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Cerca da metade dos vertebrados em risco de extinção no mundo vive em ilhas, onde é mais fácil controlar as espécies invasivas que causam o seu eventual desaparecimento, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (25) na revista Science Advances.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo identificaram e localizaram 1.189 espécies terrestres de anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos que estão na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e que se reproduziram em 1.288 ilhas.

Puderam determinar se as espécies prejudiciais para esses vertebrados tinham sido introduzidas nas ilhas, como ratos e gatos.

"Este novo banco de dados sobre a biodiversidade permitirá concentrar e melhorar significativamente os esforços de conservação que o nosso planeta precisa", disse Dena Spatz, uma bióloga da ONG Island Conservation, principal autor do trabalho.

Um grande número das espécies mais ameaçadas do planeta vive nas ilhas, como o Nesomimus trifasciatusda ilha Floreana, um pássaro das Galápagos, cujo desaparecimento da ilha na qual recebeu seu nome no século XIX ocorreu décadas depois da chegada dos humanos.

Sua quase extinção se deve à introdução de espécies invasoras sobre a ilha, incluídos os roedores e os gatos selvagens. As centenas de Nesomimus trifasciatus que restaram foram confinados em ilhotas sem predadores.

As ilhas representam apenas 5,3% da terra emergente, mas foram habitat de 61% de todas as espécies extintas conhecidas desde 1500.

Os gatos selvagens e os roedores foram responsáveis pelo desaparecimento de pelo menos 44% das aves, pequenos mamíferos e répteis.

Em algumas ilhas é possível prevenir a chegada dessas pragas e eliminar a maioria dos intrusos. Isso permitiu o ressurgimento de muitas espécies nativas em risco de extinção, segundo o estudo.

Enquanto os vertebrados ameaçados representam cerca da metade de todas as espécies terrestres ameaçadas, estão presentes só em uma fração das terras do mundo e em menos de 1% das ilhas, segundo o estudo.

A população de vertebrados na Terra caiu 58% entre 1970 e 2012, e se a tendência persistir poderá diminuir 67% em média de agora até 2020, adverte nesta quinta-feira (27) um relatório do WWF.

O relatório anterior "Planeta Vivo", publicado em 2014 por essa ONG de defesa do meio ambiente, mencionava uma queda de 52% entre 1970 e 2010.

O WWF, em colaboração com a sociedade zoológica de Londres, estudou 14.152 populações de 3.706 espécies de mamíferos, peixes, aves, anfíbios e répteis para chegar a esta conclusão.

Um novo estudo sobre fósseis de 365 milhões de anos encontrados em 1987 no oeste da Groenlândia torna mais complexa a história da transição evolutiva dos peixes para os primeiros vertebrados terrestres. Os autores da pesquisa, publicada nesta quarta-feira (7), na revista científica Nature, reexaminaram detalhadamente os fósseis de tetrápodes - os primeiros vertebrados de quatro patas - do gênero Acanthostega. De acordo com eles, todos os animais encontrados em um mesmo local eram filhotes e tinham hábitos exclusivamente aquáticos.

A transição dos peixes para os tetrápodes é um dos principais eventos da história evolutiva dos vertebrados, segundo os autores. No entanto, vários aspectos da evolução e comportamento de animais como o Acanthostega permanecem desconhecidos, já que os fósseis de tetrápodes são raros e geralmente estão em mau estado.

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O grupo internacional de cientistas utilizou uma técnica não destrutiva, que emprega microtomografias com uso de luz síncrotron - uma intensa radiação eletromagnética produzida em aceleradores de partículas. Com isso, os pesquisadores puderam visualizar e descrever quatro membros anteriores de espécimes de Acanthostega coletados na formação de Stensiö Bjerg, na Groenlândia.

Nesse local já haviam sido encontrados mais de 200 elementos de esqueletos. Do conjunto de fósseis analisados, 20 animais morreram juntos, provavelmente como resultado de uma seca após eventos de inundação, de acordo com os autores do estudo.

Observando detalhes do padrão de desenvolvimento dos ossos, como elementos que indicam uma interrupção do crescimento, os cientistas mostraram que todos os indivíduos encontrados no local - mesmo os maiores - eram filhotes no momento em que morreram.

Segundo os autores, o início tardio do crescimento dos ossos dos membros dos Acanthostega mostra que os filhotes eram exclusivamente aquáticos. Com base nas análises dos ossos, eles sugerem que esses animais passavam por um longo estágio como filhotes e, pelo menos em algumas situações, formavam grupos sem a presença de adultos.

"Usando o poder tremendo dos raios-x de luz síncrotron, fomos capazes de avaliar detalhes microscópicos desses espécimes como se eles tivessem sido fatiados para análise em laboratório, mas sem danificar esses fósseis únicos", disse um dos autores do estudo, do European Synchrotron Radiation Facility, um dos maiores laboratórios de luz síncrotron do mundo sediado em Grenoble, na França.

Segundo os cientistas, os primeiros tetrápodes viveram no período Devoniano (de 419 milhões a 359 milhões de anos atrás) e são de grande interesse para a ciência, por serem os primeiros animais vertebrados a terem se aventurado pela terra firme, abrindo caminho para todas as formas de animais terrestres.

A mudança da água para a terra, de acordo com os autores, deve ter afetado inúmeros aspectos da biologia dos tetrápodes, mas até agora não há nenhum estudo conclusivo sobre sua evolução. Não se sabe por quanto tempo eles viviam, nem se eram aquáticos no estágio imaturo.

Se os fósseis de tetrápodes são, em geral, fragmentários, com as técnicas utilizadas pelos cientistas, as estruturas microscópicas dos ossos pareciam quase perfeitamente preservadas, de acordo com a coordenadora do estudo, Sophie Sanchez, da Universidade de Upsalla (Suécia).

"Como uma árvore em crescimento, o osso de um membro tem marcas deixadas por ritmos sazonais e apresenta anéis de crescimento anuais. Esses anéis, que podem ser vistos fósseis, nos dão informações sobre o desenvolvimento e a idade de cada espécime", explicou Sophie.

A análise, segundo Sophie, mostrou que as patas dianteiras dos Acanthostega ainda imaturos eram feitas de cartilagem. Ao contrário dos ossos, a cartilagem é elástica e, de acordo com a pesquisadora, frágil demais para permitir que o animal sustentasse o peso de seu corpo fora da água. A análise indica que a ossificação dos membros do Acanthostega começava tarde, quando o animal já estava quase em seu estágio máximo de crescimento.

"Isso sugere que esse depósito de Acanthostegas mortos representa um grupo de filhotes aquáticos que incluía poucos ou nenhum adulto", afirmou a cientista. Segundo ela, ainda não se sabe onde os Acanthostega adultos viviam, ou se havia segregação dos filhotes.

"Nosso estudo fornece um relance das características da vida de um dos primeiros tetrápodes. Planejamos agora realizar uma pesquisa mais completa sobre as histórias de vida desses animais, que poderão ter um impacto considerável nas teorias que são ensinadas nos livros escolares", disse Sophie. Participaram do estudo também cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e da Universidade de Copenhague (Dinamarca).

Um grupo de cientistas australianos que exploram um "mundo perdido" no norte da ilha descobriram três espécies de vertebrados isolados há milhões de anos, incluindo um novo tipo de gecko (geconídeo, uma família de répteis sáurios) com a cauda em formato de folha.

Conrad Hoskin, da Univerdade James Cook, e uma equipe de televisão da National Geographic, foram levados de helicóptero a Cape Melville, cujo relevo é feito de rochas de granito empilhadas ao longo de centenas de metros. Anteriormente, realizaram estudos nos campos rochosos no sopé da colina, mas a colina em si, identificada por imagens de satélite, continua sendo pouco conhecida e de difícil acesso.

"A parte superior de Cape Melville é um mundo perdido. E descobrir estas espécies é obra de toda uma vida", declarou Conrad Hoskin, que se somou à classificação de espécies vivas um gecko longilíneo com uma cauda plana e um par de olhos esbugalhados.

O pequeno réptil, endêmico da Austrália, foi batizado de Saltuarius eximius (que significa excepcional, em latim). Ele mede 20 cm e seria um sobrevivente dos tempos imemoriais da selva tropical cobria grande parte do solo australiano.

De aspecto "primitivo", este réptil é biologicamente muito diferente de seus parentes e representa a sétima subespécie das salamandras australianas. "Quando vi, soube que se tratava de uma nova espécie de salamandra. Tudo nela era claramente diferente em relação às características de outros répteis do tipo", afirmou Hoskin.

Os cientistas também identificaram uma nova espécie de lagartixa de pele dourada e uma rã que vive entre as rochas. A lagartixa também é muito diferente de seus parentes das florestas tropicais. Já a rã, durante as temporada de seca, é encontrada entre rochas, onde as temperaturas são frescas e o ar, úmido, permitindo que as fêmeas coloquem seus ovos em rachaduras com umidade suficiente.

Na falta de água, o girino se desenvolve dentro do ovo, de onde sai já uma rã completamente formada. Quando começa a temporada úmida, a rã vai para a superfície da rocha para se alimentar e se reproduzir.

"Descobrir três novos vertebrados seria por si só surpreendente em um país relativamente pouco explorado como a Nova Guiné, mas é algo ainda mais surpreendente na Austrália, que foi amplamente explorada", explicou Conrad Hoskin.

Segundo a National Geographic, a equipe planeja voltar a Cape Melville dentro de alguns meses para buscar mais espécies desconhecidas, incluindo caracóis, aranhas e talvez até pequenos mamíferos.

"Todos os animais de Cape Melville são incríveis, precisamente por sua capacidade de persistir durante milhões de anos na mesma zona e não se extinguir. É algo alucinante", concluiu Hoskin. Seus trabalhos estão sendo publicados pela revista Zootaxa.

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