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Avaliar populações de animais nos mais diversos biomas brasileiros e conhecer as possíveis ameaças:  queimadas, desmatamentos, destruição de habitat, caças e matanças deliberadas. Nesta quarta-feira (2), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou a evolução de estudos e a publicação de uma plataforma na internet que apresenta a situação de quase 15 mil espécies no país. Trata-se do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade, conhecido como Salve.  

Qualquer pessoa pode fazer pesquisa na plataforma, pelo nome popular ou científico do animal. Para o coordenador da Coordenação de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies da Fauna (Cofau) e analista ambiental do ICMBio, Rodrigo Jorge, a iniciativa vai contribuir para a conservação das espécies ameaçadas. 

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“Precisamos avançar na realização de análises para estimar a tendência da biodiversidade no Brasil”, afirma. Ele explica que houve um aumento do número de espécies ameaçadas, mas o universo de espécies avaliadas também cresceu. 

Políticas públicas

O pesquisador Rodrigo Jorge explica que, a partir das avaliações feitas pelos cientistas, a perda e a degradação de habitat da fauna são algumas das principais ameaças. Segundo ele, há uma relação direta com o aumento do desmatamento nos últimos anos. 

“Fica evidente a necessidade urgente de reverter essa tendência. Por isso, a postura da atual gestão de priorizar o combate ao desmatamento traz boas perspectivas para a conservação da biodiversidade”, opina.

As pesquisas do ICMBio contaram com apoio do Projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção, e com a participação de especialistas da comunidade científica.

Como aponta a entidade, a iniciativa tem o objetivo de facilitar a gestão do processo de avaliação do risco de extinção e tornar essas informações mais acessíveis para a geração de conhecimento e implementação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade. 

Catalogação

Dentro das quase 15 mil espécies avaliadas, já estão publicadas e disponíveis as fichas completas de 5.513 espécies. Segundo o ICMBio, a expectativa é que - até o final deste ano - sejam concluídos os trabalhos para a publicação de nova atualização da lista de espécies ameaçadas da fauna brasileira e disponibilização das fichas das espécies. 

“O Brasil é reconhecido mundialmente por abrigar a maior biodiversidade do planeta, e a partir da atualização e disponibilização desses dados será possível reforçar a implementação de ações que promovam a conservação da nossa fauna”, diz Rodrigo. 

O ICMBio exemplifica que as informações disponíveis na plataforma podem ser utilizadas para processos de licenciamento ambiental. Acentua que “análises realizadas a partir dos registros de ocorrência de espécies disponibilizados no Salve permitirão verificar áreas de concentração de espécies ameaçadas”.

Segundo o instituto, o desenvolvimento da plataforma teve início em 2016 com profissionais do instituto. Esse processo de avaliação do risco de extinção das espécies da fauna brasileira foi conduzido pelos 13 centros nacionais de pesquisa e conservação (CNPC) do órgão.

Mais de 1,5 mil profissionais participam das avaliações. Os trabalhos seguiram o método de categorias e critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e os resultados são publicados somente após a validação das informações. 

Foto: Creative Commons

Jaqueiras, amendoeiras-da-praia, casuarinas, jiboias, agaves. São plantas que fazem parte das paisagens brasileiras, mas nem sempre foi assim. Essas espécies não são nativas do Brasil e, trazidas de outros pontos do globo pelo homem, acabaram se espalhando sem controle pelo país.

O Banco de Dados Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, mantido pela organização não governamental Instituto Hórus, elenca pelo menos 210 espécies vegetais não nativas que se espalharam por ecossistemas brasileiros, causando danos à flora local.

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As amendoeiras-da-praia ou castanholas (Terminalia catappa), por exemplo, são presença constante nas praias e orlas de lagoas brasileiras. Proveniente da Ásia, provavelmente chegou por aqui de forma não intencional, através da água de lastro de embarcações portuguesas.

Sendo tolerante a ventos fortes, salinidade e uma variedade de tipos de solos, aqui encontrou terreno fértil para sua expansão, já que suas sementes podem ser carregadas por longas distâncias através das correntes marítimas e são dispersadas pela fauna nativa. Ela até foi plantada intencionalmente em praças e orlas devido à sombra proporcionada por sua copa.

Sua sombra, no entanto, é justamente o que mais prejudica as espécies vegetais nativas, já que impede a passagem de luz solar e atrapalha o desenvolvimento das mudas. No ambiente praiano, por exemplo, muitas plantas só se desenvolvem a sol pleno.

Efeitos

Levantamento concluído em 2021 pela bióloga Gyrliane Santos dos Santos, na época graduanda da Universidade Federal do Ceará (UFC), mostrou que a amendoeira-da-praia havia se espalhado por pelo menos 34 unidades de conservação, em nove estados brasileiros, entre elas o Parque Nacional de Fernando de Noronha.

Assim como a amendoeira-da-praia, as casuarinas (Casuarina equisetifolia) também são um problema para as vegetações costeiras. Originária da Austrália chegou, provavelmente, de forma intencional, sendo usada para fins ornamentais, cercas-vivas e estabilização de dunas.

Estudo feito por uma equipe da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em 2020, na restinga do Cabo de Santa Marta, mostrou que a casuarina causa impacto na abundância de indivíduos nativos, reduzindo a cobertura vegetal nas áreas onde estão presentes.

“Quando são introduzidas em um ambiente diferente daqueles em que elas ocorrem naturalmente, elas [as espécies exóticas] podem se adaptar. Quando elas se adaptam, elas se reproduzem e modificam totalmente o processo ecológico natural daquele ambiente. E quando elas se reproduzem com certo sucesso, elas se tornam dominantes”, explica o pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do projeto Ilhas do Rio Massimo Bovini.

Capim-colonião

O pesquisador coordenou um projeto de erradicação do capim-colonião (Megathyrsus maximus) nas Cagarras, ilhas costeiras que são parte da paisagem da orla carioca e abrigam 190 espécies vegetais. Não se sabe se a espécie africana chegou aqui de forma acidental ou intencional, mas hoje é uma das plantas invasoras mais comuns no Brasil.

“Eu fiz o levantamento de todas as espécies de flora que ocorrem lá na ilha. Mas, ao longo dos dois anos em que fui fazendo o levantamento, uma coisa me incomodava, que era o capim-colonião, uma espécie invasora muito agressiva”, conta o pesquisador.

O incômodo transformou-se em ação e Bovini iniciou, em 2014, o trabalho de erradicação do capim. Foram alguns anos para se descobrir a melhor forma de lidar com a espécie. “É um trabalho muito árduo, muito difícil, porque o capim cresce muito rápido. Em um mês, ele é capaz de crescer dez centímetros. E quando chove e faz sol, ele cresce mais rápido ainda. Ele se alastra muito rápido”, disse.

Depois de algumas tentativas, que incluíram fogo controlado, cobertura do capim com lona preta, extração manual e uso de herbicidas, sua equipe concluiu que o melhor resultado foi obtido com a “nucleação”.

O método inclui o replantio de mudas nativas próximas umas das outras, criando núcleos de vegetação que, ao gerar sombra, evitam naturalmente o crescimento do capim, espécie que necessita de sol pleno para se desenvolver. Mas, mesmo depois de oito anos, o trabalho ainda está no início. E, sem patrocinadores, o projeto realizado no arquipélago, que é uma unidade de conservação federal (Monumento Natural das Ilhas Cagarras), está parado desde julho do ano passado.

Bovini destaca que, em muitos casos, a supressão de flora nativa, seja por incêndio ou desmatamento, favorece a expansão de plantas invasoras. “Abriu uma clareira, tirou o sombreamento, vem aquele sol direto no solo, com certeza as espécies invasoras vão chegar e chegam muito rápido”.

O Parque Nacional da Tijuca, também na cidade do Rio, é outra unidade de conservação federal que tem que lidar com espécies invasoras, como o capim-colonião, a jaqueira (Artocarpus heterophyllus), originária da Índia, e a dracena (Dracaena fragrans).

O capim-colonião é uma preocupação extra para o parque porque é suscetível ao fogo e pode servir como estopins para incêndios que atinjam a mata. Um levantamento feito entre 2014 e 2015 mostrou que a gramínea ocupava 2% da área total do parque, ou 83 mil metros quadrados. No setor Covanca, o capim ocupava quase 13% da área.

Palmito

Assim como acontece com os animais, nem todas as plantas invasoras vêm de outros países. O banco de dados do Instituto Hórus aponta que 14 espécies brasileiras invadiram ecossistemas de onde não eram nativas.

É o caso do açaizeiro (Euterpe oleracea), palmeira de cujos frutos se extrai a famosa polpa que é nativa da Amazônia e foi trazida para cultivo na Mata Atlântica. Um dos projetos envolvendo o açaí visava, na verdade, salvar sua congênere: a palmeira juçara (Euterpe edulis), nativa da Mata Atlântica.

Por produzir um palmito saboroso e de alto valor para a gastronomia, a juçara foi tão explorada que acabou se tornando uma espécie ameaçada. O motivo é que o palmito é justamente a parte da planta em que se formam as novas folhas e, caso seja retirado, a palmeira morre.

Alguns pesquisadores tentaram, então, criar uma alternativa viável para a exploração da palmeira, hibridizando-a propositalmente com seu congênere amazônico que, diferentemente da juçara, entouceira, ou seja, um mesmo indivíduo gera vários caules. Assim, seria possível retirar os palmitos sacrificando apenas alguns desses caules sem matar totalmente a planta.

O problema é que algumas dessas experiências acabaram saindo do controle. Em Sete Barras (SP), por exemplo, o açaizeiro passou a se espalhar pela mata nativa do Parque Estadual Carlos Botelho.

O Plano de Manejo do parque considerou-a uma “espécie-problema” por sua capacidade de dispersão e pela possiblidade de hibridização natural com a juçara, o que pode causar “problemas genéticos” na população da palmeira nativa.

Restrições

Para a fundadora do Instituto Hórus, Silvia Ziller, seria importante ter um controle sobre essas espécies que têm potencial invasor, impondo, por exemplo, restrições ao seu comércio.

“As plantas ornamentais, de uso comum, tinham que ser banidas, na medida em que estejam nas listas de plantas invasoras. Então as floriculturas teriam que ser fiscalizadas no sentido de não produzir e não vender mais essas plantas, que a gente sabe que são plantas-problema”, argumentou.

Segundo ela, além disso, é preciso investir na detecção precoce, ou seja, na medida em que as unidades de conservação forem percebendo o surgimento de espécies exóticas invasoras, elas vão sendo eliminadas. “Na medida em que tem controle, você consegue ir eliminando”.

Plantas têm uma dispersão mais fácil do que a fauna, uma vez que sementes e esporos de são de difícil contenção. No entanto, segundo Ziller, sua eliminação acaba sendo mais fácil porque, diferentemente dos animais, as plantas ficam paradas.

“Com uma abordagem correta de controle, você consegue ao longo do tempo fazer uma diferença gigantesca, na restauração de elementos naturais, tirando essas espécies [exóticas invasoras]”.

A Agência Brasil tentou ouvir o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre as estratégias para lidar com espécies exóticas invasoras, mas não obteve resposta.

Os animais exóticos não são apenas aqueles que vêm de outro país. Alguns deles são brasileiros, mas se tornam um problema em ecossistemas onde não deveriam estar. Segundo o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, nada menos que 118 invasores são nativos do Brasil, mas, por algum motivo, extrapolaram seus limites de ocorrência natural.

“São espécies que foram trazidas por alguma influência humana, para uma área onde elas não ocorriam naturalmente. E isso independe de fronteiras políticas. Por isso dizemos que a espécie pode ser nativa em algum lugar do Brasil, mas ela é invasora e causa problemas em outro ecossistema onde ela não é nativa”, explica Silvia Ziller, fundadora do instituto, organização não governamental que monitora espécies invasoras no país há quase 20 anos.

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É o caso do pirarucu (Arapaima gigas), que teve exemplares retirados da região amazônica, de onde é nativo, pelo aquarismo, aquicultura e pesca desportiva. O peixe gigante e se espalhou por rios e lagos de estados como Bahia, Piauí e São Paulo, de acordo com o banco de dados do Instituto Hórus.

Também há situações como a dos saguis (Callithrix sp.), pequenos primatas criados como animais domésticos. O sagui-de-tufos-pretos (C. penicillata), proveniente do cerrado, e o sagui-de-tufos-brancos (C. jacchus), da caatinga, por exemplo, acabaram inseridos na Mata Atlântica.

Essas espécies competem com os micos nativos do bioma atlântico e hibridizam com alguns congêneres, como o sagui-da-serra-escuro (C. aurita), ameaçado de extinção. E, para complicar ainda mais, os híbridos gerados por essas interações dos diferentes saguis também são considerados invasores, ocupando nichos de outras espécies e transmitindo doenças para outros animais.

Endêmico de remanescentes da Mata Atlântica do sul da Bahia, o mico-leão-de-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), da mesma família dos saguis, é uma espécie considerada em perigo de extinção pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira 2018. Já foi extinto de Minas Gerais.

Ainda assim, foi trazido para o Rio de Janeiro e indevidamente solto no Parque Estadual da Serra da Tiririca, onde começou a se espalhar. O risco é que o animal chegue às áreas de ocorrência do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), congênere também ameaçado e com uma população ainda menor que a espécie baiana.

Outro caso curioso é o da tartaruga tigre-d’água brasileira (Trachemys dorbigni), nativa do Rio Grande do Sul. A espécie de quelônio sofreu com a soltura indevida na natureza e consequente invasão de sua congênere norte-americana (Trachemys scripta), atualmente proibida no Brasil. Mas passou de vítima da invasão a animal invasor, ao ser levada como pet para outros estados e também solta de forma indevida nesses locais, onde passou a predar espécies nativas, transmitir doenças e disputar espaço com quelônios locais.

No Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, em Santa Catarina, por exemplo, compete com o cágado-de-barbelas-cinzento (Phrynops hilarii). Um estudo realizado no local de 2019 a 2020, pelo biólogo Lucas de Souza, na época estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mostrou que as capturas de tigre d’água na unidade de conservação foram mais frequentes do que aquelas do cágado, o que pode sinalizar que a espécie invasora passou a predominar no ambiente em detrimento da nativa.

A Agência Brasil tentou ouvir o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre as estratégias para lidar com espécies exóticas invasoras, mas não obteve resposta.

Boto da Amazônia, onça, tatu-bola, gato-palheiro, corais, lagarto papa-vento da Bahia, e o tatu-bola. A lista das espécies da fauna brasileira que tiveram suas populações diminuídas nas últimas décadas revela a ação do homem na natureza. Eles estão no 14º Living Planet Report (14º Relatório Planeta Vivo), feito bianualmente pela WWF, em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres. De acordo com o relatório, que analisou 32 mil populações de 5230 espécies de todo o planeta, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas se conectam e se transformam em ameaças para animais e seres humanos.

O boto amazônico é um exemplo. Além da contaminação por mercúrio, usado nas atividades de garimpo, eles sofrem com as redes de pesca, ataques em represália pela danificação de equipamentos de pescadores e com seu uso como isca na captura da Piracatinga, diz o WWF. Entre 1994 e 2016, a população de botos cor-de-rosa caiu 65% na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Estado do Amazonas.

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"Outro caso bem documentado é a redução das populações no trapézio amazônico, região que inclui o Vale do Javari, onde o ambientalista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados por pescadores ilegais", diz o relatório.

"Para algumas espécies as causas são bem específicas, como a contaminação por mercúrio e os conflitos com pescadores", diz Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil. Segundo ela, no entanto, uma das maiores causas que contribuem para o declínio das populações de espécies selvagens são as mudanças no habitat.

É o caso da espécie eleita como mascote da Copa do Mundo no Brasil, o tatu-bola. Estudos recentes do WWF-Brasil apontaram redução no habitat dessa espécie dentro do Cerrado de 50% até 2020. Outro animal local sob ameaça é o tiriba-do-Paranã, ave parecida com os papagaios e as araras e que ocorre apenas em uma porção desse bioma, nos estados de Goiás e Tocantins. Ele já é considerado como ameaçado de extinção pelo governo brasileiro.

No Pantanal, as onças, assim como as espécies do Cerrado, sofrem com a perda das características originais de seu habitat. "O desmatamento e os incêndios criam uma desconexão de áreas no bioma", diz Mariana. Em 30 anos, 15,7% da superfície de água do Brasil desapareceu. No Estado mais afetado, o Mato Grosso do Sul, mais da metade (57%) de todo o recurso hídrico foi perdido desde 1990. Ali, essa redução ocorreu basicamente em no Pantanal. "O Pantanal teve redução de 80% de sua superfície de água nos últimos trinta anos", completa.

"Animais que precisam de grandes áreas para viver são mais afetados por essa dupla crise", diz Mariana. "Alguns vão conseguir migrar, mas nem todos. Por isso a importância da criação de corredores ecológicos."

O desmatamento é um dos problemas apontados por especialistas e pela comunidade internacional na gestão do presidente Jair Bolsonaro, que deve terminar os quatro anos de gestão com, por exemplo, um total de 47 mil km² de desmatamento na Amazônia. O número representa o total da área destruída segundo as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2019 e 2022 e é 60% maior do que o registrado nos quatro anos anteriores no governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

A gerente de Ciências do WWF-Brasil ressalta que há boas experiências no País, como no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, na fronteira com Argentina e Paraguai. "Ali, não apenas no Brasil, o monitoramento da população do felino mostra estabilidade e crescimento nos últimos anos, passando de 11 animais, em 2009, para 28 em 2018.

De Norte a Sul

Espécie menos conhecida, o gato-palheiro também sofre com as mudanças em seu habitat natural, os campos do Pampa, no Sul do Brasil, de acordo com o relatório da WWF. Este é o bioma brasileiro que mais perdeu vegetação nativa nas últimas décadas, quase 30% entre 1985 e 2021 segundo a plataforma MapBiomas, projeto que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia. A agricultura é o principal uso do solo na região.

As ameaças, no entanto, não ficam apenas em terra firme. No mar, os corais são uma das espécies mais ameaçadas.Dados publicados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC),estimam que 70% a 90% dos corais do mundo possam desaparecer com o aumento médio de 1,5°C da temperatura global. No Brasil, "o mapeamento histórico realizado na região de Abrolhos, na Bahia, mostra que embora a perda de recifes possa ser rastreada desde 1861, esse processo tornou-se mais intenso nas últimas décadas em virtude da maior frequência de extremos climáticos com altas temperaturas", explica Mariana.

O aumento de dias em que a água fica quente é a causa principal do stress nos corais, que causa seu branqueamento -um indicativo do enfraquecimento que pode causar sua morte. "Um exemplo recente foram as ondas de calor de 2019 e 2020, que foram responsáveis pela perda de 18,1% da cobertura de corais em Maragogi, município da maior área marinha protegida do Brasil, a APA Costa dos Corais. Os efeitos foram registrados em diversos recifes importantes do litoral brasileiro, por exemplo, com destaque para a região de Abrolhos, onde o aumento da temperatura foi responsável pela morte de mais de 89% das populações de uma espécie de coral, a Millepora alcicornis", diz a gerente de Ciências da WWF-Brasil.

Um grupo de cientistas chilenos descobriu na Antártida cerca de 20 espécies desconhecidas de bactérias hiperresistentes aos antibióticos, que podem transferir sua capacidade de resistência a outros micro-organismos e com isso provocar um risco para a saúde global.

O professor assistente do departamento de Biologia da Universidade do Chile, Andrés Marcoleta, juntamente com a pesquisadora Macarena Varas e seu assistente, Alexis Gaete, fizeram duas expedições à península antártica e às Ilhas Shetland do Sul entre 2017 e 2019.

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Com pás, recipientes estéreis e um equipamento moderno para medir parâmetros ambientais, eles tentavam determinar quão resistentes os micro-organismos que habitavam ali eram em relação a bactérias de outros ambientes.

Após coletar centenas de bactérias endêmicas, eles descobriram que cerca de 20 eram totalmente desconhecidas e com características de "hiperresistência", explicou Marcoleta à AFP.

Para determinar seu incrível poder de resistência, os cientistas cultivaram 12 amostras e as expuseram a diferentes tipos de antibióticos usados para tratar doenças infecciosas e metais que têm propriedades bactericidas, como o cobre, o arsênico ou o cádmio.

"Praticamente nenhum antibiótico causou efeito nestas bactérias. Têm muitas propriedades de resistência. Talvez esta resistência sirva em seu ambiente natural para resistir a outros compostos tóxicos", disse Marcoleta.

"Muitas delas (bactérias) são multirresistentes a antibióticos clássicos ou têm produção de algum metabolito que estamos em processo de caracterização, que tem atividade antibiótica sobre algumas bactérias que têm interesse clínico", acrescentou a doutora Varas.

Os cientistas se preocuparam com esta nova descoberta, pois "cada vez detectamos com maior frequência infecções por bactérias que são muito resistentes às substâncias que hoje em dia estão disponíveis para tratar estas infecções", acrescentou Marcoleta.

As infecções por 'superbactérias' mataram 1,2 milhão de pessoas em 2019, segundo um estudo publicado em janeiro na prestigiosa revista médica britânica The Lancet.

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde declarou uma crise sanitária mundial diante da resistência aos antimicrobianos e criou um grupo de trabalho para estudar tratamentos alternativos.

"Estas capacidades de resistência das bactérias antárticas poderiam ser adquiridas por bactérias patógenas (que causam doenças), uma situação que provocaria sérios problemas sanitários em nível global", indica o estudo a respeito desta pesquisa publicada na revista Science of the Total Environment.

- As Pseudomonas -

Marcoleta detalha que entre as bactérias encontradas que causaram especial interesse estão as Pseudomonas, predominantes no solo da Península Antártica e parentes de outras que vivem em áreas urbanas, responsáveis por doenças graves como a fibrose cística.

Mas, como estas bactérias poderiam prejudicar o ser humano?

"Felizmente, tudo indica que as ditas Pseudomonas antárticas não são patógenas, mas sim, poderiam atuar como fonte de genes de resistência e ser transferidas com relativa facilidade a Pseudomonas patogênicas", acrescenta o estudo.

Neste caso, adverte, "teríamos um problema sanitário porque haveria novos genes de resistência que estariam contribuindo para esta crise de resistência aos antimicrobianos".

Especialistas afirmam que saber detalhes sobre os genes destas bactérias presentes na Antártida também ajudariam no desenho de possíveis novos antibióticos.

- Bactérias e mudanças climáticas –

Os cientistas começaram um novo estudo no qual buscam determinar como estas bactérias poderiam ser transportadas da Antártida para o resto do mundo.

"A península antártica, onde continuaremos pesquisando, é uma das áreas mais afetadas pelo degelo provocado pelas mudanças climáticas", afirma Marcoleta.

Ano a ano e em um ritmo intenso, solos estão descongelando e deixando expostos reservatórios de genes de resistência.

Os pesquisadores pretendem determinar como esta situação impacta as bactérias e se sua informação genética poderia se disseminar por plantas ou animais que estejam ali.

Um novo estudo levou um grupo de especialistas a sugerir que pode haver três grupos diferentes de Tyrannosaurus rex, um dos dinossauros mais famosos. Até então, o animal era reconhecido como a única espécie de seu gênero.

A análise, publicada pela revista Evolutionary Biology e assinada por cientistas americanos, revelou diferenças físicas no fêmur, outros ossos e estruturas dentárias que poderiam sugerir que os espécimes de Tyrannosaurus rex deveriam ser novamente categorizados em três espécies diferentes. As duas novas foram chamadas de Tyrannosaurus imperator e Tyrannosaurus Regina.

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A equipe liderada pelo paleontólogo Gregory Paul analisou os ossos e restos dentários de 37 espécimes de tiranossauros e comparou a robustez do fêmur em 24 deles. Eles também mediram o diâmetro da base dos dentes ou o espaço nas gengivas para avaliar se os animais tinham um ou dois dentes incisivos finos.

Os autores notaram que o fêmur variou entre os espécimes, alguns com ossos mais robustos e outros mais leves. Além disso, havia o dobro dos primeiros, sugerindo que não é uma diferença causada pelo sexo, o que provavelmente levaria a uma divisão mais uniforme.

Da mesma forma, eles consideram que a variação não está relacionada ao crescimento, visto que foram encontrados fêmures robustos em alguns espécimes juvenis com dois terços do tamanho de um adulto, assim como ossos menores em alguns animais mais velhos.

A estrutura dental também variou entre os espécimes, embora apenas doze deles tivessem restos tanto do fêmur quanto dos dentes. Especialistas viram que aqueles com um dente incisivo eram frequentemente correlacionados com um fêmur mais leve.

Do total de tiranossauros, 28 puderam ser identificados em camadas distintas de sedimentos (estratigrafia) nas formações superiores de Masstrichtianos, região na América do Norte entre 66 a 67,5 milhões de anos atrás. Os autores compararam os espécimes de Tyrannosaurus com outras espécies terópodes (subordem de dinossauros) encontradas em camadas inferiores de terra.

A variação na robustez do fêmur na camada inferior não foi diferente da de outras espécies de terópodes, indicando que provavelmente havia apenas uma espécie de Tyrannosaurus naquele ponto.

Somente um fêmur afilado de tiranossauro foi identificado na camada média com outros cinco na camada superior, ao lado de alguns robustos. A variação da robustez dos ossos na camada superior dos sedimentos foi maior do que a observada em alguns espécimes terópodes anteriores.

Isso sugere que os espécimes do Tyrannosaurus encontrados em camadas mais altas de sedimentos fisicamente se desenvolveram em formas mais distintas em comparação com espécimes de camadas inferiores, e outros dinossauros.

A equipe acredita que as mudanças no fêmur podem ter evoluído ao longo do tempo de um ancestral comum com fêmures mais robustos para se tornar mais gracioso em espécies posteriores.

As diferenças entre as camadas de sedimentos podem ser consideradas "distintas o suficiente para que os espécimes possam ser considerados espécies separadas", disse Paul.

Das duas possíveis novas espécies de tiranossauros, imperator refere-se a espécimes encontrados nas camadas inferior e média do sedimento, caracterizados por fêmures mais robustos e geralmente dois dentes incisivos.

Regina está ligada a restos das camadas superiores e possivelmente intermediárias do sedimento, caracterizadas por fêmures mais finos e um dente incisivo. A espécie reconhecida Tyrannosaurus rex foi identificada na camada superior e possivelmente na camada intermediária do sedimento, com restos que preservam fêmures mais robustos e que possuem apenas um incisivo.

Alguns espécimes analisados não puderam ser identificados a partir de seus restos, por isso não foram atribuídos a uma espécie. Os autores reconhecem que não podem descartar que a variação observada seja por causa de diferenças individuais extremas, ou dimorfismo sexual atípico, em vez de grupos separados, e também alertam que a localização nas camadas sedimentares de alguns espécimes não é conhecida.

Mais de 25 mil espécies de plantas, algas e fungos nativos do Brasil são endêmicas, ou seja, só existem naturalmente no país. Isso representa 55% do total das espécies nativas brasileiras, que chegam a 46,9 mil. Os dados são do estudo Flora do Brasil 2020, coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

De acordo com a pesquisa, a Mata Atlântica é o bioma onde existem mais espécies (17.150 ou 36,5% da flora brasileira), seguida pela Amazônia (13.056 ou 27,8% das espécies) e o Cerrado (12.829 ou 27,3%). Com menos biodiversidade, aparecem a Caatinga, com 4.963 espécies (10%), o Pampa, com 2.817 (6%) e o Pantanal, com 1.682 (3,6%).

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Entre as espécies, 32.696 são angiospermas (plantas vasculares que têm frutos, como as palmeiras), 23 são gimnospermans (plantas vasculares que não têm frutos, como os pinheiros), 1.584 são briófitas (ou seja, musgos), 1.380 são samambaias, 6.320 são fungos e 4.972 são algas.

Além das 46,9 mil espécies nativas, ainda foram identificadas 680 espécies exóticas que foram naturalizadas (ou seja, que hoje se espalham naturalmente pelo país) e 2.336 plantas exóticas que são cultivadas.

O estudo é resultado de um compromisso do país com a Estratégia Global para a Preservação de Plantas (GSPC), da Organização das Nações Unidas (ONU), e foi produzido com a ajuda de quase mil cientistas de 25 países. Além da lista com as espécies, o estudo traz a descrição delas, sinônimos, sua condição de endemismo, os biomas, tipos de vegetação e estados onde podem ser encontradas.

Os dados são abertos ao público e estão disponíveis na internet. Segundo a coordenadora do estudo, Rafaela Campostrini Forzza, a plataforma é uma fonte de informação não apenas para botânicos, como também pode auxiliar no planejamento governamental e em estudos de impacto ambiental.

“Uma das coisas que os tomadores de decisão perguntam é: quantas espécies existem no meu estado? Ou quantas espécies tem no bioma? Para você fazer um plano de conservação para o bioma, é importante saber quantas espécies existem, quantas só ocorrem ali. Essas áreas são prioritárias para se criar unidades de conservação?”, pergunta Rafaela.

Segundo a pesquisadora, nos últimos cinco anos, foi descrita uma média de uma espécie por dia no Brasil. Isso mostra que ainda há muitas espécies para serem descobertas ou descritas no país.

Cientistas brasileiros e norte-americanos descobriram, em uma expedição marítima feita no arquipélago pernambucano de Fernando de Noronha, quatro novas espécies de peixes que vivem exclusivamente no litoral brasileiro.

Segundo os pesquisadores, a expedição encontrou também outras 15 espécies na região pela primeira vez. O estudo e os resultados da expedição foram publicados na última edição da revista científica Neotropical Ichthyology.

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Uma das quatro espécies descobertas é o peixe-pedra (Scorpaena sp.), espécie venenosa que fica camuflada em recifes, de forma a se esconder de seus predadores. Uma outra espécie descoberta é o chamado peixe-lagarto (Synodus sp.), que também se camufla, mas nesse caso como estratégia para não ser percebido por peixes de menores porte e fazer deles seu alimento.

A expedição descobriu também uma espécie chamada peixe-afrodite (Tosanoides sp.). Este é o segundo do gênero descoberto no Oceano Atlântico. De acordo com os pesquisadores, o primeiro foi encontrado no Arquipélago de São Pedro e São Paulo em 2018.

A quarta nova espécie descoberta foi o peixe gobídeo (Psilotris sp.), um gênero classificado como “raro”. Eles são de pequeno porte e tem como fonte de alimentação microrganismos, zooplanctons e microinvertebrados.

A pesquisa, liderada pela Associação Ambiental Voz da Natureza, foi dividida em duas etapas. A primeira, com duração de 17 dias, consistiu na exploração em águas profundas. A segunda durou mais de um ano, e foi dedicada à taxonomia das espécies, comparando características morfológicas com centenas de outros peixes para comprovar se tratar de animais inéditos para a ciência.

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) identificaram mais quatro espécies de formiga do gênero Prionopelta. A descoberta foi publicada na revista científica Zootaxa, da Nova Zelândia. O trabalho foi realizado pela doutoranda Natalia Ladino, sob orientação do professor Rodrigo Feitosa.

Segundo Feitosa, a descoberta foi possível ao analisar espécimes obtidos por coleções importantes dos Estados Unidos, do Brasil, México e da Colômbia. Segundo ele, desde a década de 60 nenhum estudo sobre os novos espécimes do gênero encontrados havia sido concluído.

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As espécies foram identificadas por características como padrões nos corpos, a distribuição dos pelos e o tamanho das mandíbulas. “As formigas desse gênero têm um padrão de esculturação do exoesqueleto. Quando a gente observa o corpo dessas formigas, na cutícula [o esqueleto que recobre o corpo dos insetos] a gente vê um padrão de desenho”, detalha o especialista.

Elas foram nomeadas de Prionopelta menininha, Prionopelta dubia, Prionopelta minuta e Prionopelta tapatia. A primeira nomeação faz homenagem à Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a Mãe Menininha do Gantois, uma importante mãe de santo baiana.

As formigas identificadas vivem apenas em locais de floresta densa. “Somente são encontradas em florestas que tenham condição de conservação relativamente boa - serrapilheira [cobertura de folhas e vegetais sobre o solo] e em troncos em decomposição. Não são muito tolerantes à luz solar e à falta de umidade”, explica Feitosa.

Esses animais são importantes para os ecossistemas, de acordo com o pesquisador, por serem predadores, mantendo outras espécies sob controle, como "pequenas centopeias e pequenos animais que vivem nos solos das florestas”, diz o professor a respeito das presas das formigas. Também ajudam a dispersas sementes, permitindo a reprodução das plantas.

Feitosa destaca que a descoberta faz parte de esforço para identificar o maior número possível de insetos e outros animais em um contexto de destruição dos ecossistemas. “Neste momento em que estamos enfrentando uma extinção em massa de organismos por derrubada das florestas, incêndios, a gente está em uma corrida para conhecer as espécies que habitam nas regiões antes que desapareçam”, afirma.

Uma semana após a publicação de um relatório alarmante da ONU sobre os danos à natureza e a ameaça de extinção que paira sobre milhares de espécies, os diretores de vários museus de história natural se reuniram no Vaticano numa mobilização em favor da biodiversidade.

No encontro, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências, intitulado "Ciências e ações para a proteção das espécies – Novas Arcas de Noé para o Séc. XXI", os especialistas manifestaram sentimentos comuns, entre a esperança e o pessimismo.

"Precisamos de um argumento sólido para convencer as pessoas da importância da biodiversidade", reconheceu Peter Raven, professor de botânica da Universidade de Saint Louis, Missouri, Estados Unidos.

Quando falamos sobre a importância crucial dos microorganismos para a vida na Terra, inclusive para os seres humanos, as pessoas "perdem o interesse", lamenta o especialista em vida vegetal.

"Sem as bactérias não existiríamos", ressalta o diretor do Museu de História Natural de Paris, Bruno David, recordando que em nossos corpos as bactérias são dez vezes mais numerosas do que as células humanas e são essenciais para a digestão.

Esses argumentos são insuficientes para sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de defender a biodiversidade, algo que é percebido como distante.

Quando se fala de natureza, a maioria das pessoas imagina um mundo selvagem, que não diz respeito ao seu meio ambiente, explica Lori Bettison-Varga, que dirige o Museu de História Natural de Los Angeles.

Para ela, é fundamental mudar essa ideia e transmitir "o prazer de viver na natureza".

É por isso que desenvolveu um programa para enviar jovens e adultos para atividades de campo, para que compreendam que o ser humano não é a única espécie que vive na Terra, mesmo dentro de uma cidade grande como Los Angeles.

O projeto identificou trinta novas espécies dentro e ao redor da cidade. Por que então proteger a biodiversidade se constantemente descobrirmos novas espécies? É a pergunta que muitas vezes é feita à especialista em geologia e pedagogia.

- 'Como os parafusos da Torre Eiffel' -

"A biodiversidade é como os parafusos da Torre Eiffel: se retirarmos um, nada acontece, ou mesmo dois, e assim por diante até a torre cair, e nunca se sabe qual era o mais importante", explica David.

Também é importante formar as pessoas mais ignorantes, "porque elas votam", sustenta Richard Larivière, que dirige o Field Museum, o Museu de História Natural de Chicago.

Esses líderes, amantes da natureza e ardentes defensores de sua diversidade, relutam em se apresentar como militantes.

Especialmente nos Estados Unidos, explica Bettison-Varga, onde os museus são entidades altamente respeitadas precisamente porque são neutras e fora da arena política.

Sua função é fornecer conhecimento para servir de base para a ação, assegura Larivière.

Apesar disso, a tarefa vislumbrada à frente é urgente, segundo o especialista.

"O que não é salvo hoje, nunca será salvo", diz ele. "Sou muito pessimista", conclui.

Um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção e o ritmo está se acelerando, de acordo com um relatório da ONU divulgado em 6 de maio, que pede uma "profunda mudança" da sociedade para reparar os danos à natureza.

O Mediterrâneo está correndo risco de perder metade das suas espécies se as emissões de CO2 não forem reduzidas pelo mundo, indica uma pesquisa publicada na revista acadêmica "Climatic Change" nesta quarta-feira (14).

Conduzido pelo World Wildlife Fund (WWF), junto com a British University of East Anglia e a Australian James Cook University, o estudo examinou a situação do Mediterrâneo a partir de um aprofundamento sobre o impacto do aquecimento em 80 mil espécies de plantas e animais em 35 áreas do planeta ricas em biodiversidade.

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Aumentando 2ºC na temperatura global, que é o máximo permitido pelo acordo de Paris sobre o clima, é previsto que o Mediterrâneo colocaria em risco quase 30% da maioria dos grupos e espécies analisadas, segundo o estudo. Se a temperatura aumentasse ainda mais, por exemplo para 4,5 graus, metade de uma biodiversidade desapareceria, até 90% dos anfíbios, 86% das aves e 80% dos mamíferos poderiam ser extintos nas savanas arborizadas de Miombo, na África do Sul.

A Amazônia, por outro lado, poderia perder 69% de suas espécies de plantas. No total 80 mil espécies foram examinadas. Sobre o estudo, o WWF ressalta a necessidade da criação de políticas para reduzir as emissões de CO2, porque só assim ocorreriam mudanças climáticas.

A associação ambiental ainda pede instrumentos regulatórios e legislativos para o fechamento das usinas de carvão até 2025, e a definição do plano nacional de energia e clima, e a estratégia de descabornização a longo prazo. Sobre o risco da extinção das espécies, a presidente da WWF Donatella Bianchi, alerta: "Muitos dos lugares mais fascinantes da Terra, como a Amazônia e as Ilhas Galápagos e algumas áreas do Mediterrâneo, podem tornar-se irreconhecíveis aos olhos de nossos filhos".

Da Ansa

Um crocodilo-lagarto no Vietnã e a chamada tartaruga-que-come-caracol de Mekong (Malayemys subtrijuga) estão entre as 115 novas espécies descobertas em 2016 na região do Grande Mekong, uma sinal animador em tempos de ameaças à biodiversidade - anunciou a organização WWF, nesta terça-feira (19).

"Em um momento em que a tendência global é preocupante, e as ameaças para as espécies e seus hábitats na região do Grande Mekong são importantes, a descoberta dessas novas espécies nos dá esperança", declarou à AFP Lee Poston, do World Wildlife Fund (WWF).

No total, foram descobertos 11 anfíbios, três mamíferos, dois peixes, 11 répteis e 88 plantas.

O Mekong, que nasce no Himalaia e desemboca no mar da China, no Vietnã, dá seu nome a essa região tropical majoritariamente coberta de floresta e que inclui Camboja, Laos, Tailândia, Mianmar e a província chinesa de Yunnan.

Todo o ano, os cientistas da WWF anunciam a descoberta de novas espécies após um longo processo de avaliação com seus pares. Em 2015, anunciaram a descoberta de 163 novas espécies.

Os pesquisadores convivem com o medo de que essas espécies recém-descobertas desapareçam antes mesmo de terem sido catalogadas, devido ao rápido desenvolvimento da região, com a construção de estradas e de represas, mas também devido ao tráfico de animais silvestres.

Foi em um mercado do mercado do nordeste da Tailândia, que um cientista encontrou uma das 115 novas espécies descobertas este ano: a nova espécie de tartaruga-come-caracóis.

O crocodilo-lagarto do Vietnã havia sido avistado na selva do norte do país, mas os cientistas levaram anos para estabelecer que se tratava de uma espécie nova. Restam apenas cerca de 200 exemplares dessa espécie, ameaçada pelos traficantes e pelo desenvolvimento das minas de carvão.

Há 20 anos, mais de 2.500 novas espécies foram registradas na região, ou seja, duas descobertas a cada semana.

Mais de 380 novas espécies de plantas e animais foram descobertas na Amazônia apenas entre 2014 e 2015, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira, 30, pela organização não governamental WWF-Brasil, em parceria com o Instituto Mamirauá, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

De acordo com o relatório, naquele biênio, uma nova espécie foi registrada a cada dois dias - e a maior parte delas foi descoberta no interior ou no entorno de áreas protegidas. Duas das novas espécies de peixes foram localizadas em unidades de conservação na área da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), que foi extinta pelo governo na semana passada.

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Produzido por um grupo de especialistas a partir de revisões da literatura científica, o relatório está em sua terceira edição. A primeira apresentou 1,2 mil novas espécies descobertas entre 1999 e 2009 e a segunda revelou 602 novas espécies descobertas entre 2010 e 2013. Foram mais de 2,1 mil espécies descobertas em 17 anos.

"Conhecer as espécies existentes é muito importante do ponto de vista da conservação, porque ao medir a ocorrência das populações temos um indicador do estado de conservação do ambiente, que nos permite traçar políticas públicas para preservar a biodiversidade", disse ao Estado o coordenador do Programa Amazônia da WWF-Brasil, Ricardo Melo.

Segundo Melo, entre 1999 e 2009, uma espécie foi descoberta a cada três dias, em média. Entre 2010 e 2013, a taxa subiu para uma nova espécie a cada 2,5 dias. "Imaginar que ainda hoje estamos verificando a existência de novas espécies mesmo com escassos recursos, diz que ainda temos muito a conhecer e descobrir nesta região", declarou.

Ele afirma, porém, que apesar do aumento contínuo da taxa de descobertas, ainda há muitas lacunas no conhecimento e é provável que inúmeras espécies sejam extintas na Amazônia sem jamais terem sido catalogadas.

"Há um declínio global da biodiversidade e a extinção de espécies passa atualmente por uma escalada sem precedentes na História. De 1800 para cá, a extinção de espécies aumentou cinco vezes por ano. Isso ficou mais grave nas últimas décadas: desde 1970, tivemos um declínio de 51% nas populações das várias espécies", explicou.

Das 381 novas espécies descobertas entre 2014 e 2015, o relatório registra 216 novas espécies de plantas, 93 de peixes, 32 de anfíbios, 19 de répteis, 18 de mamíferos, uma ave e dois mamíferos fósseis.

Melo afirma, no entanto, que o conhecimento sobre a Amazônia ainda é pequeno, por conta da grande extensão territorial e da ausência de recursos para viabilizar pesquisas científicas.

"Quanto mais pudermos identificar novas espécies, melhora para a conservação. Na Floresta Amazônica, temos cerca de 40 mil espécies de plantas catalogadas, sendo 5 mil espécies de árvores. Em algumas regiões há 300 espécies diferentes por hectare. Mas, tudo indica que mal começamos a compreender a Amazônia", disse.

O fato de muitas espécies terem sido descobertas em áreas protegidas, segundo Melo, reforça a importância de manter intactas as unidades de conservação e de aumentar os esforços de pesquisas nessas áreas.

"Muitas dessas espécies estão concentradas em locais endêmicos - isto é, não ocorrem em outras áreas. Só na área da Renca, por exemplo, foram descobertas duas espécies de peixes, animais que sofrem muito diretamente os efeitos da mineração. Foram descobertas também muitas espécies novas no sul da Amazônia, onda há uma enorme pressão a favor de retrocessos ambientais", disse.

Mais ciência, menos impacto. Segundo Melo, ao inventariar as novas espécies em um só documento, o relatório mostra o quanto é estratégico preservar a biodiversidade amazônica. "O número expressivo de descobertas demonstra a importância dos investimentos em pesquisa científica na Amazônia e de redobrar a atenção para a região, que tem sofrido o impacto de ações antrópicas como desmatamento, agropecuária e grandes obras de infraestrutura - como é o caso da construção de hidrelétricas e rodovias", disse.

Melo afirmou também que empresários e políticos deveriam pensar melhor nos impactos irreversíveis provocados por grandes projetos como estradas e hidrelétricas na Amazônia. "Essa biodiversidade precisa ser conhecida e protegida. Estudos indicam que o maior potencial econômico de uma região como a Amazônia é a inclusão da biodiversidade nas soluções tecnológicas de um novo modelo de desenvolvimento, incluindo desenvolvimento de curas para doenças, uso de novas espécies para fins alimentares, como exemplo os superalimentos", disse.

Listado como Patrimônio Mundial da Unesco, a Grande Barreira de Corais tem uma extensão de 2.300 quilômetros e é um dos principais pontos turísticos da Austrália. Mesmo ameaçado pelas mudanças climáticas, o local ainda tem um imenso potencial turístico - o que gera um núcleo de empregos com cerca de 64 mil postos de trabalho.

Com tanta história e beleza, a Deloitte Access Economics, empresa de consultoria, resolveu fazer calcular o valor social e econômico do local, a pedido da fundação da Grande Barreira. A estimativa é de quer ecossistema como um todo valha a bagatela de US$ 56 bilhões.

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A extinção maciça de animais como rinocerontes, gorilas ou leões está se acelerando, e restam apenas 20 ou 30 anos para deter esta "aniquilação biológica", que põe em risco "as bases da civilização humana", alerta um novo estudo.

Mais de 30% das espécies de vertebrados estão em declínio, tanto em termos de população como de distribuição geográfica, indica o estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) na segunda-feira.

"Esta é uma aniquilação biológica que acontece a nível global, mesmo que as espécies às que estas populações pertencem ainda existam em algum lugar da Terra", afirma um dos autores do estudo, Rodolfo Dirzo, professor de Biologia da Universidade de Stanford.

"A sexta extinção em massa já está aqui e a margem para agir com eficácia é cada vez mais estreita, sem dúvida duas ou três décadas no máximo", escreveram os autores.

Trata-se de um "ataque aterrador contra as bases da civilização humana", acrescentaram.

A Terra sofreu até hoje cinco extinções em massa, sendo a última delas a dos dinossauros, há 66 milhões de anos. Segundo a maioria dos cientistas, há uma sexta em curso.

Para os autores deste novo estudo, a extinção já "chegou mais longe" do que se pensava até agora com base em estudos anteriores, que se referiam exclusivamente à extinção das espécies, e não ao tamanho e à distribuição das populações.

Os pesquisadores da Universidade de Stanford e da Universidade Nacional Autônoma do México fizeram um mapa da distribuição geográfica de 27.600 espécies de pássaros, anfíbios, mamíferos e répteis, uma amostra que representava cerca da metade dos vertebrados terrestres conhecidos.

Também analisaram a queda de população em uma amostra de 177 espécies de mamíferos, a partir de dados detalhados do período de 1900-2015.

- Apenas 20.000 leões -

Desses 177 mamíferos, todos perderam ao menos 30% das zonas geográficas nas que estavam distribuídos, e mais de 40% deles perderam mais de 80% das suas áreas.

Os mamíferos do sul e do sudeste asiático foram especialmente afetados: nessa zona, todas as espécies de grandes mamíferos analisados perderam mais de 80% da sua área geográfica, indicam os pesquisadores em um comunicado que acompanha o estudo.

Cerca de 40% dos mamíferos - entre eles rinocerontes, orangotangos, gorilas e vários grandes felinos - sobrevivem hoje em 20%, ou inclusive menos, dos territórios em que viviam no passado.

A diminuição das populações de animais selvagens é atribuída principalmente ao desaparecimento de seu habitat, ao consumo excessivo dos seus recursos, à poluição ou ao desenvolvimento de espécies invasivas e de doenças. As mudanças climáticas também podem estar desempenhando um papel cada vez maior.

Este movimento alarmante se acelerou recentemente.

"Várias espécies de animais que estavam relativamente seguras há 10 ou 20 anos", como os leões ou as girafas, "agora estão em perigo", segundo o estudo.

Por exemplo, o leão (Panthera leo) estava presente na maior parte da África, no sul da Europa e no Oriente Médio, até o noroeste da Índia.

"Agora ficou reduzido a populações dispersas pela África subsaariana, com uma população residual na floresta de Gir", no oeste da Índia. "A imensa maioria das populações de leões desapareceram", indicam os autores.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), restam apenas 20.000 leões no mundo.

Estas perdas "maciças" em termos de populações e de espécies são "um prelúdio do desaparecimento de muitas outras espécies e do declínio dos ecossistemas que fazem com que a civilização seja possível", adverte o autor principal do estudo, Gerardo Ceballos.

Os pesquisadores fazem um apelo para que se aja contra as causas do declínio da vida selvagem, especialmente contra a superpopulação e o consumo excessivo.

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O pátio da Igreja do Carmo, no bairro de São José, ganhou mais cor neste mês. Com mais de 200 espécies de plantas, a 7ª edição do Festival de Flores do Recife começou nesta quinta-feira (2) e segue até o dia 13 de setembro, sempre 8h às 19h. Entre as espécies mais procuradas, rosas, orquídeas, bromélias, azaleias, violetas e crisântemos.

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A entrada é franca e os preços das espécies variam de R$ 4,50 a R$ 29,50. Parte do dinheiro arrecadado com as vendas será doada ao Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, que organiza o festival em parceria com a Cooperativa de Flores de Holambra – cidade em São Paulo com pouco mais de 15 mil habitantes que é reconhecida como a maior produtora de flores ornamentais do País. 

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Pesquisadores do Projeto Tamar constataram recentemente que, em cinco anos, a população de tartarugas marinhas em extinção que povoam as águas brasileiras aumentou em 86,7%. As cinco espécies ameaçadas (tartaruga cabeçuda, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde, tartaruga-oliva e tartaruga-de-couro) subiram de 4,5 milhões para 8,4 milhões do início de 2010 ao fim de 2014, o que indica o surgimento de uma nova geração de tartarugas e o início da recuperação das espécies.

O projeto é patrocinado pela Petrobras, por intermédio do Programa Petrobras Socioambiental. Um do integrantes, Guy Marcovaldi, ressaltou que esse aumento indica uma grande vitória, já que até o início dos anos 80, a matança de tartarugas por redes de pesca, anzóis, poluição dos oceanos e mudanças climáticas, praticamente destruiu as cinco espécies. 

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Porém, apesar de as espécies presentes no Brasil começarem a se recuperar, o número de tartarugas marinhas ainda é pequeno no país e cada indivíduo só atinge a maturidade sexual para poder se reproduzir entre 20 e 30 anos de idade. A tartaruga oliva, diferentemente das outras quatro espécies verificadas no Brasil, atinge a maturidade entre 11 e 16 anos.

Todas elas desovam nas praias. No Brasil, o processo acontece nos 1.100 quilômetros de litoral e nas ilhas oceânicas onde o Projeto Tamar está presente, na Bahia, em Sergipe, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, no Ceará, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina.

As desovas ocorrem nos períodos mais quentes do ano. No litoral brasileiro, entre setembro a março, com variação entre as espécies. Nas ilhas oceânicas, entre dezembro a junho, registrando-se somente desovas da tartaruga verde.

Três jacarés de papo-amarelo foram resgatados pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), no Recife, na última terça-feira (24). Na manhã desta quarta (25), os animais foram levados por uma equipe do órgão para serem recolocados na natureza, depois de passarem por avaliação médica. 

Um dos répteis foi encontrado em uma loja de mármore, localizada na Avenida Sul, no bairro de Afogados. Com cerca de 1,70 m, o animal foi resgatado no terreno que fica às margens de um rio da Bacia do Capibaribe. Outro, filhote, foi entregue por uma pessoa que o havia encontrado em um sítio, no município de Lagoa do Carro, na Zona da Mata. No mesmo dia, um filhote de 40 cm de jacaré, proveniente de Pombos, foi também deixado na Agência. 

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“A CPRH está empenhada em resgatar animais silvestres criados como animais de estimação e devolvê-los à natureza. Os que precisam de reabilitação ficam mais tempo sob os nossos cuidados. Mas aqueles que estão em condições físicas adequadas à liberdade, são devolvidos à natureza, rapidamente”, explicou o diretor-presidente da CPRH, Paulo Teixeira.

Além dos jacarés, uma arara-canindé (Ara ararauna) foi entregue por um morador de Candeias; a ave vivia em cativeiro há mais de dez anos e foi levada para avaliação médica. Com este novo exemplar do bicho, sobe para sete o número de araras sob os cuidados da CPRH, para serem reintroduzidas na natureza. 

Nesta quarta-feira (30), a Prefeitura do Recife lança um manual de regras de plantio e manutenção de árvores na cidade. A gestão promete que o Manual de Arborização será um guia para definir que procedimentos e espécies poderão ser utilizadas na capital pernambucana. O lançamento acontece durante o Seminário de Arborização Urbana, às 13h, no auditório do Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero.

O guia servirá para orientar empresas, profissionais do setor público e privado, além da própria população. O objetivo é solucionar alguns problemas causados pelo plantio inadequado, como por exemplo, a incompatibilidade de espécies de grande porte em áreas onde existem fios e cabos de energia. “Essas árvores prestam serviços ambientais importantes para cidade, como a retenção de poluentes e da água da chuva, além de gerar sombra, que diminui a temperatura nas ruas. Elas podem ser podadas ao longo do seu desenvolvimento, para que as copas se formem acima ou passando pela rede elétrica, sem problemas”, diz Cida Pedrosa, secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade.

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Na publicação, segundo a PCR, estarão descritas as regras a serem seguidas na hora de se colocar as mudas em calçadas e espaços verdes (praças, parques, refúgios). No caso da arborização de ruas, ela relaciona o tamanho do canteiro e o tipo de planta, com as dimensões do passeio, a presença de equipamentos urbanos e questões ligadas à acessibilidade de pessoas com deficiência. O padrão das mudas, o distanciamento entre as plantas, o tamanho da cova (buraco), a instalação de tutores, toda a metodologia também é relatada visando ampliar o grau de sucesso do plantio.

O documento ainda dedica um capítulo para tratar sobre a manutenção da cobertura verde. Adubação, poda, tratamento fitossanitário, utilização de árvores como suporte de fitossanitário são algumas das iniciativas abordadas com o objetivo de auxiliar as pessoas e as empresas autorizadas a realizar estes serviços em área pública.

Programa de arborização – Durante o seminário, técnicos da Secretaria de Meio Ambiente também vão expor o planejamento feito para o plantio 100 mil árvores até o final de 2016. O programa prevê a atuação em quatro frentes: bairros com menor índice de verde; espaços públicos livres (parques, praças, Academias da Cidade, Unidades de Conservação); vias que podem ser ou já são rotas de ciclovias; e as rotas protocolares da Copa.

Com informações de assessoria

Um grupo de cientistas australianos que exploram um "mundo perdido" no norte da ilha descobriram três espécies de vertebrados isolados há milhões de anos, incluindo um novo tipo de gecko (geconídeo, uma família de répteis sáurios) com a cauda em formato de folha.

Conrad Hoskin, da Univerdade James Cook, e uma equipe de televisão da National Geographic, foram levados de helicóptero a Cape Melville, cujo relevo é feito de rochas de granito empilhadas ao longo de centenas de metros. Anteriormente, realizaram estudos nos campos rochosos no sopé da colina, mas a colina em si, identificada por imagens de satélite, continua sendo pouco conhecida e de difícil acesso.

"A parte superior de Cape Melville é um mundo perdido. E descobrir estas espécies é obra de toda uma vida", declarou Conrad Hoskin, que se somou à classificação de espécies vivas um gecko longilíneo com uma cauda plana e um par de olhos esbugalhados.

O pequeno réptil, endêmico da Austrália, foi batizado de Saltuarius eximius (que significa excepcional, em latim). Ele mede 20 cm e seria um sobrevivente dos tempos imemoriais da selva tropical cobria grande parte do solo australiano.

De aspecto "primitivo", este réptil é biologicamente muito diferente de seus parentes e representa a sétima subespécie das salamandras australianas. "Quando vi, soube que se tratava de uma nova espécie de salamandra. Tudo nela era claramente diferente em relação às características de outros répteis do tipo", afirmou Hoskin.

Os cientistas também identificaram uma nova espécie de lagartixa de pele dourada e uma rã que vive entre as rochas. A lagartixa também é muito diferente de seus parentes das florestas tropicais. Já a rã, durante as temporada de seca, é encontrada entre rochas, onde as temperaturas são frescas e o ar, úmido, permitindo que as fêmeas coloquem seus ovos em rachaduras com umidade suficiente.

Na falta de água, o girino se desenvolve dentro do ovo, de onde sai já uma rã completamente formada. Quando começa a temporada úmida, a rã vai para a superfície da rocha para se alimentar e se reproduzir.

"Descobrir três novos vertebrados seria por si só surpreendente em um país relativamente pouco explorado como a Nova Guiné, mas é algo ainda mais surpreendente na Austrália, que foi amplamente explorada", explicou Conrad Hoskin.

Segundo a National Geographic, a equipe planeja voltar a Cape Melville dentro de alguns meses para buscar mais espécies desconhecidas, incluindo caracóis, aranhas e talvez até pequenos mamíferos.

"Todos os animais de Cape Melville são incríveis, precisamente por sua capacidade de persistir durante milhões de anos na mesma zona e não se extinguir. É algo alucinante", concluiu Hoskin. Seus trabalhos estão sendo publicados pela revista Zootaxa.

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