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“O verdadeiro amor da princesa não era o príncipe 'Febo' ou qualquer outro homem: era a costureira”, conta para um público infantil Helena Black, uma drag queen que luta contra a homofobia em centros culturais do Brasil.

Com maquiagem carregada e uma peruca fúcsia volumosa, Helena caminha de um lado para o outro contando a história de amor LGBT+ em uma sede social de São José dos Campos, São Paulo.

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Como em toda história de princesa, o final é feliz, mas atípico: “Pessoas de todos os reinos vizinhos compareceram ao casamento; algumas por amizade, outras, por curiosidade de ver a união entre duas mulheres”, diz Helena, que interpreta com vozes e bonecos o conto da escritora brasileira Janaína Leslão.

A apresentação termina com aplausos.

“As crianças não nascem com preconceitos, não são homofóbicas, nem racistas. São os adultos que as tornam racistas”, diz à AFP o professor de artes e ator Paulo Reis, de 40 anos, que personifica a drag queen com ares de palhaço.

Reis, que se identifica como homossexual, negro e da periferia, luta com sua personagem contra a homofobia no Brasil, onde 2,9 milhões de adultos se declaram homossexuais ou bissexuais, em uma população de 213 milhões de habitantes.

Apesar de a homofobia e a transfobia serem consideradas crimes desde 2019, o país lidera o número de mortes violentas de pessoas trans, com uma centena entre outubro de 2022 e setembro, ou 31% do total, em 35 países pesquisados pela ONG Transgender Europe.

Além disso, avança no Congresso Nacional uma iniciativa para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, validado pelo Supremo Tribunal Federal em 2011.

Desde 2017, Reis conta histórias com temática LGBT+ para adultos e crianças em dezenas de centros culturais e bibliotecas de São Paulo e outros estados. A Prefeitura de São Paulo patrocinou suas apresentações, em uma iniciativa chamada “Mamãe, tem uma drag queen contando histórias!”

- Além dos 'shows' -

Para esse brasileiro que nasceu em uma família pobre, a arte é o principal meio de vida. “Acham que um homem com roupas femininas só pode ser algo trivial, mas uma drag queen também pode educar e ocupar espaços além de casas de show e trabalhos sexualizados”, diz. Sua presença em espaços culturais "é um ato político, de resistência", ressalta.

A artesã Vanessa Marques, de 44 anos, assistiu com a filha María Beatriz, 8, a um “show” de Helena Black em Guarulhos. "Tinha curiosidade, mas, enquanto católica, estava um pouco preocupada. Quebrei os preconceitos e essa primeira aproximação da milha filha do tema LGBT foi com a mesma mensagem que quero transmitir a ela: temos que nos amar, independentemente de nossas escolhas, raças ou religiões”.

Roberval Rodolfo de Oliveira, coordenador de Artes Cênicas do Sesi São José dos Campos, onde a drag atuou, considera importante “abordar a diversidade, para ampliar o entendimento das crianças e para que elas se tornem agentes de paz, contra a violência”. Embora possa causar rejeição, "incomodar é inerente à arte", acrescenta.

- Da biblioteca à refinaria -

Helena Black também estendeu sua mensagem ao setor corporativo. Ela interpretou "A Princesa e a Costureira" para dezenas de funcionários de uma refinaria da Petrobras na localidade de Cubatão.

“Foi uma experiência boa poder contar uma história LGBT+ para um público majoritariamente masculino, em um ambiente tipicamente heterossexual”, diz Paulo Reis.

A essa "conquista", sonha em somar espaços nas telas de TV e streaming e "evitar que o Brasil volte a jogar debaixo do tapete mais um artista homossexual, negro e periférico”.

Um artista drag queen das Filipinas foi preso nesta quarta-feira (4) depois de se vestir de Jesus Cristo e rezar um pai-nosso durante uma performance, o que gerou uma polêmica neste país asiático de maioria católica.

Amadeus Fernando Pagente, de 33 anos, com nome de drag Pura Luka Vega, foi acusado de blasfêmia e declarado "persona non grata" por vários governos locais, depois que o vídeo de sua apresentação em julho foi compartilhado.

Pagente foi acusado de "doutrinas imorais, publicações e exposições obscenas e espetáculos indecentes", segundo uma cópia do mandado de prisão, compartilhada pela polícia de Manila, a capital.

O performista declarou à AFP, da cadeia, que não fez "nada de errado" e que sua prisão representava "o grau de homofobia" no país.

O homem foi acusado de cometer "atos ofensivos" que incluíam dançar, cantar e rebolar ao ritmo de uma canção religiosa, de acordo com uma das duas denúncias apresentadas por grupos cristãos.

Antes de ser preso, Pagente defendeu que sua atuação era "arte" e argumentou que a arte drag "não era um crime".

O padre Jerome Secillano, da Conferência Episcopal das Filipinas, descreveu a performance de Pagente como "blasfema" e "realmente desrespeitosa".

Aproximadamente 80% da população filipina é católica. O país proibiu casamento entre pessoas do mesmo sexo, divórcio e aborto.

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Xuxa estreou um novo projeto, na última sexta (14), no Prime Video. Em seu novo programa, ‘Caravana das Drags’, uma competição de drag queens, a apresentadora assumiu novo nome para ‘combinar’ melhor com a atração. Agora, ela é Morgana Sayonara.

Logo no primeiro episódio do programa, Xuxa assumiu seu nome de drag. Ela foi ‘batizada’ por Ikaro Kadoshi, que divide a apresentação da competição com ela. A loira explicou de onde saiu o nome escolhido. “A minha mãe sempre gostou de colocar nome diferente nos filhos dela. Aí minha mãe falou: 'Ai, eu vou botar, se for menino, Ivan Ejandrei ou Mogana Sayonara'. Mas como eu quase morri no parto, meu pai colocou Maria das Graças. Só que não ficou. Cheguei em casa, minha mãe se recusou e desde que nasci meu irmão me chamou de Xuxa, ficou Xuxa. Mas o Morgana Sayonara ficou guardado para algum dia ser usado.”

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Para o novo programa, Xuxa mergulhou no universo drag. A cada episódio, ela vai aparecer 'montada' com figurinos brilhosos e perucas coloridas. "Tenho alguma coisa de Drag no sangue, amo isso de roupa exagerada. Minha mãe desde muito pequena me colocava em fantasia lá em Santa Rosa. E o mais bacana é essa transformação. Elas são artistas completas", disse em entrevista à revista Caras. 

Artistas drag queens e drag kings das regiões Norte e Nordeste já podem se inscrever para participar da série Drag Ataque. A série de 12 episódios vai tratar do processo criativo da arte drag em suas diversas facetas (como canto, moda, lipsync e caracterização) e será  exibida no horário nobre do canal Fashion TV, do grupo Box Brasil, o segundo maior grupo de Pay TV do país, presente em mais de 14 milhões de lares. As inscrições estão abertas até o dia 20 de março e podem ser realizadas através de formulário disponível no perfil do projeto no instagram (@dragataque).

Ao contrário da maioria dos projetos com protagonistas drags, Drag Ataque não é um reality show de competição. Os episódios serão documentais, com foco na vida e obra das personagens. “Nossa intenção é jogar luz sobre a criatividade fora da caixinha que as drags promovem: da costura à dança, do canto à atuação, são muitos talentos e habilidades! Mas não queremos só conhecer a arte, mas também o artista por trás dela. Por isso a escolha pelo formato documental”, explica Vinicius Gouveia, diretor e roteirista da série.

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Drag Ataque é uma produção de Recife (PE), apoiada pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e pelo Funcultura, política de fomento à cultura do Governo do Estado de Pernambuco. A série também terá o diferencial de ter apresentações gravadas não em estúdio, mas em locações da cidade que são referências para o público LGBTQIAP+. Para Mannu Costa, da Plano 9 Produções, produtora da série, Drag Ataque propõe um mundo no qual todo mundo caiba. “Se estamos propondo conhecer as drags e artistas que dão vida a elas, nada mais justo que colocar suas criações em contato com o público final”, pontua ela. “Sem contar que, com isso, pretendemos debater temas de profunda importância social, desconstruindo preconceitos e desmistificando questões que ainda permeiam nossa sociedade”.

Serviço 

Inscrições até o dia 20 de março.

Através de formulário disponível no link: bit.ly/dragataque

Instagram do projeto: instagram.com/dragataque

*Via assessoria de imprensa.

A drag queen pernambucana Ruth Venceremos assumirá a assessoria de Diversidade e Participação Social do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O convite foi feito pelo ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT-RS). 

Ruth é formada em pedagogia e tem mestrado em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É coordenadora educacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e integrante do Distrito Drag.

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A nova pernambucana integrante do governo Lula foi candidata a deputada federal pelo Distrito Federal nas eleições de 2022 e teve 31.538 votos válidos. Ela é a primeira suplente do Partido dos Trabalhadores na Casa.

Nas redes, Ruth Venceremos agradeceu o convite e a ousadia feita por Pimenta de convidar “uma drag queen, preta, nordestina, sem terra” para integrar a equipe da Secretaria. “Ao assumir a Assessoria de Diversidade e Participação Social, aprofundo e renovo meu compromisso com a justiça social, a promoção da diversidade, da garantia dos direitos humanos e da democracia popular com efetiva e diversa participação social”, disse. 

“Sei que o trabalho de reconstrução do nosso País é árduo e será feito por todos os corações brasileiros. Por isso, mais uma vez, continuaremos caminhando juntos, porque só assim venceremos todos os novos desafios que temos pela frente. Me sinto pronta”, complementou Ruth. 

O mineiro João Pedrosa vem conquistando o público desde a sua participação no BBB21. No canal de Bianca DellaFancy, no YouTube, o professor surpreendeu muita gente na internet ao se transformar em drag queen. "A primeira coisa que eu faria com meu 'eu'  do passado é dar um abraço nele, para simbolizar que está tudo bem ser quem você é. E, principalmente, para que isso represente o abraço das pessoas que, um dia, você não recebeu", disse o geógrafo.

No Instagram, Bianca DellaFancy agradeceu a participação de João no vídeo da transformação do visual: "Foi uma delícia estar com você, você arrasa!". A mudança de estilo do ex-participante do Big Brother Brasil entrou para a lista dos assuntos mais comentados do Twitter. "Não posso negar que o João, do BBB, ficou belíssimo de drag", comentou uma pessoa na rede social.

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Confira:

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O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) condenou o Shopping Penha, zona leste da capital paulista, a indenizar um cliente que foi impedido de entrar no estabelecimento acompanhado de um grupo drag queens. A decisão da 10ª Câmara de Direito Privado da corte estadual estipulou o valor da reparação em R$ 5 mil por danos morais. A administração do estabelecimento classificou o caso como "fato isolado" em desacordo com a política do empreendimento.

O caso aconteceu em 2017 e ganhou repercussão nacional. À época, um grupo de amigos realizava um ensaio na região, quando decidiu ir até o shopping para almoçar, momento que foram barrados pela segurança do estabelecimento.

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Ainda segundo integrantes do grupo, os funcionários do Shopping Penha teriam afirmado que "pessoas com maquiagem forte" não teriam permissão para acessar o estabelecimento.

Ao analisar o processo que condenou o shopping, a relatora do caso, a desembargadora Silvia Maria Facchina Espósito Martinez, afirma que o grupo foi barrado por preconceito, uma vez que não estavam com os rostos cobertos e sim maquiados. "Embora verdadeiro que as drag queens utilizavam maquiagens carregadas e perucas, era perfeitamente possível o reconhecimento do autor e dos amigos, pois nenhum deles estava com o rosto coberto", afirma a juíza, que complementa.

"Deveria ser considerado também que muitas pessoas usam peruca e maquiagem e não são impedidas de entrar nos estabelecimentos comerciais, sendo evidente que a equipe de segurança barrou o autor e os amigos unicamente por preconceito e comportamento homofóbico porque estavam vestidos de drag queen."

A magistrada justificou a indenização por danos morais uma vez que mesmo tendo sua entrada liberada, o autor ação acabou sendo exposto a constrangimento pela segurança da empresa. "Não há como negar que o autor sofreu humilhação e constrangimento ao ser barrado na entrada do Shopping por estar com o grupo de drag queens", ressaltou a relatora na decisão que condenou o estabelecimento da zona leste.

COM A PALAVRA, O SHOPPING PENHA

Questionada sobre a decisão judicial, a administração do Shopping Penha classificou o ocorrido como um "fato isolado" em desacordo com a política do empreendimento. "Sobre o ocorrido em 29/01/2017, o Shopping Penha esclarece que foi um fato isolado e em desacordo com a política do empreendimento de acolhimento e respeito a todas as comunidades", declara a empresa em comunicado enviado à reportagem.

A série Nasce uma Rainha, apresentada pelas drags Gloria Groove e Alexia Twistter, na Netflix, já tem data para estrear. A atração chega na plataforma, com seis episódios de 40 minutos cada, no dia 11 de novembro. 

Na atração, Gloria e Alexia serão madrinhas de aspirantes a drag queen ou drag king. Elas vão dar dicas de maquiagem, figurino, postura, dublagem das músicas e coreografia aos aspirantes, que também contarão com o auxílio de outros especialistas.

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No final, após uma transformação, os participantes vão protagonizar uma grande apresentação colocando em prática tudo que aprenderam com as mentoras. Nasce Uma Rainha é uma produção da Boutique Filmes para a Netflix

Na última quinta-feira (20), a imprensa internacional confirmou a morte de Chi Chi DeVayne, ícone da cultura drag queen e que se destacou na oitava temporada do reality show "RuPaul's Drag Race". Aos 34 anos, a artista morreu de complicações causadas por insuficiência renal.

As últimas notícias a respeito da drag queen eram preocupantes. No domingo (16), ela divulgou um vídeo em que apareceu debilitada e conectada a um tubo de respiração. Em uma mensagem aos fãs, ela pediu que todos rezassem por ela.

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Em 2018, DeVayne foi diagnosticada com esclerodermia, doença autoimune do tecido conjuntivo. Na época, ela comentou a luta contra a enfermidade e afirmou ter sofrido ao tentar esconder dos fãs sua situação.

Sobre a morte da drag, em redes sociais, RuPaul declarou: "estou com o coração partido ao saber do falecimento de Chi Chi DeVayne. Sou muito grato por termos experimentado sua alma gentil e bela".

 

A drag queen Chi Chi DeVayne, participante da oitava temporada do reality show 'RuPaul's Drag Race', faleceu na última quinta-feira (20). A artista estava internada devido a um quadro de pneumonia. A informação foi inicialmente divulgada pela revista "Entertainment Weekly".

Através das redes sociais, a família da drag queen Chi Chi DeVayne, nome artístico de Zavion Davenport, comunicou o falecimento aos fãs.

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"Em nome da família Davenport/Wyandon, é com tremendo pesar que minha família e eu anunciamos a morte de meu filho querido, Zavion Michael Davenport, a renomada mundialmente 'Chi Chi Devayne. Em respeito à família imediata, por favor aguardem informações adicionais sobre arranjos finais, funeral e o método para enviar condolências e expressões de gentileza. Suas últimas palavras a sua família e fãs: 'Nunca desistam'." 

No último sábado (15), Chi Chi pediu orações nas redes sociais, através de um vídeo feito no hospital onde ela estava internada. "Mantenha-me em suas orações. Estarei de volta em breve", pediu a artista. 

Ainda este ano, Chi Chi havia passado por outra internação médica, a artista sofria de esclerodermia, doença rara e autoimune que provoca o endurecimento da pele. 

A drag queen ficou em quarto lugar na oitava temporada do reality 'RuPaul's Drag Race'. As colegas participantes do reality prestaram homenagens a artista em suas redes sociais.

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Para celebrar o mês do Orgulho LGBTI, a empresa Goose Island, de Chicago (EUA), anunciou uma edição especial de sua cerveja inspirada na drag queen Shea Couleé, que foi finalista da nona temporada do reality "RuPaul Drag Race". A cerveja que carrega o nome da queen é feita de trigo e limão e enlatada em uma embalagem idealizada pela própria Couleé nas cores amarela e rosa, com um cisne com glitter e cílios postiços.

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O lançamento é uma edição limitada e, segundo a Goose Island, parte das vendas será doada para a TransTech, uma ONG que oferece suporte, educação e oportunidades de trabalho para pessoas trans. A escolha da instituição que receberá a doação foi feita pela própria Shea Couleé.

"Nossa missão com a parceria é refletir sobre os artistas de nossa comunidade, mas também compartilhar uma mensagem que ressoa em todo o país, que é apoiar-se, agora, mais do que nunca e levar um pedaço da celebração do Pride Month para casa", disse o gerene sênior da cervejaria, Mike Erickson, em suas redes sociais.

 

Nesta segunda-feira (27), a cantora evangélica Eyshila fez um desabafo no seu perfil do Instagram. Conhecida por ter eternizado o louvor Tira-me do Vale, a artista gospel surpreendeu os seus seguidores ao falar do filho caçula. Ela publicou um texto sobre Lucas Santos, que é drag queen. Eyshila afirmou que, apesar dos dois acreditarem em ideologias totalmente diferentes, vai continuar amando o jovem. "Eles são nossos filhos, não nossos troféus. Eles são nossos, mas são seres independentes”, escreveu. 

“Pais, amem seus filhos! Amem e expressem isso em palavras e atitudes. Se o que vocês derem, ainda assim não for suficiente para eles por alguma razão, não se culpem por isso. Os pais só podem dar o que tem. [...] Antes de serem nossos filhos eles pertencem a Deus. Assim como Deus nos ama incondicionalmente, amemos nossos filhos também. Amemos mesmo sem concordar com seus erros. Amemos sem compactuar com suas escolhas. Amemos sem culpa e sem vergonha alguma. Afinal, quem ama não deve nada a ninguém. Nem explicações", completou.

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Na função dos Stories, na mesma rede social, Lucas também fez uma postagem especial para Eyshila. O rapaz disse que os dois se amam. “Se ela pudesse escolher, teria um filho gay? Não. Se pudesse escolher, teria uma mãe pastora evangélica? Não. Mas aconteceu. E acaso não foi. Seguimos nos amando e nos respeitando, em prol de uma vida pacífica e saudável", declarou.

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Parece que os brothers do BBB20 conseguiram deixar a tensão pré-paredão de lado e curtir a noite de sábado, dia 18, de forma bem descontraída! Os confinados receberam um cooler da produção e, claro, que todo mundo resolveu curtir a noite sem lembrar da reta final do jogo.

Depois de muito bate-papo, as sisters tiveram uma ideia para lá de animado: montar Babu Santana! "Diz que sim, tá? Você aceita a gente te montar?", questionou Rafa. "A gente faz uma coisa glamourosa. A gente pode se dedicar", insistiu Manu. O ator aceitou numa boa e o resultado foi um sucesso.

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As meninas realmente se dedicaram e criaram um look todo personalizado para Babu, que ainda colocou brincos e até maquiagem, se transformando numa verdadeira drag queen!

E claro que teve desfile para valorizar ainda mais o visual de Babu! A maquiagem ficou por conta de Ivy, enquanto a caracterização no cabelo foi de responsabilidade de Rafa Kalimann. Manu, Thelma e Mari foram as criadoras do look para lá de ousado. As meninas viram o ator desfilar, com direito a estrelas da calçada da fama do BBB20 brilhando e ao som de I Will Survive, sucesso de Glória Gaynor.

Por fim, ele até ganhou um novo apelido: Bubu Santana! Nas redes sociais, Babu foi assunto e até Bruna Marquezine elogiou a transformação feita pelas meninas:"O look está lindo. Essa manga, cara. A saia tem babado. Esse laço... A produção arrasou em colocar músicas e luzes acendendo no piso, virou uma passarela. Eu queria estar lá agora, olha que divertido! A gente realmente está na mesma situação nessa quarentena. Parece a gente em casa sem nada para fazer cortando roupa, cabelo, ressignificando as coisas".

Depois de tanta diversão, o clima acabou esquentando na sala da casa quando os brothers passaram a conversar sobre Paula von Sperling, vencedora do BBB19. A influenciadora digital foi critica por Manu Gavassi e pelos demais confinados depois de defender a ex-participante do reality show, que foi acusada de racismo e intolerância religiosa em sua edição. "Ela era muito avoada, não fazia na maldade,na malandragem. As pessoas não tinham paciência porque ela falava mais asneiras".

Thelma tentou explicar que não dá para legitimar que Paula fosse preconceituosa, como muitos apontaram no ano passado. Ao perceber que os brothers não estavam concordando com ela, Rafa explicou que não queria justificar ou passar a mão na cabeça de Paula, mas tentando entender os lados de tudo isso, comparando que assim como a ex-BBB também veio de uma cidade pequena, no interior, onde o acesso a informação é diferente e muitas pessoas competentes acabam falando besteira.

Manu justificou que informação dá para se ter até no celular e que as falas de Paula eram falta de interesse. Babu pontuou que há coisas que não se devem tolerar, como intolerância religiosa, homofobia. Nas redes sociais, o nome de Rafa Kalimann ficou entre os assuntos mais comentados e muita gente debateu se a sister estava com a razão ou não.

“Independente de suas dificuldades, continue, não desista nunca. Porque se você desistir em qualquer obstáculo que surgir na sua vida meu amor, você vai desistindo da vida”. Essas foram as palavras de Gilmar Roberto dos Santos Júnior, 32, recém formado em nutrição. O que nos leva à história dele é o ressurgimento da drag queen Sayuri Heiwa, que foi criada e resgatada por Gilmar para custear o sonho da formação no ensino superior, em uma instituição localizada no Recife.

Drag queen como caminho para formação

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Na última sexta-feira (14), foi realizada a cerimônia de colação de grau na instituição de ensino em que o recém formado, Gilmar, foi orador da turma. Para homenagear a profissão que o levou até a formação, ele decidiu ir “montado” para a cerimônia. E nos olhos de quem acompanhou esse momento podíamos notar que a conquista da drag queen estende-se aos amigos e familiares.

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Esse momento fecha um ciclo que iniciou três anos atrás, quando Gilmar retomou às atividades artísticas como drag queen em casas de apresentações artísticas do Recife. Vindo de família humilde, Sayuri, hoje, proporciona outra situação de vida para seus pais e irmã, que sempre estiveram lado a lado nessa caminhada, além de contar com o apoio do esposo, Heitor Eiras, que desde o início se dispôs a ajudar. 

“Sayuri, desde que voltou, em 2017, veio numa crescente muito grande. Então eu vi a necessidade de ajudar ela na questão de redes sociais e na questão de administrar o dinheiro. Todo dinheiro que ela vinha recebendo a gente colocava em um caderninho", explicou Heitor ao LeiaJá.

A drag queen comemora a aprovação, pois, através da arte de transformação, pode honrar os compromissos financeiros e alcançar o seu sonho, formar-se em nutrição. “Eu meti a cara mesmo e fui tentar uma bolsa lá. E ganhei uma bolsa pelo projeto talento, que a faculdade oferece, que dá descontos de até 70%. E eu fui contemplado com 50% do valor da mensalidade. Eu fui e arrisquei em fazer o curso e consegui pagar até os últimos dias”, disse Sayuri ao LeiaJá.

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O valor da mensalidade inicialmente era de R$ 400 e terminou por R$ 750, já com a bolsa de 50%. O estudante recebia cachês de valores variados.

A sociedade e o convívio familiar

Segundo relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado na última sexta-feira (17), a cada 23 horas é registrada uma morte por homofobia. Mesmo com esse dado alarmante, Sayuri diz ter sorte em ter uma família que sempre o acolheu, amou e o apoiou. Seu pai, Gilmar Roberto dos Santos, e sua mãe, Maria José dos Santos, ao descobrirem sua orientação sexual, reagiram de forma afetuosa, zelando apenas pelo respeito entre eles.O pai de Sayuri vibra com a formação do filho e projeta como será sua atuação profissional. “Ele vai ter que ver o que vai dar melhores condições a ele. Agora ele formou-se, e vai querer ficar justamente dando sequência ao trabalho (como nutricionista). Agora ele também não quer deixar o outro lado (trabalho como drag)”, relatou ao LeiaJá

Sayuri conviveu em um ambiente em que os funcionários, professores e estudantes da faculdade mantinham uma cultura de respeito à diversidade e não discriminação. “Foi uma grande alegria saber do empenho que ele desenvolvia no curso, as custas do trabalho dele, que é um trabalho honesto. E saber que dentro do curso de nutrição ele não sofreu nenhum tipo de preconceito, nenhum tipo de dificuldade em relação a isso (trabalho como drag queen)”, afirmou Ana Karla Ferrer, coordenadora do curso de nutrição.

Planos 

Como Sayuri Heiwa, o recém formado pretende ser voluntário na Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE), usando o visual drag queen para ajudar a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e pessoas soro positivo (LGBT+), assistidas pela entidade, a ingressar no mercado de trabalho.  

Esse é um plano priorizado para a construção da sua carreira. Outra pretensão, após registro no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN), é unir a atividade como drag queen aos conhecimentos da área de nutrição. E assim promover, além de workshop e palestras, uma relação que permita condições melhores de saúde para pessoas trans em processo de transição.

Depois de aparecer com próteses de silicone que simulam seios, na última terça-feira (24), Pabllo Vittar resolveu se despir. No seu perfil do Instagram, a drag queen dividiu mais uma vez com os fãs o seu visual sem nenhum resquício de beleza feminina. De cueca, a voz do hit Amor de Que exibiu a boa forma e acabou ganhando diversos elogios dos internautas.

"Esfregando esse corpo na nossa cara!!! Errada não tá", brincou um dos seguidores. "Perdi o fôlego", escreveu outra pessoa. Na publicação, o cantor pernambucano Johnny Hooker exaltou o registro divulgado por Pabllo: "Gostoso".

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Confira:

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Pabllo Vittar já deixou bem claro, em algumas entrevistas, que não tem o desejo de virar uma mulher, muito embora goste de performar como uma quando se monta como drag queen. Os fãs parecem ter entendido já, mas, nesta terça (26), os seguidores mal souberam lidar com um vídeo postado pela cantora no qual ela aparece com seios enormes. A brincadeira arrancou comentários divertidos dos seguidores da drag. 

No vídeo, Vittar aparece com uma prótese temporária de silicone. Ela posou com um biquíni dourado e, no vídeo, aparece dançando bastante animada e rindo muito ao balançar os seios falsos. Ela aproveitou, também, para divulgar o seu novo disco, 111, que está disponível nas plataformas digitais. 

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Nos comentários, alguns seguidores se divertiram enquanto outros estranharam os 'novos' atributos da artista: "Jojo é você?"; "Quando ela colocou? Já pode balançar?"; "Colocou peitos mesmo?"; "Pera que minha cabeça tá confusa"; "Por que choras, Elvira?"; "Eu amo uma lenda"; "Se eu tivesse peitos faria o mesmo"; "Close de peito"; "Pabllo com peito é tudo pra mim". 

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É comum associarmos a imagem de uma drag queen à comédia e, também, a um homem. Porém, a arte drag vem transcendendo limites com o fortalecimento cada vez maior de seu caráter político, sobretudo através das mulheres que, corajosamente, se aventuram a ocupar um lugar que muitos defendem não ser o delas. Com a 'explosão' da cultura drag queen, as mulheres estão se apaixonando por essa forma de expressão e fazendo dela ferramenta para se descobrir e se posicionar no mundo. 

Ganhando cada vez mais espaço na cultura pop e na mídia, a arte drag queen tem revelado algumas de suas facetas antes desconhecidas pelo grande público. Entre elas, e talvez a mais forte, sua veia política. Por ousar questionar estereótipos e questões de gênero, essa expressão artística caiu como uma luva para quem busca uma maneira diferente de se colocar na sociedade. A elas, se dão alguns nomes como lady queen, bio queen e até faux queen, termo pejorativo que significa "falsa drag". Porém, nomenclaturas à parte, o que elas buscam mesmo é se libertar de todo e qualquer padrão e, simplesmente, se permitir. . 

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No Recife, ainda são poucas as mulheres que atuam como drag queens. Maria Eduarda do Rêgo Barros, internacionalista e DJ de 23 anos, conta ter sido uma das primeiras. Na ânsia de encontrar sua personalidade, há cerca de quatro anos ela descobriu essa arte e, com o nascimento da drag Karma, se achou. "Eu estava buscando confiança com meu corpo, que não é um corpo que se encaixa nos padrões, confiança em mim mesma para me colocar pra fora e sair da bolha que eu estava imersa. Acho que a drag traz isso pra gente, nossa aceitação enquanto mulheres. No meu caso, Karma me fez aceitar minha sexualidade e me assumir para minha mãe. Se não fosse por Karma, eu não estaria aqui", diz.

Karma: "Hoje em dia a cena tá muito mais inclusiva e forte e acho que era isso que faltava, mais mulheres."

Pouco depois, foi a vez da cientista social Ericka Cariri Costa, de 41 anos, fazer a mesma descoberta com o nascimento da drag Donna Flash. "Mudou minha vida, me encorajou mais para enfrentar as dificuldades, os preconceitos, as desigualdades. A gente faz amizades no nosso meio e aprende muito com as histórias dos outros. A gente consegue se fortalecer pra vida fora da arte drag", explica. 

A publicitária e produtora de eventos Inês Munhoz, de 20 anos; e a atriz Catarina Martins, de 24, engrossam o coro das amigas. As duas são drags 'recém nascidas', com 10 e quatro meses de vida, respectivamente, mas já entenderam a potencialidade que essa forma de se expressar é capaz de trazer a quem se dedica a ela. "Eu precisava de algo pra falar, eu queria me expressar artisticamente, por ser atriz e estar parada, estava sentindo falta de estar em palco, de atuar. Hoje em dia também uso minha drag pro trabalho, produzo festas, foi um grande diferencial na minha vida, posso dizer que a drag mudou minha vida e pra melhor", diz Inês, ou melhor, Energy Fantasy.

Já Catarina, foi 'montada' pela primeira vez  em uma brincadeira com os amigos, mas o momento funcionou como uma revelação para ela, que ali viu nascer a drag Margot Dejour. "Eu sempre tive muito problema com o meu corpo, sou uma mulher muito grande, então sempre me achei muito ‘over’. E aí eu me limitava muito. Foi como se, de fato, eu encontrasse meu corpo naquele dia. Foi uma brincadeira que me levou para outro lugar, um lugar que eu nunca tinha estado com o meu corpo. Foi aí que eu comecei a me descobrir como mulher presente o tempo todo. Sou outra pessoa agora, ela (Margot) me abriu a porta pra me reconhecer como Catarina".  

Donna Flash: "A questão é não limitar, a gente deve fazer o que a gente quiser, sempre."

Espaço de mulher

Embora pareça e seja, de fato, muito divertido se 'montar' com perucas coloridas, roupas e maquiagens extravagantes, encarnar sua drag queen pode ser tarefa bastante árdua e ser mulher não diminui a dureza arraigada nessa manifestação artística. Elas precisam enfrentar a desconfiança do público, a falta de oportunidades de trabalho, preconceito e assédio moral e físico - dentro e fora do meio LGBT. 

As quatro são enfáticas ao constatar que, por serem mulheres, acabam sofrendo mais assédio do que homens e transexuais que fazem drag. "A gente sabe que o corpo da mulher quanto mais desnudo ele é visto como um convite. Nunca vai ser um convite. (Estarmos aqui) é quebrar esses paradigmas e padrões sociais", diz Donna Flash. Karma, que chegou a passar um período sem se 'montar' por conta dos assédios físicos sofridos, complementa: "Nossos corpos de mulheres incomodam porque as pessoas não estão acostumadas a vê-los. O maior desafio para nós é se colocar na sociedade, se impôr, a gente não tem esse poder, ele não nos é dado".

Margot Dejur: "Eu sou 'aqui' tudo aquilo que não posso ser enquanto Catarina."

Além disso, se estabelecer no meio LGBT entre drag queens veteranas também é um obstáculo que é preciso superar. Elas garantem que há uma certa resistência e o preconceito faz até com que elas sejam confundidas com homens, além de terem menos oportunidades de trabalho. "Eu tinha receio (no início), porque é uma arte que as pessoas construíram um senso em cima de que só o homem pode fazer, eu tinha medo de não ser reconhecida, nem aceita no meio. Você está dentro de um espaço, querendo ou não e você acaba sendo oprimida pela própria minoria, é totalmente ilógico. Você deveria acolher a pessoa que tá fazendo parte do mesmo movimento, você se sente muitas vezes acuada, é complicado", diz Margot. 

Sobre o meio profissional, elas revelam que os contratantes preferem as drags feitas pelos nascidos no gênero masculino. A alternativa é fazer "seus próprios rolês", como o Energy Fantasy que produz algumas festas como a Lip Sync Battle e a BBD. "Já ouvi que as mulheres estavam se montando pra tomar espaço, isso é muito grave. Eu vejo que há uma resistência, sempre vai existir resistência quando a mulher quer fazer coisas que ela 'não deveria' fazer. Mas a gente tem que se impôr. Hoje em dia essa resistência é menor porque a gente se impõe, a gente está falando. Parte de nós ter essa coragem e parte dos outros respeitar", diz Karma. Energy complementa: "A gente existe e resiste".   

Energy Fantasy: "Engraçado que a gente faz uma coisa pra se libertar e as pessoas pegam e prendem a arte dentro de uma caixinha e dizem: 'não liberta, não pode'".

Drag e feminista

As dificuldades parecem ser rotina na vida dessas mulheres. No entanto, nada muito distante de sua realidade enquanto pessoas do gênero feminino, como comenta Donna: "O espaço da mulher na arte drag é meio que um reflexo do espaço da mulher na sociedade. Uma sociedade machista e patriarcal que quer sempre colocar padrões de comportamento, de existência, de se vestir, em todo lugar a gente passa por isso, estamos limitadas e temos sempre que ter um comportamento socialmente aceito. Quando a gente está montada e somos drags, a gente tá quebrando isso". 

O poder que a 'montação' lhes confere também serve como ferramenta para lutar contra o preconceito e as limitações impostas pela sociedade. E munidas de perucas coloridas e batons gritantes, além, é claro, da classe de quem sabe onde está pisando do alto do seu salto 15 cm, elas acabam educando aqueles que insistem em tolher sua arte. Afinal, ser drag queen, como essas quatro artistas bem esclareceram durante esta entrevista, é fundamentalmente vestir um personagem que expressa o gênero feminino, algo possível de ser feito por qualquer ser humano. Karma sintetiza: "A gente se monta pra conquistar nosso espaço, nossa liberdade, a nossa identidade. A luta feminista ter crescido tanto e com a mudança dos tempos, as pessoas sabem que a mulher hoje em dia tem voz e ela não vai se calar. Não é só pelo close, mas é por toda uma história".

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Fotos: Divulgação/Karma

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Desde que o mundo é mundo existem homens que se vestem como mulheres. Na Grécia Antiga, 500 anos antes de Cristo, o teatro grego só permitia atores em suas produções, sendo assim, eles se caracterizavam como mulheres para os papéis femininos. O cenário permaneceu o mesmo durante um longo tempo na história: no século 16, o teatro inglês continuou sendo feito dessa maneira e a mudança só veio em meados do século 18, quando os atores que se travestiam de mulher passaram a integrar as peças com forte teor de comicidade, usando maquiagem exagerada e figurinos extravagantes.

Com a chegada dos anos 1960, a cultura pop surgiu e logo ganhou força nas grandes metrópoles, e simultaneamente a comunidade gay passou a ganhar espaço na sociedade. Mesmo sendo relegado a guetos, o público gay foi encontrando - e forçando - aberturas para se expressar e a arte drag queen acabou sendo abraçada por eles.

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De lá para cá, a despeito do preconceito, as drags conseguiram trilhar um caminho que as levou a lugares nunca antes imaginados, chegando ao mainstream da música, TV e cinema. O visual delas trilhou o mesmo caminho e, hoje em dia, 'montar-se' não significa apenas se transformar, mas também militar e se colocar no mundo. 

Nas décadas de 1980 e 1990 era comum encontrar nos teatros e casas de show brasileiros drag queens bastante caricatas. No Recife, a companhia de teatro Trupe do Barulho popularizou o estilo com atores que se 'montavam' com maquiagens escandalosas e trejeitos engraçados para atuar em espetáculos de humor. Jeison Wallace (Cinderela), Flávio Luiz, Jô Ribeiro e Henrique Celibi são apenas alguns dos nomes que fizeram escola na capital pernambucana não só no meio drag como no meio teatral.

A Trupe é citada como uma das fortes influências do estudante de Licenciatura em Teatro (UFPE) e professor Wanderson César. Quando se monta, ele vira Mei Jinlian, uma drag que concentra em si muito da caricatura mas que, caso precise "pagar de bonita", também o faz plenamente. "Eu digo que sou uma filha de duas levas, porque realmente, na cena drag da década de 1990 no Recife, a gente tinha a Trupe do Barulho que é um marco para o Teatro LGBT do Recife, e elas me influenciam muito; mas ao mesmo tempo, sou muito influenciado pelas coisas novas, como a Ru Paul. Eu tento equilibrar tudo isso pra colocar na Jinlian".

Para Wanderson, que pesquisa academicamente o teatro asiático e a história dos homens que se vestem de mulher para entrar em cena, a estética de uma drag vai além da escolha da maquiagem: "Eu acho que é muito mais uma questão de contextos. Justamente por ser uma arte tão livre, existem diversos contextos e diversas vertentes. Desde sempre teve as drag queens belíssimas e afeminadas".  

Drags que se apresentam com o visual mais próximo do feminino, de fato, sempre existiram. Na década de 1920 os irmãos gêmeos noruegueses Leif e Paal Roschberg fizeram muito sucesso ao imitarem as lendárias irmãs húngaras Dolly Sisters, em Paris. Em meados dos anos 1950, Lavern Cummings encantou os Estados Unidos com sua beleza, inclusive ostentando cabelos naturais, e uma poderosa voz de soprano. Já no final da primeira década dos anos 2000, em 2009, o programa americano RuPaul's Drag Race escancarou tudo o que se habituou a compreender enquanto arte drag, quebrando e renovando inúmeros padrões. 

Sayuri Heiwa, drag criada por Gilmar Santos, com uma carreira de 14 anos, fala sobre a influência de RuPaul. "Ela veio com muita força. O público hétero em si tinha uma visão de que drag queen era só a caricata, porque eles viam a Cinderela daqui e havia essa visão de que toda drag tinha que ser daquele jeito, caricata, engraçada. Antigamente era mais rotulado, ou você era uma coisa ou outra", diz. Mei complementa: "Hoje eu sinto que a linha entre esses dois estilos está muito fininha, até devido a pessoas como eu, que buscam unir o melhor desses dois mundos". 

Com a abertura de espaços e maior visibilidade para a arte drag queen, a exigência em relação ao visual também cresceu. As ‘gatas’, como se chamam, buscam, através da maquiagem, figurino e atuação, chegar mais perto dos fãs e, sendo assim, eles também demandam um determinado padrão.

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"Eu noto que quando faço uma maquiagem mais artística o meu público não curte muito, eles gostam mais quando eu faço essa linha mais feminina, mais próxima do real", diz Kiara Zarina, drag do maquiador e modelo Luenge Alberiz. A experiente Sayuri também notou as necessidades de seus fãs e fez mudanças em seu personagem para agradá-los."Eu fui vendo a necessidade que o público tava tendo de ver produções glamurosas. Eu não era bonita porque eu me maquiava como drag queen andrógina, mas fui conhecendo as tendências e fui fazendo cada vez ‘menos’". 

Independente do tipo de maquiagem e figurino, todas concordam que a drag queen tem a missão de divertir suas plateias. "Umas gostam de ficar mais femininas, eu gosto de ficar engraçada. Quando eu me monto eu quero mostrar que eu sou uma drag que vai estar bonita mas que também vai fazer rir.", diz Mei. Sayuri complementa a colega “Nós somos artistas, estamos dando vida a um personagem. Se eu quiser me transformar em uma mulher eu posso. Cada um tem o direito de virar o personagem que quiser, o que vai diferenciar é cair no gosto popular". 

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Militância 

Muito embora não exista uma ligação obrigatória entre o fazer drag queen com sexualidade e gênero - havendo inclusive mulheres e pessoas trans que também desempenham esse trabalho -,  as drag queens foram alçadas ao posto de porta-voz das pessoas LGBTQ+. Hoje, além de serem artistas, elas também se entendem enquanto militantes. A maior visibilidade as possibilita chegar aos mais diversos segmentos e assim poder falar não só de sua arte, mas das demandas dessa comunidade.

Sayuri pontua: "Antigamente não se tinha uma preocupação de militância como hoje existe. A partir do momento que você começa a se maquiar, já está sendo um militante". Mei complementa: "As militâncias estão sendo mais pontuais e as gatas já estão conseguindo adquirir o espaço e o respeito delas". Já Kiara vai além e milita também pela população negra. "Tento levar a imagem de empoderamento, principalmente o negro. Eu quero mostrar que eu também posso ocupar certos espaços e que o negro é bonito também". 

Trabalho

Existe um outro ponto em que todas falam em uníssono, drag queen é um trabalho como outro qualquer. Ao se montar, a 'gata' se prepara para apresentar um show e entreter a plateia. Além disso, Nina Poison, drag do maquiador Rapha Ramos, conta que para ser drag driblando a falta de recursos é preciso colocar a mão na massa. Então elas acabam, além de artistas, sendo costureiras, maquiadoras, estilistas e até sapateiras. Mei complementa: "Se a gente ficar muito numa arte só nossa, não vai arranjar trabalho. Por mais que seja uma coisa que a gente se divirta e tenha prazer fazendo, drag é trabalho e a gente precisa trabalhar". 

No Recife, cidade em que há muitas drags, as oportunidades para trabalhar parecem estar aos poucos aumentando. Nina conta que os profissionais ainda sofrem um pouco com a falta de articulação e com uma cena que depende de contatos e conhecidos para fluir, mas os horizontes parecem favoráveis pela quantidade de festas que pipocam na noite recifense: "Tem mercado tem trabalho, agora, a concorrência é grande. O mercado está mais receptivo. Vamos mostrar que existe seriedade na arte drag, não é apenas diversão, tem gente que vive disso." 

Algumas das drag queens mais famosas do mundo vêm ao Brasil, ainda este ano, para duas apresentações. A Drag Race Werq The World chega a São Paulo, no dia 21 de novembro, e depois em Porto Alegre, no dia 22 do mesmo mês. 

O show reúne participantes de todas as temporadas do reality comandado por RuPaul. Entre as confirmadas para as apresentações no Brasil estão Ivye Oddly, Naomi Smalls, Aquaria, Monet X Change e Plastique Tiara. 

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Os interessados em garantir seu ingresso para o show de São Paulo já podem fazê-lo comprando a entrada pela internet. A apresentação será no Teatro Bradesco e os valores variam de R$ 160 a R$ 900. As entradas para o evento de Porto Alegre ainda não estão disponíveis. 

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No próximo sábado (13), o bairro da Boa Vista, área central do Recife, irá celebrar a diversidade com a 'Batalha de Drag Queens', a partir das 19h. A disputa, que vai coroar a melhor da noite, contará com a participação de oito drags.

Nomes da cena LGBT pernambucana como Lolla Blum, Europa Bloodline, Mei Jinlian e Louise Veras prometem encantar o público do Amigos Pop Bar com performances estilosas e cheias de atitude. A avaliação da batalha será feita pelas juradas Alexia Tarantino, Charlotte Delfina e Ruby Nox. Os DJs Makusa Hoax e Giordanna Guior serão os responsáveis para animar a abertura do evento.

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Ao final da festa, as pessoas curtirão nas picapes o som conduzido pelos DJs Envy Hoax, América Evangelista, Energy Fantasy vs DJ Mattos e Tiá Mava. Os ingressos para a segunda edição do duelo de dublagens estão à venda por R$ 5 no site Eventbrite e também na portaria do evento.

Transexuais e drag queens poderão entrar gratuitamente. Basta enviar o nome completo para o perfil Lip Sync Battle PE no Instagram via mensagem privada. A lista será encerrada no próprio sábado, às 12h.

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