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Um acordo ente o governo Federal e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) foi responsável pela retirada de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos fabricados entre os anos de 2011 e 2016. A parceria que encerra em 2022 pretende retirar, ao todo, 28,5 mil toneladas de sódio dos produtos.

Segundo informações do Ministério da Saúde, a primeira categoria a reduzir sódio em sua composição foi a de pães, bisnaguinhas e massa instantâneas.   Em 2011, quarto fatias de pão por dia representavam 40% da quantidade de sódio diária (796 mg). Após o acordo, esse índice, em 2016 passou a ser 22% (450 mg). Em 2020, a expectativa é de chegar a 20% (400 mg).

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“É uma área importante já que é a que mais aporta sal na alimentação da população. A parceria com a indústria é essencial para permitir uma redução de sódio na composição dos alimentos”, ressalta a coordenadora-geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.

Durante os cinco anos de vigência do acordo entre governo e a Abia, foi detectada redução no teor de sódio em 30 categorias de produtos da indústria de alimentos, que representam cerca de 70% do faturamento do setor. Confira alguns destaques:

Mistura para sopas: quantidade caiu 65,15%. Antes, eram mais de 300mg de sódio para cada 100g de alimento. Agora, são 115,5mg.

Sopas instantâneas: a redução foi de 49,14%. Quantidade passou de 339,4mg para 170mg por 100g de alimento.

Linguiça cozida a temperatura ambiente: foram registradas reduções de 15,6%.

Linguiça frescal: a redução foi de 10,5%.

Linguiça cozida resfriada: redução de 9,4%.

Queijos e requeijões: reduções de 23,1% e 20,4%, respectivamente.

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (12) o resultado do acordo feito em 2011 com a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) para redução de sódio dos alimentos. Segundo os dados, entre 2011 e 2014, a diminuição atingiu 7.652 toneladas. A meta até 2020 é que sejam retirados 28.562 toneladas.

De acordo com o ministério, as maiores taxas de diminuição ocorreram nos rocamboles (21,1%), bolo aerado (16,6%), maionese (16,23%), bolos prontos sem recheio (15,8%) e bolos prontos com recheio (15%).

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As menores foram biscoito salgado (5,8%), mistura para bolo cremoso (5,9%), biscoito recheado (6,48%), salgadinho de milho (9,4%) e biscoito doce (11,41%). Batata frita e batata palha tiveram redução de 13,71%.

O levantamento se refere à segunda etapa do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados. Nesta etapa, foram analisadas biscoitos, bolos, maioneses e snacks (batata palha e salgadinhos de milho).

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, comemorou os resultados, mas disse que é preciso trabalhar a diminuição dentro das escolas também. "Não adianta comemorarmos essa retirada de mais de 5 mil toneladas de sódio se não tivermos capacidade de trabalhar na alimentação, na merenda escolar, nos hábitos alimentares e na retirada do saleiro da mesa", declarou.

Já o presidente da Abia, Edmundo Klotz, afirmou que a indústria busca, depois que a meta for obtida, substituir o consumo do sal doméstico. "A primeira fase é a retirada do sódio e a segunda, a substituição. Buscamos produtos que substituam o sal ou alternativas de sal com redução de sódio".

O levantamento mostra que, em 2013, das 69 indústrias analisadas, 95% dos produtos conseguiram reduzir o teor máximo de sódio da composição. Aquelas que não conseguiram obter o resultado esperado foram notificadas pelo ministério.

A próxima etapa a ser cumprida pelo pacto será em 2016, quando serão avaliados margarina, hambúrguer, empanados e salsichas. Na primeira fase, em 2011, a diminuição foi de 1.859 toneladas. Foram abordados macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha.

Monitoramento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica uma redução no teor de sódio de pães de forma, bisnaguinhas e macarrão instantâneo fabricados no País. O trabalho, baseado na análise de rótulos de 287 produtos e em exames laboratoriais de outros 54, sugere a retirada de 1.295 toneladas do ingrediente dos três tipos de produtos entre 2011 e 2012, um resultado que atende à meta que havia sido estabelecida num acordo feito com a associação de indústria de alimentos. Os dados sobre a retirada de sódio do mercado são uma estimativa.

O trato, firmado em 2011 entre uma associação de indústria de alimentos e o Ministério da Saúde, estabelecia um cronograma para retirada gradual do sódio - nutriente que é considerado como um fator de risco para doenças cardíacas e renais - dos produtos industrializados no Brasil. A meta estabelecida sempre foi considerada por nutricionistas e integrantes de órgãos de defesa do consumidor muito tímida e, por isso, pouco eficaz.

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Os três produtos escolhidos para a primeira fase do acordo foram as massas instantâneas, os pães de forma e bisnaguinhas. Quando a meta foi estabelecida, o teor máximo encontrado em macarrão instantâneo foi de 2.884 miligramas de sódio para cada 100 gramas do produto.

O pacto era a de chegar, no ano seguinte, com teor médio de 1.960 miligramas. "Como não havia como olhar produto por produto, fixamos um valor médio. Buscávamos uma padronização", afirmou a coordenadora de Vigilância de Agravo e de Doenças não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.

Ela garante que, em 2011, o número de produtos que estava acima da média pactuada era significativamente maior do que o encontrado no ano seguinte. De acordo com o monitoramento realizado, 94,9% das marcas integrantes do pacto superaram a meta estabelecida. "É um passo muito importante, um ótimo resultado", disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

A escolha dos produtos para o monitoramento foi feita de forma aleatória pelas vigilâncias estaduais. Para Deborah, a amostra analisada é significativa diante do que mercado brasileiro. No caso de bisnaguinhas, nove marcas foram submetidas a análises laboratoriais e 13 tiveram a rotulagem avaliada. O Ministério da Saúde não informou quantas marcas de bisnaguinhas existem no País.

Para avaliar o cumprimento das metas de macarrão instantâneo, 172 produtos tiveram rótulo analisado e 29 foram submetidos a análises laboratoriais. No caso de pães de forma, 102 tiveram o rótulo avaliado e 16 sua composição analisada laboratorialmente. O presidente da Associação Brasileira de Indústria Alimentícia, Edmundo Klotz, afirmou que o setor reúne 42 mil empresas e oferta cerca de 800 mil produtos.

O acordo de adesão com a indústria alimentícia estabelece acompanhamento das mudanças de rotulagem e de análises laboratoriais. O brasileiro consome diariamente 12 gramas de sal. O máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 5 gramas.

Pesquisa inédita feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou que 9,2% dos produtos enviados para análise apresentaram uma variação de sódio diferente do que é informado no rótulo. Todos os produtos integram o acordo voluntário firmado entre Ministério da Saúde e indústria alimentícia para redução dos teores do nutriente. Os resultados demonstram tanto variação para mais quanto para menos.

"O número é significativo e mostra a necessidade de se ampliar a fiscalização. Se ocorre com sódio, pode ocorrer também com outros componentes do produto", avalia a nutricionista do Idec, Ana Paula Bortoletto. Entre março e abril, foram enviados para análise 291 produtos, de 90 marcas.

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Do total, 27 apresentaram valores diferentes do informado na embalagem - dez tiveram variação do nutriente superior aos 20% permitidos pela legislação brasileira; e em 17, a concentração identificada no teste foi menor do que a estampada na tabela.

"Valores menores que o informado podem até ser considerados como um fator positivo para saúde. Mas esse é um sinal de descontrole e, principalmente, fere o direito do consumidor de ter acesso à informação correta", assegura Ana Paula.

Em alguns produtos analisados, a diferença é muito significativa. Sete deles apresentaram uma variação da quantidade de sódio superior a 40% daquela informada no rótulo. A análise da salsicha viena Frigor Hans, por exemplo, identificou uma quantidade do nutriente 66,3% maior do que a que havia sido informada no rótulo.

"Diferenças como essas podem comprometer um plano alimentar. Nutricionistas baseiam-se nas tabelas para formar as dietas", afirmou o diretor da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, Rui Povoa. O consumo excessivo do sal é considerado como fator de risco para hipertensão, doença que, por sua vez, pode levar a problemas cardíacos, distúrbios renais e circulatórios.

A Organização Mundial da Saúde recomenda ingestão de, no máximo, 6 gramas diárias do nutriente - o equivalente a 2,4 gramas de sódio. "O brasileiro consome o dobro", diz Povoa. "E boa parte dessa ingestão é proveniente de produtos industrializados", completa.

O ideal, assegura, é fazer uma dieta com frutas, verduras, carnes magras e poucos alimentos industrializados. "Como o sódio é conservante, ele muitas vezes é usado em produtos que nem imaginamos. Não adianta só fugir de comidas consideradas salgadas. Muitas vezes produtos com sabor adocicado têm teor significativo do nutriente", completou.

Variação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que embalagens de produtos alimentícios tragam a tabela nutricional. Ela permite, no entanto, uma variação de 20% a mais ou para menos nas informações da rotulagem. Essa flexibilidade é adotada para compensar eventuais diferenças nos métodos usados para fazer a análise do conteúdo nutricional, para reduzir o impacto provocado por questões climáticas, armazenamento e tempo de vida do produto.

"Não é necessária tamanha margem", critica a nutricionista do Idec. "Essa permissão feita pelo Brasil não ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos. Eles não permitem a tolerância nos valores." A gerente de produtos especiais da Anvisa, Antônia Aquino, afirma não haver nenhuma indicação de mudança na tolerância desse porcentual.

A agência tem um programa para monitorar a quantidade de sódio de diversas categorias de alimentos. Quando diferenças são encontradas, afirma Aquino, empresas são notificadas para corrigir as embalagens. De acordo com ela, a Anvisa não recebeu formalmente os resultados do trabalho feito pelo Idec. Mesmo assim, a agência poderá solicitar uma fiscalização para verificar tais incorreções e tomar ações necessárias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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