Tópicos | ANDREI RODRIGUES

O diretor-geral da Polícia Federa (PF), Andrei Rodrigues, afirmou, nesta terça-feira, 9, em entrevista à Rádio CBN, que a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deve ser concluída no primeiro trimestre deste ano.

"Esse é um desafio que a PF assumiu no ano passado. Estamos há menos de um ano à frente dessa investigação, de um crime que aconteceu há cinco anos, mas com a convicção de que ainda neste primeiro trimestre a Polícia Federal dará uma resposta final do caso Marielle", afirmou Rodrigues.

##RECOMENDA##

A declaração do diretor-geral se alinha a uma recente fala do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que reafirmou o compromisso da PF em elucidar o caso. Marielle e Anderson foram mortos a tiros, em março de 2018, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro.

"Não tenham dúvida, o caso Marielle será, em breve, integralmente elucidado", disse Dino em dezembro. O ministro afirmou ainda que a investigação do caso estava em fase de finalização.

"Até onde esta fase chegará, eu realmente não sei, mas chegará ao final, qualquer que seja ele", afirmou.

Caso foi enviado ao STJ

O inquérito que apura o assassinato foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em outubro do ano passado após surgirem novas suspeitas sobre a participação no crime do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão. A informação foi revelada pelo colunista de O Globo Bernardo Mello Franco e confirmada pelo Estadão.

A investigação tramitava na Justiça do Rio. A mudança de foro se deu porque Brazão voltou a ser alvo da Justiça depois de ter sido citado no acordo de delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz - o primeiro acusado pelo crime a assumir a coparticipação no assassinato. Élcio Queiroz está preso.

Caso das joias

Andrei Rodrigues afirmou ainda que espera finalizar a análise das investigações sobre o recebimento e a destinação de joias e presentes dados por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também no primeiro trimestre de 2024.

"No caso das joias, estamos cumprindo uma etapa de colaboração com os Estados Unidos. É preciso lembrar que as joias foram levadas, vendidas e negociadas nos Estados Unidos. Portanto, há muitos elementos de prova que estão naquele país. Agora, estamos finalizando questões administrativas. Deveremos enviar uma equipe nossa para, junto a uma equipe nos Estados Unidos, finalizar essas coletas e essas informações. Estimar prazo de conclusão de investigação é sempre temerário, mas quero crer que, no primeiro trimestre deste ano, a gente já tenha a conclusão desta e de outras investigações", afirmou.

Apuração do Estadão mostrou que o governo de Jair Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes. Os itens eram um presente do regime da Arábia Saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O diretor-geral da PF ainda disse que o caso das joias envolve provas dos Estados Unidos e que o valor das joias, além do preço em si, também envolve o valor da marca dos bens. Ele afirmou que o custo dos presentes recebidos pelo ex-presidente pode chegar próximo de R$ 5 a R$ 6 milhões.

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, sugeriu a prisão do ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, delegado da PF Anderson Torres, ainda na noite de domingo, 8, quando os três Poderes contabilizavam o rastro de destruição de radicais que invadiram e depredaram as dependências do Planalto, Congresso e Supremo.

Em ofício ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, Andrei propôs a avaliação da 'oportunidade e conveniência' da prisão de Torres, então secretário de Segurança do DF, e do coronel Fabio Augusto Vieira, então comandante da Polícia Militar no DF, considerando a 'gravidade' dos atos golpistas e a necessidade de 'evitar eventuais interferências nos trabalhos de intervenção federal' decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

##RECOMENDA##

O documento do diretor-geral da PF foi assinado às 23h22 de domingo, 8, e remetido à Corte máxima junto de um relatório de 20 páginas elaborado pela Diretoria de Inteligência da PF. Cerca de cinco horas antes, Lula publicou em suas redes sociais o decreto de intervenção federal na Segurança Pública do DF, anunciando o atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, interventor.

O pedido de Andrei foi acolhido na mesma noite por Alexandre de Moraes. Como mostrou o Estadão, ao decretar a prisão de Torres e do coronel, o ministro do Supremo disse ver 'fortes indícios' de que ambos foram 'coniventes' com os atos golpistas.

Alexandre também ordenou que a PF vasculhasse os endereços de Torres e do militar. Durante as diligências, na terça, 10, foi encontrada, na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, uma minuta de decreto de Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral. O documento, que teria sido produzido após a vitória de Lula nas eleições, é considerado 'embrião de um golpe'.

No ofício ao gabinete de Alexandre, o delegado Andrei argumentou que as manifestações antidemocráticas 'alcançaram amplos níveis de violência, gerando severos danos aos bens e instituições públicas'. "Tudo em virtude da omissão do Sistema de Segurança Pública do Distrito Federal, notadamente da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito Federal e do Comando da Polícia Militar do Distrito Federal, que não adotaram as medidas necessárias para a contenção de criminosos", frisou.

O relatório da Diretoria de Inteligência da PF sustentou que as informações sobre a ida de manifestantes a Brasília eram de conhecimento das forças de segurança do DF. Também destacou que o trajeto feito pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, do acampamento em frente ao QG do Exército até a Praça dos Três Poderes, foi acompanhado pelos agentes de segurança do DF. Segundo a PF, 'não foram empregadas as barreiras policiais suficientes para conter os manifestantes'.

"Essas informações indicam a possibilidade de uma eventual omissão das autoridades públicas que tinham o dever legal de agir e eventualmente se omitiram, mesmo diante das informações que alertavam para os fatos vindouros, bem como das imagens que mostraram os manifestantes se deslocando do QG-Ex para a Praça dos Três Poderes, permitindo que tamanho dano tomasse forma", argumentou Andrei, com base no relatório.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira (10) que "Deus não fez anistia". "Deus não transigiu com princípios, Deus aplicou a lei. E Deus puniu, proporcionalmente, Adão, Eva e a serpente", disse durante a cerimônia de posse do novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.

"Nós não somos e não podemos ser adeptos do vale-tudo, não é a lei do mais forte. Os fins não justificam os meios por mais nobres que eventualmente eles sejam", destacou, sendo aplaudido pelos presentes na plateia.

##RECOMENDA##

Dino afirmou, ainda, que "não interessa" para ele, no comando do Ministério da Justiça, "em quem as pessoas votaram, em quem elas votarão". "Respeito todos os gostos, por mais exóticos que eles sejam."

"Nós temos princípios processuais a seguir, todos nós temos princípios éticos a cumprir. Não permitiremos que sabores individuais, ideologias, preferências eleitorais, contaminem instituições brasileiras porque nós vimos a tragédia", afirmou o ministro.

Resposta aos golpistas

Na cerimônia, Flávio Dino voltou a negar que o governo federal falhou ao não prever os ataques golpistas ocorridos no Distrito Federal no último domingo (8). "Resposta brasileira contra o golpismo foi qualitativamente superior àquela que verificamos em outros partes do mundo", rebateu o titular da pasta em relação a críticas sobre uma suposta inabilidade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de dimensionar a proporção dos atos terroristas.

Dino ainda enalteceu o trabalho da Polícia Federal na repressão aos golpistas. Disse ainda que Andrei Rodrigues e sua equipe terão dele "lealdade plena". "Nossa equipe está unida", destacou.

O delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues tomou posse nesta segunda-feira (2) como diretor-geral da Polícia Federal (PF). A cerimônia aconteceu no Ministério de Justiça e Segurança Pública, em Brasília.

Rodrigues substitui o delegado Márcio Nunes - o quarto nome a assumir o comando da corporação ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL).

##RECOMENDA##

O novo chefe da PF foi o responsável pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha eleitoral. Depois da eleição, foi escalado para o Grupo de Trabalho de Justiça e Segurança Pública e coordenou o Grupo de Trabalho de Inteligência Estratégica.

Ao longo da campanha, o delegado pediu a abertura de inquéritos para investigar ameaças a Lula. Também assinou o pedido enviado pela equipe de transição ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o porte de armas em Brasília no período da posse.

A aproximação com o PT começou na campanha de 2010, quando o delegado cuidou da segurança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No governo da petista, assumiu a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, órgão responsável pelas operações de segurança da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Currículo

Natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Rodrigues tem 52 anos, é graduado em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e mestre em Alta Gestão em Segurança Internacional pelo Centro Universitário da Guarda Civil da Espanha (CUGC) e pela Universidade Carlos III de Madri (UC3M).

Delegado de Polícia Federal há mais de vinte anos, foi chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes em Manaus, da Delegacia Repressão a Crimes Fazendários em Porto Alegre e do Aeroporto Internacional de Brasília. Também foi assistente da Diretoria-Executiva da PF e oficial de ligação da corporação em Madri.

O delegado ainda foi Coordenador-Geral de Polícia Fazendária e chefe da Unidade de Gestão Estratégica da Diretoria de Tecnologia da Inovação da Polícia Federal. O cargo mais recente foi o de chefe da Divisão de Relações Internacionais.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando