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Silvero Pereira ficou conhecido entre o grande público após interpretar Nonato, o motorista que à noite se travestia como a cantora Maria Elis, na novela A Força do Querer, em 2017. O personagem caiu no gosto do público e colocou em pauta um tema há muito trabalhado por Silvero, o universo trans dentro das artes.

O assunto tem sido seu objeto de pesquisa e trabalhodesde 2000. Foi naquele ano que o ator formou, em Fortaleza, sua cidade natal, o coletivo As Travestidas, composto por atores e atrizes transexuais, travestis e transformistas. A motivação para a criação do grupo foi a quantidade de artistas desistindo do teatro por também trabalharem travestidos na noite cearense. “As pessoas do teatro diziam que eles não faziam teatro, que eles tinham que trabalhar em boate”, diz o ator. A partir de então, as histórias com as quais se deparou, entre seus colegas de cena, deram o mote para o espetáculo BR Trans.

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A montagem leva para o palco a própria relação de Silvero com essas diversas histórias vividas sob o julgo da marginalidade, medo e preconceito, mas, sobretudo, resistência. Segundo Silvero, apesar de se ancorar no universo trans, a peça fala a toda pessoa que se sente excluída na sociedade. O espetáculo entra em cartaz no Recife, para uma curta temporada até o dia 9 de fevereiro, na Caixa Cultural, com estreia nesta quinta (31). O ator recebeu a reportagem do LeiaJá, no teatro do equipamento cultural e falou sobre a peça, televisão, liberdade e luta.

 

LJ - BR-Trans é resultado de uma longa pesquisa, mas o que especificamente te tocou e motivou a montar esse espetáculo?

Tudo que eu fiz no coletivo (As Travestidas) entre 2002 e 2012 eram questões muito intuitivas. A gente brincava de ouvir histórias e construir cenas em cima disso, mas nada era muito consciente. O BR-Trans foi minha primeira possibilidade de me afastar de Fortaleza, ir pra uma outra região, no Rio Grande do Sul, para construir um primeiro trabalho totalmente consciente nas questões de estética de encenação, atuação e dramaturgia. Primeiro eu iria pensar no método, pra depois fazer o trabalho acontecer e construir um primeiro trabalho consciente em metodologia para as Travestidas.

LJ - O espetáculo traz alguns relatos reais, há nele algo mais pessoal?

A peça é uma expressão do meu relacionamento com esse universo. As histórias são contadas através do meu contato com elas. A peça revela o SIlvero entrando em contato com essas pessoas e como elas foram atravessando a minha vida, meu emocional, meu lado artístico e ativista e como isso foi me mudando enquanto pessoa; e pensando ainda mais na arte como um lugar de potência social. De questionar e provocar a sociedade. Não é uma peça onde eu me visto ou represento essas histórias, é onde eu exponho o próprio Silvero em contato com elas.

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LJ - BR-Trans já circulou por algumas capitais e interiores brasileiros e já foi pra Alemanha e para os EUA; você sentiu diferença na resposta do público em algum desses lugares?

A resposta do público sempre é muito positiva e sempre muito surpreendente no sentido do positivo. Às vezes as pessoas perguntam se na capital é mais aceito do que no interior, e em várias cidades do interior do Brasil a gente teve reações muito mais positivas, de pais de família, de senhoras, de carolas de igreja, que na verdade absorveram a peça e que depois deram o feedback pra gente do quanto elas não pensavam como o preconceito  é tão violento e às vezes tão imperceptível no dia a dia. Ao contrário de outras montagens que a gente já fez, que a gente sofria muito preconceito - tem isso: ‘você é cearense, você tá se travestindo em cena’, então as pessoas já acham pelo estereótipo do humor cearense que você tá fazendo uma comédia. Outros trabalhos a gente teve muito preconceito de as pessoas não acreditarem que a gente tava fazendo um trabalho sério. Já no BR Trans, não.

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LJ - Recentemente a atriz trans Renata Carvalho teve sua peça, O Evangelho Segundo Jesus - Rainha do Céu cancelada em festivais. Como você vê esse tipo de reação?

Eu acho lamentável. É sempre muito lamentável quando se há censura em um lugar que aparentemente deve ser de liberdade. Acho que a Renata tá passando por um processo que é um preço que se paga. Acho que nesse momento ela tá pagando um preço para que outras gerações paguem preços menores. Dentro da minha trajetória, nas Travestidas, a gente pagou preços muito altos entre 2000 e 2013, fomos um grupo muito insultado e taxado, pra hoje ser um grupo aclamado no Ceará. Então, outras gerações hoje podem se travestir, podem fazer teatro, estão fazendo universidade, as travestis e transexuais estão dentro das faculdades de artes cênicas graças a um processo que aconteceu e a um preço que foi pago. Esse é um momento de revolução, com a chegada das travestis e transexuais dentro da arte com mais força e presença, não só no teatro mas na televisão e no cinema, e essa luta é exatamente pra que daqui há cinco, 10 anos a gente não precise mais ficar discutindo sobre isso.

LJ - Você realmente acredita que daqui há cinco, 10 anos esse preço vai estar menor?

Eu acredito. Acho que inclusive o preço diminuiu bastante ao longo do que eu enxergo, de quando eu comecei, em 2000, pra hoje, os conceitos de gênero e diversidade cresceram muito e eles se difundiram muito na sociedade. Acho que agora a gente passa por um período um pouco tenebroso, porque nossa bancada política tá bem mais conservadora, a gente tem um presidente que anuncia abertamente na sua posse que é contra a ideologia de gênero, depois de tantas conquistas alcançadas, a gente tem o caso do Jean Willys tendo que abrir mão disso por causa de ameaças, mas eu acho que a gente não pode dar passo pra trás. Se eles insistem em censurar e talvez promover retrocesso, a gente conquistou liberdades e a gente abriu cabeças pra não voltar pra trás. Se tiver que lutar, se tiver que enfrentar, se tiver que ir pro campo de batalha a gente vai arregaçar as mangas e vai pra rua e vai brigar junto.

LJ  - E quanto aos projetos na TV? Quando o público poderá te ver na tela novamente?

Eu fiquei dois anos e meio na Globo e esses anos me deixaram um pouco fora do teatro. Eu sou um bicho do teatro, a minha casa é o teatro. Esse ano eu pedi um tempo pra que eu pudesse executar meus projetos no teatro. Planos para TV, em 2020.

O ator deixa o convite para o público recifense assistir a Br-Trans.

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Neste domingo, (18), foi realizada a 11ª edição do concurso Miss Salvador Gay, no Centro Cultural Plataforma, subúrbio de Salvador. Nove candidatas simbolizaram diferentes bairros da capital baiana, porém o bairro da Vitória ganhou destaque com a transformista Duda Baroni que venceu a disputa. Ela será a representante que carregará a faixa em julho para o Concurso Miss Bahia Gay 2018.

O Miss Salvador Gay, foi realizado por Scher Mercury e é um concurso de beleza anual e visa escolher a mais bela transformista da cidade de Salvador. O concurso foi aprovado pela convocatória Ocupe Seu Espaço.

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O júri foi composto de sete profissionais da área e a Miss do ano passado, DesiRée Becker passou a faixa para Duda Baroni vencedora do Miss Bahia Gay 2018 e ainda ganhou um prêmio de R$ 500. “Não é só ganhar a faixa. Você tem que representar a cidade. Ralei muito, trabalhei muito para estar aqui hoje como miss e passar essa faixa.”

O segredo de Nonato (Silvero Pereira) finalmente será descoberto por Eurico (Humberto Martins). Ao ir assistir um desfile de uma marca de lingerie, o empresário irá se deparar com motorista montado de Elis Miranda e se apresentando no palco. O patrão ficará impressionado com o talento da cantora, sem reconhecer inicialmente que se trata do seu funcionário. Quando a ficha cair, Eurico não conseguirá esconder sua perplexidade com a descoberta, que terá consequências.

Depois da revelação, a homofobia do empresário fala mais alto e ele não pensará duas vezes antes de demitir Nonato, segundo o colunista Leo Dias. No entanto, nem tudo está perdido para o motorista. No final de A Força do Querer, o transformista conseguirá realizar seu sonho de fazer parte do Divina Divas. 

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As cenas finais da drag queen já foram gravas e contarão com uma homenagem especial para Rogéria, que faleceu em setembro, aos 74 anos. De acordo com a jornalista Keila Jimenez, antes de morrer, Rogéria havia acertado uma participação na novela, mas terminou adoençendo. Na cena que irá homenageá-la, algumas fotos suas irão aparecer em um telão durante o show de Elis Miranda para o Divinas Divas.

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A atriz Rogéria, de 74 anos, morreu na noite dessa segunda (4) após ser internada em um hospital na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com infecção urinária.

Rogéria havia sido internada no dia 13 de julho em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica Pinheiro Machado, com quadro de infecção urinária, e entubada na tarde do dia seguinte ao ser constatada uma pneumonia e tinha apresentado melhora, chegando a receber alta.

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Nascida Astolfo Barroso Pinto, Rogéria era a mais antiga transformista em atividade no Brasil. Ao lado de travestis pioneiras do país, como Jane di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Brigitte de Búzios e Marquesa, esta morta em 2015, Rogéria foi homenageada pela atriz e diretora Leandra Leal no documentário Divinas Divas, premiado no Festival do Rio do ano passado. As atrizes se apresentavam no Teatro Rival, na Cinelândia (centro da cidade), que pertence à família de Leandra Leal há várias gerações.

Rogéria (Astolfo Pinto) nasceu em em 1943 em Cantagalo, no norte fluminense. Ainda na adolescência, homossexual assumido, Astolfo virou transformista e começou a trabalhar como maquiadora, ainda com o nome masculino, na extinta TV Rio. Frequentava o auditório da Rádio Nacional. O nome Rogéria surgiu em 1964, quando venceu um concurso de fantasias no carnaval daquele ano.

Convivendo com atores na TV Rio, se sentiu estimulada a interpretar e estreou nos palcos em maio de 1964, em um show de travestis na Galeria Alaska, então reduto gay de Copacabana. Ela atuou em dezenas de shows, peças teatrais e programas de televisão, muitas vezes como jurada nos programas de Chacrinha, Luciano Huck e outros apresentadores, e participou de 11 filmes brasileiros.

Ela também atuou em novelas como Tieta (1989), Paraíso Tropical (2007) e A Força do Querer (2017), sua última participação na TV e, no teatro, recebeu o Troféu Mambembe em 1979 pelo espetáculo que fez ao lado de Grande Otelo.

Em 2016, foi lançada sua biografia, Rogéria – uma Mulher e Mais um Pouco, de autoria de Márcio Paschoal.

A atriz Rogéria, de 74 anos, continua apresentando melhoras em seu quadro de saúde. “A gente está surpreso com tudo que está acontecendo”, disse hoje (16) o produtor e empresário da artista, Alexandro Haddad.

Internada na quinta-feira (13) em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica Pinheiro Machado, com quadro de infecção urinária, e entubada na tarde do dia seguinte ao ser constatada uma pneumonia, Rogéria amanheceu neste domingo com visível melhora. Segundo Haddad, a atriz teve de ser contida pelos médicos porque queria tomar banho. Ao ver o produtor, perguntou pela agenda de compromissos.

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“Ela já está falando, está super bem, a infecção está baixando, a pneumonia também está controlada”, disse o empresário. Segundo ele, Rogéria permanece na UTI para uma reabilitação. Seu estado animou os médicos que resolveram antecipar para hoje a alimentação normal, já sem sonda, que estava prevista para começar somente amanhã (17).

Ainda não há, entretanto, previsão de alta nem de quando a artista poderá ir para o quarto. “É um passo a passo”, declarou o produtor. A medicação tirou Rogéria “da zona de risco”, completou. “Ela já está ficando a mil por hora.”

Segundo Haddad, Rogéria queixou-se de dores na coluna na madrugada de quinta-feira e foi medicada em casa, antes de dar entrada na clínica, horas depois, onde foi identificada a infecção urinária. Além de Haddad, o irmão de Rogéria, Flávio, dá assistência à artista no hospital. O empresário não alterou a agenda da artista porque acredita em sua rápida recuperação. “Ela está ficando ótima, já está dando até trabalho”, comentou.

Nascida Astolfo Barroso Pinto, Rogéria é a mais antiga transformista em atividade no Brasil. Ao lado de travestis pioneiras do país, como Jane di Castro, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Brigitte de Búzios e Marquesa, esta morta em 2015, Rogéria é homenageada pela atriz e diretora Leandra Leal no documentário Divinas Divas, premiado no Festival do Rio do ano passado. As atrizes se apresentavam no Teatro Rival, na Cinelândia (centro da cidade), que pertence à família de Leandra Leal há várias gerações.

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