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Debate sobre cotas gerou polêmica e protestos de alunos da rede particular brasileira

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Polêmico nas redes sociais, o debate sobre cotas universitárias costuma render comentários extremos na internet. Diante do mundo virtual, local no qual opiniões podem ser confundidas com fatos, é importante saber distinguir os mitos e verdades sobre as políticas inclusivas dentro de universidades. 

Perguntamos aos seguidores do Vai Cair no Enem, página do Instagram com mais de 350 mil seguidores, a opinião deles sobre as cotas nas universidades. Em cerca de 250 comentários, selecionamos aqueles que mais se repetiram ou causaram polêmica para serem respondidos pelo professor Ocimar Munhoz, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

O docente é especialista na área de educação e já realizou pesquisas envolvendo igualdade de resultados dentro do ensino e desigualdade no sistema educacional brasileiro. Confira o currículo Lattes do profissional clicando aqui.

A seguir, veja perguntas, afirmações e respostas selecionadas pelo LeiaJa.com

“Pessoas mais capacitadas para curso ficam de fora porque tem muito mais vagas para diversas cotas do que para ampla concorrência”

Sim. Pessoas capacitadas ficam de fora, mas isso é um fator sem ligação com as cotas. Segundo o professor, o conceito de “pessoas capacitadas” precisa ser redefinido na situação apontada por este internauta. “O que acontece com os processos seletivos em geral? Com cota ou sem cota, você ordena os respondentes com base no desempenho que a gente tem em provas. Nós temos muitas vezes a seleção de indivíduos com resultados muito próximos, mas que não entram quando eu faço a seleção até uma determinada posição”, afirma Ocimar. 

Um exemplo pode ser dado para elucidar a mente de quem ainda tem dúvida: “Vamos admitir que haja uma pontuação desejável [para entrar em uma universidade]. Todo mundo que esteja acima dessa pontuação desejável entra? Não. São aceitos os primeiros. Na lista de espera, com exceções, tem muita gente ‘capacitada’. Por que elas não são selecionadas? Porque não tem vagas para elas”, lembra. Até mesmo dentro das cotas, há quem fique do lado de fora. “Pensa comigo: se eu tenho dez vagas para negros, vai ter o negro que ficou em 11ª posição. Ele também ficou de fora porque ele é o 11º e só seriam chamados 10”, explica. 

Em alguns casos, o candidato autoidentificado como negro e classificado no vestibular pode ter uma pontuação menor em relação à de um candidato na lista de espera da ampla concorrência. A “desigualdade” apontada por alguns é encarada como forma de reparação pelo especialista. “As cotas justamente apareceram para atenuar injustiças e uma delas é essa: reconhece-se que uma população composta por indivíduos negros tem as piores condições para se preparar”, lembra o docente. No caso da raça, o reconhecimento da desigualdade, por sua vez, pode ser embasado em dados. Segundo levantamento de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 78,5% da população pobre do Brasil se declara negra. 

“Cotas não ensinam ninguém a ler nem a escrever”

É verdade. A frase acima foi creditada ao deputado federal Kim Kataguiri, do partido Democratas. Apesar de ser correta, ela demonstra pouca intimidade do parlamentar com a educação, afinal, aprender a ler e escrever não é tarefa da universidade. “As cotas não foram feitas para isso. Não sei por que alguém falou isso. Embora ler e escrever se possa aprender fora da escola, em geral, ensinar a ler e escrever é uma tarefa da escolarização”, lembra o professor da USP. 

“A cota para cor ou etnia é uma forma de racismo, pois trata negros como ‘inferiores’ e que não conseguem chegar no mesmo estágio de uma pessoa ‘branca’ sem ajuda” 

Os candidatos precisam entender que, segundo especialistas na área de educação, a cota não é racismo. Ela é um atenuante para desigualdades sociais e só foi implementada quando constatou-se que candidatos que se autoidentificavam como negros, pardos ou indígenas tinham menor representação após o processo seletivo. “Ao que se deve isso? Porque nasceram assim e já são naturalmente inferiores? Não. Considera-se que processos sociais fazem com que essa população tivesse uma subrepresentação. As cotas fazem esse ajuste. Não é racismo, não é uma questão de inferiores, é uma questão de tentar atenuar uma desigualdade”, conta.

“Cotas são injustas porque não sabemos os critérios que eles usam para definir quem é pardo ou não”

A cota pode até ser imprecisa, mas não é injusta. O critério utilizado no Brasil hoje é a autoidentificação. “Quando falo que ela pode ser imprecisa, é porque pode ter oportunismo. Alguém que nunca se identificou como um negro vai lá e se identifica, ou como um pardo ou indígena. Por isso que em muitos lugares há uma comissão para se apurar isso”, lembra o professor. Você pode conferir como funciona uma comissão de verificação de cotas clicando aqui. 

Para pensar em critérios de definição de raça é importante também lembrar da diferença entre o fenótipo (representado pelas características físicas do indivíduo) e o genótipo (representado pelas características genéticas do indivíduo). “No Brasil, sentir preconceito é mais uma coisa de fenótipo. Ou seja, uma pessoa que tem a pele mais negra tende a estar exposta a situações de racismo mais do que quem tem a pele branca”, lembra Ocimar. 

Quando alguém com descendência negra, mas tom de pele claro, se sente prejudicado por uma comissão julgadora de fenótipos, podemos considerar a cota como imprecisa. “É bom lembrar que os estudos nos quais se basearam as cotas foram feitos em um momento que não tinha nenhuma cota em questão. Agora, como tem vagas que estão sendo distribuídas, podem aparecer oportunistas”, aponta o professor. A autoidentificação realizada nas universidades, na maioria das vezes, é feita com o preenchimento de um formulário. 

“Cotas não são necessárias pois todas as pessoas são iguais”

“Iguais em quê? Nós estamos falando de desempenho escolar. De onde vem o desempenho escolar? Vem das condições que as pessoas tiveram antes para exibir um desempenho”, conta Munhoz. O docente lembra que podemos listar três fatores essenciais para determinar o desempenho escolar de um aluno: a escola na qual estudou, o esforço que aquele aluno fez para apreender o conteúdo e as condições socioeconômicas nas quais ele está inserido.

Encarando esses fatores, é possível perceber que a igualdade, no que se diz respeito à educação, não existe. “As pessoas são iguais genericamente como seres humanos, mas as cotas não discutem isso. Elas discutem a diferença de desempenho. Descobriu-se que dependendo da cor da pele você tem acesso a escolas piores, a condições sociais piores, portanto, seu esforço, mesmo que gigantesco, pode não ser suficiente para ter um bom desempenho”, lembra o professor. Para ajudar a compreender, exemplificaremos: imagine duas pessoas disputando uma corrida. Uma de tênis em uma pista de material emborrachado e outra descalça na areia. Nas mesmas condições, mas com os materiais diferentes, qual delas chegará primeiro?

“A adoção de medidas dessa natureza é necessária como uma forma de combate à desigualdade tão significativa em nosso País”

Sim. A adoção dessas medidas é necessária para combater a desigualdade, mas qual é o conceito de desigualdade? “Ninguém escolhe antes de nascer onde vai nascer. Onde nós nascemos e as condições em que vivemos pesam no desenvolvimento dos nossos esforços. Isso cria o que nós chamamos de desigualdade, uma diferença no nosso desempenho que está associada a uma condição que pode ser de sexo, pode ser de raça, de cor ou de condições econômicas”, detalha Ocimar. Diante da desigualdade, é errado afirmar que alguém vai mal na escola porque “nasceu assim”.

“As cotas hoje em dia estão tornando a solução do problema escola pública/privada muito mais tardias, servindo apenas como paliativo”

Para responder a essa pergunta, é necessário ir por partes. Quando falamos de escolas de ensino médio, segundo o docente, apenas 12% das matrículas são privadas. Todo o resto (88%) é feito nas escolas públicas. “O que acontece é que essa imensa maioria de alunos em geral estuda em condições mais precárias do que as privadas, não bastando a condição da família. O ideal seria que essas diferenças não existissem e que talvez nem fosse necessárias escolas privadas”, lembra o professor. Enquanto não houver essa igualdade, porém, as cotas podem ser consideradas um “paliativo pela justiça”. 

“A curto prazo, as cotas não mudaram nada. O negro e pardo e entraram nas universidades, mas continuam sendo discriminados da mesma forma” 

Falso. As cotas mudaram o cenário da educação superior no Brasil. Principalmente, dentro das universidades públicas. “Isso acontece mais ainda naqueles cursos que em quase toda a sua existência não tinham a presença de estudantes negros, pardos ou indígenas”, lembra. A discriminação no País pode continuar, mas enquanto a igualdade não for garantida na educação básica as cotas continuarão a fazer o seu trabalho paliativo. 

Reportagem faz parte do especial "Para que servem as cotas?", produzido pelo LeiaJá. O trabalho jornalístico explica a importância das cotas para a equidade e democratização dos espaços de educação brasileiros. Confira as demais reportagens:

1 - Cotas: sanção da lei marca o ensino superior

2 - A perspectiva social que explica a criação das cotas

3 - Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior

4 - Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas

5 - Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas

6 - Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo

7 - A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios

8 - Cotas para trans esbarram em preconceito no ensino básico

9 - ProUni: inclusão social no ensino superior particular

11 - Como seria um mundo sem cotas? 

Valorização da base educacional é extremamente importante para um país que busca uma universidade forte e de qualidade. Foto: Pixabay

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O sistema de cotas no Brasil não foi implantado como uma solução definitiva para resolver discrepâncias educacionais. Quando criado, foi pensado apenas como intervenção temporária, estabelecida para durar somente por cinco anos. A medida foi imposta depois de uma longa mobilização dos movimentos sociais para ampliar o acesso da população negra ao ensino superior. Visava, sobretudo, corrigir desigualdades históricas.

Nesses cinco anos, o sistema de cotas buscava um maior número de negros, índios e demais minorias nas universidades, bem como uma boa inserção deles no mercado de trabalho. Somente assim, seria possível que as próximas gerações de variadas raças do Brasil pudessem ter igualdade de oportunidades, sem a necessidade da inclusão de quaisquer ações afirmativas.

No entanto, para a professora de pedagogia e representante da Comissão de Implementação do Combate ao Racismo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Auxiliadora Martins, a obtenção desses resultados esperados pela implantação das cotas não poderia ter dado certo em apenas cinco anos.

“O Brasil tem 519 anos e praticou escravismo criminoso por mais de 350 anos. Você estipular um prazo de cinco, dez anos, para fazer a correção de um sistema com desigualdade, perpetrado pelo Estado, é um pensamento ingênuo”, explica a docente.

Ela argumenta ainda que para um mundo sem cotas, no âmbito da educação, é necessária uma intervenção, primeiramente, na educação básica. “Pode até existir um mundo sem cotas, quando a Lei 10.639, que orienta escolas públicas e particulares de todos os níveis e modalidades de ensino for efetivamente implementada”, salienta Auxiliadora.

A lei introduz saberes africanos e afrodescendentes no currículo escolar, contudo não foi implantada como prevista em todas escolas, nem nas universidades. “Se a universidade e escolas não trabalham os conteúdos da educação étnico-racial e antirracista, como vai haver essa consciência de respeito e igualdade social?”, questiona Auxiliadora.

Para José Bento, a política de cotas é um 'mal necessário'/Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Para o professor e vice-coordenador do núcleo de estudos afro-brasileiros da UFPE, José Bento, a política de cotas é um “mal necessário”. Ele ressalta que pensar em um outro mundo é possível, inclusive, sem cotas. No entanto é imprescindível que haja mais ações de conscientização acerca de pontos relacionados à igualdade étnica, racial, social e de gênero.

“Você pode até dizer: ‘Olha, todos nós somos humanos’. Sim, mas a forma de tratamento que se dá aos diversos grupos humanos não é equitativa. Então é preciso, sim, criar políticas para atender esses grupos que foram historicamente marginalizados. Acredito que a cota é algo a ser vencido em determinado período (a longo prazo)”, afirma o docente.

Antes e depois das cotas

Os resultados do sistema de cotas são vistos por Emanuelly Araújo, de 19 anos, como um fator positivo. Acadêmica de jornalismo e ingressante no curso da UFPE como cotista, ela reconhece que graças às ações afirmativas ganha impulso para concluir sua graduação.

A discente enxerga as cotas como meios de oportunidades e ressalta que, antes dessa intervenção, as desigualdades enfrentadas por seus pais e seus avós eram muito mais acentuadas do que atualmente. “É possível pensar em um mundo sem cotas?”, questiona a estudante. 

Emanuelly salienta que, mesmo com as oportunidades alcançadas com as cotas, ainda se depara com vários embates para se manter no mesmo nível de classes privilegiadas da sociedade. Sua rotina diária começa muito cedo, incluindo a dependência de transportes públicos lotados para chegar até o estágio. Ela ainda precisa de bolsas concedidas para se alimentar durante o almoço, de estudar durante a tarde e fazer o longo caminho de volta para casa.  

Dificuldades semelhantes também são vivenciadas por Hellena Rachel, estudante de medicina da UFPE e também ingressante universitária, através do sistema de cotas, em 2014. Em uma turma de setenta alunos, ela é um dos poucos alunos beneficiados pelas ações afirmativas. “A diferença maior não é cognitiva. Na verdade, é o contrário, eu tive que estudar mais para chegar no mesmo nível dessas pessoas que possuem um determinado privilégio que não tenho”, explica a estudante.  

 “O estudante cotista precisa de auxílios para estar na universidade, porque ele precisa fazer diversas outras coisas, para estar no mesmo nível dos demais estudantes com privilégios”, endossa a acadêmica.

A assistente social da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fabiana Costa, avalia que estudantes cotistas, muitas vezes, precisam trabalhar ou depender de assistência estudantil para conseguir dar seguimento ao curso. Isso se deve, principalmente, às inúmeras dificuldades existentes fora da vida acadêmica.

Responsável pela assistência estudantil na Universidade, ela explica que trabalha com o critério socioeconômico e - dentre outros aspectos - os da questão racial influenciam diretamente nesse contexto. “Em geral, estudantes bolsistas, que são considerados em situação de vulnerabilidade socioeconômica, são pardos ou pretos”, ressalta. “Fatores como transporte para chegar até a universidade dos que possuem residências distantes da universidade, alimentação, além de outras dificuldades, superam questões exclusivamente pedagógicas”, garante Fabiana.

Ela também salienta que, apesar dessas dificuldades, uma pesquisa realizada na UFRPE revelou que, em relação à taxa de sucesso (alunos formados, comparado aos que entram naquele ano), os estudantes bolsistas têm apresentado uma melhor avaliação que os demais.

Discrepâncias na educação também foram avaliadas por um estudo, realizado em 2017, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e IBGE, incluindo aspectos de renda, trabalho e educação. O levantamento  mostra que há forte desigualdade na renda média do trabalho: R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814 para brancos. Na educação, a taxa de analfabetismo é mais que o dobro entre pretos e pardos (9,9%), do que entre brancos (4,2%), de acordo com a PNAD Contínua de 2016.

No acesso ao ensino superior, de acordo com a PNAD Contínua de 2017, a porcentagem de brancos com 25 anos ou mais que têm ensino superior completo é de 22,9%.Também supera a porcentagem de pretos e pardos com diploma: 9,3%.

Na época do anúncio do levantamento, em 2017, o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, explicou que problemas estruturais e baixa escolaridade são algumas justificativas para a dificuldade enfrentada por negros e pardos, dentro desse contexto de desigualdade.

Como as cotas podem ser aprimoradas?

Na concepção de alguns especialistas, para que o sistema de cotas obtenha sua devida finalidade de equidade social, é preciso pensar, desde medidas estruturais a mudanças em alguns critérios. De acordo com o pesquisador e doutor em economia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Álvaro Mendes Júnior, é necessária a exclusão do critério racial das cotas para que ela finalmente seja eficaz. Ele, que é autor de artigos científicos sobre cotas por várias instituições de ensino, entende que o sistema de cotas reduz a eficiência do ensino universitário, ao admitir um conjunto significativo de alunos, com uma base intelectual menor do que seria admitido em um sistema concorrencial.

Segundo seu estudo, realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a inclusão de pretos e pardos já aconteceria somente com a utilização de um recorte de renda. Na prática, para cada 100 vagas, seriam cinco negros que ingressariam na universidade, no lugar de cinco brancos. Ele explica que isso aconteceria, pois é maior o número de negros em classes socioeconômicas baixas.

“Enquanto os governos brasileiros investem os seus esforços no sistema de cotas, não temos discutido as grandes reformas educacionais necessárias para um aumento efetivo da qualidade geral da educação brasileira. Por exemplo: convênios e subsídios às escolas e universidades confessionais, homeschooling, fim da BNCC, sistema de vouchers, inversão da pirâmide de gastos em educação (hoje investe-se proporcionalmente pouco no ensino básico, em comparação com o ensino superior) e a elaboração de projetos especiais em áreas como o Latim e a Filosofia Perene”, salienta Álvaro.

Álvaro endossa que há todo um conjunto de indivíduos que está sendo prejudicado, por ter o seu acesso à universidade negado, em detrimento da reserva de vagas para os grupos cotistas. Além disso, o professor está entre os que postulam a existência de danos para os próprios estudantes cotistas:

“São casos em que os estudantes acabam por falhar na progressão ao serem admitidos em universidades ou cursos com um nível de dificuldade maior do que conseguiriam acompanhar. É a chamada ‘Mismatch Hypothesis’. Em estudos que realizei a partir dos dados da UERJ, o baixo rendimento de alunos cotistas em carreiras de Exatas é um indício claro de que este fenômeno também acontece no Brasil”, garante Álvaro.

Já para Helio Santos, um dos militantes históricos do movimento negro e uma das primeiras vozes de luta pela implementação de cotas no país, a lei de cotas raciais deve ser mantida, mas avanços precisam ser aprimorados, como medidas, fiscalizações e punições mais rigorosas devem ser melhores aplicadas, no intuito de combater possíveis fraudes.

Em uma publicação da ‘Rede Brasil Atual’, ele afirma que, embora cotas sejam vistas como um “remédio amargo”, essas políticas específicas não serão eternas. “No Brasil, devem durar no máximo 25 anos, quando se tiver reduzido essas distâncias – que aqui não são sociais, são raciais – quando isso acontecer, podemos esgotar essas políticas e pensar em outras, generalistas”, avalia Helio.

O que já disseram outros especialistas sobre as cotas 

“A política de cotas foi a grande revolução silenciosa implementada no Brasil e que beneficia toda a sociedade. Em 17 anos, quadruplicou o ingresso de negros na universidade, país nenhum no mundo fez isso com o povo negro. Esse processo sinaliza que há mudanças reais para a comunidade negra”.

Frei David Santos, diretor da Educafro - organização que promove a inclusão de negros e pobres nas universidades por meio de bolsas de estudo (Agência Brasil, 2018)

“Considero uma medida complementar às cotas nas universidades.O raciocínio imediato mostra ser necessário criar condições para que os jovens saiam das universidades e possam exercer suas profissões. Neste caso, é bom lembrar que o Brasil é um importante empregador. Os concursos públicos são visados por todas as camadas sociais por proporcionar a estabilidade”.

Vantuil Pereira- professor do Núcleo de Políticas em Direitos Humanos (NEPP-DH), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - (Folha Dirigida, 2012)

“São políticas afirmativas do direito de todos os seres humanos a um tratamento igualitário e respeitoso. Assim é que se constrói uma nação”

Ayres Britto- Ministro do STF, na votação sobre a constitucionalidade das cotas, em 2012

Como funciona o sistema de cotas em outros países:

Reportagem faz parte do especial "Para que servem as cotas?", produzido pelo LeiaJá. O trabalho jornalístico explica a importância das cotas para a equidade e democratização dos espaços de educação brasileiros. Confira as demais reportagens:

1 - Cotas: sanção da lei marca o ensino superior

2 - A perspectiva social que explica a criação das cotas

3 - Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior

4 - Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas

5 - Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas

6 - Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo

7 - A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios

8 - Cotas para trans esbarram em preconceito no ensino básico

9 - ProUni: inclusão social no ensino superior particular

10 - O que é mito e o que é verdade sobre a Lei de Cotas?

Com o objetivo de retratar as cotas educacionais, que buscam equidade e democratização do ensino, o LeiaJá publica, neste sábado (6), o especial “Para que servem as cotas?”. Composto por reportagens multimídia, o trabalho detalha como foi criado o sistema cotista, os tipos de cotas, esclarece dúvidas sobre a norma, entre outras abordagens.

A primeira reportagem, intitulada “Cotas: sanção da lei marca o ensino superior”, aborda o contexto histórico no qual as cotas foram criadas. A segunda, “A perspectiva social que explica a criação das cotas”, revela que a desigualdade escancarada no País tem relação com a criação do sistema de cotas. Já a terceira matéria, chamada “Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior”, mostra como negros são impactados positivamente pela reserva de oportunidades.

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A quarta reportagem, “Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas”, traz detalhes do sistema polêmico que tem por objetivo autenticar a veracidade da autodeclaração de pessoas pretas em universidades do País. Já “Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas” destaca dados e situações reais da perspectiva das cotas para pessoas deficientes.

“Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo”, “A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios” e “Cotas para trans esbarram em preconceito no ensino básico” mostram como o sistema de cotas é essencial para promover democratização da educação a pessoas que vivem sob condições desiguais.

“ProUni: inclusão social no ensino superior particular” é o título da reportagem que endossa a importância do Programa Universidade para Todos (ProUni) como forma de ingresso no ensino superior. Em “O que é mito e o que é verdade sobre a Lei de Cotas?”, são respondidas questões de um levantamento realizado com os seguidores da plataforma Vai Cair No Enem, produto do LeiaJá.

Por fim, “Um mundo sem cotas é possível?” encerra a série de reportagens especiais revelando em que panorama está inserido o Brasil e como seria o cenário ideal para a extinção das cotas sociais. 

Os autores das reportagens são os comunicadores Camilla de Assis, Rebeca Ângelis, Elaine Guimarães, Lorena Barros, Ítallo Olímpio, Marília Parente, Francine Nascimento, Marcele Lima e Fábio Filho. A edição do conteúdo fica a cargo de Nathan Santos. As imagens foram produzidas pelos repórteres fotográficos Rafael Bandeira e Júlio Gomes, e pelos cinegrafistas Sidney Lucena, Ricardo Araújo, Roberto Varella, André Albino e Ednaldo Santos. As edições dos vídeos são de Danillo Campelo e as artes são de autoria de João de Lima. 

O LeiaJá deixa o convite aos leitores para conferir os conteúdos. Veja, a seguir, as reportagens do especial “Para que servem as cotas?”:

1 - Cotas: sanção da lei marca o ensino superior

2 - A perspectiva social que explica a criação das cotas

3 - Cotas raciais valorizam diversidade no ensino superior

4 - Saiba como funciona as Comissões de Verificação de Cotas

5 - Inclusão de pessoas com deficiência marca Lei de Cotas

6 - Cotas rurais garantem ensino ao povo do campo

7 - A aldeia no campus: cotas e reparação histórica aos índios

8 - Cotas para trans esbarram em preconceito no ensino básico

9 - ProUni: inclusão social no ensino superior particular

10 - O que é mito e o que é verdade sobre a Lei de Cotas?

11 - Como seria um mundo sem cotas? 

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