Um homem de 27 anos foi inocentado das acusações de estupro na Irlanda. O caso tem ganhado uma repercussão internacional porque a advogada do réu defendeu que a calcinha usada pela vítima, de 17 anos, era um sinal de seu consentimento. A hashtag #ThisIsNotConsent (Isto não é consentimento, em inglês) tem se popularizado.
Durante o julgamento, a advogada Elizabeth O'Conell pediu que o júri levasse em consideração a roupa íntima usada pela vítima. "Vocês têm que olhar para o jeito como ela estava vestida. Ela estava usando uma calcinha fio-dental com laço na frente", disse a advogada, segundo o jornal irlandês The Irish Times.
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Com a absolvição do acusado, foi levantado um debate sobre culpabilização no país. Com roupas íntimas na mão, a população protestou em pelo menos cinco cidades irlandesas na última quarta-feira (14).
Também como forma de protesto, mulheres penduraram roupas íntimas em varais no centro de Dublin, capital da Irlanda. Em Cork, onde houve o julgamento, os manifestantes colocaram lingeries nos degraus do tribunal.
"Meu problema não é apenas a advogada, mas o sistema que permite isso", disse Mary Crilly, diretora do Centro de Violência Sexual de Cork e uma das líderes dos manifestantes, segundo o The New York Times. "A culpa nunca é dela. Estamos permitindo que os criminosos se safem", complementou.
Na terça-feira (13), Ruth Coppinger, que integra o parlamento irlandês, tirou uma calcinha da manga durante debate público como forma de protestar contra o resultado do julgamento. "Sentimos que era necessário mostrar que é incongruente mostrar uma calcinha no Parlamento, e é incongruente que uma mulher em um julgamento de estupro veja também no tribunal. Se nós sentarmos no Parlamento silenciosamente esperando por mudança, nós não vamos conseguir", disse Coppinger. O momento em que a deputada mostra a calcinha no Parlamento pode ser visto abaixo na marca de três minutos e dez segundos.
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