Uma das figuras mais marcantes e controversas da construção da identidade nordestina, Lampião e as histórias de seu bando fazem parte do imaginário popular até hoje. Hora tratado como alguém cruel e vingativo, hora como um homem bondoso que combatia a injustiça, Virgulino Ferreira da Silva adquiriu status de mito, que resiste ao tempo.
A saga de Lampião foi encerrada quando seu bando foi surpreendido por uma volante (força de segurança da época) na fazenda de Angicos, em Sergipe, esconderijo tido como dos mais seguros pelo cangaceiro. Os últimos dias do Rei do Cangaço são o foco do espetáculo teatral O massacre de Angico – a morte de Lampião, escrito por Anildomá Willans de Souza e dirigido por José Pimentel. A produção é da Fundação Cultural Cabras de Lampião.
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Para contar essa história, o espetáculo é realizado no município de Serra Talhada, a 415 Km do Recife – onde nasceu Lampião e fica a sede da Cabras de Lampião – ao ar livre, sobre um palco com 50 metros de frente e em cenários reais que incluem uma casa de taipa. Os produtores afirmam que vão fazer muito uso de efeitos especiais e de iluminação. A grandiosidade exige que as falas sejam gravadas previamente e apenas dubladas durante as apresentações. “É uma mistura de teatro com cinema”, afirma o diretor José Pimentel, acostumado a grandes produções como as paixões de Cristo de Nova Jerusalém e do Recife.
Cinquenta pessoas, entre atores e figurantes, participam da cena. A maioria é de Serra Talhada, a exemplo de Karl Marx, que interpreta Lampião. “Fui criado ouvindo histórias sobre Lampião”, afirma o ator, ressaltando que a montagem busca um Virgulino mais humano: “Se encontra muito estereótipo nas interpretações de Lampião, que tem muito em comum com qualquer homem sertanejo”, conclui.
O elenco ainda conta com Roberta Aureliano (Maria Bonita), Taveira Júnior (Padre Cícero e Zé Saturnino), Gorete Lima (Dona Bela), Feliciano Félix (Getúlio Vargas), Gilberto Gomes (Giboião), Karine Gaia (Sila), Carlos Amorim (Zé Sereno), Leandra Nunes (Dulce), Carlos Silva (Pedro de Cândido), Diógenes de Lima (Luiz Pedro) e Danúbia Feitosa (Enedina).
As apresentações acontecem desta quarta (25) a domingo (29), na Estação do Forró, em Serra Talhada, sertão pernambucano. Acontece ainda programações paralelas de shows musicais e o IX Encontro Nordestino de Xaxado. Segundo Anildomá Willans de Souza, a intenção é encenar O massacre de Angico anualmente. “A nossa ideia é que seja um espetáculo fixo em Serra Talhada”, avisa o autor.
Confira a entrevista com o diretor da peça José Pimentel:
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Serviço
O massacre de Angico – a morte de Lampião
Quarta (25) a domingo (29), às 20h
Estação do Forró (Serra Talhada – PE)
Informações: (87) 3831 3860 | 9938 6035 | cabrasdelampiao@gmail.com