O que fazer depois de ser aprovado na 'peneira' de um clube? O jovem atleta que busca seguir com a carreira rumo ao profissional precisa ter a ciência de que erros não são permitidos. Deslizes podem acontecer, mas, se for considerada grave, uma falha pode acabar precocemente com a carreira de quem sonha em jogar futebol. Hora de saber o que fazer, mas, principalmente, o que não fazer quando estiver dentro do clube.
Os primeiros passos
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Feliz, provavelmente está o atleta que foi aprovado em uma peneira ou avaliação para integrar uma equipe de base de um grande clube. Porém, é preciso lembrar de tudo que o motivou a chegar até ali. Afinal, entrar nas categorias de base não é o fim da maratona rumo ao profissional, é apenas o começo. Podem se passar anos, em alguns casos até dez anos até que o jogador seja convocado para jogar no time principal.
"A gente recebe, por ano, cerca de 2,5 mil pessoas querendo uma vaga. Dessas, poucos se aproveitam: às vezes mais, outras vezes menos, mas a média é de 10 atletas por ano. A partir dali, ele precisa ir mostrando seu valor para avançar cada categoria até o sub-20, que é a última etapa antes de integrar o elenco profissional", conta Bleno Porfírio da Cruz Júnior, diretor do departamento de base/Futsal do Santa Cruz.
Nem todos fazem o caminho inteiro dentro do clube. No caso do meia Renatinho, a chegada no Santa veio aos 17 anos, mas demorou para convencer de que não era só mais um 'baixinho esperto'. "Sempre tem a desconfiança, dos treinadores, dos colegas. Eu mostrei diferente, que eles estavam errados. Quando me olhavam baixo, eu pensava alto. É você quem vai decidir o que você quer e qual obstáculo dá, ou não, para vencer. Vença seus pensamentos e você vai longe", diz o atleta.
O caminho é a superação
Distância da família, várias festas e atividades com amigos que serão canceladas, adaptação a uma nova rotina, às vezes em uma nova cidade, são dificuldades que todo atleta enfrenta. O sonho de se tornar profissional é o que mantém a chama acesa nas horas difíceis e é a vontade de vencer e a entrega que irão garantir a continuidade do desenvolvimento.
"O atleta precisa ter ciência de que precisará abdicar de algumas coisas. Ele está ali para ser profissional, e parte disso envolve o sacrifício. É preciso ter a cabeça no lugar e o foco sempre no sucesso, é isso que vai ajudá-lo na hora de encarar os treinos e também competições, que é onde o jogador mostra todo seu potencial e confirma que é um talento", afirma o coordenador técnico da base do Sport, Rodrigo Dias.
A evolução do atleta é o que faz com que ele passe por cada categoria até o momento em que passa do sub-20 ao elenco profissional. Para atingir este auge, é preciso mostrar que a maturidade chegou, o que não é fácil. "O jogador vai crescendo a cada dia, cada jogo. É nesses momentos que você sabe quem é jogador que só treina bem e quem tem capacidade de subir. Quando ele vai evoluindo, se destacando, a maturidade, confiança e experiência vão aparecendo. Isso nos mostra que ele cresceu bem e a gente pode apresentá-lo ao treinador do time principal", ressalta o auxiliar técnico do Náutico, Levi Gomes.
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Um erro pode ser o último
São muitas as tentações que podem tirar o foco, principalmente de alguém jovem, que no sub-20 já tem um salário, mesmo que pequeno, e está chegando perto da idade de ser promovido. Achar que está pronto, antes da hora, não é o ideal. Pode tirar a disciplina em um momento onde ela é mais exigida. "Achar que porque melhorou um pouco a condição financeira e que não tem mais o que evoluir é um erro grave. A competição é dura e quem dá espaço à concorrência, perde tudo que conquistou. É preciso estar ciente de que você sempre tem como aprender. Se o atleta pensa que não, age com soberba, encerra a carreira precocemente", destaca Rodrigo Dias.
A motivação é o que move o jogador profissional. E se o atleta da base espera chegar um dia no time principal, tem que saber utilizar dessa ferramenta. "É preciso ter disciplina. Se dedicar não somente nos jogos, mas no treinamento, no cotidiano. É assim que você conquista seu espaço. O comportamento, a disciplina e a postura têm que mostrar que você não vai se deixar abater pelas dificuldades. Se cada vez que as coisas dificultam, o jogador se abate, ele nunca irá conseguir chegar lá", diz Levi.
Exemplos de superação não faltam. Jogadores como Renatinho (Santa Cruz) e Everton Felipe (Sport) enfrentaram a mudança de cidade, a distância para os amigos e várias outras situações que podem derrubar o jogador emocionalmente. Essa é a hora em que estar ciente do que deseja pode ser o diferencial para alcançar o resultado final.
É hora de entrar!
A subida ao profissional vem, normalmente, no sub-20. É a categoria de acesso, na qual o atleta já venceu todas as etapas e o jogador mais precisa 'mostrar serviço', pois todos estão de olhos bem atentos nele. Afinal, nunca se sabe quando o clube irá precisar dos prata da casa para reforçar o elenco principal.
"Se depender do atleta, ele sobe logo que chega ao clube, mas é um processo. A gente avalia com calma, nós da comissão e o treinador iremos ver nas competições se o jogador está em condições de subir. Se a gente tiver a convicção de que ele já tem o suficiente para disputar no profissional, a gente conversa com o treinador do time principal, oferecendo a opção. Sem falar de que fazemos muitos treinos colocando o sub-20 junto ao profissional, isso ajuda a observar se o atleta já está em um nível próximo", conta Rodrigo.
É nessa hora que todo o esforço, desde o futsal com 7 anos de idade, mais os vários anos dedicados aos treinos e competições que o jogador enfrenta, é recompensado. O primeiro contrato profissional, não raramente surge em outras idades. Mas é usual que apareça aos 21 anos de idade. O sonho de se tornar um profissional da bola se concretiza na assinatura e a partir daquele momento a realidade em que o atleta passa a viver é outra.
As dicas de quem já lutou, passou por tudo isso, e está jogando profissionalmente você confere na terceira e última matéria do especial 'Quero ser jogador': quem já venceu, dá as dicas.
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