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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo para que partidos de esquerda cheguem a acordo para lançamento de candidatura única ao governo do Rio Grande do Sul. Como mostrou o Estadão/Broadcast Político, o grupo que apoia a pré-candidatura do petista à Presidência está sem nome para lançar ao Senado, após a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) avisar que não disputará vaga no Legislativo neste ano. Todas as tentativas de unir PT e PSB no Estado para formar um palanque único fracassaram até o momento.

"Não custa nada sentar mais uma vez na mesa. não custa nada tentar e conversar um pouco mais e dar de presente ao povo a unidade dos setores que querem derrotar o Bolsonaro e o governo do Rio Grande do Sul", disse o ex-presidente durante evento em Porto Alegre, nesta quarta-feira (1º), Lula foi ao Estado para agendas de pré-campanha.

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"Juntos, temos muito mais chance, somos mais fortes. Acho normal que cada partido queira ter um candidato a governador, a presidente, a senador. Eu penso que os partidos de esquerda, possivelmente todos separados, não tenham fôlego para encontrar um candidato a senador, a governador e a vice", avaliou Lula.

A divisão na esquerda gaúcha pode ser vista no fato de que o PSB, partido do pré-candidato a vice Geraldo Alckmin, decidiu não comparecer ao ato político sobre soberania brasileira organizado pela militância lulista.

Sem acordo por candidatura única, o PT lançou a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto ao governo do RS. Ele deve enfrentar nas urnas o ex-deputado federal Beto Albuquerque (PSB) e o vereador Pedro Ruas (PSOL). Na esquerda, além de PCdoB e PV, que formam federação partidária com o PT, nenhuma outra legenda fechou apoio aos petistas no primeiro turno da eleição para o Palácio Piratini. O PSB, por outro lado, tem se aproximado do PDT do presidenciável Ciro Gomes e pode dar palanque a ele no Estado.

A senadora Simone Tebet (MDB) afirmou nesta segunda-feira, 25, que os presidentes do MDB, PSDB e União Brasil serão responsáveis por estabelecer critérios para definir o nome que encabeçará a disputa ao Planalto. A fala foi dada durante entrevista à RedeTV, ao ser questionada sobre a razão para o adiamento do jantar que aconteceria hoje em São Paulo para definir as regras e o calendário do colegiado. As três legendas negociam o lançamento de candidatura única à Presidência.

Uma nota divulgada pela assessoria do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) informou que o encontro foi adiado a pedido de Tebet e Bivar, ambos pré-candidatos. A senadora respondeu, durante a entrevista, que não sabe o porquê de o encontro ter sido cancelado, mas disse que já tinha compromissos marcados em Brasília e que Bivar está em viagem ao exterior.

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"Foi uma das razões do cancelamento. Mas é importante dizer que nós não precisamos estar nesse jantar. Quem tem que decidir qual é o critério a ser adotado, se vai ser uma pesquisa qualitativa, quem é o mais rejeitado, conta ou não conta, quem está despontando nas pesquisas. Quem vai escolher qual é o critério da escolha do pré-candidato são os presidentes de partido porque assim que reza a nossa regulamentação eleitoral e partidária", disse Tebet.

A senadora declarou que deu uma procuração em branco para o presidente do MDB, Baleia Rossi, "que é quem tem a legitimidade de, junto com os demais partidos, escolher um critério". "Não serão os pré-candidatos a definirem esses critérios", completou.

Como mostrou o Estadão, o grupo de Doria defende a contratação de uma pesquisa de intenção de voto quantitativa que, segundo o paulista, seria "incontestável". No entanto, o MDB e o União Brasil resistem, por avaliarem que a rejeição do tucano é muito grande.

Frente ampla

Questionada sobre a possibilidade de incluir o pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, nesse grupo de discussão da chamada terceira via, Tebet respondeu que "não é só possível, como necessário". "Acho Ciro Gomes um grande quadro, que tem a coragem de falar aquilo que pensa. A gente pode não concordar com tudo que ele apresenta, principalmente na pauta de economia, mas ele tem a grandeza de dizer o que está em risco no Brasil", afirmou a senadora durante a entrevista.

Na semana passada, o pedetista voltou a dizer que persistirá no diálogo com o União Brasil e o PSD. Segundo ele, o obstáculo, que era ter o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) na corrida eleitoral, está superado, o que abre caminho para as conversas com outros partidos.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, voltou a dizer nesta segunda-feira, 21, que a legenda, juntamente com MDB e União Brasil, com a possibilidade de incluir Podemos, deve anunciar no dia 1º de junho candidatura única ao Planalto.

"MDB, União Brasil e PSDB tiveram espírito público de aceitar condicionarem o resultado aos critérios da escolha desse candidato único", afirmou Araújo durante ato de filiação ao PSDB do senador Alessandro Vieira, que se colocou como pré-candidato ao governo de Sergipe pelo partido.

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PSDB indicou o nome do governador João Doria como pré-candidato à disputa ao Planalto. Já o MDB anunciou o nome da senadora Simone Tebet (MS). Os tucanos negociam, ainda, formação de federação com o Cidadania, mecanismo que garante "fusão" durante quatro anos entre as legendas.

Moro

Vieira, que era o pré-candidato ao Planalto pelo Cidadania, deixou o partido após divergências com o comando da sigla.

Entusiasta antigo da candidatura de Sérgio Moro (Podemos) à Presidência, o senador disse, durante o evento, que não mudou a opinião sobre o ex-Juiz. "Como o Cidadania fez um acordo com o PSDB, a consequência lógica dessa fusão é o apoio ao Doria", disse. Já está muito claro que isolados, tanto faz Doria, Moro ou Simone Tebet, não terão sucesso", completou.

Em Pernambuco, três municípios do interior têm apenas um candidato a prefeito nas Eleições 2020. Marcos Patriota (DEM), Uilas Leal (PSB) e Matheus Martins (PSB), disputam as prefeituras de Jupi, Alagoinha e Terezinha, respectivamente. O prazo para homologação das candidaturas encerrou-se no último sábado (26), e agora os três candidatos tentam, sozinhos, a reeleição para o quadriênio 2021/2024. 

Não é a primeira vez que isso acontece em uma dessas cidades. Em 2004, Ezaú Gomes (DEM, à época PFL), se elegeu pela chapa ‘Vamos Continuar Crescendo’, em uma disputa solo à Prefeitura de Terezinha. 

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Apesar da ausência de oposição, concorrer sozinho não significa que a eleição está garantida. De acordo com a legislação eleitoral, mesmo que haja somente um postulante, ainda é necessária a realização de votação, e que se nenhum voto é computado, mesmo com a vantagem “óbvia”, uma nova votação precisará ser organizada. 

O diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), Orson Lemos, diz que a possibilidade de uma eleição nessas condições ser impedida, porém, é baixa. “Os únicos fatores que podem impedir são se a chapa tiver problema ao não preencher os requisitos de legitimidade, ou se ninguém votar neles, o que é quase impossível”, explicou.

Em 2016, enquanto mais de 16 mil candidatos se empenharam em campanhas acirradas para um cargo de prefeito no Brasil, postulantes em 97 cidades de 13 estados concorreram sozinhos ao posto, o que mostra uma incidência consistente do quadro.

Para a cientista política Priscila Lapa, essa configuração é um “sintoma” sistêmico, que mostra ineficiência e desestímulo à viabilização de candidaturas. A fragilidade econômica local, principalmente em cidades pequenas e dependentes de repasses de verba para funcionar minimamente, é uma outra grande catapulta para a centralização.

“As três cidades mencionadas são inviáveis do ponto de vista econômico-financeiro. Há uma dependência muito grande de repasse de recursos, e uma dinâmica econômica baixíssima. Nos últimos anos, (as cidades) viram ainda os seus recursos reduzidos. Como é que vai se estimular as pessoas a renovar o quadro político-partidário, num ambiente econômico tão dificultoso? Há um desestímulo, uma falta de credibilidade, um sentimento muito negativo em relação à política difundida”, diz a especialista.

Priscila explica ainda que a falta de diversidade no pleito pode ser prejudicial à saúde democrática, e que ela representa um “empobrecimento das propostas e alternativas”.

“Penso que a democracia ainda se faz por pluralidade e por debate de ideias. Se em algumas cidades temos um cenário muito favorável à eleição ou reeleição de um só governante, se gera um certo desestímulo para que outras candidaturas queiram participar. Então se tem nesse cenário um empobrecimento de visões diferentes, gerando até o empobrecimento da própria democracia. Dá a entender que a política tem dono, que está na mão de algumas pessoas e que não há chance para outras forças políticas”, continuou.

A cientista pede que a população esteja atenta às fake news e também às regras, sabendo o que vale e o que não vale do ponto de vista da legislação eleitoral. Sobre impedimentos práticos às candidaturas de políticos sem oposição, ela ressalta que as regras são mantidas, e que eles devem elaborar as suas campanhas como se estivessem disputando com alguém. Abuso do poder econômico, compra e venda de votos seguem sendo alguns dos exemplos que não perdem a validade independente da disputa.

Legislação não prevê impedimento às candidaturas únicas

Não há no dispositivo legislativo eleitoral, qualquer indicação de que uma candidatura única seja inválida ou que fira a legitimidade de um pleito. A legislação também não menciona percentual mínimo de votos para essa situação, apesar de deixar claro que a votação ainda é necessária, e que não votar pode arriscar a eleição de um candidato.

“Embora o voto seja obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, ela (a legislação) tão-somente estabelece sanção aos eleitores obrigados a votar que não comparecem nem justificam a ausência. É certo que, na hipótese das ausências suplantarem os comparecimentos, a questão da representatividade dos eleitos pode vir à discussão, mas essa situação não invalida a eleição”, explica Hardy Waldschmidt, secretário do TRE-MS e professor universitário, em artigo submetido ao TRE.

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