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A atacante Jenni Hermoso testemunhou nesta terça-feira no caso que investiga o beijo que o então presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, deu na jogadora, ao fim da Copa do Mundo feminina, em agosto do ano passado. Discreta, ela se apresentou a um tribunal de Madri.

"Tudo correu bem. O processo judicial vai seguir o seu curso. Gostaria de agradecer pelo apoio que muitos de vocês tem dado a mim", comentou, de forma breve, a atleta, na saída do tribunal. Ela esteve no local na companhia dos seus advogados.

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O depoimento foi feito a portas fechadas. A imprensa espanhola disse que Hermoso pediu ao juiz que mantivesse sua presença no tribunal o mais discreta possível. Ela chegou vestindo um casaco cinza e acenou para os jornalistas antes de entrar no tribunal por uma de suas entradas principais.

A expectativa era de que Hermoso reiterasse na corte suas alegações de que o beijo não foi consentido e que Rubiales e sua equipe tentaram pressionar ela e sua família a esquecer o incidente, que marcou a cerimônia de premiação da Copa do Mundo, na Austrália.

Os promotores públicos da Espanha acusaram Rubiales de agressão sexual e coerção, alegando que ele tentou convencer Hermoso e seus parentes a minimizar publicamente o beijo. Nesta terça, o juiz do caso também vai ouvir depoimentos de outras jogadoras, treinadores e dirigentes da federação espanhola, antes de decidir se iniciará um julgamento.

Rubiales já negou qualquer irregularidade ao juiz que lhe impôs uma ordem de restrição para não entrar em contato com Hermoso. Ele renunciou ao cargo de presidente da RFEF e também de vice-presidente da Uefa, diante da forte repercussão mundial do caso, principalmente após pressão da Fifa, que impôs suspensão ao então dirigente.

A Fifa baniu o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) Luis Rubiales por três anos após o dirigente beijar sem consentimento a jogadora Jennifer Hermoso durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo Feminina, em agosto deste ano.

O Comitê Disciplinar da entidade considerou nesta segunda-feira (30) que Rubiales, que renunciou poucas semanas após o episódio, é culpado de violar o artigo 13, aquele sobre a violação das regras de fair play, integridade e lealdade.

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Rubiales já estava suspenso provisoriamente por 90 dias. Agora, sua desclassificação se aplica a todas as atividades nacionais e internacionais relacionadas ao futebol. Ele, no entanto, poderá recorrer da decisão.

No mês passado, o Ministério Público da Espanha chegou a formalizar uma denúncia de agressão sexual contra Rubiales em decorrência do beijo na boca forçado em Hermoso. O dirigente, porém, pediu desculpas pela atitude durante a cerimônia de premiação em Sydney, na Austrália, depois da final da Copa do Mundo feminina, a qual a Espanha venceu.

Ao longo da cerimônia, Rubiales distribuiu beijos no pódio, mas o episódio envolvendo Hermoso chamou atenção, pois o cartola abraçou a meia-campista do Pachuca, segurou seu rosto e a beijou na boca. A atleta, que foi titular na vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra, disse em uma live pós-jogo no vestiário que "não gostou" da atitude de Rubiales.

Da Ansa

A queda de Luis Rubiales da presidência da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) não foi o suficiente para acalmar a crise na seleção espanhola feminina. Mesmo com o pedido de 39 jogadoras (entre elas, 21 campeãs mundiais) para não serem convocadas, a técnica Montse Tomé divulgou sua primeira lista de relacionadas com 15 atletas que estiveram na Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. Pivô do caso de Rubiales, Jenni Hermoso não foi chamada e rebateu a justificativa da nova treinadora.

Em suas redes sociais, ela publicou um comunicado em apoio às colegas que foram convocadas, mesmo contra vontade, e ainda respondeu à nova treinadora espanhola, contratada para o lugar de Jorge Vilda, demitido semanas após a conquista inédita do Mundial.

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"Proteger-me do quê? E de quem?", perguntou a atacante do Pachuca em seu texto. Ela teve seu pedido de não convocação atendido, mas os motivos apresentados pela nova técnica da Espanha não a convenceu. Pelo contrário, a irritou. Montse Tomé justificou a ausência de Jenni afirmando que "a única forma de ajudá-la é ouvi-la. Acreditamos que a melhor forma de protegê-la é assim."

"Nós estamos procurando a semanas - até meses - por proteção da RFEF que nunca aconteceu. As pessoas que hoje pedem nossa confiança são as mesmas que hoje divulgaram a lista de jogadoras que pediram para que NÃO fossem chamadas", disse Jenni Hermoso em determinado trecho.

A atacante, que foi beijada à força por Rubiales no momento da premiação, ainda fez sérias acusações sobre a entidade espanhola. "As jogadoras estão certas de que isso é outra estratégia de divisão e manipulação para nos intimidar e ameaçar com repercussões legais e sanções econômicas", explicou. "É mais uma prova irrefutável que foi mostrada hoje de que nada mudou."

JOGADORAS SE APRESENTAM SOB PROTESTO E AMEAÇA DE PUNIÇÃO

As atletas espanholas se apresentaram com protestos sob a ameaça de multa e suspensão caso optassem por não servir à seleção. Vinte das 23 convocadas emitiram um comunicado na última sexta-feira dizendo que não estariam dispostas a jogar pela Espanha se mudanças efetivas na RFEF não fossem feitas. Muitas disseram que ficaram surpresas com a convocação anunciada na segunda, mesmo com o pedido para que Montse Tomé não o fizesse.

Porém, segundo a legislação desportiva da Espanha, as atletas são obrigadas a servir à seleção em caso de convocação. As únicas exceções são causadas por lesões ou problemas pessoais. Em caso de recusa de uma convocação, há punições. A multa pode chegar a 30 mil euros (aproximadamente R$ 156 mil), além de uma suspensão que pode durar de dois a 15 anos da federação.

Seis jogadoras do Real Madrid já chegaram a um hotel na capital da Espanha para a concentração, antes de seguirem à cidade de Valência. Lá, espera-se que todas as atletas se reúnam para os compromissos pela Liga das Nações da Uefa, contra Suécia e Suíça.

Autoridades espanholas se manifestaram sobre as possíveis sanções. Victor Francos, presidente do conselho superior do esporte da Espanha, disse que irá se encontrar com as atletas em Valência para conversar sobre a convocação. "Se as jogadoras não comparecerem, o governo fará o que tem de fazer, que é aplicar a lei", disse o político. "Infelizmente, a lei é a lei, mas ainda espero que possa haver uma solução. Vou falar com as jogadoras. Vou tentar."

Miquel Iceta, ministro da Cultura e Esportes, conta que não imagina que as atletas sejam punidas e apelou à Rfef para que faça as alterações necessárias. "A RFEF não tem o direito de privar a Espanha da seleção feminina, especialmente depois de ter vencido a Copa do Mundo", declarou.

A mãe de Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), recebeu alta nesta quinta-feira (31) depois de ser internada em razão da greve de fome que iniciou na segunda-feira para defender o filho, duramente criticado por beijar na boca a atacante Jenni Hermoso durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo feminina. A atleta afirma que não houve consentimento no beijo, enquanto o dirigente discorda.

Segundo o jornal espanhol Marca, Ángeles Béjar deu entrada no Hospital Santa Ana de Motril, em Granada, com problemas de locomoção, enjoo, náusea e inchaço nas pernas, agravados por uma doença renal crônica. Ela deixou o pronto-socorro da unidade acompanhada do filho, colocando fim à greve de fome depois de três dias.

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Rubiales é presidente da RFEF e se negou a renunciar em meio à polêmica, mas foi afastado do cargo pela Fifa por 90 dias enquanto uma investigação é conduzida. Ángeles Béjar entrou em greve de fome e decidiu se trancar dentro de uma igreja na cidade de Motril, na região de Andaluzia, como protesto contra o que considera uma campanha para difamar o filho.

Existia a expectativa de que Rubiales renunciasse à presidência da RFEF na última sexta-feira, durante assembleia extraordinária da federação espanhola. Porém, o encontro foi usado pelo dirigente para se defender, afirmando que o ato foi consentido, e dizer que não iria entregar o cargo.

Após o anúncio de Rubiales, a jogadora Jenni Hermoso publicou uma nota, por meio do sindicato FutPro, para rebater e reiterar que o beijo não foi consentido. O comunicado também foi assinado pelas companheiras de seleção da atacante, que afirmam que não irão mais defender a Espanha enquanto "os atuais dirigentes continuarem no comando".

Na sexta-feira, às 19h (horário local), será realizada uma manifestação na Praça da Aurora de Motril por diversas associações sociais e femininas de Granada em apoio à Jenni Hermoso. A jogadora está de férias e se prepara para retornar ao México, onde defende o Pachuca, time da primeira divisão local.

A Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) pediu à Uefa, nesta segunda-feira, a suspensão da própria entidade em todas as competições internacionais, afetando os clubes da Espanha e a seleção do país. A iniciativa é uma tentativa de defender Luis Rubiales, presidente da RFEF, de possíveis interferências governamentais que tentam tirá-lo do poder.

Desde que beijou à força a jogadora Jenni Hermoso na final da Copa do Mundo feminina, o mandatário tem sofrido duras críticas por seu comportamento, das mais diversas partes do planeta. Foram inúmeras as manifestações para que saísse do poder após o episódio. A medida da Federação é vista como uma forma de silenciar justamente aqueles que o criticam, que inclui ministros do governo espanhol, que pediram a destituição de Rubiales.

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A medida impediria todas as equipes da Espanha de disputar competições como a Liga dos Campeões, por exemplo. Isso poderia influenciar a opinião pública a favor de Rubiales, fazendo com que continue em seu cargo como presidente da entidade. A tendência é que a Uefa não conceda essa suspensão à Federação Espanhola, de acordo com a agência de notícias The Associated Press.

As entidades que regem o futebol ao redor do mundo têm regras que proíbem a interferência de governos e políticos nas federações. Rubiales foi suspenso pela Fifa por 90 dias. Assim, não poderá participar de qualquer evento que esteja ligado ao futebol.

O pedido é algo inédito. Nunca na história uma federação pediu à Uefa para que deixe de participar de torneios europeus. O objetivo era influenciar grandes e populares clubes como Real Madrid e Barcelona a aderir à causa de Rubiales, além da seleção masculina. Além de presidente da federação, ele também é vice-presidente da Uefa. A suspensão da Fifa continua válida enquanto o processo disciplinar estiver ocorrendo.

Após acionar a Procuradoria-Geral da Espanha, a direção do Real Madrid veio a público nesta segunda-feira para criticar os ataques racistas reiterados que Vinicius Júnior vem sofrendo no futebol espanhol e culpar o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, pela repetição das ofensas. O clube alega que a falta de punição estimulou os ataques. O brasileiro, por sua vez, publicou vídeo com um compilado de atos racistas do qual foi vítima nos últimos meses.

"Estamos surpresos com as declarações do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, porque sendo o maior responsável do futebol espanhol e da área de arbitragem, permitiu que não fossem tomadas medidas contundentes, de acordo com os protocolos da Fifa, para evitar a situação a que se chega. A imagem do nosso futebol está seriamente danificada e deteriorada aos olhos de todo o mundo", disse o Real Madrid.

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Os protocolos da Fifa, citados pelo próprio presidente da entidade, Gianni Infantino, nesta segunda, preveem a suspensão temporária da partida, o que chegou a acontecer por cerca de 10 minutos no domingo, e o encerramento antecipado do jogo, caso as manifestações racistas prossigam, que foi o que aconteceu no domingo, na derrota do Real para o Valência por 1 a 0, no estádio Mestalla.

Em repúdio ao episódio de racismo, a direção do Real mirou o presidente da federação, apesar das críticas diretas de Vini Jr. a Javier Tebas, presidente da LaLiga, a entidade que organiza o Campeonato Espanhol.

"Através da sua passividade (Luis Rubiales), tem contribuído para a impotência e a indefesa do nosso jogador Vinícius. Os árbitros, longe de agir com firmeza e aplicar os protocolos regulamentares, optaram na maioria dos casos por se inibir e evitar tomar as decisões de que são incumbidos. Ainda ontem, o árbitro e os responsáveis pelo VAR fugiram das respectivas responsabilidades e tomaram decisões injustas e apoiadas em imagens incompletas, que não foram vistas na íntegra, tendenciosas e que levaram à exibição do cartão vermelho direto ao nosso jogador Vinícius Júnior", registrou o clube.

A direção do Real disse que o caso não foi isolado e pediu providências à federação. "Por todas estas razões, estamos muito preocupados que nenhuma medida tenha sido tomada pela Real Federação Espanhola de Futebol durante todo este tempo, apesar dos evidentes e repetidos sinais de alarme que o nosso clube tem vindo a denunciar."

No início do dia, o presidente do clube, Florentino Pérez, se reuniu com Vinicius Junior para falar das ações que o Real estava tomando em repúdio aos ataques racistas de domingo. O dirigente apresentou denúncia à Procuradoria-Geral da Espanha alegando que "os ataques constituem um crime de ódio". O clube exige que os fatos sejam investigados e apuradas as responsabilidades.

VÍDEO DO BRASILEIRO

Nesta segunda, o atacante brasileiro publicou longo vídeo em suas redes sociais em que apresenta uma espécie de compilado de diversos momentos em que foi alvo de ataques racistas por parte de torcedores, dentro e fora dos estádios da Espanha.

Com legendas em espanhol e em inglês, o vídeo apresenta casos desde setembro de 2022, atravessando as principais cidades da Espanha, como Barcelona, Mallorca, Valencia e na própria Madri, onde torcedores do rival Atlético penduraram um boneco com o seu nome, em uma ponte, simulando enforcamento.

Por fim, o vídeo publicado nas redes sociais do jogador brasileiro apresenta a seguinte mensagem: "Racismo é crime, não punir é ser cúmplice".

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