O primeiro debate entre dois candidatos à Prefeitura do Recife, promovido pelo Clube de Engenharia no Clube Português, na manhã de ontem, não contou com grandes duelos, noves foras as farpas tradicionais nesse tipo de embate.
O encontro entre Mendonça Filho, segundo colocado nas pesquisas de intenção, e o candidato do governador Eduardo Campos, Geraldo Júlio, quarto colocado nas pesquisas – atrás ainda de Humberto Costa, que lidera, e de Daniel Coelho, logo à frente, em terceiro – serviu no entanto para mostrar a diferença de postura em relação a um projeto crucial para o futuro da cidade.
Estou falando da construção de quatro viadutos sobre a Agamenon Magalhães, um projeto lançado pelo governo do Estado como se fosse a solução para a dor de cabeça que é a mobilidade naquela que é uma das mais importantes vias da cidade. Integrante do chamado Corredor Norte Sul, o complexo de viadutos já recebeu uma chuva de críticas de técnicos e da população. Por sinal, a maioria das instituições presentes no debate já se posicionou contra a construção, por entenderem que não resolve nada.
O ex-secretário Geraldo Júlio alegou que estão sendo feitos estudos de impacto de vizinhança e de trânsito para as obras. É de se perguntar como se apresenta um projeto de tal dimensão e custo, sem que esses estudos tenham sido realizados em primeiro lugar. E se os estudos revelarem a inviabilidade, o projeto será descartado? Pela veemência com que o governador defende os viadutos, é difícil acreditar nisso. Mas há essa possibilidade, mesmo que remota: afinal de contas, para não atrapalhar a campanha, as obras na Agamenon podem ter sido adiadas justamente para não provocar os transtornos que se sabe que vão provocar, em pleno período eleitoral. Ficaram para o ano que vem – no mínimo.
A população quer saber quais candidatos apoiam a construção dos viadutos na Agamenon Magalhães e quem é contra por achar que a medida não vai resolver nada, como apontam alguns especialistas. Mendonça Filho se declarou contra o projeto. O que pensam Daniel Coelho e Humberto Costa? E os demais? Aliás, o prefeito João da Costa nem se pronunciou sobre o assunto, como se o projeto não dissesse respeito ao Recife. E Geraldo Júlio, será que vai assumir o onus dos viadutos, passando por cima da Agamenon e das críticas de urbanistas e arquitetos, para os quais a solução é ultrapassada, cara e ineficaz?
Campanha é bom porque ao menos os políticos, e os que querem ser políticos, são obrigados a sair de cima do muro. Vamos esperar e conferir. A sociedade espera mais que chafurdações dos debates eleitorais.
A conclusão da primeira rodada de pesquisas de intenção de voto, com a divulgação dos números do Datafolha, mostra uma situação em que praticamente os candidatos se mantêm nas posições de largada: o final de julho se aproxima sem que tenham se alterado em relação ao final de junho, quando foram realizadas as convenções partidárias que confirmaram os nomes da disputa.
Para os dois que aparecem lá na frente, trata-se de boa notícia. Nem Humberto Costa nem Mendonça Filho viram a aguardada ascensão de Geraldo Júlio – ungido pelo governador Eduardo Campos para a missão de entrar na vida pública encarando as urnas pela primeira vez.
O modo “pause” da intenção de voto detectada pelos levantamentos dos institutos de pesquisa pode estar apenas retardando a polarização pretendida pelo Palácio do Campo das Princesas, entre dois postulantes oficiais – já que o PSB também é governo no Recife, tendo o vice de João da Costa.
Mas o fato é que tanto Humberto quanto Mendoncinha comemoram os números e contam os dias para o início da propaganda eleitoral gratuita na TV, daqui a quase um mês. Mesmo com a força avassaladora da máquina estadual, como denunciam os adversários – inclusive Daniel Coelho, que ainda corre por fora, no mesmo patamar de intenção de votos de Geraldo – a campanha pode não ser tão fácil quanto o governador acredita.
Se depender do Tribunal de Justiça de Pernambcuo a “farra” com o dinheiro do contribuinte tem os dias contados. É que na próxima semana o desembargador Eduardo Paurá – relator do processo – deve enviar para votação seu parecer que extingue o 13° e 14° salários dos parlamentares. O chamado “auxilio paletó”, que de paletó não tem nada e serve apenas para engordar o salários dos parlamentares.
A medida, mera redinção ao princípio da moralidade que deve reger a administrção pública do páis, chega tarde a Pernambuco e ainda sofre resistência da própria Assembleia Legislativa. Várias delas já votaram pela extinção dessa mordomia e não parece crível que haja alguém que ainda a defenda, pois até mesmo o próprio Senado, comadado por José Sarney já extinguiu esse beneficio.
“É uma norma ultrapassada e não condizente com o processo de moralização das instituições”, disse em conversa comigo o presidente do Tribunal de Justiça, Joeval Nunes confirmando a informação. Ele encontrou-se com o presidente da assembleia, Guilherme Uchoa, ontem nas festividades da Unissau (19 ). Os dois têm um relacionamento afável, comadam importantes poderes no Estado e demonstraram que têm visões distintas depois da minha “provocação”. Que ao que parece, pela resposta, não surtiu nenhum efeito, mesmo depois de o o próprio MP ter se colocado a favor da extinção. “Não sou hipócrita. Quem quiser que apresente um projeto. Eu não irei fazer isso”, disse o todo poderoso da AL “Se algum deputado quiser pedir que o faça”, completou.
Ele alega que a verba é indenizatória mas a utlização dela nunca foi explicada. Por sua vez, o presidente da OAB, Henrique Mariano, vaticina: “Não tenho dúvida de que o TJ vai declarar a inconstituionalidade contra essa mordomia”. Foi a ordem que entrou no TJ com uma Ação de Inconstitucionalidade. Ao que tudo indica, o auxilio paletó tem data e hora para acabar.
Mas uma pergunta fica no ar: se justiça irá declarar a inconsticionalidade por quais motivos a AL não se adianta e toma para si a dianteira do processo evitando esse desgaste junto a opinião pública?
Com a palavra, os nobres parlamentares.
É grande a expectativa para a ação dos candidatos majoritários e proporcionais nas mídias sociais, especialmente facebook e twitter. Embora no Brasil a penetração da internet ainda não se compare com os Estados Unidos, onde a campanha digital do presidente Obama deixou um modelo, a audiência das redes no País cresce a cada ano.
Além disto, imagina-se que as discussões nas redes possa influenciar uma fatia razoável do eleitorado digitalizado. Principalmente os jovens, que podem se deixar influenciar por campanhas bem feitas e polêmicas geradas no ambiente virtual.
O desempenho diferenciado nas telas de computadores, iPads e celulares é também um fator de esperança para os candidatos que dispõem de pouco tempo de TV e poucos recursos financeiros.
Resta saber até que ponto os formadores de opinião das redes sociais terão força para influenciar a tendência de voto.
Os politicos costumam viver numa país de faz de conta. E se o fazem, é porque sempre, do outro lado, há gente tentando perpetuar os seus privilégios – no caso, o pobre eleitor que vota. Afinal, não existem parlamentares bionicos. A eleição é o passe de mágica, a varinha de condão que permite o faz de conta.
Abstraindo essa “culpa” que todos carregam, e é usada para a desculpa de que o “povo é que vota errado”, não há como não adjetivar a resistência da Assembléia Legislativa de “vergonha”.
Uma casa que já produziu nomes do quilate de Gregório Bezerra, Marco Maciel, Miguel Arraes, Roberto Magalhães, Silvio Pessoa e Egídio Ferreira Lima, em um estado altivo como Pernambuco, de tradição libertária da Confederação do Equador e da Revolução Praieira, não poderia se dar ao papel que está reduzida: a de mera resistente do que de pior existe de atraso em termos de ética e respeito ao povo.
Defender privilégios não é primazia apenas da AL. Mas a rigor, se julgarmos a nota que a Mesa Diretora soltou contra a OAB e o MP em defesa da manunentação do auxílio, é jogar na contramão da história. Remar contra a maré da ética.O Senado Federal já manifestou a inconstituciomalidade do pagamento do 13 e 14 salarios de parlamentares. O “ juridiquês” é apenas mais um motivo pra se constatar o receio dos senhores parlamentares em perder uma mordomia que rende aos bolsos de cada mais de R$ 100 mil.
A ética não espera determinação judicial, como tentou passar a nota da AL. Ela, apenas e quando existe vontade politica, se faz.
Não existe razão qualquer para que aqui, os nobres palamentares não se rendam a uma conclusão que qualquer criança de 14 anos teria. E que a rigor já foi feita pelas assembleias de diversos estados: não existe como sustentar e defender isso.
Resistir nessa direção e sob o manto do anonimato e da vergonha – ninguem consegue uma palavra de qualquer deputado que tenha coragem de defender o indefensável - é apenas postergar um julgamento que a opiniao pública já fez:
A de que esse privilégio acintoso vai acabar, queiram ou não suas excelências.
Com maior ou menor desgaste na imagem de sua representação política e da história pernambucana.
Os primeiros movimentos da campanha atípica à prefeitura do Recife este ano – quando o ocupante da cadeira municipal foi impedido pelo próprio partido de buscar a reeleição – mostra situações diferentes em que se enquadram os principais candidatos.
O maior peso, fora de qualquer dúvida, recai sobre o senador Humberto Costa. Inventado como “tertius” depois do desgaste do bate-chapa entre o prefeito João da Costa e o ex-tudo Maurício Rands, Humberto enfrenta as ruas com a responsabilidade de defender o legado de 12 anos de poder petista no Recife.
Para tanto, terá que se equilibrar entre a explicação da substituição de João da Costa e os argumentos que façam o eleitorado continuar acreditando no PT como a melhor opção para a cidade. Não vai ser fácil. A contradição interna da crise que rachou o partido no estado, e as mágoas do prefeito, de Rands e dos aliados e seguidores de ambos, podem atrapalhar muito a missão do senador, que chamou o ex-prefeito João Paulo para vice exatamente para tentar salvar a imagem da unidade partidária.
Em seguida, os ombros de Mendonça Filho são os mais castigados. Com a atribuição de defender a oposição realizada em três mandatos consecutivos do PT, precisa reduzir a carga conservadora associada ao seu nome e ao partido (neste sentido, a escolha do vice poderia ter sido um pouco mais criteriosa).
A missão de Geraldo Júlio é menos espinhosa. De todos os candidatos, é o mais inexperiente, apesar de representar o maior conjunto de forças na campanha, atraídas pelo brilho do governador Eduardo Campos. Um bom desempenho e até o favoritismo pode lhe ser atribuído, mas como qualquer revés seria debitado da inexperiência, seu desgaste seria menor, por exemplo, do que o que recairia sobre o governador, que faz da conquista da capital pelo partido mais um degrau na sua escalada para o Palácio do Planalto.
Por fim, o neotucano de verde plumagem, Daniel Coelho, corre por fora, como franco atirador, à espera de algum efeito surpresa diante das atribulações que tomaram conta dos governistas e da briga que se acirra entre o PT e o PSB. Com a certeza de quem é, dos quatro, o que menos perde o sono, Daniel, no mínimo, eleva o recall na capital e garante, quem sabe, o mandato de deputado federal em 2014.