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O Recife apresentou queda no número de ocorrências clínicas por doenças e inflamações comuns após o período carnavalesco, como as gastroenterites agudas (Gecas) e a conjuntivite. O índice de positividade da Covid-19 também se manteve estável e menor do que o registrado em outras festividades do ano passado. Apesar da festa popular ter durado quatro dias - de 18 a 21 de fevereiro -, os quadros sazonais são monitorados por, pelo menos, duas ou três semanas depois.  

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Ibura, 10.992 pacientes foram atendidos apresentando sinais de gastroenterites, como diarreia e vômito, em fevereiro. No mês anterior, foram 12.676 pacientes com o mesmo tipo de queixa. Quadros virais ou gripais com provocação de vômito são os mais comuns, tendo 613 casos confirmados em fevereiro só na unidade do Ibura. 

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Na mesma UPA, o número de atendimentos em oftalmologia também foi inferior no mês de fevereiro, em comparação ao mês anterior: 2.793, com 6,80% dos pacientes notificados com conjuntivite e 16,86% diagnosticados. Em janeiro, foram 3.377 ocorrências.  

Em comparação a fevereiro de 2020, quando foi celebrado o último carnaval antes da pandemia, a diferença cresce: foram mais de 600 ocorrências por conjuntivite, enquanto este ano, foram cerca de 450. 

Na UPA de Paulista, que também atende ocorrências do Recife e de Olinda, 69 pacientes foram diagnosticados com conjuntivite e outros 194 apresentaram sintomas de gastroenterites, entre 18 e 21 de fevereiro. A conjuntivite não faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, e por isso, não possui detalhamento de dados através da Secretaria de Saúde da cidade (Sesau). 

No Grande Recife, as UPAs do Ibura, Paulista e a Fundação Altino Ventura (FAV) são as unidades de atendimento especializado em oftalmologia. Elas estão sob tutela do estado. 

Quando à Covid-19, a Sesau informou que, na Semana Epidemiológica (SE) 8, que foi de 19 a 25 de fevereiro, foram realizados 1.078 testes para detecção de Covid-19 na capital, dos quais 171 tiveram resultado positivo - resultando em um índice de positividade de 15,9%. 

Já na SE 9, que foi de 26 de fevereiro a 4 de março, foram realizados mais de mil exames. Desses, 149 tiveram resultado positivo - gerando em um índice de positividade de 14,8%.  

Incidentes com pomada capilar 

Pelo menos 36 pacientes do Recife buscaram a Fundação Altino Ventura com queixas de irritações ou inflamações possivelmente provocadas pelo uso de pomada capilar, utilizada para fazer penteados. O número de registros foi contabilizado entre 17 de fevereiro e 3 de março, período de carnaval e período imediato pós-carnaval. 

 

Em Pernambuco, as unidades pediátricas públicas e privadas têm lidado com uma superlotação no setor das emergências. As ocorrências são várias: viroses, infecções, resfriados leves. Com a Covid-19 ainda em alta no Estado, pais e responsáveis podem ficar confusos quanto ao diagnóstico e tratamento dessas doenças, cuja sintomatologia pode ser bem semelhante e em alguns casos, como os de infecção por coronavírus, a doença pode até mesmo ser silenciosa.

Como crianças são dependentes, é preciso que os adultos estejam alerta aos sintomas e que busquem manter o ambiente domiciliar sempre limpo, livre da poeira, do acúmulo de água parada. Higienizar as superfícies de objetos também ajudam a prevenir a proliferação do coronavírus.

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A pediatra do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - Imip, Danielle Rodrigues, conversou com o LeiaJá a fim de esclarecer dúvidas sobre as doenças circulantes no Estado atualmente, e que são acentuadas pela presença do inverno e da intensa mudança climática. Circulam em grande abrangência os tipos enterovírus, que tem como principal meio de replicação o trato gastrointestinal, e rinovírus, associado aos resfriados comuns.

“Com a não restrição das crianças em casa, tivemos mais aglomerações em escolas e creches, e então, a disseminação de vários vírus. Nós vemos muitos quadros clínicos de resfriados e gripe. Atualmente, temos identificado alta presença de rinovírus. No Imip, estamos fazendo um painel viral. A influenza tem pouca incidência atualmente, o que pode ser justificado pela vacina da gripe. O resfriado é um quadro mais leve, com coriza, febre e estado geral não tão decaído. Enquanto a gripe é mais intensa, causa desidratação, dor no corpo, calafrios, febre alta e o estado geral fica mais decaído do que no resfriado comum”, comenta a médica ao iniciar a explicação.

Pernambuco também possui incidência alta do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em bebês, segundo a pediatra. O VSR preocupa pois, sem as medidas preventivas ou precoces necessárias, pode levar à internação. A doença é comum em crianças nos primeiros meses de vida. Como as vias aéreas dos bebês são finas, eles podem apresentar quadro obstrutivo com pouca secreção.

“O VSR causa um quadro característico de bronquiolite viral. O que é isso? Começa com sintomas parecidos com os de resfriado, como coriza, secreção nasal, espirros e lacrimejamento, e depois começam os sintomas mais graves, de tosse e desconforto em um quadro mais intenso. Normalmente bebês pequenos, abaixo de um mês ou em lactentes de dois até três meses, muitas vezes precisam ficar internados para fazer oxigenoterapia, lavagem nasal e medidas de suporte”, continua Danielle.

Outra síndrome em circulação é a “mão-pé-boca”, causada pelo vírus coxsackie e que dá febre, rinorréia, tosse e aftas na faringe posterior. A criança infectada enfrenta queda na imunidade e fraqueza no estado geral de saúde. Os sintomas dessas viroses podem se confundir com os da Covid-19, porque os sintomas de Covid são inespecíficos, logo, “tudo pode ser a doença”, diz a pediatra. Não é possível diferenciar os sintomas sem testagem, mas é válido prestar atenção em alguns sinais, como o cansaço ou qualquer sintomatologia diferente.

“Os cuidados para evitar transmissão continuam sendo os de higiene, evitar aglomerações, ajudar na lavagem das mãos e verificar objetos contaminados. O quadro de Covid em crianças é bastante assintomático. Mas chama atenção aquela criança com uma lesão de pele e que pode ter um quadro viral associado; uma criança que tenha sinais de asma ou cansaço, e que nunca teve antes. Essas especificidades de um quadro que não se repete é que podem chamar atenção se a criança tem Covid ou não”, elucida ainda, reafirmando que os casos de Covid-19 têm sido menores que os das demais doenças.

E completa: “Nesse período de inverno há muitas influências que pioram o quadro respiratório. Nesse momento, todas as emergências que atendem muito esse quadro têm uma superlotação nesse momento, seja no IMIP ou nas unidades municipais. Não é só o inverno, são também as aglomerações, o contato com a poeira, o contato com pessoas que trazem o resfriado da rua para casa. Mas o fator climático importa sim, essa alteração de chuva, sol, frio e calor aumentam a atividade dos brônquios e facilitam o quadro respiratório”.

Não existe tratamento específico para os vírus, mas terapias de suporte. É importante reconhecer os sinais de alerta, como sonolência e irritabilidade, causados principalmente pela desidratação. A orientação é de que os pais e responsáveis se dirijam precocemente à unidade hospitalar quando houver descontrole dos sintomas mais graves, como vômito e diarreia, para evitar um internamento. É importante hidratar a criança e evitar que ela chegue ao hospital já desidratada, prevenindo também a perda de nutrientes e eletrólitos. Na dúvida, a procura por um médico deve ser imediata.

Cuidados que devem ser tomados

- Manter o ambiente doméstico limpo e organizado, priorizando a higienização de superfícies com as quais a criança tem contato constantemente;

- Deixar fora do alcance das crianças produtos químicos e/ou que possam causar reações alérgicas;

- Eliminar focos da dengue - é preciso lembrar que além da Covid e das viroses há, simultaneamente, surtos de dengue e chikungunya no estado;

- Prestar atenção em sinalizações no corpo da criança, como manchas vermelhas, brancas, desidratação da pele e corpo, cansaço e tosse;

- Não fazer autodiagnóstico e não fazer intervenção medicamentosa por conta própria;

- Não usar medicamentos de tratamento precoce para a Covid-19 como tratamento para sintomas graves de viroses, dengue e outras doenças;

- Insistir em uma boa hidratação da criança;

- Prestar atenção na cor das fezes e secreção da criança;

- Procurar um médico imediatamente, caso os sintomas não consigam ser contornados em casa.

As estações do ano em Belém do Pará e Região Metropolitana de Belém não possuem características definidas, havendo quase sempre períodos constantes de chuvas. Quando isso não acontece, há intenso calor ou umidade. As viroses podem ocorrer ao longo do ano, não sendo consideradas sazonais. Não há estudos que comprovem a correlação dos dois fatores (viroses x clima) na Região Metropolitana de Belém. Com animais, podem ocorrer vários surtos relacionados à exposição aos vírus comuns nessa época. É nesse momento que o cuidado deve ser redobrado.

De acordo com a professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade da Amazônia (Unama), Aryane Maximina Melo da Silva, em cães e gatos a contaminação ocorre através da urina, fezes e secreção de outros animais doentes, sendo transmitida pelo meio ambiente. As viroses mais comuns em cães são: cinomose, parvovirose, adenovírus e raiva. Já em gatos é mais comum se manifestar a calicivirose, rinotraqueíte, panleucopenia e raiva.

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Para aumentar o cuidado com seu pet, a professora explica que a principal forma de prevenção para o animal de estimação é a vacina, que deve ser aplicada com 45 dias. "Essa vacinação deve ser aliada aos cuidados anuais ao longo da vida e ao manejo adequado em relação à alimentação e moradia”, diz. Ela orienta ainda para que os donos deixem o animal protegido, em locais cobertos, evitando que ele fique com baixa imunidade e assim tornando-se vulnerável a viroses. Para a prevenção, Aryane alerta para que o dono mantenha um calendário de visitas periódicas ao veterinário. 

Por Vanessa Van Rooijen.

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