Tópicos | fósseis

Fósseis de peixes de 440 milhões de anos, descobertos na China, permitem “preencher algumas das principais lacunas” com relação a como os peixes evoluíram até a espécie humana, anunciaram pesquisadores nesta quarta-feira (28).

Os fósseis foram encontrados em 2019, em dois grandes sítios na província de Guizhou e no município de Chongqing, no sudoeste da China.

Esses achados permitem “estabelecer que numerosas estruturas do corpo humano remontam aos peixes, alguns deles de 440 milhões de anos atrás”, declararam os pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia, da Academia Chinesa de Ciências.

As descobertas, destacadas em artigos publicados nesta quarta na revista científica Nature, permitem “preencher algumas das principais lacunas na evolução do peixe ao homem”, segundo a equipe responsável.

Entre os achados de Chongqing está um fóssil de peixe da família dos Acanthodii. Dotados de uma estrutura óssea em torno das nadadeiras, esses peixes são considerados antepassados de seres atuais com mandíbula e coluna vertebral, como é o caso do ser humano.

Em 2013, os cientistas descobriram na China outro fóssil de peixe de 419 milhões de anos, que refutou a antiga teoria de que os peixes modernos dotados de esqueletos ósseos (osteíctios) evoluíram a partir de um peixe parecido com um tubarão e dotado de uma estrutura cartilaginosa.

A nova criatura encontrada na China, chamada Fanjingshania, tem 15 milhões de anos a mais que esse peixe, de acordo com o estudo.

“Trata-se do peixe mais antigo dotado de mandíbula de que se conhece a anatomia”, explicou nesta quarta à imprensa o responsável por essa equipe de pesquisa, Zhu Min.

“É uma descoberta incrível”, afirmou John Long, ex-presidente da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados dos Estados Unidos. “Isso põe em questão quase tudo que sabíamos sobre a história inicial da evolução de animais com mandíbula.”

Espécies de dinossauros grandes e pequenas fizeram do Ártico seu lar durante todo o ano e provavelmente desenvolveram estratégias para sobreviver ao inverno, como hibernar ou cultivar penas isolantes, de acordo com um novo estudo.

A pesquisa, publicada nesta quinta-feira na revista "Current Biology", é resultado de mais de uma década de escavações minuciosas de fósseis e põe fim à ideia de que os antigos répteis viviam apenas em climas mais quentes.

"Um par dessas novas jazidas que encontramos nos últimos anos revelaram algo inesperado: mostrando ossos e dentes de bebês", disse à AFP o autor principal, Patrick Druckenmiller, do Museu do Norte da Universidade do Alasca. "Isso é surpreendente, porque mostra que esses dinossauros não apenas viveram no Ártico, mas também eram capazes de se reproduzir ali."

Os pesquisadores descobriram pela primeira vez restos de dinossauros em latitudes polares na década de 1950, em regiões antes consideradas muito hostis à vida dos répteis. Isso levou a duas hipóteses: ou os dinossauros eram residentes polares permanentes ou migraram para o Ártico e a Antártica a fim de aproveitar os recursos quentes sazonalmente abundantes e, possivelmente, para se reproduzir.

O novo estudo é o primeiro a mostrar evidências inequívocas de que pelo menos sete espécies de dinossauros foram capazes de aninhar em latitudes extremamente altas, nesse caso a Formação Prince Creek do Cretáceo Superior. A equipe tem certeza de que os pequenos dentes e ossos que encontraram, alguns dos quais com apenas alguns milímetros de diâmetro, pertencem a dinossauros que haviam acabado de nascer ou que morreram pouco antes do nascimento.

"Eles têm um tipo de textura superficial muito específico e peculiar: é muito vascularizada e os ossos estão crescendo rapidamente, há muitos vasos sanguíneos fluindo para eles", explicou Druckenmiller.

Ao contrário de alguns mamíferos, que dão à luz filhotes que podem percorrer longas distâncias quase que imediatamente, mesmo os maiores dinossauros tinham filhotes diminutos, que não teriam sido capazes de fazer viagens migratórias de milhares de quilômetros.

Dado o que se sabe sobre como algumas espécies incubavam seus ovos até o verão, as crias de dinossauro não teriam tido tempo de amadurecer e estar prontas para uma longa viagem antes da chegada do inverno, afirma a equipe.

- Estratégias de inverno -

O Ártico era mais quente no Cretáceo Superior do que hoje, mas as condições ainda eram muito difíceis. A temperatura média anual era de 6°C, mas teria havido cerca de quatro meses de escuridão do inverno, com temperaturas negativas e nevascas ocasionais.

"Agora entendemos que, provavelmente, a maioria dos grupos de dinossauros carnívoros que encontramos ali em cima tinham penas", disse Druckenmiller. "Você pode pensar nisso como seu próprio casaco de plumas, para ajudá-los a sobreviver no inverno."

A pesquisa atual não fornece evidências tão sólidas de que os herbívoros tinham penas, mas a equipe acredita que os herbívoros menores podem ter cavado sob a terra e hibernado. Os vegetarianos maiores, que tinham mais reserva de gordura, podem ter recorrido à busca de galhos e cascas de baixa qualidade para passar o inverno.

Além disso, o fato de residirem o ano inteiro no Ártico é outra pista de que os dinossauros tinham sangue quente, como sugerem pesquisas recentes, e é condizente com a ideia de que eles se encontram no ponto evolutivo entre os répteis de sangue frio e as aves de sangue quente.

"Nós pensamos em dinossauros nesse tipo de ambiente tropical, mas o mundo não era inteiro assim", ressaltou Druckenmiller, acrescentando que as descobertas do Ártico criaram um "prova natural" de sua fisiologia. A capacidade dos dinossauros de sobreviver ao inverno ártico é a "evidência mais convincente até hoje" de que eles podem ser adicionados à lista de espécies capazes de se termorregular, concluiu o co-autor Gregory Erickson, da Universidade Estadual da Flórida.

Durante uma escavação para a construção de um pedágio, no km 693 na rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), entre as cidades paulistas de Irapuru e Pacaembu, foram encontrados fósseis de dinossauros junto a outros fragmentos de animais pré-históricos. Os achados estavam localizados há 20 metros abaixo do solo.

Após o ocorrido, as obras foram paralisadas e os paleontólogos e pesquisadores do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa (SP), foram enviados ao local para pesquisar os fósseis. Foram localizados dentes dos carnívoros abelissaurídeos, bípedes que chegavam até nove metros de altura, junto a ossos dos herbívoros titanossauros, que possuíam pescoços longos e mediam 20 metros de altura.

##RECOMENDA##

A descoberta fortalece a teoria compartilhada por vários paleontólogos de que as regiões paulistas eram habitadas por dinossauros gigantes no período pré-histórico. Além disso, segundo as informações divulgadas pelos especialistas, também foram descobertos fragmentos de animais do período cretáceo, como peixes, cágados e crocodiliformes (antepassados dos crocodilos). Ao que tudo indica, havia uma grande fauna no local, que no passado, deveria ser constituído por rios e lagos.

O material foi transportado e será colocado em exposição no museu, que deve reabrir após o fim das medidas restritivas em função da pandemia do coronavírus (Covid-19) no estado paulista.

A policia alemã apreendeu na segunda-feira passada, dia 16, 60 fósseis oriundos da Chapada do Araripe, na região do Cariri, no sul do Ceará, que seriam vendidos ilegalmente por mais de 100 mil euros pela empresa alemã Fossils Worldwide, em um site hospedado na Holanda. A informação foi divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF), que solicitou ao Ministério Público de Kariserslautern, na Alemanha, a apreensão do material após dois biólogos localizarem as peças no site de leilões. De acordo com a Constituição Federal brasileira, os recursos minerais, incluindo os fósseis, são bens da União, frisou o MPF em nota. O material inclui um pterossauro, uma raia, insetos e aracnídeos. A pessoa responsável pela comercialização do material também foi identificada.

A Procuradoria informou ainda que nos próximos dias, por intermédio da Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, enviará ao Ministério da Justiça pedido de cooperação direcionado à Alemanha, para que a investigação tenha prosseguimento e os fósseis sejam repatriados na maior brevidade possível.

##RECOMENDA##

"Assim que tivemos notícia do leilão, instauramos procedimento investigatório criminal para apurar o caso e acionamos as autoridades alemãs. Os sites foram retirados do ar, mas, antes disso, conseguimos preservar todas as provas e formalizamos o pedido de repatriação do material, que tem grande valor científico para o Brasil", explicou o procurador da República responsável pelo caso, Rafael Rayol.

O procurador pediu então que a Universidade Regional do Cariri (Urca) analisasse o material para confirmar a origem dos produtos. Os especialistas atestaram que os fósseis eram nacionais e de animais de viveram na região há mais de 120 milhões de anos, diz o MPF.

"Ao observar as placas de calcário é clara a identificação da pedra Cariri, variando de tonalidade acinzentada a creme e amarelada, com pequenos fragmentos de algas e por vezes, detritos de manganês, configurando a característica típica desta rocha da Formação Crato, fartamente explorada nos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, ambas no Estado do Ceará", detalha o documento da Urca, segundo a Procuradoria.

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (22), a Operação Santana Raptor, decorrente de investigação iniciada em 2017 e que resultou no Inquérito Policial que apura esquema de tráfico de fósseis na Região da Chapada do Araripe, sul do estado do Ceará.

Estão sendo cumpridos 19 Mandados de Busca e Apreensão, sendo 17, no Ceará, nos municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, e dois no Rio de Janeiro. As medidas são cumpridas em endereços de investigados, sobre os quais constam fortes indícios que integram organização criminosa, envolvendo empresários, servidores públicos, mineradores, pesquisadores e atravessadores de fósseis extraídos da Chapada do Araripe.

##RECOMENDA##

Até o momento, dois homens foram presos em flagrante com fósseis, em Santana do Cariri e Nova Olinda. A investigação aponta o primeiro preso como dos principais negociadores de fósseis no período investigado (2017-2020) e o segundo, como responsável por receber valores do professor/pesquisador do RJ para coleta e guarda dos fósseis.

O esquema investigado consiste na extração ilegal de fósseis por parte de trabalhadores em pedreiras na região dos municípios de Nova Olinda/CE e Santana do Cariri/CE, com posterior comercialização criminosa desses bens da União. Há atuação de uma rede de empresários, servidores públicos e atravessadores que negociam fósseis raros da região, com indícios da prática ilícita por parte de professor/pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ, um dos alvos da operação, bem como outros pesquisadores nacionais e estrangeiros.

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, usurpação de bem da União e crimes ambientais, previstos nas leis federais 12.850/13, 8.176/91 e 9.605/98, com penas de até 16 anos de prisão. A apreensão realizada nos endereços objetiva elucidar a atuação dos investigados e de terceiros nos crimes, além de apreender os fósseis, com prisão em flagrante dos respectivos possuidores.

A Polícia Federal ressalta que, em razão da situação de pandemia da COVID-19, foi planejada uma logística especial de prevenção ao contágio, com distribuição de EPIs a todos os envolvidos na missão, a fim de preservar a saúde dos policiais, testemunhas, investigados e seus familiares.

Da assessoria

Os restos de uma nova espécie de titanossauro do período Cretáceo foram encontrados no Equador, onde antes não tinham sido achados fósseis de dinossauro, anunciou a Universidade Técnica Particular de Loja (UTPL), que patrocinou a pesquisa.

"Um primeiro dinossauro para o Equador (...) Uma descoberta fruto do trabalho de investigação, em aliança com especialistas da Argentina", anunciou na noite de sexta-feira (6) Juan Pablo Suárez, vice-reitor de pesquisas da UTPL, em coletiva de imprensa oferecida na cidade de Loja, capital da província de mesmo nome, na fronteira com o Peru, onde a descoberta foi feita.

O diretor de pesquisas da UTPL, o equatoriano Galo Guamán, destacou que "os estudos determinaram que se trata de um titanossauro pela primeira vez no Equador".

"Seria uma nova espécie", que foi nomeada 'Yamanasaurus lojaensis', em alusão ao local da descoberta: Yamana, que se encontra no vale Casanga, da província de Loja.

O material analisado consiste de restos de um esqueleto desarticulado e incompleto e entre os ossos descobertos destacam-se duas vértebras do sacro, uma da cauda e restos de úmero, rádio e tíbia.

O estudo o descreve como um exemplar "que era de ossos curtos e grossos, de pequeno porte, de até seis metros de comprimento, e de dois a três metros de altura; robustos e com couraça protetora".

A equipe de pesquisadores foi liderada pelo paleontólogo argentino Sebastián Apesteguía del Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) do país, juntamente com o compatriota Pablo Ariel Gallina.

Além de Guamán, também participaram os equatorianos Jhon Soto e José Tamay, professores de Geologia da UTPL. O trabalho foi publicado no último número da revista especializada Cretaceous Research.

Os mamíferos modernos, incluindo os humanos, devem seu sentido da audição a três pequenos ossos no ouvido médio que estavam ausentes em seus ancestrais répteis, mas o ponto em que ocorreu essa transformação permanecia um mistério.

Cientistas identificaram etapas de transição nos restos de espécies descobertas recentemente que viveram há 125 milhões de anos no que é hoje o nordeste da China: um elo perdido na cadeia de evolução.

Suas descobertas foram publicadas na revista Science nesta quinta-feira e recebidas pela comunidade científica como um marco no campo da paleontologia.

"É um conjunto de provas fantástico", disse à AFP Guillermo Rougier, um biólogo evolutivo da Universidade de Louisville que não participou do estudo. Ele considerou que as amostras que a equipe havia estudado eram "impressionantes".

O autor principal, Jin Meng, do Museu Americano de História Natural de Nova York, explicou que o estudo se baseou nos restos de seis animais individuais, proto-mamíferos do Cretáceo Inferior que chamaram de "Origolestes lii".

Estas espécies viviam junto a dinossauros e eram parecidas com roedores, tanto em tamanho com em aparência.

Os répteis usam suas mandíbulas para mastigar e transmitir sons externos através de vibrações a seus cérebros, diferentemente do sistema auditivo mais delicado e complexo dos mamíferos. Este último inclui os ossos martelo, bigorna e estribo responsáveis por uma série de funções, desde a apreciação musical em humanos até a ecolocalização em golfinhos.

Os cientistas levantaram a hipótese de que o chamado "desacoplamento" do sistema auditivo e mastigatório eliminou as limitações físicas que os dois processos se impunham entre si, permitindo aos mamíferos diversificar sua dieta e melhorar sua audição.

Com tecnologia, a equipe liderada por chineses descreveu os espécimes com detalhes, incluindo as estruturas de seus ossos de audição e cartilagem. "Agora proporcionamos a evidência fóssil no tempo evolutivo que faz eco da hipótese", disse Meng.

Enquanto isso, Rougier disse que os fósseis descobertos eram um tesouro para os pesquisadores. Se o processo ocorreu de uma vez, ou em grupos e momentos diferentes, são perguntas novas que se podem estudar agora.

Os crocodilos são às vezes descritos como fósseis vivos por causa de sua grande semelhança com seus ancestrais da era dos dinossauros.

Mas se você encontrasse uma máquina do tempo que o levasse à Era Mesozóica, iria constatar que nem todos os crocodilos iriam considerá-lo como um alimento saboroso.

Isso, segundo um novo estudo publicado nesta quinta-feira no Cell Press, que conseguiu escanear 146 dentes de 16 espécies extintas e determinou que, diferente de seu descendente moderno reconhecido por sua ferocidade, alguns crocodilos pré-históricos eram mais pacíficos.

"O que é realmente fascinante sobre isso é que muitos desses dentes não se parecem com nada que vemos hoje", disse à AFP Keegan Melstrom, um estudante de doutorado na Universidade de Utah que esteve à frente da pesquisa junto com seu supervisor, Randall Irmis.

Para determinar o que revela a complexidade do dente sobre a dieta, Melstrom se baseou em trabalhos anteriores sobre a heterodontia em mamíferos (a variedade de formatos de dentes num animal), e suas descobertas iniciais sobre diferenças dentárias de répteis.

"Alguns eram similares aos crocodilos atuais e eram principalmente carnívoros, outros foram onívoros e provavelmente outros especializados em plantas", disse, acrescentando que eles viviam em diferentes continentes e em momentos diferentes.

Enquanto algumas dessas espécies provavelmente se pareciam muito com crocodilos ou jacarés modernos, outros eram pequenos, viviam completamente na terra, ao contrário de seus descendentes semiaquáticos, e tinham pernas sob seus corpos.

"E eu penso neles como um cachorro ou gato sem pelo ", disse.

O que permanece um mistério, no entanto, é que tipo de pressão evolutiva levou os crocodilos a ter dietas dominadas por plantas e a razão pela qual desapareceram.

Melstrom inicialmente acreditava que a ausência de mamíferos os levava a ser herbívoros, mas descobriu que algumas das espécies viviam ao lado de mamíferos e protomamíferos, enquanto outros não mudaram.

Agora ele espera investigar quais fatores levaram os crocodilos a diversificar suas dietas originais e por que isso mudou.

Um cemitério de dinossauros de 220 milhões de anos foi descoberto no oeste da Argentina, com fósseis de ao menos uma dezena de exemplares, anunciou nesta quarta-feira uma fonte científica.

"Trata-se de um bloco, uma verdadeira acumulação de ossos, há cerca de dez indivíduos. É uma massa de osso contra osso acumulados, praticamente não há sedimentos. É como se tivessem feito um poço e enchido de ossos. É realmente impressionante", contou o paleontólogo argentino Ricardo Martínez.

Segundo Martínez, pesquisador do Instituto e Museu de Ciências Naturais da Universidade de San Juan (IMCN), "estes fósseis pertencem à bacia de Ischigualasto, corresponde a 220 milhões de anos, uma época da qual não se conhece muito da fauna".

O cemitério foi encontrado em setembro do ano passado na província de San Juan (1.100 km ao oeste de Buenos Aires).

A descoberta "tem dupla importância porque há pelo menos sete ou oito indivíduos de dicinodontes, que são os antecessores dos mamíferos, do tamanho de um boi, e outros arcossauros (répteis) que não sabemos ainda o que são, podem ser dinossauros ou um antecessor dos crocodilos de grande tamanho", explicou o cientista.

A descoberta desta "cama de ossos" de cerca de dois metros de diâmetro e que pode ter um ou dois metros de profundidade foi divulgada pela Agência de Ciência, Técnica e Sociedade da Universidade de La Matanza (CTyS-UNLaM).

Os pesquisadores acreditam que "pode ter havido uma época de grande seca e que ali havia um corpo de água, um pequeno lago em que os herbívoros se amontoavam para beber e, à medida que a água evaporava, iam enfraquecendo e morrendo no local".

Os paleontólogos falam geralmente de milhões de anos, mas o americano Robert DePalma diz ser capaz de poder descrever os minutos após o devastador impacto de um asteroide que há 66 milhões de anos atingiu a Terra, um dos acontecimentos mais importantes do planeta.

"Quase nunca temos a oportunidade de descrever desta maneira o momento de um acontecimento da história geológica, isto é muito raro", disse à AFP o cientista de 37 anos nesta segunda-feira.

Junto a outros onze cientistas, DePalma publicou seu estudo na Academia Americana de Ciências (PNAS), um texto muito esperado para se verificar o rigor científico das conclusões que o mundo da paleontologia tem escutado em conferências nos últimos anos.

Em 2012, o jovem de 30 anos começou a procurar um sítio perdido conhecido como Tanis, na Dakota do Norte, uma zona conhecida pelos caçadores de dinossauros na formação Hell Creek.

Após anos, com a ajuda de assistentes e de uma dezena de estudantes, DePalma descobriu em um estrato de 1,3 metro fósseis de peixes inteiros, árvores e moluscos, presos em sedimentos e ligados entre si com uma densidade sem precedentes.

"O depósito foi constituído quase que instantaneamente, capturando todas estas plantas e todos estes animais em instantes", explicou o investigador.

- Dinossauros -

O asteroide caiu a 3.050 km do local estudado e formou a cratera Chicxulub, onde hoje é a península mexicana de Yucatán.

O impacto colocou a Terra sob um manto de partículas que subiram para a atmosfera e esfriou o planeta. O manto de partículas impediu a fotossíntese e extinguiu 75% das espécies terrestres, incluindo os dinossauros, o que abriu caminho para a aparição dos mamíferos. Neste momento, uma importante via fluvial dividia a América do Norte.

Os pesquisadores acreditam que o impacto de Chicxulub tenha provocado um terremoto de magnitude extraordinária. As ondas sísmicas teriam percorrido mais de 3.000 km até Tanis em 13 minutos.

O terremoto provocou ondas de 10 metros no rio e envolveu toda forma de vida por uma camada de sedimentos.

Os investigadores calculam que 15 minutos após o impacto caiu na região uma chuva de bolas de vidro incandescente provocada pelo impacto.

Os pesquisadores encontraram estas esferas em peixes e no âmbar de árvores, e sua datação corresponde à idade do impacto. O conjunto está logo abaixo da camada geológica que separa o Cretáceo do Paleogeno.

Os fósseis foram conservados de forma extraordinária, e seguem mantendo sua forma no lugar de aparecerem esmagados.

"Até então, só se havia encontrado três ou quatro peixes articulados em Hell Creek", destacou DePalma, que encontrou até novas espécies.

"Posso confirmar que temos restos parciais de um ceratops", afirma satisfeito, prometendo ao menos uma dúzia de artigos científicos sobre um triceratops e outras descobertas específicas.

O primeiro artigo provocou ceticismo de alguns especialistas, já que não é dedicado aos dinossauros encontrados ou a outros fósseis descobertos, tratados em conferências durante dois anos.

"Todo mundo está perplexo diante do grande número de coisas incomuns anunciadas (...), mas a maioria não aparece no artigo", explica à AFP Kirk Johnson, diretor do Museu Smithsonian de História Natural, em Washington.

DePalma explica que a sequência de eventos descrita é a hipótese mais provável neste ponto da pesquisa. "É a natureza do trabalho científico, ajustamos constantemente nossas interpretações baseadas nos dados".

O Museu de Geociências da USP inaugurou no fim de dezembro a mostra Fósseis do Araripe, com base nas quase 3 mil peças apreendidas pela Operação Munique, da Polícia Federal, em outubro de 2013. "O material era valiosíssimo do ponto de vista científico. De todas as peças, escolhemos as 50 mais interessantes e raras para montar a exposição", conta Juliana Leme, pesquisadora da USP.

A peça mais importante da mostra é o esqueleto completo de um pterossauro - um réptil alado pré-histórico - da espécie Tapejara navigans, o único exemplar inteiro no mundo. "Hoje, são conhecidas cerca de 50 espécies de pterossauros no mundo e 23 delas foram identificadas na Bacia do Araripe. O Tapejara navigans já era conhecido, mas não havia nenhum esqueleto completo. O valor científico desse fóssil é inestimável."

##RECOMENDA##

A exposição traz ainda fósseis de peixes, insetos, plantas, crocodilos e camarões - todos com cerca de 110 milhões de anos. "A ideia é que as pessoas conheçam e entendam essa riqueza, e percebam que não se pode comercializar esse tipo de material. E, além disso, queremos estimular o interesse pela paleontologia na sociedade em geral, e entre as crianças em particular", diz.

Os pequenos visitantes são acolhidos pelo geólogo que atua no setor educativo Museu de Geociências, Ideval Souza Costa. De acordo com ele, o museu recebe 4 mil visitas avulsas e mais 12 mil visitantes de escolas anualmente, mas a expectativa é que o número cresça em 2018. "A paleontologia tem uma linguagem muito técnica. Procuro ser mais pedagógico para que as crianças entendam. Muitas delas ficam fascinadas com os fósseis", conta Costa.

Aprovação. "É muito bonita toda a exposição, mas o que eu mais gostei foi o fóssil do pterossauro. Os cientistas fazem um trabalho muito duro, mas que vale a pena", disse Lucas Lujan, de 8 anos, que visitou a exposição com seu irmão Matteo, de 10 anos, e a avó, Carmen Rossi. Lucas também adorou tocar os fósseis - uma das atividades coordenadas por Costa é realizada em uma pequena bancada onde há peixes fossilizados menos raros, que podem ser manipulados pelas crianças.

"Quando crescer, quero ser arqueólogo", disse Roberto Cruz, o Beto, de 5 anos, que visitou o Museu de Geociências da USP pela segunda vez. "Da primeira vez fiquei assustado com o esqueleto do tiranossauro, mas aprendi bastante sobre eles e gosto muito de dinossauros", conta o menino, acompanhado da irmã Júlia e da mãe Helena Santos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de quatro anos após uma apreensão de quase 3 mil fósseis furtados da Bacia do Araripe, no Nordeste, cientistas paulistas e nordestinos disputam o material. Os fósseis, com idades de 100 milhões a 120 milhões de anos, foram retirados da região do Cariri, que inclui partes do Ceará, Pernambuco e Piauí. A Bacia do Araripe é uma das maiores e mais importantes jazidas do Período Cretáceo no Brasil e no mundo.

Em 2014, quando a Justiça Federal decidiu que os fósseis recuperados pela Polícia Federal na França, em Minas Gerais e no interior de São Paulo fossem cedidos à Universidade de São Paulo (USP), que deveria armazená-los adequadamente e, principalmente, estudá-los - por causa de sua importância científica.

##RECOMENDA##

A decisão foi cumprida e, de acordo com a pesquisadora responsável pelo material, Juliana Leme, professora de Paleontologia do Instituto de Geociências da USP, os fósseis - furtados para serem vendidos por altos valores a museus privados no exterior - estão proporcionando conhecimento científico há mais de um ano. Na universidade paulista, eles têm sido utilizados em aulas, pesquisas de mestrado e doutorado e na divulgação científica: a instituição inaugurou recentemente uma exposição (mais informações nesta página) com mais de 50 peças importantes do acervo apreendido.

De acordo com Juliana, os abundantes fósseis são "um tesouro científico brasileiro." "O material enviado à USP é belíssimo, com muitas peças raras. Vários fósseis estão em um grau incomum de preservação. É um alívio que isso não tenha ido parar em coleções particulares fora do País", afirma.

Apesar do aparente final feliz, a escolha da USP como depositária dos fósseis causou protestos. O paleontólogo Álamo Saraiva, professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), discorda da decisão judicial e entrou com um recurso para que os fósseis sejam enviados de volta à região de origem.

"Por sorte, pudemos contar com a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência, que têm feito um trabalho tão bom que até nos surpreende. Mas ainda temos um grande problema aqui no Cariri: além de ter de lidar com os traficantes de fósseis, somos vítimas do ‘fogo amigo’", diz Saraiva, que é curador do Museu de Paleontologia da Urca, em Santana do Cariri, no Ceará, referindo-se aos cientistas do Sudeste.

Patrimônio local e nacional. Saraiva explica que, para os pesquisadores nordestinos, a presença dos fósseis no Ceará é fundamental para o desenvolvimento sustentável da região, que abriga o Geopark Araripe, parte de uma rede global de geoparques ligada à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Criados em áreas do mundo onde há patrimônio geológico importante, os geoparques envolvem ciência, conservação ambiental e do patrimônio cultural, educação, geoturismo e desenvolvimento econômico.

"Vivemos dos fósseis, que têm valor de patrimônio cultural. Eles perdem esse valor quando saem daqui e vão parar em gavetas em universidades de São Paulo e do Rio, embora ainda mantenham o valor científico", declarou Saraiva

Juliana, por outro lado, argumenta que a USP está apenas cumprindo uma decisão judicial, segundo a qual o Instituto de Geociências da USP foi escolhido como destino das peças "por ter totais condições de dar a elas o tratamento e uso científico adequado".

A pesquisadora também alega que a USP investiu recursos e trabalho no material, já que a universidade recebeu os fósseis lacrados em outubro de 2014, acompanhados de laudos técnicos. O processo para retirar o lacre, identificar, acondicionar e guardar peça por peça durou um ano. Apenas no fim de 2015 o material foi liberado para pesquisa.

Nos dois anos seguintes, a coleção proporcionou pelo menos oito pesquisas de iniciação científica, mestrado e doutorado, de acordo com Juliana. No fim de 2016 foi lançado o edital para a exposição e, um ano depois, ela foi aberta ao público. "Não é verdade, absolutamente, que esse material ficou engavetado", defende.

Saraiva, porém, contesta o investimento feito pela USP. "Se a USP tivesse injetado muitos recursos no material apreendido, eu até aceitaria que a coleção ficasse em São Paulo. Mas o que requer mais investimento é a preparação dos fósseis e esse material já estava perfeitamente preparado", disse.

A preparação dos fósseis é um processo de alta complexidade técnica, no qual os especialistas retiram minuciosamente, no laboratório, o excesso de sedimentos incrustados nas peças, para que as características dos fósseis fiquem visíveis, permitindo seu estudo.

Segundo Saraiva, pela alta qualidade da preparação dos fósseis apreendidos, é possível até mesmo identificar o paleontólogo que fez o serviço: o alemão Michael Schwickert, considerado um dos principais contrabandistas de fósseis do Araripe há pelo menos 20 anos. De acordo com a PF, ele está entre as 13 pessoas que integravam a quadrilha desbaratada. "Basta olhar para o material para constatar que a preparação primorosa foi feita por ele. Quando a USP recebeu a coleção, não havia mais nada a fazer ali em termos de preparação de fósseis." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um estudo publicado no periódico científico Nature revelou que fósseis de Homo sapiens, descobertos no Marrocos, têm cerca de 300 mil anos. Estes vestígios demonstram 100 mil anos de diferença em relação aos mais antigos sinais de vida humana já encontrados pelos cientistas.

Jean-Jacques Hublin, pesquisador do Instituto Max Plank (Alemanha), afirmou que os vestígios significam uma mudança nos estudos sobre a origem do homem. “Isso é muito mais velho do que qualquer coisa que possa ter relação com a nossa espécie. Essa nova idade, 300 mil anos, nos convenceu de que o material que apresentamos é a origem da espécie humana. O Homo sapiens mais antigo já encontrado na África”, afirmou o pesquisador.

##RECOMENDA##

A equipe de Hublin realiza escavações no sítio arqueológico de Jebel Irhoud, no Marrocos, desde 2004. Dentre as descobertas mais notáveis estão os restos de crânios de pelo menos cinco pessoas, perto dos quais os arqueólogos encontraram lascas de pedra utilizadas em lanças e tochas. Exames comprovaram que as tochas tinham cerca de 300 mil anos.

A descoberta na China dos restos fossilizados de uma lontra gigante, de mandíbulas fortes e peso e tamanho de um lobo, datados da pré-história, podem lançar nova luz à evolução do mamífero.

Os fósseis do animal, chamado "Siamogale melilutra", foram encontrados na província de Yunnan (sudoeste), segundo o último número da revista britânica Journal of Systematic Palaentology. Foram encontrados um crânio completo, dentes, mandíbula e outros ossos.

Os arqueólogos descobriram os restos do animal em 2010 em um poço de carvão, noticiou a agência oficial Nova China. Eles estabeleceram que o mamífero viveu há seis milhões de anos, pesava 50 quilos - muito mais que as lontras modernas - e tinha o "tamanho de um lobo" atual, segundo a agência.

A descoberta pode ajudar os cientistas a reconstruir a história evolutiva dos mustelídeos, família de mamíferos que engloba lontras, texugos e doninhas, principalmente.

"A nova descoberta permite o reconhecimento de um clado [grupo] raro de lontras e nos permite explorar as relações entre vários fósseis enigmáticos de mustelídeos, considerados texugos ou lontras", destacou a publicação científica.

As poderosas mandíbulas e os grandes dentes do animal provavelmente lhe serviram para triturar grandes crustáceos e moluscos de água doce, declararam os pesquisadores chineses e americanos que participaram do estudo.

Um novo estudo sobre fósseis de 365 milhões de anos encontrados em 1987 no oeste da Groenlândia torna mais complexa a história da transição evolutiva dos peixes para os primeiros vertebrados terrestres. Os autores da pesquisa, publicada nesta quarta-feira (7), na revista científica Nature, reexaminaram detalhadamente os fósseis de tetrápodes - os primeiros vertebrados de quatro patas - do gênero Acanthostega. De acordo com eles, todos os animais encontrados em um mesmo local eram filhotes e tinham hábitos exclusivamente aquáticos.

A transição dos peixes para os tetrápodes é um dos principais eventos da história evolutiva dos vertebrados, segundo os autores. No entanto, vários aspectos da evolução e comportamento de animais como o Acanthostega permanecem desconhecidos, já que os fósseis de tetrápodes são raros e geralmente estão em mau estado.

##RECOMENDA##

O grupo internacional de cientistas utilizou uma técnica não destrutiva, que emprega microtomografias com uso de luz síncrotron - uma intensa radiação eletromagnética produzida em aceleradores de partículas. Com isso, os pesquisadores puderam visualizar e descrever quatro membros anteriores de espécimes de Acanthostega coletados na formação de Stensiö Bjerg, na Groenlândia.

Nesse local já haviam sido encontrados mais de 200 elementos de esqueletos. Do conjunto de fósseis analisados, 20 animais morreram juntos, provavelmente como resultado de uma seca após eventos de inundação, de acordo com os autores do estudo.

Observando detalhes do padrão de desenvolvimento dos ossos, como elementos que indicam uma interrupção do crescimento, os cientistas mostraram que todos os indivíduos encontrados no local - mesmo os maiores - eram filhotes no momento em que morreram.

Segundo os autores, o início tardio do crescimento dos ossos dos membros dos Acanthostega mostra que os filhotes eram exclusivamente aquáticos. Com base nas análises dos ossos, eles sugerem que esses animais passavam por um longo estágio como filhotes e, pelo menos em algumas situações, formavam grupos sem a presença de adultos.

"Usando o poder tremendo dos raios-x de luz síncrotron, fomos capazes de avaliar detalhes microscópicos desses espécimes como se eles tivessem sido fatiados para análise em laboratório, mas sem danificar esses fósseis únicos", disse um dos autores do estudo, do European Synchrotron Radiation Facility, um dos maiores laboratórios de luz síncrotron do mundo sediado em Grenoble, na França.

Segundo os cientistas, os primeiros tetrápodes viveram no período Devoniano (de 419 milhões a 359 milhões de anos atrás) e são de grande interesse para a ciência, por serem os primeiros animais vertebrados a terem se aventurado pela terra firme, abrindo caminho para todas as formas de animais terrestres.

A mudança da água para a terra, de acordo com os autores, deve ter afetado inúmeros aspectos da biologia dos tetrápodes, mas até agora não há nenhum estudo conclusivo sobre sua evolução. Não se sabe por quanto tempo eles viviam, nem se eram aquáticos no estágio imaturo.

Se os fósseis de tetrápodes são, em geral, fragmentários, com as técnicas utilizadas pelos cientistas, as estruturas microscópicas dos ossos pareciam quase perfeitamente preservadas, de acordo com a coordenadora do estudo, Sophie Sanchez, da Universidade de Upsalla (Suécia).

"Como uma árvore em crescimento, o osso de um membro tem marcas deixadas por ritmos sazonais e apresenta anéis de crescimento anuais. Esses anéis, que podem ser vistos fósseis, nos dão informações sobre o desenvolvimento e a idade de cada espécime", explicou Sophie.

A análise, segundo Sophie, mostrou que as patas dianteiras dos Acanthostega ainda imaturos eram feitas de cartilagem. Ao contrário dos ossos, a cartilagem é elástica e, de acordo com a pesquisadora, frágil demais para permitir que o animal sustentasse o peso de seu corpo fora da água. A análise indica que a ossificação dos membros do Acanthostega começava tarde, quando o animal já estava quase em seu estágio máximo de crescimento.

"Isso sugere que esse depósito de Acanthostegas mortos representa um grupo de filhotes aquáticos que incluía poucos ou nenhum adulto", afirmou a cientista. Segundo ela, ainda não se sabe onde os Acanthostega adultos viviam, ou se havia segregação dos filhotes.

"Nosso estudo fornece um relance das características da vida de um dos primeiros tetrápodes. Planejamos agora realizar uma pesquisa mais completa sobre as histórias de vida desses animais, que poderão ter um impacto considerável nas teorias que são ensinadas nos livros escolares", disse Sophie. Participaram do estudo também cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e da Universidade de Copenhague (Dinamarca).

Fósseis de dinossauro, mamute, cavalo e camelo foram encontrados por operários que trabalhavam em um gasoduto no norte do México, informou neste domingo o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), que estudará a descoberta para determinar a época à qual os animais pertenceram.

Um grupo de peritos viajou para Ojinaga, no estado de Chihuahua (fronteira com os Estados Unidos), para explorar a rota do gasoduto, ao longo da qual foram delimitados 25 sítios, dos quais 17 serão atribuídos aos estudos paleontológicos e oito a arqueológicos.

"A empresa construtora do gasoduto teve que mudar a rota para proteger as peças, mas em outros (casos) faremos o resgate (da peças) para a possível exibição em um museu", indicou o INAH.

Também foram encontrados fósseis marinhos que fornecem dados históricos desta região, segundo a instituição. Os custos dos trabalhos serão pagos pela empresa que constrói o gasoduto.

Duas espécies de anfíbios extintas foram descobertas na região nordeste do Brasil, junto aos restos do réptil mais antigo da América do Sul, anunciou nesta quinta-feira o Museu de História Natural de Londres (NHM, sigla em inglês).

Os dois anfíbios, similares às modernas salamandras, viveram há 278 milhões de anos e seus fósseis foram encontrados por uma equipe internacional que incluía pesquisadores da instituição londrina e colegas do Brasil e da Argentina, entre outros países.

A revista científica Nature Communications publicou nesta quinta-feira um artigo com os resultados da pesquisa.

Os fósseis foram achados no estados do Piauí e Maranhão e se encontram agora preservados na Universidade Federal do Piauí, em Teresina.

"Esta descoberta preenche uma importante lacuna geográfica em nossa compreensão sobre a evolução e adaptação dos anfíbios", explicou o Museu Natural de Londres em um comunicado.

A espécie Timonya annae era um animal de 40 centímetros que, nas palavras do NHM, "parecia um cruzamento entre uma salamandra mexicana moderna e uma enguia".

A outra espécie descoberta é a Procuhy nazariensis, próxima à Timonya, e de um porte similar.

Até agora, acrescenta a instituição, o conhecimento sobre o vertebrados quadrúpedes desse período pré-histórico se limitava à América do Norte e Europa Ocidental, sem informações sobre os animais que viviam no sul do Trópico.

"Agora que sabemos que seus parentes distantes habitavam em um vasto sistema de lagos na região tropical do supercontinente da Pangeia, em zonas que hoje correspondem ao nordeste do Brasil, podemos saber mais sobre sua abundância, paleobiologia e sobre a amplitude de sua distribuição longe do equador", explicou Martha Richter, do NHM.

Os pesquisadores também descobriram a mandíbula de um réptil similar ao Captorhinus aguti, um lagarto que se encontra na América do Norte e que é o fóssil de réptil mais antigo achado na América do Sul, com cerca de 278-280 milhões de anos, afirmou ainda Richter.

"Mais de 90% das espécies da Terra se extinguiram no final do período Pérmico, o último da era Paleozoica, porque as condições se tornaram muito inóspitas", explicou Richter.

Ela acrescentou que esta foi a pior extinção em massa até a presente data.

"Entender a composição de faunas extintas como estas encontradas no nordeste brasileiro e como mudam com o tempo, pode nos ajudar a predizer melhor hoje em dia como evoluíram os sistemas de lagos e suas complexas comunidades de animais em resposta às amplas mudanças do meio ambiente", concluiu a cientista.

Foram apresentados nesta quinta-feira (2) os novos fósseis de dinossauro encontrados durante as escavações para a construção de um conjunto de edifícios no Bairro São Bento, em Uberaba (MG).

Os fósseis ainda estão inseridos nas rochas originais e serão escavados do local e analisados pela equipe do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, ligado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Além dessas descobertas, foram apresentadas as medidas adotadas pela prefeitura seguindo as recomendações do Ministério Público para preservar a área.

##RECOMENDA##

Em Uberaba, a proposta de realização de um 'Zoneamento Paleontológico' é analisada. Na região, em dezembro do ano passado, já havia sido localizado parte de um fêmur atribuído a um Titanosauria, espécie de dinossauro herbívoro. O osso achado tem mais de 50 centímetros.

A possibilidade de novas descobertas no local, em frente ao Parque Jacarandá, mobilizou uma equipe de técnicos que iniciou um programa de monitoramento com o objetivo de resguardar o patrimônio paleontológico.

Em abril houve vários achados mas, de acordo com o geólogo Luiz Carlos Ribeiro, em razão das fortes chuvas que se estenderam até o final de maio, as atividades de resgate foram paralisadas, sendo retomadas no dia 22 de junho. A partir daí surgiram novos exemplares.

Importância

"Costelas, vértebras, tíbia e fósseis da cintura escapular têm sido descobertas no local", conta o especialista. Ele explica que tudo isso tem extremo valor científico, já que a paleontologia foi pouco explorada em Uberaba, apesar de haver achados desde 1945.

"Há uma possibilidade de que os fósseis já descobertos, somados aos que ainda podem aparecer, sejam suficientes para a descrição de um novo grupo de dinossauro", afirmou Ribeiro.

A construção de um condomínio residencial no bairro São Bento, em Uberaba, Minas, possibilitou a descoberta de um tesouro paleontológico: fósseis de animais pré-históricos que habitaram a região há 80 milhões de anos, incluindo parte do fêmur de um titanossauro, espécie de dinossauro que atingia 20 metros de comprimento e pesava até 16 toneladas.

Os ossos estão sendo retirados por meio de acordo entre a construtora responsável pela obra e o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CCCP-UFTM). O objetivo é preservar o patrimônio histórico resgatando o material encontrado para análises.

##RECOMENDA##

Pesquisadores acompanham as escavações. A ideia é expor os fósseis no Museu dos Dinossauros, no sítio arqueológico de Peirópolis, em Uberaba. Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) já confirmaram o potencial da área onde a obra é erguida.

O acordo para realização do trabalho de pesquisa no terreno envolveu o Ministério Público, acionado para evitar um novo problema. Isso porque, há dois anos, pesquisadores foram proibidos de trabalhar em outra obra na região - a construção de um shopping. Eles acreditam ter perdido materiais históricos importantes. Dessa vez, porém, houve reunião com o empreendedor, que não criou impedimentos.

Segundo o paleontólogo Thiago Marinho, foram achados principalmente fragmentos de titanossauros, além de restos de tartarugas. Pesquisas indicam que há rochas ricas em fósseis na malha urbana de Uberaba, com grande diversidade biológica, que inclui vários répteis pré-históricos. De acordo com estudos, rochas desse tipo compõem o terreno do empreendimento. Mas especialistas temem que, sem o acompanhamento técnico das escavações, o patrimônio paleontológico possa ser prejudicado. Por isso, o trabalho dos pesquisadores no local é contínuo.

Para Marinho, o acordo com o empreendedor pode representar uma mudança de mentalidade, com a conscientização das empresas de que os achados paleontológicos não causam prejuízo. "Eles promovem o resgate do patrimônio do município e da União", afirma.

A expectativa é de que, no futuro, os novos empreendimentos em Uberaba passem por uma vistoria prévia. Uma nota técnica emitida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral já prevê o mapeamento paleontológico dessa área da cidade, com o objetivo de preservar os sítios pré-históricos.

Animal

O fêmur encontrado nas escavações do residencial pertencia a um titanossauro que viveu há cerca de 80 milhões de anos na região. Esse tipo de dinossauro está entre os maiores do Brasil. Media cerca de 20 metros de comprimento e 3,5 metros de altura e pesava entre 12 e 16 toneladas.

No sítio arqueológico de Peirópolis, na zona rural de Uberaba, foi descoberto há alguns anos aquele que é tido como o maior dinossauro já descrito no Brasil, o Uberabatitan ribeiroi. A espécie foi reconstituída digitalmente a partir do estudo de dezenas de fósseis encontrados no local. Foram dois anos de trabalho que revelaram como seria sua vida na região. O estudo mostra que esses animais enfrentaram condições ambientais extremas.

Em Uberaba também teriam vivido outros titanossauros de menor porte, crocodilos, anfíbios, lagartos, peixes, tartarugas, invertebrados e até mesmo dinossauros carnívoros, como os abelissauros.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de pesquisadores brasileiros anunciou nesta quinta-feira (14) uma descoberta de impacto mundial: eles identificaram um conjunto de fósseis de 47 pterossauros - répteis voadores pré-históricos - de uma espécie até agora desconhecida, que viveu há cerca de 80 milhões de anos na Região Sul do País.

Os fósseis, encontrados no município de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná, são uma raríssima ocorrência de pterossauro no interior de continentes. Também é a primeira vez que esse tipo de réptil pré-histórico é encontrado na região - até agora só havia registros de pterossauros na Chapada do Araripe, no nordeste.

##RECOMENDA##

O estudo, realizado por cientistas do Centro de Paleontologia (Cenpaleo) da Universidade do Contestado em Mafra (SC) e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado na revista PLoS One. A nova espécie de pterossauro recebeu o nome de Caiuajara dobruskii.

A abundância de indivíduos identificados entusiasmou os pesquisadores, já que o material ajudará a responder uma série de perguntas científicas importantes. Tal concentração de pterossauros só havia sido reportada em outros dois sítios, na Argentina e na China.

"A descoberta é um verdadeiro tesouro e nos deixou realmente empolgados. Não apenas por ser uma espécie nova de pterossauro, mas pela alta concentração. Como encontramos indivíduos de várias idades, poderemos responder diversas questões sobre sua evolução", disse Alexander Kellner, do Museu Nacional, um dos autores do estudo.

Kellner afirmou que a alta concentração de fósseis de indivíduos garante que todos são da mesma espécie. Por isso foi possível identificar que se tratava de pterossauros de idades variadas, apesar da diferença entre os ossos de vários tamanhos. Sem correr o risco de achar que são espécies diferentes, os cientistas podem aplicar o mesmo princípio ao estudo de vários outros pterossauros.

"Pudemos concluir, por exemplo, que esses pterossauros voavam muito precocemente, já que não havia grandes diferenças morfológicas nas proporções dos ossos, exceto na cabeça", explicou Kellner.

Elo perdido

Segundo Kellner, os estudos paleontológicos sobre os pterossauros são fundamentais porque eles são uma espécie de elo perdido entre os vertebrados terrestres e os voadores. "Esse grupo de animais foi o primeiro a desenvolver o voo ativo. Ao estudá-los, podemos tirar conclusões importantes sobre como os vertebrados que andavam em duas patas passaram a voar", disse Kellner.

Os fósseis foram encontrados no leito de uma antiga estrada próxima à cidade de Cruzeiro do Oeste e em barrancos adjacentes. Segundo Luiz Weinschütz, coordenador das pesquisas no Cenpaleo, a área deve conter muito mais fósseis do que os descobertos até agora. "Escavamos 20m² em um sítio que, segundo nossa avaliação, pode ter cerca de 400m²", disse ele.

Cerca de 5 toneladas de material foram retiradas do local. Os fósseis estavam inseridos em camadas de arenito com aproximadamente 1,5 metro de espessura. Há cerca de 80 milhões de anos, no Cretáceo - pouco depois da separação entre a África e a America do Sul -, aquela região do interior paranaense era um imenso deserto. "Esses pterossauros habitavam as raras regiões úmidas entre as dunas", explicou Weinschütz.

Quando morriam no entorno desses oásis, os animais ficavam expostos e as chuvas esporádicas os levavam para o fundo de lagos. "Isso contribuía para a desarticulação dos esqueletos, tornando o trabalho de coleta e identificação um imenso quebra-cabeça", declarou.

De acordo com Kellner, o tamanho do pterossauro variava de 65 centímetros a 2,35 metros de envergadura (distância entre as pontas das asas). "A qualidade excepcional e a grande quantidade de fósseis encontrados indicam que havia uma comunidade de pterossauros no local. Isso nunca foi registrado em nenhum sítio fossilífero do mundo", afirmou Kellner.

Segundo ele, os animais tinham hábitos gregários, não tinham dentes e possuíam um bico voltado para baixo, com cristas, tanto na arcada superior como inferior.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando