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Em meio à guerra na Ucrânia, a situação das centrais nucleares tomadas pelos russos continua a preocupar não apenas o país, mas toda a Europa.

Nesta quarta-feira (9), o ministro da Energia, Herman Halushchenko, usou sua página nas redes sociais para acusar a Rússia de torturar os funcionários da central nuclear de Zaporizhzhia, localizada em Enerhodar, e que foi tomada pelas forças militares russas na última sexta-feira (4).

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A planta é a maior usina nuclear da Europa.

"As forças de ocupação russas torturam os funcionários da central nucelar. Segundo informações em nossa pose, os ocupantes obrigaram os diretores a publicar uma mensagem para usá-la com fins propagandísticos. Os funcionários da central nuclear de Zaporizhzhia estão reféns há quatro dias", escreveu o titular da pasta.

Ainda conforme Halushchenko, há cerca de 500 militares e 50 unidades de equipamentos pesados russos na parte interna da central.

"O pessoal está física e psicologicamente exausto. Fazemos um apelo aos nossos parceiros internacionais para que tomem todas as medidas para a retirada das forças de ocupação russa dos objetivos militares conquistados e fechem o espaço aéreo da Ucrânia", escreveu ainda.

Por conta da situação de guerra, não é possível checar de maneira independente se as declarações do ministro representam a realidade. A Rússia, por usa vez, afirmou que está adotando todas as medidas de segurança das plantas nucleares na Ucrânia e que tudo funciona normalmente.

"Tendo uma indústria nuclear desenvolvida, a Rússia está plenamente consciente dos potenciais riscos das infraestruturas nucleares e está fazendo o máximo para garantir a adequada segurança das plantas nucleares da Ucrânia", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, à agência Tass.

Chernobyl 

Já em Chernobyl, tomada pelas forças russas em 25 de fevereiro, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou nesta segunda-feira (8) que perdeu contato sobre os dados de radiação emitidos pelo local, palco de uma das maiores tragédias nucleares do mundo em 1986.

Após o alarme, a instituição ainda afirmou que conseguiu detectar que a usina foi completamente paralisada nesta quarta, mas que "não há nenhum impacto crítico sobre a segurança" neste momento.

Porém, a empresa estatal ucraniana Energoatom emitiu um alerta nesta quarta em que afirma que há o risco de um lançamento de substâncias radioativas em Chernobyl por conta da paralisação.

Em linha com a estatal, o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse que essa perda de radioatividade pode acontecer "dentro de 48 horas" porque essa é a capacidade dos geradores armazenarem diesel para manter os sistemas de resfriamento funcionando.

"Sucessivamente, os sistemas de resfriamento da planta de estocagem do combustível nuclear pararão, tornando iminentes as perdas de radiação. A bárbara guerra de [Vladimir] Putin coloca em perigo toda a Europa. Deve ser parado imediatamente", postou Kuleba.

A AIEA, por sua vez, afirmou que os cerca de 210 funcionários de Chernobyl estão trabalhando ininterruptamente há 13 dias.

"Estou muito preocupado com a situação difícil e estressante que os funcionários da usina nuclear de Chernobyl enfrentam e os riscos potenciais que isso acarreta para a segurança nuclear. Apelo às forças no controle efetivo do local para facilitar urgentemente a rotação segura das equipes, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, em comunicado.

A usina de Chernobyl registrou uma explosão no reator quatro entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, provocando um dos maiores acidentes nucleares já registrados e que têm consequências até hoje, com uma zona de exclusão por conta do risco de radiação.

Da Ansa

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara irá divulgar, nesta quarta-feira (10), uma lista preliminar com os nomes dos pernambucanos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar. O anúncio vai acontecer às 19h, no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife, que fica localizada na frente da Câmara dos Vereadores, no bairro da Boa Vista, área central do Recife.

O Brasil já passou por problemas políticos graves que afetaram diretamente a liberdade de expressão e a defesa de valores sociais. No período que vários golpes de estado assolaram a America Latina, as terras tupiniquins sofreram censura e repressão principalmente no que diz respeito a ideologias políticas. Essa jovem democracia com mais de 20 anos, tem um história obscura e mal contada. Muitos jovens que lutaram por um pais melhor, por um estado social e assistencialista, tiveram suas vidas ceifadas pela ditadura militar. São presos e exilados políticos obrigados a deixar a terra natal por não se enquadrarem nas determinações do governo militar. Outros despareceram e até hoje o estado brasileiro não deu respostas às famílias.

Mãe e representante de um dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar, Elzita Santa Cruz, de 98 anos, continua sem respostas sobre o paradeiro de seu filho, Fernando Augusto Santa Cruz, que foi sequestrado no ano de 1974. “Tenho pressa, não me resta muito tempo para esperar uma resposta definitiva do estado brasileiro. Onde está meu filho? Todas as vezes que penso nele lembro da poesia que fala de um jovem que partiu para a guerra do Paraguai e nunca mais voltou”, lamentou Elzita.

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Foi na intenção de esclarecer e investigar sobre um passado mal resolvido, que a Presidente Dilma Roussef (PT) sancionou, em 18 de novembro de 2011, depois de mais de 20 anos da redemocratização do Brasil, a lei nº 12.528, que cria a comissão Nacional da Verdade. Instalada oficialmente no dia 16 de maio de 2012, a comissão é formada por sete membros nomeados pelo executivo federal e que terão incumbência de convocar vítimas e acusados de tortura. Será enviado um relatório identificando locais, circunstâncias e instituições que em nome do estado abusaram dos direitos humanos durante o período que vai do estado novo (anos 40) até 1988 (fim da ditadura militar). A comissão está veiculada diretamente à casa civil da presidente da república.

Um dos membros da comissão nacional da verdade, o advogado pernambucano José Paulo Cavalcanti, com uma perspectiva mundial, informou que essa é a 41º comissão instalada no mundo que tem a responsabilidade de investigar crimes políticos.  De acordo com o que foi exposto pelo governo federal, a comissão terá um período de dois anos prorrogáveis por mais dois, para fazer um levantamento de informações a partir de documentos públicos e depoimentos. Os dados recolhidos serão encaminhados aos órgãos competentes e encaminhados à justiça brasileira para ajudar na identificação dos restos mortais dos desaparecidos e um possível indiciamento dos culpados por violar os direitos humanos.

Ao participar da solenidade em Pernambuco, que sancionou a lei da verdade no âmbito estadual, a presidente da comissão no congresso, a deputada federal, Luiza Erundina (PSB-SP), criticou: “É necessário uma justiça de transição e reparação para aqueles que pagaram com exílio, tortura, assassinatos e desaparecimentos forçados e ainda hoje os seus algozes estão impunes. A lei de anistia isenta torturadores e vítimas de um regime militar e ditatorial. A Comissão Nacional da Verdade tem limites estreitos com a possibilidade de fazer justiça. Pois o quadro político brasileiro vive numa relação de forças, talvez insuficiente para construir uma lei mais adequada, avançada e eficaz que revele por completo os crimes que foram cometidos.”

Sobre a iniciativa do governo de Pernambuco em criar o projeto do executivo estadual nº 840/12, que criou a lei da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, Erundina defendeu: “Esse é um momento importante para a democracia nacional com reflexos importantes nos estados da federação. Podemos destacar o exemplo que o governador Eduardo Campos (PSB) deu ao montar uma comissão que entra em consonância com o texto apresentado pelo governo federal. Todos da sociedade brasileira foram vítimas da ditadura e enquanto não se desvendar esse passado obscuro a democracia ficará inacabada, a ferida continua aberta e sangrando.”

O governador de Pernambuco deu posse a nove membros, indicados pela sociedade civil, que ficarão responsáveis por apurar e esclarecer crimes de sequestro, tortura, morte e desaparecimento de pernambucanos dentro e fora do estado. O presidente da Comissão Estadual Dom Helder Câmara, o advogado Fernando Vasconcelos Coelho, comentou as diretrizes que estão sendo estabelecidas nesse período inicial. “Ainda não se deu início ao trabalho de campo com levantamento de informações e documentos. Estamos nos reunindo toda semana para delegar funções e estabelecer metas e serem seguidas. Não há envolvimento com outras institucionais como é o caso da comissão nacional, aqui teremos certa autonomia”, informou.

Ao falar da antiga lei nº 6.683 promulgada em 1979, pelo então presidente do Brasil, Figueiredo, no período da ditadura militar, Fernando Coelho declarou que houve uma coerência com o tempo e o período nebuloso que os brasileiros viviam. “Essa lei foi algo possível naquele momento e ocasionou efeitos políticos e sociais, ajudando a democratizar o estado brasileiro.” De acordo com algumas declarações da advocacia Geral da União (AGU) e do Supremo Tribunal Federal (STF), feitas no ano de 2009, a lei de anistia beneficiou os dois lados da moeda, tanto os torturadores e agentes da ditadura militar, quanto os torturados, presos e exilados políticos.

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