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O Brasil, e principalmente Pernambuco, é conhecido pela sua diversidade cultural. Um dos representantes da cultura popular é o Balé de Cultura Negra do Recife- Bacnaré, fundado em 1985, pelo Filho de Santo, professor, pesquisador e coreógrafo Ubiracy Ferreira. A bisavó dele foi escrava. Na senzala, ela entrou em contato com a Capoeira e participava dos Maracatus. As influências das danças afro-brasileiras e também da religião Candomblé passaram de geração em geração até chegar aos olhos de Ubiracy, cuja luta era pela preservação e reconhecimento de sua cultura. Em outubro do ano passado, o fundador do Balé Bacnaré faleceu, aos 75 anos, devido a um câncer na próstata. 

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No entanto, o legado cultural de Ubiracy continua vivo na sua família. Atualmente, o Bacnaré está sob responsabilidade do filho Thiago e da viúva Antônia Ferreira, presidente e vice respectivamente. A atual sede fica na própria residência de dona Antônia, uma casa simples, no Bairro da Bomba do Hemetério, local onde são realizadas oficinas de máscaras, ensaios de dança e de percussão do Maracatu Sol Nascente, que nasceu dentro do Balé. Além destes, o balé também trabalha a capoeira, o caboclinho, samba de roda e o pastoril, que integra o ciclo de festas natalinas do Nordeste. 

O primeiro espetáculo realizado pelo Bacnaré foi Memórias, em meados dos anos 1980, com coreografia e história próprias, retratando a vinda dos escravos para o Brasil. Nos anos 2000, ele ganhou uma nova apresentação, no Teatro Santa Isabel, em homenagem ao fundador Ubiracy que, inclusive, foi o primeiro negro a se apresentar no local, palco de vários espetáculos e ensaios do Bacnaré. De acordo com Antônia, a renda adquirida com as apresentações realizadas no Santa Isabel é totalmente revertida para o balé. 

O contato do Bacnaré com as raízes africanas também veio através dos festivais internacionais. Nas viagens, os integrantes realizam um intercâmbio cultural com alguns representantes de tribos africanas como os Zulus, Camarões e os Massais. “Enquanto eles ficam admirados com a nossa capoeira, nós ficamos maravilhados com a cultura de raiz”, comenta Antônia. 

O LeiaJá visitou a casa de Antônia e conferiu o espaço no qual os ensaios são realizados. O local é pequeno para comportar cerca de 40 pessoas, mas, segundo dona Antônia, quando não é possível ensaiar no terraço, eles vão para a rua. Os recursos do Bacnaré vêm de iniciativas próprias dos membros, com confecções de bonecas de orixás, chaveiros e camisas. O balé também participa do edital Ponto de Cultura, que é promovido pelo Ministério da Cultura, porém o valor só cobre os custos das realizações de oficinas. 

Muito além de um espaço cultural, o Bacnaré também tem um cunho social. Com integrantes de sete a 49 anos, o balé resgata muitas crianças, que estão sem rumo na vida, e as trazem para um mundo de possibilidades. “Só o esporte e a cultura podem tirar os meninos das ruas”, completa dona Antônia. A entrada no balé é voluntária, com uma pequena ajuda de custo aos integrantes em dias de espetáculos. “É importante que a pessoa tenha um compromisso sério e real com nosso balé”, lembra dona Antônia.

O Bacnaré tem o apoio de algumas empresas, mas quer distância de atos de politicagens. Dona Antônia conta que alguns políticos já se ofereceram para ajudar na realização de eventos do balé, mas ela rejeita. “Não aceitamos propostas de políticos que buscam ganhar através do auxílio ao balé. É como se tirassem nossa liberdade. Iríamos trabalhar para outra pessoa”, declara. Entre apresentações nacionais e internacionais, o Balé Bacnaré já conquistou 165 prêmios.

Em busca de recursos

Através da integração do balé ao projeto Bombando Cidadania, que proporciona visita de turistas a alguns pontos culturais do bairro da Bomba do Hemetério, o Bacnaré ganhou ainda mais visibilidade, principalmente na mídia. A riqueza cultural do balé é tão grande, que chamou atenção de várias pessoas interessadas em ajudar a companhia. A partir disso, surgiu a iniciativa de colaboração na plataforma Impulso, a fim de arrecadar fundos para a reforma da sede provisória. 

A reforma consiste na implantação de um letreiro com o nome do balé; na pintura; e na mudança de piso do local. Além disso, também está prevista a criação de um salão, na parte de trás da atual sede, para os integrantes realizarem seus ensaios. Ao LeiaJá, dona Antônia conta que tem planos maiores para o balé. “Eu queria que o Bacnaré tivesse uma sede própria, em outro lugar, com mais espaço para os ensaios e para guardar os materiais”, comenta. A professora aposentada vai mais além: “Queria que o Bacnaré se transformasse num espaço cultural para atender também as escolas, pois nossa cultura precisa ser ensinada e preservada. Temos muitos arquivos que dariam para fundar uma biblioteca e videoteca”.

A proposta é divida em duas etapas. A primeira tem o objetivo de arrecadar R$ 3 mil. Com o alcance desse valor, começa a segunda fase, na qual será preciso arrecadar R$ 30 mil. Restam apenas 35 dias para encerrar a primeira etapa e, até o momento, foram doados R$ 665, vindos de sete pessoas. Para ajudar na preservação desse tesouro da cultura afro-brasileira, basta acessar o site do Impulso e seguir o passo a passo. “A gente está suplicando, pedindo por doações”, ressalta dona Antônia. 

Carnaval

Muitos membros do Maracatu Sol Nascente são integrantes do Balé Bacnaré. Desde muito tempo, eles participavam da tradicional abertura de Carnaval comandada por Naná Vasconcelos. Mas em 2011, eles deixaram de se apresentar junto aos batuqueiros. Isso porque o Sol Nascente tem uma política de não participar de competições. Segundo dona Antônia, “a cultura não é para competir, mas sim para fazer bonito”.

Na época da exclusão, Ubiracy havia ficado profundamente triste. Emocionada, dona Antônia relembra a fala do falecido marido no Carnaval do ano passado. “Enquanto arrumava o estandarte, ele chorava e dizia que este seria seu último carnaval. E acabou sendo mesmo”, comenta.

A organização do Maracatu reivindicou com a atual secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e no Carnaval deste ano eles voltam a se apresentar juntamente com Naná Vasconcelos. Na abertura do próximo dia 28, o Sol Brilhante subirá ao palco do Marco Zero e todos os mestres utilizarão uma camisa com a foto de Ubiracy estampada. “Será uma grande homenagem a um grande mestre”, declara dona Antônia. 

O Maracatu Sol Nascente existe há muitos anos, inclusive a avó de Ubiracy era uma das integrantes. Durante décadas, o maracatu foi desativado, retornando graças ao mestre Ubiracy na comemoração dos seus 50 anos e do aniversário da cidade do Recife. Além da abertura do Carnaval, o Maracatu Sol Nascente também se apresenta na tradicional Noite dos Tambores, realizada no Pátio do Terço.

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O ponto de cultura Cinema de Animação está promovendo desde março deste ano O Anima Olinda, projeto que pretende produzir um Curta em animação sobre Educação Patrimonial e preservação do sítio histórico de Olinda. O projeto é composto por dois grupos, um fixo, com 12 participantes que vão ficar um ano produzindo a animação, e o outro grupo, que será de 8 integrantes, irá passar uma semana aprendendo um pouco sobre animação e participando da criação e montagem do curta.

Os encontros acontecem na primeira semana de cada mês, durante um ano. Para participar é preferível que o candidato tenha de 15 a 30 anos e tenha estudado em escola pública. Os interessados devem se dirigir ao Museu de Arte contemporânea no sítio histórico (MAC), em Olinda. As inscrições ficam abertas até o preenchimento das vagas dentro do tempo disponível antes que se inicie a semana de trabalhos.  

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Serviço:

MAC - Museu de Arte contemporânea no sítio histórico- Olinda

Endereço: Rua 13 de Maio, 157 - Olinda - PE, 53020-170 

Telefone: (81) 3429-2587 ‎

 

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