos preventivamente em Curitiba, base da Lava Jato.

Para obter a condenação de Cerveró, Baiano e Julio Camargo, o Ministério Público Federal usou documentos enviados pelas autoridades de Genebra. "A cooperação jurídica com a Suíça foi fundamental para a comprovação do fluxo do dinheiro no exterior e comprovação documental dos fatos. Por meio dela, obteve-se documentos irrefutáveis que comprovaram a transferência do dinheiro da Samsung para as empresas de Julio Camargo e, em seguida, para as de Fernando Soares e Cerveró, bem como para a contas de terceiros indicadas por eles", informou a Procuradoria.

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