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O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) é o programa de acesso único do Ministério da Educação (MEC) que distribui vagas nas instituições públicas de ensino superior no Brasil com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, o processo abre para inscrições dos dias 22 a 25 de janeiro pelo Portal Único de Acesso na internet.

Com a proximidade do Sisu, os estudantes devem estar atentos às mudanças e funcionamento do sistema. Esta edição conta com uma nova abordagem: edição única, lista de espera válida todo o ano, mudanças na Lei de Cotas. O que não é novidade e sempre causa dúvidas é o Bônus Regional.

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O Bônus Regional no Sisu não é uma atividade nova e não acontece em todas as universidades. A bonificação serve para equilibrar a desigualdade de ensino em alguns estados e sertão do país, dando prioridade aos alunos que residem ou estudam na mesma região que a instituição. 

O Sistema de Seleção Unificada distribui vagas de âmbito nacional e que podem ser preenchidas por candidatos de qualquer lugar do país. Dessa forma, é muito comum que um estudante de grande centro utilize a chance para ingressar em cursos disputados em instituições do sertão para aumentar e, assim que se forma, retorna para sua cidade de origem.

Muitas universidades viram isso como uma dificuldade para o estado, que perde mão de obra qualificada local, e para os estudantes da própria região.

Como o bônus é aplicado

A bonificação não é acumulativa e nem parte de cotas. O aluno que reside e estudou no estado possui um “acréscimo” na sua nota do Enem, para os participantes da Ampla Concorrência. O bônus pode variar de 5% a 20%, em áreas específicas definidas por cada instituição individualmente. 

O uso dessa prática não é obrigatória e vai de cada universidade optar ou não pelo Bônus Regional. Por isso, as regras de aplicação podem variar entre elas, o aluno deve estar atento ao Documento de Adesão da instituição que deseja. Esta prática é normalmente feita em universidades localizadas no Norte e Nordeste do país. 

Confira algumas universidades que adotaram ao Bônus Regional em 2023:

Regulamentação 

Apesar de existir a alguns anos, não há uma regulamentação definitiva para o uso do bônus regional. Em 2021, o então deputado federal do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), apresentou o Projeto de Lei 3230/21 que visa determinar uma norma de atuação das universidades com a bonificação regional.

A proposta “estabelece que as instituições federais de ensino superior poderão, consideradas as vulnerabilidades regionais e sociais, conceder aos candidatos em processos seletivos um bônus entre 10% e 20% na pontuação geral obtida na nota final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”

“As diferenças regionais têm se revelado fator determinante para o acesso às oportunidades educacionais”, defendeu o autor da proposta, Capiberibe. Apesar do tempo, a PL ainda está em tramitação desde então.

O Sisu (Sistema de Seleção Unificada) é a principal porta de entrada para o ensino superior em instituições públicas do Brasil pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Neste ano, o processo terá algumas mudanças que o estudante precisa estar atento na hora de se cadastrar no programa.

O que é Sisu?

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O Sistema de Seleção Unificada é um dos programas de acesso à universidade mais disputados do governo. Os estudantes podem concorrer às vagas em instituições e cursos de todo o Brasil utilizando a nota do Enem. 

Mudanças do Sisu em 2024

Com uma forma de funcionamento já conhecida a anos, o Sisu encara uma nova abordagem para o ano de 2024 com algumas mudanças feitas pelo Ministério da Educação (MEC).

Edição Única e ingresso no segundo semestre

Todo ano, os estudantes tinham o costume de esperar pelo programa de forma semestral, como 2024.1 e 2024.2. Porém, a assessoria do MEC confirmou que o programa será anual a partir desta edição, logo ele acontecerá apenas uma vez, no início do ano. 

No caso das universidades com espaço apenas para o segundo semestre, estas vagas serão oferecidas no sistema junto com as outras logo no início do ano. Então, o estudante que, anteriormente, pretendia concorrer ao ensino superior na segunda edição, deve se inscrever logo na primeira fase.

As vagas oferecidas, o total de 264.254 oportunidades em 127 instituições públicas de todo país, irão ser todas ofertadas juntas na edição única do Sisu, mas o início do curso pode variar entre primeiro ou segundo semestre. Os professores defendem que a solução veio para diminuir as vagas ociosas:

“O que está acontecendo é que os alunos estão entrando na primeira edição, não estão gostando do curso e estão pedindo grana para a segunda edição, para o segundo curso. E aí está sobrando vaga na universidade e o governo está perdendo grana, por isso está tentando ajustar em uma única edição”, explica o professor de matemática Ricardinho. 

Ao Vai Cair no Enem, o docente detalha que, com este novo funcionamento, os vestibulandos passam a ter um foco maior no concurso específico, na quantidade de vagas específica e no período de matrícula que, a partir deste ano, será o mesmo para todos os aprovados pelo Sisu, não importa em qual período. Vale lembrar que, quem não realizar a matrícula pode perder a vaga na universidade. 

Com a Edição Única do Sisu, os convocados não poderão decidir qual semestre planejam começar, pois a seleção será feita pela classificação das notas apresentadas pelo Inep do Enem. As vagas serão oferecidas de forma conjunta, os participantes mais bem colocados começarão o curso no primeiro semestre, o restante esperará o segundo semestre.

Período amplo para lista de espera 

Ainda na tentativa de evitar vagas ociosas e em aberto nas universidades públicas do país, a lista de espera do Sisu também passou por mudanças. Agora, os não convocados na primeira chamada e inscritos na lista de espera, poderão ser chamados durante todo o ano letivo.

Isso acontece porque o período da lista se estendeu e, a partir desta edição, será anual. As vagas que não são preenchidas serão oferecidas para os participantes que declararem interesse no processo de espera, sempre seguindo a ordem de classificação do site. 

Aqueles que não forem chamados para nenhuma de suas opções e não incluírem o interesse na lista de espera entre os dias 30 de janeiro e 7 de fevereiro não serão considerados na recolocação de candidatos, mesmo se estiverem presentes no chamado principal do Sisu.

Alterações na Lei de Cotas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou mudanças na Lei de Cotas (PL 5.384/2020) em novembro de 2023. Entre elas, estão as divisões de vagas para concorrência. 

A partir deste ano, todos os estudantes irão concorrer em ampla concorrência inicialmente, mesmo se atenderem a critérios de vagas exclusivas para cotas. Após a classificação inicial, os estudantes mais bem classificados seguirão com a vaga de ampla concorrência.

Já o espaço reservado para cotistas, será aberto posteriormente para contemplar aqueles que não foram aprovados em ampla concorrência mas são beneficiados pela Lei. Anteriormente, o candidato que se encaixava como cotista, concorria apenas nas vagas de cotas, mesmo com pontuação suficiente para ampla concorrência. 

O MEC defende que, desta forma, “os esforços de todos aqueles que alcançam notas altas são valorizados, sem distinção”. Esta forma de classificação acontece na Fuvest, prova do vestibular da Universidade de São Paulo (USP).

Outra mudança aconteceu no valor para o teto da renda bruta familiar mensal per capita dos estudantes para cota na modalidade socioeconômica. A quantia exigida era de um salário mínimo e meio, em média, por pessoa da família. Agora, o valor deve ser de um salário mínimo, que deverá ser, segundo o Governo Federal, de R$ 1.412 para 2024.

O Sisu 2024 também receberá estudantes quilombolas como beneficiários das cotas, como acontece atualmente com alunos pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência (PcDs), terá o estabelecimento de prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil e a extensão das políticas afirmativas para a pós-graduação.

As mudanças procuram tornar o ingresso no Ensino Superior mais acessível para as pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica que querem ingressar em uma universidade, afirma a Agência Brasil.

Calendário do Sisu em 2024

Os resultados oficiais da prova do Enem serão divulgados no dia 16 de janeiro. Já as inscrições para o Sisu abrem no dia 22 e seguem até o dia 25 de janeiro, pelo Portal Único de Acesso na internet. Serão 127 universidades participantes e 264.254 vagas.

O resultado será divulgado por uma única chamada no dia 30 de janeiro e os convocados devem realizar suas matrículas entre os dias 1º e 7 de fevereiro. Os que não estão entre os convocados podem entrar na lista de espera entre os dias 30 de janeiro a 7 de fevereiro.

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu novas convocações de candidatos aprovados nos concursos públicos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso. O motivo, mais uma vez, é a cota de gênero: os editais previam um número limite de mulheres que poderiam integrar as corporações por meio do concurso.

Os editais limitam o ingresso de mulheres a 20% dos cargos de soldado e a 10% das vagas para oficial. Há duas leis no Estado que permitem essa distinção, o que, no entendimento do ministro, se choca com o princípio da isonomia entre os gêneros estabelecido na Constituição Federal.

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O ministro do STF acolheu argumentos de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão alega não existir regra constitucional autorizando a limitação das vagas para um gênero e que os editais do concurso aplicam um tratamento injustificado que privilegia homens e promove "prejuízo, preconceito e discriminação à população feminina".

Na decisão, Zanin argumentou que a Constituição proíbe diferenciação de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Os editais ficarão suspensos até o julgamento do mérito da ação da PGR.

Em outubro, o ministro já havia suspendido um concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) por limitar vagas para mulheres em 10% do total. No final daquele mês, Zanin liberou a retomada do concurso com a retirada da regra de gênero.

Em novembro, o ministro autorizou a retomada de outro concurso da PM, desta vez no Rio de Janeiro, que também limitava a 10% o acesso das mulheres às vagas. O concurso foi retomado e as mulheres puderam concorrer entre as vagas de ampla concorrência.

Outro concurso também foi suspenso pelo STF por ferir os mesmos princípios. O ministro Dias Toffoli suspendeu em novembro a aplicação de provas dos concursos públicos da Polícia Militar do Estado do Pará (PM-PA). O concurso limitava a 20% as vagas destinadas a mulheres, totalizando 880 vagas para elas, enquanto 3.520 ficariam para os homens.

 

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) cobrou dos sabatinados Flávio Dino (PSB-MA), atual ministro da Justiça e senador licenciado, e do subprocurador-geral da República, Paulo Gonet, seus posicionamentos sobre temas como cotas raciais, união homoafetiva e adoção de crianças e adolescentes através de casais homoafetivos. As perguntas aconteceram durante a sabatina da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (13), e que debate as indicações de Dino e Gonet às vagas de ministro do Supremo e Procurador-Geral, respectivamente.

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O ministro foi questionado apenas sobre as questões relacionadas à homoafetividade, enquanto Gonet foi também perguntado sobre sua opinião quanto às cotas raciais; a pergunta específica ao subprocurador aconteceu diante de falas feitas no passado e que teriam negado a importância das cotas como método de diminuição da discriminação de pretos e pobres. O jurista esclareceu as declarações passadas e frisou que o casamento homoafetivo deve ser reconhecido, mas que esta é uma opinião pessoal e que sua atuação como PGR aconteceria em respeito à legitimidade de ações legislativas.

 "O artigo que escrevi sobre cotas no passado foi lido em alguns lugares, apenas em partes, e a descontextualização acabou atribuindo a mim o sustento de ideias que nunca defendi. Nunca disse que era contrário às cotas, tanto no artigo como hoje, digo que a cota é um dos instrumentos da ação afirmativa dos estados. [...] A cota em favor dos negros e das pessoas que sofrem discriminação historicamente, e que, portanto, não possuem o mesmo ponto de partida que a maioria tem, me parece perfeitamente justificada. O que digo sempre é que já que a cota impacta o interesse de outras pessoas e envolve uma harmonização de direitos da sociedade, é um assunto que deve ser definido pelos senhores, agentes políticos. É uma questão de estabelecer balanços entre direitos fundamentais e quem pode estabelecer isso, em primeiro lugar, é o Legislativo", disse Gonet.

Ele acrescentou: "para que as cotas não sejam, de um modo leviano, excluídas como possibilidade de adoção no país, é preciso que haja em torno do tema uma abordagem técnica, metódica". Em resposta ao pedido de Contarato, de que, ao responder, o subprocurador tomasse a Constituição Federal "como bíblia", Paulo Gonet disse: "Não tomo a Constituição como bíblia e nem minha bíblia como Constituição. No espaço técnico a linguagem tem que ser técnica, os argumentos devem ser tomados dentro da linguagem comum do seu espaço".

Senador Fabiano Contarato (PT-ES) carrega a Constituição durante discurso em sabatina na CCJ. Foto: Agência Senado

União homoafetiva

Um dos porta-vozes da luta LGBTQIA+ no Congresso Nacional, Fabiano Contarato foi enfático ao cobrar dos sabatinados posicionamentos diretos sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por parte desses grupos. O parlamentar perguntou também a opinião dos convidados sobre a constituição de família e a defesa igualitária de direitos civis.

“O senhor é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo? É a favor da adoção por casais homoafetivos? São duas perguntas simples. Como PGR, como guardião da espinha dorsal do Estado de Direito, o senhor é a favor dessas questões?”, questionou o legislador. 

Gonet respondeu à pergunta de duas formas; como faria caso Procurador e também sua opinião pessoal sobre os temas. "É muito simples, senador, como jurista, eu estou afeito ao que vossas excelências decidem, ao que o Supremo decide. Se o legislador admite a união estável ou casamento de pessoas do mesmo sexo, como jurista, é óbvio que eu tenho que admitir isso também. Se quer uma opinião pessoal: eu acho que seria terrivelmente injusto que duas pessoas que vivem juntas não tivessem nenhum reconhecimento desse fato. Diante de uma separação, não tivessem nenhuma regra do Estado para protegê-los. Acho que o amor que vossa excelência e seu companheiro têm por seus filhos é algo que merece admiração da cidadania. Isso é pessoal, dada a empatia que desenvolvemos nos últimos dias, mas como jurista, não posso ser contra àquilo que está decidido por vocês dentro da competência de vocês sobre direito de família", replicou o subprocurador.

Já Flávio Dino, respondeu à pergunta de forma protocolar e não citou nenhum dos temas nominalmente. "A nossa Constituição vai do título um ao nove e faz uma hierarquização valorativa, em que você parte dos princípios, depois os direitos e assim sucessivamente. A prioridade são os princípios e direitos aos quais todo o sistema estatal está à disposição para executá-los e acredito que todos os ramos do Judiciário devem cumprir o seu papel de ajudar a diminuir conflitos e estabilizar a sociedade, contribuindo para com que as leis sejam cumpridas a fim de que os valores e princípios que abrem a Constituição sejam atendidos, inclusive, este que vossa excelência apontou, de uma sociedade justa e que não haja desigualdades sociais e regionais, portanto, minha posição é de estrito cumprimento desses mandamentos constitucionais", respondeu Dino. 

 

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O projeto de lei (PL) que institui cotas para concursos públicos em Pernambuco foi aprovado em primeira discussão nesta terça-feira (12), na Assembleia Legislativa (Alepe). O texto é da deputada Dani Portela (PSOL), líder da oposição na Casa, e determina a reserva de 20% das vagas para os candidatos autodeclarados negros. A proposição segue em tramitação, e deverá ser votado em segunda discussão. 

Segundo a parlamentar, a aprovação é um passo importante na luta antirracista no estado. “Muito importante colocarmos um projeto como este para frente, entendendo a necessidade de enfrentarmos o racismo nas demais áreas da vida social. Vamos seguir trabalhando e articulando para que essa lei saia do papel e mude de fato a vida das pessoas”, pontuou.  

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A proposta é um resgate, feito pela deputada, do texto que ela tentou emplacar na Câmara Municipal do Recife, quando ela foi vereadora, mas, à época, o projeto não prosperou. “Essa aprovação de hoje é uma conquista histórica da luta antirracista em nosso estado”, finalizou.

 

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) aprovou, na última terça-feira (5), o sistema de cotas para pessoas trans, sendo a primeira de Minas Gerais a adotar a proposta. A previsão é de que essas vagas reservadas sejam ofertadas até o segundo semestre de 2024. Como requisito para participar da iniciativa, o candidato deverá ter concluído integralmente o ensino médio em escolas públicas, realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), autodeclarar-se como pessoa trans no momento da solicitação da matrícula inicial, por meio de formulário específico disponibilizado no endereço eletrônico da Diretoria de Registro e Controle Acadêmico (DRCA).

Ao ser selecionado, os participantes passarão por uma avaliação interna. A iniciativa surgiu por meio de uma demanda da Clínica de Direitos Humanos do Departamento de Direito da UFLA, que apresentou dados que comprovam a importância das cotas para pessoas trans em uma universidade federal.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou mudanças na Lei de Cotas nesta segunda-feira (13). Modificações serão aplicadas na próxima edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que acontece em janeiro de 2024.

Algumas alterações, segundo o Ministério da Educação (MEC), estão na inscrição no Sisu. Agora, todos os participantes serão classificados na modalidade de ampla concorrência, mesmo se atenderem a critérios de vagas exclusivas para cotas. As reservas de vagas serão observadas depois.

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Anteriormente, o candidato que se encaixava como cotista, concorria apenas nas vagas de cotas, mesmo com pontuação suficiente para ampla concorrência. O MEC defende que, desta forma, “os esforços de todos aqueles que alcançam notas altas são valorizados, sem distinção”.

O valor para o teto da renda familiar dos estudantes também foi redefinido para cota na modalidade socioeconômica. A quantia exigida era de um salário mínimo e meio, em média, por pessoa da família. Agora, o valor deve ser de um salário mínimo, que é, atualmente, R$ 1.320.

Outras modificações contam com a inclusão de estudantes quilombolas como beneficiários das cotas, como acontece atualmente com alunos pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência (PcDs); o estabelecimento de prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil; e a extensão das políticas afirmativas para a pós-graduação.

Com informações da Agência Brasil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta sexta-feira, 6, que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare inconstitucionais os trechos da emenda constitucional que anistia partidos políticos pelo descumprimento de cotas para candidaturas de mulheres e negros.

"As conquistas alcançadas em termos de igualdade de gênero e igualdade racial no campo da participação político-eleitoral não podem ser simplesmente desfeitas, enfraquecidas ou tornadas sem efeitos", diz um trecho do parecer da PGR.

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O texto, promulgado em abril de 2022, proíbe sanções de 'qualquer natureza', inclusive devolução de valores, multa ou suspensão do fundo partidário, aos partidos que não cumpriram a cota em eleições passadas.

A procuradora-geral interina Elizeta Maria de Paiva Ramos, que assina o parecer, afirma que a emenda constitucional viola o princípio da igualdade.

"Os arranjos legislativos que, por qualquer modo, impliquem subrepresentação de mulheres e de negros na política para aquém dos patamares já alcançados, (...) significam inadmissível retrocesso em políticas afirmativas voltadas a assegurar isonomia política de gênero e racial em sua dimensão substantiva ou material", argumenta.

A primeira lei que estabeleceu a reserva de recursos do fundo partidário para incentivar a participação feminina foi aprovada em 2009. A PGR afirma que, desde então, o Congresso tentou 'vários arranjos legislativos' para 'anistiar os partidos políticos faltosos'.

O relator da ação é o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, que já abriu mão de decidir monocraticamente e informou que pretende levar a ação para julgamento direto no plenário.

O julgamento pode coincidir com a votação de uma nova Proposta de Emenda à Constituição, em debate da Câmara dos Deputados, para perdoar irregularidades de partidos nas eleições, inclusive o descumprimento das cotas.

O governo Lula pedirá aumento do quantitativo de vagas reservada, por meio de cotas, em concursos públicos. A medida, por meio de Projeto de Lei, deve propor um aumento de 20% ou 30%, sendo metade dessa reserva ocupada por mulheres negras. O PL será enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas.

A proposta é elaborada pelos Ministérios da Igualdade Racial e Gestão e Inovação, além do Ministério da Justiça. O texto estabelece que as cotas valem para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da “administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União”.

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Atualmente, a porcentagem vigente é de 20%. No entanto, a diretora de ações afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Anna Venturini, aponta que esse percentual provoca um efeito mais baixo do que o esperado. "Vimos que, nos últimos anos da lei de cotas, não conseguimos implementar na forma como gostaríamos por uma série de fatores. Um deles é que tivemos uma oferta de concursos muito baixa. Tivemos uma oferta de concursos menor do que era esperada quando a lei foi aprovada. Um dos motivos foi o teto de gastos", explica.

Candidatos negros aprovados no último concurso público para o cargo de analista legislativo teriam sido prejudicados pelo Senado. De acordo com Ministério Público Federal (MPF), o órgão descumpriu a lei de cotas aplicada em certames, matéria que foi aprovada pela Casa em 2014.

As informações do parecer do MPF foram divulgadas pela Folha de São Paulo nesta quinta-feira (20). O documento pontua que o Senado reduziu o quantitativo de vagas destinadas à ação afirmativa ao colocar candidatos negros, que seriam aprovados independentemente dessa reserva, entre os cotistas. 

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O caso foi levado ao MPF pela Educafro, entidade que luta pela inclusão igualitária de pessoas pretas no ensino superior, e mais quatro canditados do processo seletivo que se sentiram lesados. Segundo o parecer do caso, dos oito negros nomeados, seis aparecem nas quatro primeiras posições e seriam classificados de qualquer maneira, ou seja, independente da reserva de vagas.

Na avaliação do próprio MPF, o Senado errou ao não remover esses participantes das cotas para dar lugar a mais seis candidatos negros. Para o ministério, a condução do certame pelo órgão reduziu o quantitativo de pessoas pretas e pardas aprovadas, assim como limitou o alcance das vagas afirmativas no fucionalismo público. 

A reserva mínima de 3% de vagas para indígenas em concursos direcionados ao ingresso na magistratura brasileira foi aprovada por unanimidade nessa terça-feira (20) pelo Plenário do CNJ, durante a 10ª Sessão Ordinária de 2023 do órgão.

Relator do ato normativo, o conselheiro e procurador regional da República Sidney Madruga avalia que a medida cria um sistema de equidade social, autonomia e autodeterminação, garantindo maior representatividade indígena no Poder Judiciário brasileiro.

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De acordo com o conselheiro, “dos 18 mil juízes em atividade no país, apenas 11 se autodeclararam indígenas”. A informação consta no perfil sociodemográfico dos magistrados e magistradas brasileiros realizado pelo CNJ em 2018.

Para Madruga, a baixa representatividade dos indígenas no Poder Judiciário é muito mais grave que a situação das mulheres e dos pretos e pardos.

“Creio que, daqui a dez ou 15 anos, teremos uma nova fotografia do Judiciário brasileiro, com a presença de magistrados e servidores indígenas em muito maior grau e alcançando status de chefia, inclusive lugares em Tribunais superiores”, afirmou.

O censo demográfico de 2010 registra que existem no Brasil aproximadamente 897 mil indígenas, dos quais cerca de 517 mil vivem em terras oficialmente reconhecidas, distribuídos em cerca de 305 etnias e 274 línguas.

Segundo o conselheiro, os dados demonstram a importância de se implementar políticas públicas “com vistas a combater a histórica exclusão e desigualdade social, econômica e política enfrentada, de forma a contemplar os direitos garantidos constitucionalmente aos indígenas”.

Vagas

“Chegamos à cota de 3% do total de vagas mediante acordo com os demais conselheiros, na esperança de que esse percentual possa atender, sobretudo, regiões com maior número de indígenas, como o Norte e o Centro-Oeste do país, para concursos a partir de dez vagas”, esclareceu o relator.

A nova resolução entra em vigor 60 dias após a sua publicação no Diário de Justiça e não se aplica aos concursos cujos editais tiverem sido divulgados antes de sua vigência.

Na hipótese de não haver candidatos indígenas aprovados em número suficiente para ocupar as vagas reservadas, as remanescentes serão revertidas para a cota étnico racial e, posteriormente, para a vaga reservada para pessoas com deficiência. Na impossibilidade também de preenchimento dessas últimas, as vagas não preenchidas serão revertidas para a ampla concorrência, de acordo com a ordem de classificação dos aprovados.

Da assessoria do MPF, com informações do CNJ

A Universidade de Pernambuco (UPE), através do do Conselho Universitário (CONSUR), aprovou por unanimidade a ampliação do sistema de cotas para ingresso de estudantes oriundos de escolas públicas nos cursos de graduação. Com a mudança, prevista para o processo seletivo de 2024, a universidade estadual reservará 40% das vagas para candidatos egressos do ensino público (municipal, estadual ou federal).

Para ter acesso a essa nova política de cotas, o participante da seletiva precisa ter cursado integral, exclusiva e regularmente, os anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano, e todos os anos do ensino médio em escola pública, comprovado no ato da matrícula.

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Esse novo percentual será distribuído da seguinte forma: A1- 20% para estudantes com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário, devendo essa condição ser comprovada no ato da matrícula; A2 - 20% para alunos com qualquer renda per capita, devendo essa condição ser comprovada no ato da matrícula.

“A questão foi amplamente debatida com representantes da comunidade acadêmica, docentes, estudantes e técnicos, com análise dos impactos para a instituição. A demanda atende parte das reivindicações de diferentes movimentos sociais e da universidade, como uma ação que amplia o acesso ao ensino superior. No entanto, ainda precisamos avançar em questões sobre acessibilidade e inclusão”, destacou a Reitora Profª. Maria do Socorro Cavalcanti.

Seu Adenilton Nicolau, pedreiro de 47 anos, conquistou a internet após ser pré-aprovado no curso de filosofia da Universidade Federal de Goiás (UFG) em primeiro lugar na cota racial. O vídeo de reação de Adenilton viralizou e a celebração da família emocionou os internautas. 

"Nossa, você vai estudar!", celebra a esposa. Em um tom de êxtase, o pedreiro reage à informação que tinha conquistado a vaga: "Melhor pontuação? Isso aqui é a nota do Enem? Nem sabia disso! Meu Deus, não acredito."

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Adenilton seria o primeiro da sua família a ingressar na faculdade. Sua filha Sara Linhares, rapper e artista, foi quem gravou e publicou o vídeo que tem mais de um milhão de visualizações só no Twitter, foi quem fez a inscrição de seu pai no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e escolheu a opção de cota racial.

Adenilton e sua família. Foto: Arquivo Pessoal

"Minhas meninas sonharam para mim um sonho que eu tinha e a Sara me ajudou a realizar. Então quero agradecer a Sara por estar me dando todo o apoio aí e vou iniciar minha jornada agora fazendo filosofia na UFG. Obrigado, galera, por estar me apoiando", diz Adenilton em um segundo vídeo.

O desencanto

Porém, a comemoração não durou muito tempo. Após a pré-aprovação, o goiano foi realizar sua matrícula na universidade e foi impedido. A justificativa foi o ensino, para a cota racial, o vestibulando deve ter feito o ensino médio integralmente na escola pública, o que desclassificou Nicolau, que fez seu EJA em uma escola privada.

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Incapaz de completar seu ensino na escola enquanto criança, Adenilton parou de estudar desde os 13 anos e só foi capaz de terminar o ensino básico pelo EJA (Educação de Jovens e Adultos), que entrou em 2012 sonhando em ter mais oportunidades com o diploma.

"Eu tentei o EJA na pública, mas eu precisava do diploma rápido porque com o diploma do ensino médio eu teria mais oportunidades e queria fazer um curso de mestre de obras. Na particular o EJA era mais rápido, com o horário mais flexível e por conta disso acabei optando por fazer na escola privada", contou Nicolau, em conversa com o LeiaJá.

Em um terceiro vídeo, Adenilton veio a público explicar a situação da sua vaga. O mesmo afirma que sua ficha 18, o certificado que comprova a conclusão do ensino médio, foi negada por ser de ensino privado. Sara Linhares, sua filha que popularizou a história, detalhou que a atendente da UFG chorou ao ter que cancelar a vaga de seu pai.

"Eu tô triste. Estou sorrindo aqui, mas só Deus sabe como eu estou por dentro. Eu quero continuar sendo uma fonte de inspiração, mas eu estou triste por quê? Nós fizemos a inscrição na faculdade na UFG, minha filha usou o sistema de cota racial e usando a nota do Enem que eu fiz também. Eu fui aprovado, só que todo o sistema de cota, você tem que vir de um ensino médio público", explica o pedreiro.

"Quando eu apresentei meu diploma lá para fazer a matrícula, veio de uma escola particular, então foi barrado por isso. Nós não tínhamos nos atentado para esse item que tem que ser de uma escola pública. Então eu passei em todas as etapas, menos nessa, então fui barrado. Por isso eu estou muito triste", continuou.

A família

Em relatos no seu perfil, Sara mencionou que se sentiu culpada pelo que aconteceu com seu pai, mas pediu para que ninguém utilizasse isso de motivo para falar mal de universidades públicas, que apenas está seguindo o que está na lei.

"Não foi erro da universidade, está claro no edital. O erro foi meu, eu matriculei o meu pai em horário de serviço, não lembrei que ele fez uma etapa do EJA dele numa escola particular e o diploma dele foi emitido pela escola particular. Então ele acaba por não se encaixar na cota", reitera a artista.

Foto: Arquivo Pessoal

Duas das filhas de Nicolau declararam que são contra qualquer comentário descredibilizando a universidade pública. Ambas são, inclusive, matriculadas em faculdades públicas e Sara é, especificamente, da UFG. Mariana Musgo, irmã de Sara e Filha de Adenilton, defende a importância das cotas mas também a reflexão sobre elas: 

"A política de cotas é extremamente importante, teve um ingresso enorme [na universidade] de uma população que não teria, mas deveria olhar caso a caso. Meu pai é um pedreiro, tem três filhas, a gente mora na região periférica de Goiânia e ele não tá em paridade de concorrer em ampla concorrência, sabe?"

As irmãs mencionam que a viralização do caso de seu pai teve lado positivo e lado negativo. Apesar de todo apoio e mensagens de incentivo, elas encontraram muito comentário maldoso e de ódio voltado a sua família. Contudo, as coisas boas se destacaram, em especial as oportunidades que apareceram para eles.

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O futuro

Conseguir a vaga e perder ela em menos de 48h foi um baque grande, mas não grande o suficiente para fazer Adenilton desistir em nenhum momento. O mesmo, apesar de estar triste, sempre declarou que continuaria na pesquisa de uma universidade para conquistar seu diploma.

"Meu sonho não morre aqui, não vou desistir, tá? Eu vou procurar uma faculdade, que seja particular mesmo para terminar esse curso em nome de Jesus", afirma o goiano.

Assim como milhares de pessoas, alguns famosos também tiveram contato com essa história. O apresentador Luciano Huck compartilhou o caso em seu perfil nas redes sociais e a cantora Lexa entrou em contato direto com a família de Goiás.

A artista mencionou que ficou muito feliz e orgulhosa pela luta e amor de Nicolau pelos estudos e por isso se ofereceu para pagar uma faculdade particular para ele. Adenilton conta que ainda está digerindo essa informação, mas está muito contente com tudo.

Outras faculdades também estão entrando em contato, oferecendo uma vaga nos em seus cursos para que ele consiga realizar seu sonho de ingressar na faculdade, aos 47 anos. Sara acredita que o sonho do seu pai não é um sonho que acabou, mas sim um sonho que começou agora.

Nesta terça-feira (11), o Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, por unanimidade, o ato normativo chamado “Programa Transforma”, que institui a reserva de vagas de emprego no Poder Judiciário para mulheres em situação de violência ou vulnerabilidade social.

O texto determina regras e critérios para a inclusão dessas mulheres nos contratos de prestação de serviços continuados e terceirizados, com o objetivo de atuarem em tribunais e conselhos. Nos contratos que possuam, no mínimo, 25 colaboradores para prestação de serviços contínuos em regime de dedicação exclusiva, haverá reserva de 5% das vagas.

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Além disso, o documento ainda prevê que o Departamentos de Gestão Estratégica e o de Pesquisas Judiciárias do CNJ estabeleçam indicadores relativos à equidade, diversidade e inclusão nesses contratos. Entre eles, estão a promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento e a paridade salarial.

Também devem ser estabelecidas práticas de prevenção e de enfrentamento do assédio moral e sexual e atividades nas áreas de saúde e de segurança do trabalho que considerem as diferenças de gênero. As vagas serão direcionadas a mulheres pretas e pardas, em condição de especial vulnerabilidade socioeconômica, egressas do sistema prisional, migrantes e refugiadas, em situação de rua, indígenas, mulheres do campo, assim como para pessoas trans e travestis.

De acordo com relator, a proposta permite aos tribunais que façam as adequações necessárias a partir das suas realidades, de modo que possam escolher as situações mais presentes. As modificações terão prazo de 90 dias para entrar em vigor, permitindo que haja tempo de para a adaptação e cumprimento da norma.

O professor de educação física Alan Teixeira, de 33 anos, participou do concurso público da Secretaria de Educação do Distrito Federal, em 2022, mas foi reprovado no procedimento de heteroidentificação. Teixeira se autodeclarou pardo, mas foi considerado inapto pela banca examinadora, o Instituto Quadrix. O docente utilizou o mesmo recurso no vestibular da Universidade de Brasília (UnB), em 2007, e foi aprovado.

Em contrapartida, naquela época, Alex Teixeira, irmão gêmeo idêntico de Alan, foi reprovado na UnB após também se autodeclarar pardo. Na época, os estudantes eram avaliados através de fotos anexadas à ficha de inscrição. Devido a repercussão do caso, a instituição alterou o modo de avaliação, e passou a utilizar entrevistas no ano seguinte.

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Segundo o comunicado divulgado pela banca no último domingo (19), os candidatos não qualificados negros pelo procedimento ainda podem concorrer na ampla concorrência, caso tenha obtido notas para classificação e aprovação nas fases anteriores do certame. Alan interpôs recurso contra o resultado preliminar como prevê o edital, mas o resultado final tem divulgação prevista para o dia 28 de março.

A 13ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu liminarmente as inscrições de um concurso para procurador, analista administrativo e médico veterinário da Universidade de São Paulo (USP). A decisão expedida pela juíza Luiza Barros Rozas Verotti foi justificada pela falta de vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas no certame. 

A decisão atendeu um pedido da Defensoria Pública de São Paulo. O órgão alega que a universidade não respeitou o modelo de pontuação diferenciada para esses grupos, previsto em leis estaduais e federais. 

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No texto, a magistrada lembrou que a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas é prevista em lei cuja constitucionalidade já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.

"A interpretação teleológica (da lei) se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira e garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da população afrodescendente", escreveu. 

O concurso ofereceu 63 vagas e as inscrições iriam até o dia 31 de março. A remuneração oferecida era de R$ 9.257,99, além de benefícios. 

De acordo com o edital, o campus de Ribeirão Preto era o segundo colocado em número de vagas no concurso ficando atrás apenas da capital São Paulo. O campus de Ribeirão Preto tinha sete vagas a serem preenchidas, já o de São Paulo tinha 41 oportunidades dos 69 totais.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu um "outro projeto de País" com maior acesso das políticas públicas e visibilidade da população negra . "Nos comprometemos aqui com a revogação dos atos que não reflitam a missão do Ministério da Igualdade Racial e com a promoção de políticas concretas.

"Trabalharemos nos próximos quatro anos para fortalecer a Lei de Cotas e ampliar a presença de jovens negros e pobres nas universidades públicas", disse Anielle, durante sua cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Entre as medidas, a ministra citou que buscará "aumentar a visibilidade" e a presença de servidores negros e negras em cargos de decisão da administração pública. "Relançaremos junto a ministérios parceiros o plano juventude negra viva, que promoverá ações que visem a redução da letalidade contra a juventude negra brasileira e a ampliação de oportunidades para jovens de nosso país. Avançaremos em uma articulação interministerial pelo fortalecimento da política nacional de saúde integral da população negra", afirmou.

A ministra garantiu ainda a retomada de programas que levem direitos para também as comunidades quilombolas e ciganas. "Incidindo para a regularização fundiária, a infraestrutura, a inclusão produtiva e o desenvolvimento local com direitos e cidadania para estes povos. Será, também, a partir da maior estruturação e fortalecimento do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial que iremos realizar ações que busquem a equidade racial em diálogo com todos os municípios, estados e órgãos da União", acrescentou, mencionando que são medidas para "recuperar o que foi destruído e fortalecer e ampliar o legado de várias gerações".

Anielle pediu também a colaboração dos outros ministérios para reconstruir "um novo Brasil" coletivamente. "O compromisso com a Igualdade Racial no Brasil não pode ser o compromisso apenas deste Ministério", defendeu.

 Para comemorar o mês dedicado a Consciência Negra, a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco irá realizar, na próxima quarta-feira (30), às 14h, um evento para debater sobre Cotas Raciais no Ensino Universitário como Meio Regulatório de Inclusão Social.

O evento, que será realizado na Plenária da OAB-PE, contará com palestras ministradas pela presidente da Comissão de Educação Jurícia, Emília Queiroz, pela presidente da Comissão de Igualdade Racial, Débora Gonçalves, e pela presidente da Comissão de Relações Estudantis, Ste Vilela.

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No final do mês de agosto, a Lei de Cotas completa dez anos e o Fantástico realizou uma reportagem especial sobre o assunto. O economista e ex-BBB Gil do Vigor relembrou a sua entrada na Universidade Federal de Pernambuco, em 2016.

- Eu me formei pela Universidade Federal de Pernambuco, em economia e fui cotista, com muito orgulho, começou.

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Gil então relembrou do seu primeiro dia na faculdade:

- Eu cheguei na universidade 6h. As aulas, seriam 7h30, então cheguei às 6h, que estava extremamente ansioso. (...) Eu não me sentia parte daquilo, eu não achava que eu conseguiria conviver com aquelas pessoas, mas, ao mesmo tempo, eu não permiti que esse sentimento tomasse conta de mim.

Neste mês, Gil embarcou para os Estados Unidos para fazer o seu doutorado na universidade da Califórnia, em Davis:

- Eu preciso acreditar em mim, o quanto a gente tem que falar para as pessoas, para os jovens, que entram na universidade, que são pobres, que são pretos, que passam vários tipos de discriminação dentro da universidade, tanto privada quanto pública, que ele merece estar ali, que ele é bom.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou a adoção obrigatória de cotas em todos os cursos de pós-graduação stricto sensu. A decisão foi tomada hoje (15). Todos os processos de seleção para o mestrado e o doutorado deverão ofertar vagas específicas para pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência nos seus processos de seleção. 

A decisão atende uma reivindicação da Associação dos Pós-Graduandos (APG). A entidade vinha realizando uma campanha chamando atenção para a importância de medida e organizou um manifesto online que recebeu mais de 600 assinaturas.

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"As políticas de ações afirmativas no Brasil são destinadas à reparação das desigualdades educacionais, fruto de processos discriminatórios estruturais de nossa sociedade, tais como o racismo, a transfobia e o capacitismo. As universidades como espaços educacionais por excelência, protagonistas na produção de políticas públicas, devem aliar suas políticas de desenvolvimento científico e tecnológico ao desenvolvimento social e à inclusão", dizia o texto.

A adoção das cotas foi decidida por unanimidade pelo Conselho de Ensino para Graduados (CEPG), órgão composto por docentes, representantes de estudantes e de servidores técnico-administrativos da UFRJ. Foi aprovada resolução que fixa em pelo menos 20% as vagas para pessoas pretas, pardas e indígenas e 5% para pessoas com deficiência. Os cursos podem, a partir de estudos técnicos, estabelecer percentuais superiores.

A resolução estabelece ainda que os processos seletivos devem reforçar a pontuação das mulheres em situação de parentalidade (mães que tiveram filhos por adoção ou gestação nos últimos cinco anos). As notas de seus currículos deverão ser multiplicadas por um fator de correção entre 1,05 e 1,2. Outro dispositivo fixa que estudantes em situação de hipossuficiência econômica devem ser priorizados na distribuição de bolsas.

"São muitos avanços em relação ao que já ocorria na UFRJ. Outra conquista muito importante foi a criação das comissões de heteroidentificação para as pessoas pretas e pardas. É um processo que já ocorre na graduação e nos concursos públicos da universidade e agora também ocorrerá na pós-graduação", diz Jorge Marçal, doutorando no curso de Educação da UFRJ e secretário-geral da APG.

A APG defendia ainda a garantia obrigatória de vagas para pessoas trans e quilombolas. A resolução deixou essa medida como algo opcional e os cursos poderão adotá-la, desde que condicionada à realização de estudos técnicos. A discussão sobre a obrigatoriedade foi remetida para o Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da UFRJ. Não há prazo para que a pauta seja apreciada. 

Diferente da graduação, não existe uma lei federal sobre ações afirmativas na pós-graduação. Sem nenhuma legislação impositiva, as regras variam de curso para curso e muitos deles não possuem nenhum tipo de reserva de vagas. Segundo um relatório interno da UFRJ, em 2020, apenas 55 dos 132 programas de pós-graduação possuíam algum tipo de cotas. As ações afirmativas eram mais comuns nos cursos de ciências humanas e raras em cursos de ciências exatas.

Com a decisão, a UFRJ se junta a outras universidades federais que já adotam a medida há mais tempo. A reserva de vagas em cursos de mestrado e doutorado também já é realidade nas universidades federais da Bahia (UFBA), do Espírito Santo (UFES), do Piauí (UFPI), de Mato Grosso (UFMT), de Alagoas (UFAL), de Minas Gerais (UFMG), entre outras.

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