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A usina nuclear de Zaporizhzhia, localizada no sul da Ucrânia e considerada a maior da Europa, ficou totalmente sem energia nesta quarta-feira (2) depois que bombardeios russos danificaram as duas únicas linhas de alta tensão que conectam a usina à rede elétrica. Os novos ataques russos acontecem em um momento de impasse sobre o acordo para a liberação de grãos produzidos pela Ucrânia para exportação, e da negativa da ONU em investigar o armazenamento de armas biológicas por Kiev.

A Energoatom, operadora estatal de usinas nucleares na Ucrânia, informou em sua conta no Telegram a desconexão elétrica da usina, localizada em território ucraniano, mas atualmente sob controle militar russo. "Ontem, 2 de novembro de 2022, as duas linhas de alta tensão restantes que conectam a central nuclear de Zaporizhzhia à rede elétrica da Ucrânia foram danificadas como resultado do bombardeio russo. A usina perdeu energia às 23h04 (horário local)", explicou.

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A empresa acrescentou que, por questões de segurança, os 20 geradores a diesel de reserva que a usina possui foram ligados. Atualmente, a usina tem potência suficiente para atender às necessidades internas, com apenas nove geradores a diesel em operação. As unidades de energia número 5 e número 6, que estavam ativas, estão atualmente em processo de desativação, após os bombardeios, ressaltou Energoatom.

"Há diesel suficiente para manter os geradores de reserva por 15 dias se a energia na usina permanecer completamente cortada. Mas a contagem regressiva começa até a perda total de energia de Zaporizhzhia", especifica a nota. Ele acrescentou que "a capacidade da Ucrânia de garantir a segurança da usina nuclear é significativamente limitada devido à ocupação russa e à intrusão na administração da usina por representantes da Rosatom", a corporação estatal de energia nuclear da Rússia, que assumiu o controle de Zaporizhzhia.

A situação da usina nuclear, a terceira maior do mundo, preocupa a Ucrânia e seus países aliados, já que está localizada em uma região que foi anexada pela Rússia e onde estão ocorrendo intensos combates. As instalações da usina sofrem ataques desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, sobre os quais ucranianos e russos se acusam.

Acordo sobre grãos em risco

Os ataques à infraestrutura civil se intensificam em um momento em que Moscou tenta pressionar Kiev e seus aliados Ocidentais em outras frentes, que não o confronto militar.

No sábado passado, os russos haviam se retirado do acordo para permitir a exportação de grãos e produtos agrícolas da Ucrânia, costurado neste ano para impedir o desabastecimento alimentar do mercado internacional, após ataques à sua frota no Mar Negro.

De acordo com informações do Ministério da Defesa da Turquia, seis navios carregados com cereais zarparam nesta quinta-feira, 3, de portos ucranianos, após Moscou confirmar um retorno ao acordo, ao menos temporariamente. Embora tenha aceitado manter o corredor marítimo - que, até aqui, permitiu exportar 9,7 milhões de toneladas de cereais e produtos agrícolas - liberado, a Rússia afirmou que não oferece nenhuma garantia de ampliar o prazo do acordo, que se encerra em 19 de novembro.

Em outra frente de pressão, a Rússia condenou os países ocidentais de não se submeterem às regras definidas para todos os integrantes da comunidade internacional após o Conselho de Segurança da ONU rejeitar, na quarta-feira, uma resolução proposta pela Rússia que pedia uma investigação sobre o suposto envolvimento de Washington em um suposto desenvolvimento de armas biológicas na Ucrânia.

A Rússia havia pedido oficialmente na semana passada que a ONU investigasse essas acusações, que tem feito regularmente desde que invadiu a Ucrânia, em fevereiro. Rússia e China votaram a favor, Reino Unido, Estados Unidos e França - que têm direito a veto - votaram contra e outros dez países se abstiveram.

O texto pedia "a criação de uma comissão composta por todos os membros do Conselho de Segurança para investigar as acusações contra os Estados Unidos e a Ucrânia", dois países signatários da convenção que proíbe o desenvolvimento, a produção e o uso de armas biológicas.

O embaixador russo Dmitri Polianski lamentou o resultado da votação e denunciou a atitude dos países ocidentais, os quais "demonstraram que as regras não se aplicam a eles. É uma mentalidade colonial habitual. Estamos acostumados, sequer ficamos surpresos", acrescentou, prometendo que seu país irá retomar a denúncia durante a conferência de revisão da Convenção sobre a Proibição de Armas Biológicas, que terá início no fim do mês, em Genebra.

"Os Estados Unidos votaram contra essa resolução porque a mesma se baseia em desinformação, desonestidade, má-fé e total desrespeito" ao Conselho de Segurança, respondeu a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield. Essa resolução é "um marco do engano e das mentiras da Rússia", e "todos se deram conta, menos a China", destacou. (Com agências internacionais).

Bombardeios russos atingiram a cidade ucraniana de Zaporizhzhia durante a madrugada deste domingo (9), matando muitos civis, no dia seguinte à destruição parcial por uma explosão da ponte da Crimeia construída pela Rússia após a anexação da península.

A explosão que atingiu a ponte que liga a península ucraniana anexada à Rússia, é outro grande revés para Moscou, após várias derrotas no front ucraniano.

O exército ucraniano e os serviços especiais (SBU) de Kiev não confirmaram nem negaram seu envolvimento na ação, e o presidente Volodymyr Zelensky apenas ironizou em um vídeo sobre o clima "nublado" no sábado na Crimeia - uma provável alusão à fumaça da explosão.

Após a enorme explosão, mergulhadores examinaram a estrutura neste domingo para avaliar os danos estruturais.

O tráfego de automóveis e ferroviário foi parcialmente retomado no sábado. Um comboio de vagões com combustível também pegou fogo na ponte.

O ministério russo dos Transportes declarou neste domingo que os trens de passageiros da Crimeia para a Rússia estavam "funcionando de acordo com o plano normal".

As autoridades russas atribuíram a explosão, que matou três pessoas, a um caminhão-bomba de propriedade de um morador da região russa de Krasnodar.

Moscou não culpou imediatamente a Ucrânia e as autoridades ucranianas não assumiram formalmente a responsabilidade.

Kiev, porém, ameaçou várias vezes atingir esta ponte símbolo da anexação da Crimeia, que também é usada para abastecer as tropas russas na Ucrânia.

O presidente russo não reagiu publicamente. Mas durante a noite, ataques russos a prédios residenciais em Zaporizhzhia mataram entre 12 e 17 pessoas, três dias após outros ataques que fizeram 17 vítimas nesta cidade no sul da Ucrânia.

O último balanço fornecido pela administração regional de Zaporizhzhia indicava 13 mortos e 60 feridos, incluindo mulheres e crianças.

Já uma primeira avaliação da prefeitura apontou inicialmente para 17 mortos.

Zelensky, por sua vez, falou de 12 mortos e de 49 pessoas, incluindo seis crianças, levadas ao hospital.

- "Mal absoluto" -

"Sem sentido. Mal absoluto. Terroristas e selvagens. De quem deu esta ordem até quem a executou. Todos têm uma responsabilidade. Perante a lei e perante o povo", escreveu o presidente ucraniano em sua conta no Telegram.

O ataque russo "destruiu apartamentos onde pessoas viviam, dormiam sem atacar ninguém", acrescentou Zelensky.

A Força Aérea ucraniana disse que quatro mísseis de cruzeiro, dois mísseis disparados de caças e outros mísseis antiaéreos foram usados contra a cidade.

O Exército russo declarou que realizou ataques com "armas de alta precisão" contra unidades de "mercenários estrangeiros" perto de Zaporizhzhia.

Em Zaporizhzhia está localizada uma usina nuclear de mesmo nome que ocupa o centro das atenções há meses.

A usina perdeu novamente sua fonte de energia externa devido aos bombardeios e depende de geradores de emergência, alertou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no sábado.

O exército russo, em dificuldades em Kherson, no sul da Ucrânia, garantiu no sábado que o abastecimento de suas tropas não estava ameaçado.

A Ucrânia atingiu várias pontes na região de Kherson nos últimos meses, bem como bases militares na Crimeia, ataques pelos quais só assumiu a responsabilidade meses depois.

Desde o início de setembro, as forças russas foram forçadas a recuar em várias frentes. Em particular, tiveram que se retirar da região de Kharkiv (nordeste) e recuar em Kherson.

Putin decretou no final de setembro a mobilização de centenas de milhares de reservistas e a anexação de quatro regiões ucranianas, embora Moscou as controle apenas parcialmente.

Além disso, Moscou anunciou no sábado que havia nomeado um novo homem à frente de sua "operação militar especial" na Ucrânia, o general Sergei Surovikin.

E informou que Putin conduzirá na segunda-feira (10) uma reunião com seu Conselho de Segurança.

"Amanhã o presidente tem prevista uma reunião com os membros permanentes do Conselho de Segurança", declarou o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov.

O conselho inclui os principais ministros, dirigentes políticos e representantes dos serviços de segurança e do exército.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Grossi, confirmou viagens para Kiev e Moscou para discutir a segurança na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, após a Rússia ter anunciado, na quarta-feira (5), que vai tomar o controle da operação da estação atômica.

A usina nuclear de Zaporizhzhia está localizada na província de mesmo nome, uma das quatro anexadas ilegalmente pela Rússia na última semana. O território está sob domínio de tropas pró-Moscou desde meados de março, mas a operação dos reatores e da geração energética ainda está sob comando de engenheiros ucranianos - situação que foi discutida durante o conflito, em meio a temores de que a falta de operação ou manutenção pudessem causar uma catástrofe nuclear.

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No entanto, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto na quarta-feira, 5, nacionalizando as instalações e passando formalmente o controle da usina engenheiros russos. De acordo com a reivindicação de Putin, uma vez que as instalações agora estão localizadas em território russo - ao menos na ótica de Moscou - ela também deve ficar sob o controle russo.

"O governo deve garantir que as instalações nucleares da usina (...) sejam aceitas como propriedade federal", diz um trecho do decreto assinado pelo presidente russo.

Autoridades ucranianas criticaram a decisão, classificando o decreto de Putin como "nulo", "sem valor", "absurdo" e "inadequado". O diretor da empresa de energia estatal da Ucrânia, Petro Kotin, afirmou que "todas as decisões sobre a operação da estação serão tomadas diretamente no escritório central da Energoatom", embora não tenha deixado claro como isso será possível, uma vez que o domínio militar do território ainda é russo.

A chancelaria ucraniana pediu que o G-7 impusesse novas sanções à empresa estatal de energia nuclear da Rússia, a Rosatom, e fez um apelo para que os países-membros da AIEA limitem a cooperação com a Rússia.

Em um comunicado na quarta-feira, Rafael Grossi, afirmou que estava viajando para Kiev para discutir o status da usina e que planeja fazer uma viagem à Rússia para discutir o assunto, mas não especificou quando. Novas informações devem ser fornecidas nesta quinta-feira, 6.

A agência internacional enviou dois funcionários para a região em setembro para avaliar independentemente a segurança da instalação, e solicitou o estabelecimento de uma zona de proteção ao redor da usina -Grossi chegou a dizer no mês passado que havia negociações ativas com a Ucrânia e a Rússia para encerrar as ações militares dentro e ao redor da usina, embora tenha dado poucos detalhes.

Separadamente, na quarta-feira, o AIEA comunicou que tem informações de que a usina planeja reiniciar um de seus seis reatores. Em setembro, o último reator em operação foi desligado por questões de segurança, enquanto os combates continuavam nas proximidades. A usina, em plena operação, fornecia cerca de um quinto do fornecimento de eletricidade da Ucrânia. (Com agências internacionais).

A central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, ocupada pelas forças russas e alvo recente de bombardeios, foi reconectada à rede de energia elétrica nesta sexta-feira (26), um dia depois de ter sido desconectada, anunciou a operadora ucraniana.

"Um dos reatores da central de Zaporizhzhia interrompidos na quinta-feira foi reconectado à rede elétrica hoje, sexta-feira, às 14H04 (8H04 de Brasília)", informou a operadora Energoatom.

A empresa afirmou que os sistemas de segurança funcionam de maneira normal.

O reator reconectado "produz energia elétrica para as necessidades da Ucrânia", acrescentou a Energoatom. "O aumento da potência está acontecendo".

"Os trabalhadores da central de Zaporizhzhia são autênticos heróis, que garantem a segurança nuclear da Ucrânia e de toda Europa", comentou a operadora.

A Ucrânia anunciou na quinta-feira que a central, que fica na região sul do país, havia sido "totalmente desconectada" da rede elétrica, pela primeira vez em sua história, porque as linhas elétricas haviam sido danificadas.

Zaporizhzhia é objeto de preocupação desde que foi ocupada pelas forças russas no início de março, poucos dias após o começo da ofensiva contra a Ucrânia (24 de fevereiro).

Um prédio administrativo sofreu um incêndio, mas os edifícios dos reatores parecem intactos: a AFP visitou no domingo a central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Ucrânia e da Europa, que provocou alarme na comunidade internacional depois que foi tomada pelo exército russo.

As forças de Moscou tomaram em março o controle da central, que fica na cidade de Energodar, sul da Ucrânia, separada pelo rio Dniepr da capital regional Zaporizhzhia, sob controle ucraniano.

Os confrontos na área provocaram o temor na comunidade internacional de uma catástrofe nuclear similar a que aconteceu em 1986 em Chernobyl.

Durante uma visita da imprensa organizada pelo exército russo, a AFP observou os danos: a fachada de um prédio administrativo que era o centro de treinamento dos funcionários da central foi afetado pelas chamas e várias janelas estavam quebradas.

Mas não foram observados sinais de tiros ou bombardeios nos seis cubos de cúpula vermelha que contêm os reatores, que começaram a ser construídos na década de 1980.

Na semana passada, a Agência Internacional de Energia Atômica considerou "preocupante" a situação na central de Zaporizhzhia, a qual seus funcionários não conseguem ter acesso desde que passou a ser controlada por Moscou.

A central "funciona normalmente, de acordo com as normas nucleares, radioativas e ambientais", afirmou o general Valeri Vassiliev, especialista em questões nucleares e químicas enviado por Moscou para coordenar a segurança do local.

Mas não está claro como o local mantém o funcionamento com os empregados ucranianos.

A AFP não conseguiu conversar com nenhum funcionário da central e não foi possível estabelecer o grau de coordenação entre eles e os novos chefes.

Antes da ofensiva russa na Ucrânia, a central tinha capacidade de 5.700 megawatts, suficiente para cobrir mais de 20% das necessidades de energia elétrica do país.

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