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A contratação do argentino Eduardo Coudet pelo Internacional fez a Série A do Campeonato Brasileiro ter pela primeira vez na sua história mais técnicos estrangeiros do que brasileiros. A todo, são 11 treinadores nascidos fora do País trabalhando no Brasileirão contra nove de origem nacional, sendo dois interinos, superando o número histórico do início da competição, quando os "gringos" representavam 50% do total.

Sete dos estrangeiros contratados vêm de Portugal: Bruno Lage (Botafogo), Abel Ferreira (Palmeiras), Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino), Pepa (Cruzeiro), António Oliveira (Cuiabá), Renato Paiva (Bahia) e Armando Evangelista (Goiás). A legião estrangeira é completada por outros quatro comandantes argentinos: Jorge Sampaoli (Flamengo), Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza), Eduardo Coudet (Internacional) e Ramón Díaz (Vasco). Athletico-PR e Coritiba são as únicas equipes sem treinador neste momento e trabalham com interinos.

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Entre os estrangeiros da Série A, apenas Bruno Lage, Eduardo Coudet e Ramón Díaz ainda não estrearam por suas respectivas equipes. Desde o início do Brasileirão, quatro técnicos de fora do Brasil mudaram de ares: Luís Castro deixou o líder Botafogo para treinar o Al-Nassr, time de Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita; Coudet foi demitido do Atlético-MG e acertou o retorno ao Inter depois da demissão de Mano Menezes; Ivo Vieira foi sacado do Cuiabá, que contratou António Oliveira, demitido pelo Coritiba.

Ao longo dos últimos 20 anos, 65 técnicos estrangeiros treinaram times da primeira e da segunda divisões do futebol brasileiro. Nenhum técnico nascido fora do Brasil comanda equipes da Série B atualmente. A seleção brasileira também tem a promessa de ser comandada por um italiano, Carlo Ancelotti, do Real Madrid.

Há quase três anos no Palmeiras, Abel Ferreira é o técnico estrangeiro com o maior número de títulos no futebol brasileiro, com oito conquistas, duas a mais do que o compatriota Jorge Jesus, que treinou o Flamengo entre 2019 e 2020. Vojvoda, do Fortaleza, vem logo atrás. São dois Estaduais e uma Copa do Nordeste erguidos com o time cearense. O argentino Antonio Mohamed ficou apenas seis meses no Atlético-MG, mas o suficiente para também conquistar a Supercopa do Brasil e o Campeonato Mineiro.

Ao longo dos últimos 20 anos, os clubes que mais tiveram estrangeiros no comando foram Atlético-MG, Flamengo, Internacional e São Paulo, com cinco treinadores cada. Entre os times citados, apenas a equipe gaúcha e o rubro-negro carioca têm um técnico de outra nacionalidade atualmente. Indo na contramão da tendência, o Fluminense é a única equipe entre as grandes do País que contou somente com brasileiros durante o período, no qual conquistou dois Brasileirões (2010 e 2012).

VEJA A LISTA DOS TÉCNICOS DO BRASILEIRÃO:

Corinthians - Vanderlei Luxemburgo (BRA)

Palmeiras - Abel Ferreira (POR)

Santos - Paulo Turra (BRA)

São Paulo - Dorival Júnior (BRA)

Red Bull Bragantino - Pedro Caixinha (POR)

Botafogo - Bruno Lage (POR)

Flamengo - Jorge Sampaoli (ARG)

Fluminense - Fernando Diniz (BRA)

Vasco - Ramón Díaz (ARG)

Grêmio - Renato Gaúcho (BRA)

Inter - Eduardo Coudet (ARG)

Atlético-MG - Felipão (BRA)

América-MG - Vagner Mancini (BRA)

Cruzeiro - Pepa (POR)

Bahia - Renato Paiva (POR)

Cuiabá - Antonio Oliveira (POR)

Goiás - Armando Evagelista (POR)

Fortaleza - Juan Pablo Vojvoda (ARG)

Athletico-PR - Wesley Carvalho (BRA/interino)

Coritiba - Thiago Kosloski (BRA/interino)

O campeonato é o Brasileirão, mas o idioma falado não é apenas o português na área técnica. O principal torneio de futebol do País começa neste fim de semana com recorde de técnicos estrangeiros. Dos 20 clubes que disputam o certame nacional, nove são treinados por profissionais de fora do Brasil.

A edição que está prestes a começar supera a de 2021, que teve nove técnicos gringos ao todo, mas sete deles atuando simultaneamente. Nunca, portanto, havia tido tantos treinadores não brasileiros nos times da Série A.

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A predominância é de portugueses. São quatro: Abel Ferreira, já consolidado como um dos maiores técnicos do Palmeiras, com cinco títulos em 17 meses de trabalho, o pressionado Paulo Sousa, no Flamengo, Vitor Pereira, no Corinthians, e Luís Castro, o último a chegar, no Botafogo.

Outros três vieram da Argentina: Antonio "Turco" Mohamed, Fabián Bustos e Juan Pablo Vojvoda, de Atlético-MG, Santos e Fortaleza, respectivamente. O uruguaio Alexander Medina, do Internacional, e o paraguaio Gustavo Morínigo, do Coritiba, completam a lista de comandantes forasteiros.

Embora os brasileiros estejam sendo preteridos pelos gringos, Abel Ferreira, hoje o estrangeiro mais bem-sucedido no Brasil, entende que o país pentacampeão conta com bons comandantes. "A qualidade do treinador não tem nacionalidade nem idade", afirmou Abel. "Há bons treinadores brasileiros e também há portugueses fracos".

PROTOCOLO, CURIOSIDADES E PREMIAÇÃO

O torneio tem início com um protocolo médico mais brando, sem a obrigatoriedade de testes de covid-19 para atletas e comissão técnica. De acordo com o que consta no Guia Médico de Medidas Protetivas para o Futebol Brasileiro, profissionais sem sintomas não têm mais a necessidade de serem testados, mas os clubes estão livres para seguir com o procedimento.

A edição de número 53 do campeonato, a vigésima na era dos pontos corridos, será disputada até o dia 13 de novembro, com os estádios liberados para receberem torcedores - no ano passado, os fãs retornaram às arquibancadas apenas em outubro - e sem a regra aplicada em 2021 para conter a troca intensa de treinadores. A avaliação é de que a norma não funcionou.

A premiação ao campeão deve seguir os moldes da edição passada, quando o Atlético-MG faturou R$ 33 milhões pela conquista e o Flamengo, R$ 31,3 milhões por ter sido vice-campeão.

Em 2021, segundo o Twitter, foram mais de 298 milhões de comentários sobre futebol na plataforma, 21% a mais do que no ano anterior, e mais de 32 milhões de tuítes sobre o Brasileirão. Fluminense x Santos abre a competição neste sábado, às 16h30, no Maracanã.

POSTULANTES AO TÍTULO

A taça do certame nacional mais importante do País é almejada por 20 clubes, sendo três deles apontados como favoritos: Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras, justamente os três primeiros colocados da última edição. Há outras equipes que se reforçaram e correm por fora, casos de Corinthians, São Paulo, Fluminense e Botafogo.

O Atlético desponta como o principal favorito, pois manteve a base do time campeão de 2021 e reforçou seu elenco. A mudança mais significativa foi no comando. Antonio Mohamed substituiu Cuca, que novamente não deu prosseguimento a um trabalho, e tem conseguido manter o padrão alto de atuações dos mineiros.

"É um grupo ganhador, com muita humildade, com muito compromisso. Se fala muito na nossa intimidade, que todos são importantes. Está demonstrado", disse o técnico Mohamed, campeão mineiro com o Atlético.

Em 19 edições dos pontos corridos, o futebol paulista subiu no topo do pódio em 10 oportunidades. O Palmeiras, maior campeão nacional, busca sua 11ª conquista. O tricampeão da América se fortaleceu com as conquistas recentes, a última delas do Estadual, e ampliou seu repertório tático e técnico. É um time, hoje, mais maduro e que faz o que pede o seu treinador. O elenco ainda é um dos melhores, embora falte o tão desejado camisa 9.

O Flamengo começa a competição pressionado pela perda do Carioca para o rival Fluminense. Alguns de seus principais jogadores tiveram uma queda considerável de rendimento. Houve protestos com cobranças e ameaças da torcida na última sexta-feira. Mas espera-se que a equipe rubro-negra, reforçada recentemente com as chegadas do zagueiro Pablo e do goleiro Santos, brigue pela taça mais uma vez.

"Tenho as minhas convicções, a minha metodologia e minha liderança. E isso leva tempo até alinharmos todos a um mesmo caminho. Estou fortemente convencido de que a qualidade de todo o grupo vai fazer com que nós estejamos no nosso melhor nas próximas competições que temos", afirmou Paulo Sousa, sob pressão em poucos meses no cargo.

Serão pouco mais de sete meses de torneio, com 380 partidas e a ausência de três grandes clubes tradicionais do futebol brasileiro: Cruzeiro e Vasco, que permaneceram na Série B, e o Grêmio, que se juntou a eles ao ser rebaixado no ano passado.

Nos últimos anos, eles ganharam prestígio por aqui após a passagem vitoriosa de Jorge Jesus pelo Flamengo em 2019. O ciclo vencedor de Abel Ferreira no ano seguinte à frente do Palmeiras (venceu Copa Libertadores e Copa do Brasil) estimulou ainda mais a chegada de treinadores estrangeiros. Mas, se os forasteiros ganharam os holofotes nas temporadas recentes, 2021 dá sinais de que essa tendência vem tomando outro rumo. Ariel Holan e Miguel Ángel Ramírez tiveram vida curta em Santos e Internacional, respectivamente. O português António Oliveira não emplacou no Athletico-PR. Hernán Crespo teve o ciclo encerrado no São Paulo e Diego Aguirre está longe de ser uma unanimidade na equipe do Beira-Rio, que manteve sua aposta em um treinador gringo.

Abel Ferreira pode até ser a exceção nessa lista já que é novamente finalista da Libertadores. Mas, embora o treinador possa se tornar bicampeão da América, o desempenho à frente do Palmeiras neste ano vem causando dissabores aos torcedores do clube.

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No primeiro semestre, o Palmeiras teve a chance de levantar troféus em três oportunidades. Mas falhou em todas. No Estadual, amargou o vice-campeonato para o São Paulo. Nas decisões da Recopa Sul-Americana e da Supercopa do Brasil a equipe paulista acabou superada pelo Defensa y Justicia, da Argentina, e para o Flamengo.

Outra decepção viria na Copa do Brasil: eliminação na terceira fase para o CRB no Allianz Parque. Essa inconstância trouxe consequências. Favorito ao título do Brasileiro, o Palmeiras perdeu fôlego e vem deixando a briga pelo primeiro lugar polarizada entre Atlético-MG e Flamengo.

Preocupado em estancar a crise, o presidente Maurício Galiotte até marcou presença em alguns treinamentos do time na Academia para tentar minimizar a pressão da torcida. No entanto, as pichações recentes nos muros da sede social mostram que, apesar de levar o time novamente a mais uma decisão de Libertadores, Abel Ferreira trabalha sob alto grau de insatisfação.

Ciente do mau momento da equipe, ele busca nas arquibancadas um apoio para mudar o cenário. "Queremos mais e melhor da nossa equipe. Mas é isso que quero dos nossos torcedores. Que nos apoie o jogo todo. Essa torcida ganha jogos. Ela é muito importante para nós", afirmou o treinador português.

SANTOS E SÃO PAULO - Além do Palmeiras, mais dois grandes paulistas também sofreram com treinadores de fora nesta temporada: Santos e São Paulo. O time da Vila Belmiro trouxe Ariel Holan no final de fevereiro. Apesar de ter assinado um contrato de duas temporadas, ele mal cumpriu um trimestre no comando técnico da equipe. Foram apenas 12 partidas com quatro vitórias, três empates e cinco derrotas e aproveitamento de 41,6%.

O saldo dessa passagem relâmpago foi um desempenho pífio no Paulista, onde o time esteve seriamente ameaçado de ser rebaixado. A equipe sequer se classificou para os jogos de mata-mata.

O pedido de demissão feito pelo treinador teve como alegação um protesto da torcida em frente a sua casa. Mas, internamente, o técnico argentino ficou insatisfeito com a fragilidade do elenco. A saída de Soteldo aumentou o seu descontentamento. Esse mau início custou caro ao Santos, que acabou eliminado na fase de grupos da Libertadores.

Posteriormente desclassificado na Copa Sul-Americana e na Copa do Brasil, o time da Vila Belmiro faz campanha ruim no Brasileiro (briga para fugir da zona do rebaixamento).

Mas se Ariel Holan teve uma passagem com dissabores por aqui, Hernán Crespo construiu um enredo diferente. Logo ao chegar, pôs fim à um jejum que se mantinha desde 2005 ao ganhar o Campeonato Paulista.

Exaltado pela diretoria por ter sido uma escolha certeira, o argentino, no entanto, sofreu com excesso de lesões no elenco. O cenário ficou mais tenso com as eliminações nas quartas da Libertadores para o Palmeiras e também na queda da Copa do Brasil diante do Fortaleza.

Mas o que pesou para sua saída, foi o Brasileirão. A primeira vitória na competição veio apenas na décima rodada. A zona da degola passou a ser lugar frequente da equipe na classificação.

Com cinco empates seguidos, a diretoria optou por trazer de volta Rogério Ceni. "O problema no futebol é o resultado. Tem momentos em que o técnico não consegue mais resultados e é necessário mudar. Isso não quer dizer que o Crespo não seja um grande treinador", afirmou o coordenador técnico Muricy Ramalho ao site do São Paulo.

NO SUL, CONTRATAÇÕES NÃO VINGARAM - Início de março e o Inter comemorou o acerto com Miguel Ángel Ramírez, de 36 anos. O espanhol, que fechou contrato até o final de 2022, também estava no radar do São Paulo. Apesar de jovem, o comandante chamou a atenção pelo trabalho à frente do Independiente del Valle, do Equador, onde conquistou a Copa Sul-Americana de 2019.

O primeiro teste a que Ramírez foi submetido foi a final do Campeonato Gaúcho. E o resultado foi amargo. Diante do maior rival, o Inter acabou amargando o vice-campeonato gaúcho. Sem conseguir exibir um grande futebol, o treinador sofreu outro revés: a eliminação na Copa do Brasil nos confrontos diante do Vitória. A derrota de 3 a 1 em Porto Alegre decretou o fim do seu ciclo no Beira Rio. Em junho ele acabou se despedindo.

Mesmo com o insucesso de Ramírez, a diretoria apostou em outro estrangeiro para a sequência do trabalho. Diego Aguirre, que já foi jogador do clube, assumiu o comando, mas a sina de eliminações persistiu. Com ele, o Inter caiu para o Olimpia pelas oitavas da Libertadores. No Brasileiro, time gaúcho é apenas o sexto colocado.

Outro time da região Sul que não teve o resultado aguardado com um técnico estrangeiro foi o Athletico-PR. O português António Oliveira foi alçado da condição de auxiliar a treinador principal com a ida de Paulo Autuori para a função de diretor técnico.

Esse processo, iniciado em março, terminou em setembro após a eliminação do rubro-negro paranaense nas semifinais do Estadual. Nascido em Lisboa, e com 39 anos, Oliveira acabou demitido. Em 40 jogos, o seu aproveitamento foi de 58% com 21 vitórias, sete empates e 12 derrotas.

VOJVODA FOGE À REGRA E BRILHA NO FORTALEZA - Diante das apostas feitas pelos clubes brasileiros nesta temporada, quem acabou ficando com o bilhete premiado foi o Fortaleza, que contratou Juan Pablo Vojvoda para comandar a equipe nesta temporada.

O time cearense trouxe o treinador argentino em virtude do seu bom trabalho no comando do Unión La Calera. Antes de sua passagem no futebol chileno, seu currículo era baseado em clubes da Argentina como Huracán, Talleres, Defensa y Justicia e Newell's Old Boys.

Logo em seu primeiro teste, conseguiu levantar a taça do Campeonato Cearense. Fazendo ótima campanha no Brasileiro, o Fortaleza está em situação difícil na Copa do Brasil após perder para o Atlético-MG no jogo de ida das semifinais.

O volante Felipe Melo, do Palmeiras, defendeu nesta quinta-feira a contratação do técnico Vanderlei Luxemburgo para o comando do time. Em entrevista coletiva na Academia de Futebol, o jogador de 36 anos defendeu o treinador das críticas de que está ultrapassado e afirmou que no momento o futebol brasileiro vive uma excessiva valorização dos estrangeiros.

O jogador elogiou os trabalhos recentes de técnicos como Jorge Jesus, no Flamengo, e Jorge Sampaoli, no Santos, mas alertou que os profissionais brasileiros também merecem reconhecimento. "Temos que dar mais valor ao produto brasileiro. No ano passado, o Jesus fez ótimo trabalho, ganhou títulos. O Sampaoli fez grande trabalho, sem títulos. O Luxemburgo também fez (no Vasco). As pessoas vêm de fora e são deuses e a gente esquece o que os treinadores fizeram por nós", afirmou.

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Luxemburgo inicia no Palmeiras a quinta passagem pelo comando do time. O treinador foi bicampeão brasileiro com o clube em 1993 e 1994 e teve como último trabalho o Vasco, no ano passado. A diretoria apostou nele após tentar primeiramente um estrangeiro. O argentino Jorge Sampaoli foi a primeira alternativa. Porém, após não haver acordo, a opção foi buscar outro treinador.

Para Felipe Melo, o início de trabalho de Luxemburgo tem sido marcado por críticas injustas por parte da imprensa. "Eu vi críticas de que é ultrapassado porque faz treino na areia. Vi o Messi trabalhando na areia para começar o ano voando. Eu não compactuo com as críticas. Sabemos do potencial do nosso treinador, a história por si só já diz o que ele representa para o cenário mundial", disse o jogador.

O volante e o técnico trabalharam juntos no Cruzeiro, em 2003, quando o clube teve uma temporada muito vitoriosa. O time ganhou o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. Existe a possibilidade de Felipe Melo atuar como zagueiro no novo esquema tático do Palmeiras. O jogador disse nesta quinta-feira que toparia mudar de posição.

Na entrevista coletiva, Felipe Melo negou que o sucesso do Flamengo gere uma obrigação maior de títulos no Palmeiras, mas admitiu que a temporada começa com muita cobrança sobre o elenco para conquistar a Copa Libertadores. "Se tem pressão maior, só dando tiro na gente. Mais pressão do que já existe. A gente sabe aqui que a Libertadores é obsessão. A palavra já diz tudo, é obsessão", comentou.

Em vez de gramado e goleiro, relvado e guarda-redes. No lugar de bola, balón. Palavras típicas de Portugal e vocabulário em espanhol vão se tornar comum entre os jogadores dos clubes do Campeonato Brasileiro deste ano. O País inicia a temporada com o número recorde de treinadores estrangeiros. Apenas entre os times da Série A são quatro profissionais "importados".

Os portugueses Jorge Jesus (Flamengo) e Jesualdo Ferreira (Santos), terão as companhias do argentino Eduardo Coudet (Internacional) e do venezuelano Rafael Dudamel (Atlético-MG). A presença do quarteto faz o início da temporada ser a de maior presença de técnicos estrangeiros no futebol brasileiro. Há ainda um quinto nome no mercado. Para a disputa da Série B, o Avaí trouxe outro português, Augusto Inácio.

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A lista de estrangeiros pode até aumentar. O Red Bull Bragantino está à procura de técnico e o favorito é outro português. Ex-auxiliar do Real Madrid, José Peseiro é cotado para assumir a equipe. O outro time da elite com o cargo vago de treinador é o Atlético-GO.

A grande presença internacional vem na esteira do sucesso de dois nomes no ano passado. O português Jorge Jesus levou o Flamengo às conquistas da Copa Libertadores e do Campeonato Brasileiro. O vice-campeão nacional foi o Santos, então comandado pelo treinador argentino Jorge Sampaoli.

Pouco antes de ser campeão com o Flamengo, Jesus criticou a falta de receptividade de alguns colegas brasileiros ao seu trabalho e citou uma possível perseguição. "Não entendo essas mentes fechadas, mas isso não me incomoda. Quero que meus colegas cresçam. Não sabem o que é globalização. Que de uma vez por todas tirem os fantasmas da cabeça, porque o Brasil tem grandes treinadores", disse o português. "Não vim tirar lugar de ninguém. Não vim ensinar a ninguém. Não sou melhor nem pior do que ninguém", completou.

Nos últimos dez anos, 13 estrangeiros trabalharam na Série A do Brasileiro. A imigração aumentou de 2016 para cá, quando oito profissionais chegaram aos clubes do País. A grande presença internacional conviveu por outro lado com alguns fracassos.

O português Paulo Bento ficou três meses no Cruzeiro em 2016 e conquistou só 41% dos pontos disputados. Atual treinador da seleção peruana, o argentino Ricardo Gareca durou só 13 partidas no Palmeiras em 2014 e acumulou resultados ruins. No mesmo ano, o espanhol Miguel Ángel Portugal teve trabalho breve no Athletico-PR.

Houve ainda os casos de quem teve a passagem abreviada por ter recebido o convite para dirigir seleções. O São Paulo perdeu o colombiano Juan Carlos Osorio para o México em 2015 e no ano seguinte viu Edgardo Bauza partir para comandar a Argentina. O colombiano Reinaldo Rueda chegou ao Flamengo em 2017, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana e logo saiu para assumir o Chile.

Depois de criticar a chegada de treinadores estrangeiros ao Brasil e alegar que estes profissionais "tiram o mercado" dos jovens técnicos que surgem no País, Jair Ventura divulgou comunicado tentando se explicar. Diante da polêmica criada por sua declaração, o comandante do Botafogo alegou: "Talvez não tenha sido bem claro quando me expressei".

Em entrevista à Fox Sports, Jair criticou a decisão da diretoria do Flamengo de apostar em um técnico estrangeiro, o colombiano Reinaldo Rueda, para a sequência da temporada. "Não que eu seja contra os estrangeiros trabalharem aqui, mas já estamos perdendo mercado fora. Daqui a pouco, perdemos o mercado interno. Então do que adianta se preparar, estudar? Venho fazendo diversos cursos, sempre me preparando. As pessoas tem que primeiro olhar para cá, para depois olhar para fora", comentou.

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Imediatamente, o posicionamento gerou repercussão bastante negativa e fez com que o treinador botafoguense voltasse a falar sobre o assunto. "Quero esclarecer que acho legítimo o direito de qualquer clube brasileiro contratar um treinador estrangeiro. Há muitos profissionais competentes em outros países, com condições de repetirem aqui o sucesso que tiveram em outros lugares, como é o caso de Reinaldo Rueda, que tem um currículo admirável."

Jair, no entanto, manteve a opinião em relação à desconfiança sobre os profissionais brasileiros. Por mais que considere legítima a contratação de um treinador vencedor como Rueda, campeão da Libertadores com o Atlético Nacional em 2016, ele avaliou que os técnicos do País não conseguem as mesmas oportunidades no exterior e pediu a valorização destes profissionais.

"O que questiono e me deixa triste é ver que treinadores brasileiros são vistos com desconfiança e encontram dificuldades para trabalhar no exterior. Além de questões legais, como o não reconhecimento de nossa habilitação profissional no mercado europeu. Nossa licença não é aceita na Europa, ao contrário da dos argentinos, por exemplo. Temos que refletir, discutir e buscar maneiras de mudar essa situação", considerou.

O botafoguense ainda negou qualquer problema com a chegada de estrangeiros para atuar no Brasil, lembrou que possui diversos jogadores de fora em seu elenco no clube carioca, incluindo o capitão Joel Carli, da Argentina, e que ele próprio chegou a tentar a vida no exterior, em países da África e da Europa.

"E como posso criticar os estrangeiros, se convivo com vários no Botafogo? Eu mesmo morei mais de nove anos fora do País quando jogador e tive essa vivência. Reitero que defendo uma maior valorização dos treinadores brasileiros, de competir em igualdade de condições com os estrangeiros no mercado externo. Infelizmente, a nossa licença ainda não nos dá esse direito."

Apontado como um treinador promissor após um bom início de carreira à frente do Botafogo, Jair Ventura criticou a decisão da diretoria do Flamengo de apostar em um técnico estrangeiro, o colombiano Reinaldo Rueda, para a sequência da temporada. Na sua avaliação, esse tipo de contratação diminui as oportunidades dos jovens treinadores que estão surgindo no futebol brasileiro.

"Não que eu seja contra os estrangeiros trabalharem aqui, mas já estamos perdendo mercado fora. Daqui a pouco, perdemos o mercado interno. Então do que adianta se preparar, estudar? Venho fazendo diversos cursos, sempre me preparando. As pessoas tem que primeiro olhar para cá, para depois olhar para fora", afirmou em entrevista ao Fox Sports.

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Rueda foi apresentado pelo Flamengo na última segunda-feira e, curiosamente, fará a sua estreia exatamente diante do Botafogo de Jair Ventura, na próxima quarta-feira, no Engenhão, no duelo de ida das semifinais da Copa do Brasil. O botafoguense fez elogios ao colombiano, lembrou que eles se enfrentaram recentemente, quando Rueda estava à frente do Atlético Nacional, mas seguiu com seu discurso de "reserva de mercado" aos treinadores brasileiros.

"Acho um grande treinador, enfrentei na fase de grupos, uma equipe bem organizada e pode dar certo. Mas estou falando em nome dos treinadores, como jovem e brasileiro. Para o mercado, isso é muito ruim. Fica parecendo que você não tem condições e é ainda pior para os jovens treinadores", acrescentou.

Jair Ventura também lembrou que poucos brasileiros conseguem trabalhar fora do País e disse temer que o mercado fique ainda mais restrito com a chegada de treinadores estrangeiros. "Hoje eu não posso trabalhar no exterior porque não tenho licença. E qualquer pessoa pode chegar e trabalhar no Brasil. Então isso não é legal, estão tirando espaço dos outros. Desejo sorte ao Rueda, mas é algo que temos de repensar", concluiu.

No futebol brasileiro, técnico estrangeiro ainda é um tabu. Apesar de dois clubes da Série A, São Paulo e Internacional, terem resolvido apostar em treinadores de fora do País, a CBF não quer nem ouvir falar em um gringo comandando a seleção brasileira. A opinião da entidade contrasta com o que diversas confederações esportivas vem fazendo. E ao apostar em profissionais de fora deram um salto de qualidade.

Um bom exemplo é o rúgbi. Pouco difundido no Brasil até pouco tempo atrás, o esporte tem crescido desde que a seleção começou a apresentar bons resultados - o que coincidiu com o investimento no intercâmbio com profissionais de outros países.

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A Confederação Brasileira de Rugby decidiu apostar no argentino Andrés Romagnoli para treinar a seleção de Sevens. Ele assumiu o posto no ano passado e, desde então, o time brasileiro tem conquistado resultados expressivos. Em junho, venceu cinco de seis partidas em um torneio disputado em Roma e terminou com o bronze.

"As informações sobre o esporte estão disponíveis para quem quiser aprender. A internet promove isso. Mas o olhar crítico, a didática e os detalhes técnicos e táticos são adquiridos com tempo e experiências dentro de competições", diz Fernando Portugal, capitão do time. "O Andrés somou muito nesse aspecto. Ele tem experiência como jogador e como treinador em competições das quais o Brasil não participava. Necessitávamos dessa experiência."

Romagnoli considera que a experiência que adquiriu atuando na Argentina pode ser sua principal contribuição ao Brasil. Ele afirma que não quer mudar o estilo de jogo brasileiro, mas fazer ajustes. "Temos apenas que adicionar algumas coisas. Um dos objetivos que coloquei quando cheguei é melhorar a parte defensiva. O Brasil tem muitas habilidades no ataque, mas a defesa ainda não é a melhor característica."

O polo aquático tem o canadense Pat Oaten no comando do time feminino e o croata Ratko Rudic, no masculino. "São as atletas que entram e jogam. Está nas mãos delas. Existem muitos bons treinadores no Brasil, mas eu trago algo novo, assim como elas trazem algo pra mim", destaca Oaten.

SEM PRECONCEITO - No Pan, o polo aquático vem tendo sucesso e são grandes as possibilidades de o Brasil conquistar medalha no masculino e no feminino. Para os atletas, mais do que ser estrangeiro, o currículo vencedor é o que faz a diferença. "Não tenho preconceito com alguém de fora, e ele se encaixou bem. A gente está no caminho certo", diz Felipe Perrone, capitão da seleção. "O Rudic não é um técnico estrangeiro, é um cara quatro vezes campeão olímpico. O que ele fala, a gente faz."

Principal nome do Brasil no Pan e na expectativa de se tornar o maior medalhista da competição em todos os tempos, o nadador Thiago Pereira treina nos Estados Unidos sob a batuta de Dave Salo e Jon Urbanchek. Ele afirma, contudo, que o Brasil é bem servido de treinadores. "A minha medalha olímpica, minhas medalhas em Mundial e meus grandes resultados eu conquistei com um treinador brasileiro, que foi o Albertinho", recorda. "Seja treinador do Brasil, americano ou de qualquer lugar do mundo, ninguém sabe tudo. Todos têm um pouquinho a ensinar, cada um tem a sua metodologia de preparação, cada um acredita na sua maneira de preparar os atletas."

Outra modalidade que apostou no talento estrangeiro foi o handebol. O time feminino, favorito ao ouro no Pan de Toronto, é comandado pelo dinamarquês Morten Soubak. Foi com ele que a equipe chegou ao título mundial há dois anos e faz o torcedor sonhar com o lugar mais alto do pódio nos Jogos do Rio, em 2016. E no masculino o espanhol Jordi Ribera já vem mostrando resultados.

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