Quem viu as crianças atendidas pelo Grupo de Apoio à Criança Carente com Câncer (GAC), com sede em um espaço reservado dentro do Hospital Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, brincando animadas na última semana nem imagina as muitas histórias de superação que estão por trás desses rostinhos tão sorridentes. O motivo de tamanha felicidade é fácil de explicar: a festa de Natal especialmente feita para elas com direito a Papai Noel, presentes distribuídos entre todos, até mesmo pula pula, pipoca e tudo o que se tem direito.
Para os pacientes do GAC, que também atende adolescentes, e para todos os familiares ali presentes na discreta área, a data festiva tem um significado maior: a luta contra o câncer em busca da cura. O sorriso da simpática Raissa Gabriela, 10 anos, revela uma vitória: ela está se recuperando bem melhor do tumor descoberto recentemente, há cerca de seis meses, após sentir dores na área de um dos seus joelhos. O tipo de tumor descoberto em Raissa foi o Osteossarcoma, que afeta, entre as áreas do corpo mais frequente, o fêmur distal, na área do joelho. Faltam duas sessões de quimioterapia para terminar essa etapa. A mãe de Raissa, Daniele, comemora: “Graças a Deus, ela está bem melhor. Quando chegou aqui estava bem abatida e sentindo dor. Eu dou graças a Deus”, agradeceu.
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Festa de Natal do GAC também representa a luta pela vida
Raissa sorria enquanto escutava a mãe e contou que tem um sonho: “Quero ser médica”. Ela falou que o desejo é para ajudar, no futuro, “as criancinhas”. No colégio, as boas notas revelam que ela pode estar no caminho certo. Sobre o Natal que será diferente de todos os demais, Danielle fala que tudo mudou rapidamente, mas que fortaleceu a família. “A família fica mais unida”, disse brevemente ao se despedir.
Crianças que precisam de ajuda
Para manter o trabalho, o GAC tem tentado sensibilizar a sociedade pernambucana sobre a importância de adotar uma criança carente para ajudar no tratamento. Crianças como Ewellyn de Lima Feitosa, 4 anos, de Garanhuns, precisa da ajuda da população.
Ewellyn teve que retirar um tumor ocular. Mas quem disse que isso a desanimou? A tia de Ewellyn, Janaína Barros, que a acompanhou para a festa, diz que ela está sempre sorrindo, brincando e dançando. Também contou detalhes da descoberta do câncer. “Ela tinha uma bola branca no olho. Aí a levamos para o médico em Garanhuns, que transferiu para a UPA, mas foi apenas no Recife que tivemos o diagnóstico final. Ela fez a cirurgia para tirar o glóbulo. A Ewellyn perguntou, no começo, o que aconteceu com um dos seus olhos, mas agora brinca, sorri, vê tudo perfeito, vê mais do que todos nós”, contou.
Ewellyn teve que passar por uma cirurgia para a retirada de um olho, mas a menina não se abala
Com as taxas baixas, Ewellyn parece não se importar e mostra quer aproveitar o momento. “Tudo isso une a família, cada um ajuda um pouco. O Natal bom mesmo era o que a gente está em casa, mas é assim mesmo. Ela sentia muita dor, mas não sente mais nenhuma dor. Passou e isso que importa”, falou.
A luta de Rebeca contra a leucemia
A luta de Rebeca, de apenas 2 anos e 10 meses, pela vida também é intensa. Há pouco mais de um ano, exatamente no dia 15 de dezembro do ano passado, ela foi diagnosticada com Leucemia. A pequena fez seis internamentos no GAC para fazer o tratamento e a etapa foi finalizada. Agora, a medicação está um pouco mais fraca. “Hoje ela está limpa e espero que não volte. Eu só sonho em ver a minha filha bem”, comemorou a mãe Juliete Bezerra, 28 anos, se referindo à doença.
Juliete contou que tudo começou quando ela começou a mancar e, depois, parou de andar durante 10 dias. “Foi pesado, mas hoje penso que tem que ser um dia após o outro”. A família, que é de Sertânia, enfrenta ainda a dificuldade de locomoção: no ônibus que é disponibilizado pela prefeitura, são cinco horas até chegar à capital pernambucana
Rebeca não tem nem três anos e já luta contra a leucemia
“Aprendi muita coisa sobre o amor ao próximo. Temos que evitar ficar sofrendo porque há sempre uma pessoa sofrendo muito mais. Não devemos ser egoístas, muitos não sabem realmente o que é um problema”, declarou.
O pai Geovanne Ferreira disse que a vida passa a ter outro sentido e que as reclamações diminuem e falou sobre o seu sonho. “Reclamamos menos e nos unimos mais. Só quero que ela tenha sua vida e que ela saia desse sofrimento. Todo mundo em casa reunido”.
Gesse é um super-homem
Gesse Daniel da Silva, 6 anos, também participou da festa de Natal do GAC, mas parecia visivelmente cansado. Mesmo assim, esperou até a hora do papai Noel chegar com os presentes. Ele o aguardou ansiosamente. Questionado sobre qual presente de Natal que gostaria de ganhar, Gesse parece esquecer um pouco o cansaço. “Eu quero um boneco do super-homem porque é o muito legal”. Mal sabe ele que já é um próprio herói da vida real.
O garoto, há cerca de 6 meses, começou a sentir uma forte dor de cabeça. Após a tomografia, o resultado: um tumor maligno. A avó Rosangela Monteiro, 55 anos, contou que ele já passou pela cirurgia e, agora, está nas sessões de quimioterapia. Apesar de ver o cabelo cair, ela garante que Gesse está reagindo bem. “É tudo muito difícil, mas é preciso confiar em Deus. Não podemos reclamar porque a gente não sabe o que pode estar por vir”.
Ela também falou que a experiência no GAC tem sido muito importante e agradece o apoio recebido. “Todos do GAC são importantes neste momento. Só tenho a agradecer porque somos bem atendidos aqui. Não tem o que reclamar”, elogiou.