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Em comemoração ao Dia Internacional do Cão-Guia, é inaugurado nesta segunda-feira (25), em Pernambuco, o primeiro laboratório de treinamento de cães-guia em todo o país. O espaço promete potencializar e aperfeiçoar o treinamento de animais juntamente com o portador da deficiência, visando promover uma maior inclusão social e mobilidade de pessoas com deficiência visual na capital pernambucana. O lugar fica no Kennel Club de Pernambuco, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

O espaço físico foi projetado para possibilitar à dupla, deficiente visual e o cão, a superação de obstáculos existentes nas vias públicas. O Laboratório Acessível dispõe de semáforos de veículos e pedestres, lixeiras, rampas, meio-fio, orelhões, placas indicativas, árvores, calçadas, piso tátil, declives e demais obstáculos e deficiências em ruas e calçadas. Todo o circuito foi pensado para criar um ambiente familiarizado do cão, do deficiente visual e do ambiente externo. 

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"É diferente de utilizar uma bengala, que é apenas um objeto de apoio diante dos obstáculos. O cidadão deficiente visual vai ter um amigo, um protetor e um guia que o levará a lugares que antes ele não imaginava ir”, diz o presidente do Kennel Club de Pernambuco, Luiz Alexandre Almeida. o laboratório foi construído com recursos privados, a partir do financiamento realizado por parceiros como a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Para a formação completa de um cão-guia, são investidos de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

O número estimado de cães-guia no Brasil é de cem animais, para uma população de mais de 506 mil pessoas cegas. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 35,7 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no país. Somente na região Nordeste são 129,4 mil pessoas que não enxergam e mais de dois milhões que têm dificuldades para enxergar.

Em Pernambuco, existem cinco cães em atuação, três deles treinados no Kennel. A cada três meses, esses animais são submetidos a novos testes para garantir que ele não tenha adquirido nenhum vício que prejudique o deficiente. Geralmente os cães escolhidos são das raças Golden Retriever ou Labrador Retriever. Eles são selecionados ainda na ninhada através de técnicas de avaliação de comportamento. O treinamento, que dura cerca de dois anos, começa entre o cão-guia e seu treinador, que vai ensinando ao animal comandos e estímulos.

Em 2005, o Brasil sancionou a Lei nº 11.126, que assegura à pessoa com deficiência visual, usuária de cão-guia, o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo. No local de treinamento pernambucano, dois cães-guias são treinados atualmente e serão doados ainda neste ano a duas pessoas com deficiência visual que foram selecionadas pelo projeto. Para realizar a inscrição é necessário entrar em contato com o Kennel Club de Pernambuco através do número (81) 3438-5015.

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O programa Vencer desta sexta-feira (25) fala sobre o treinamento dos cães-guia, animais que são adestrados para guiar pessoas cegas ou que tenham algum tipo de deficiência visual grave. Para explicar o assunto o jornalista James Alcides conversa com o instrutor Ricardo Brito, que promove a formação dos instrutores de cães-guia.

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"A gente opta pelo labrador e o golden retriever, que são raças que tem o temperamento e tamanho ideal para a função. Mas o que vai definir se o cão pode ser ou não um cão-guia não é a raça, é o indivíduo em si. Então, é feita uma seleção dos filhotes na ninhada, é desenvolvido o trabalho com ele e esse animal vai para uma família acolhedora, para socializar esse cão durante um período de aproximadamente oito meses, um ano, e depois ele retorna para receber o treinamento específico para a função. Terminando o treinamento, é feito a formação de dupla", comenta o adestrador, se referindo à parceria entre o cão-guia e o seu dono.

Ainda sobre o assunto, Ricardo faz um alerta sobre a relação que as outras pessoas devem ter com esses animais. "Ele não é um animal de estimação, ele é um cão de trabalho, e todo comando e toda a brincadeira é feita por quem o conduz", ressalta.

Nesta edição, o público também confere mais uma dica do quadro Cine Vencer, que apresenta o filme Minha amada imortal, que conta a história do compositor Ludwig van Beethoven através da saga do seu amigo, Anton Schindler, que após a morte do alemão tenta encontrar a recebedora de todos os bens de Beethoven, e a quem ele se refere no testamento apenas como Minha amada imortal. Confira o programa completo no vídeo acima.

O Vencer é exibido toda sexta-feira aqui, no Portal LeiaJá

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No programa Vencer dessa sexta-feira (29) o jornalista James Alcides visita o Kenel Club de Pernambuco, a KCEP, associação que aprimora as raças caninas e desenvolve um projeto de treino e doação de cães-guias para deficientes visuais do Estado. Os instrutores Ricardo Brito, Morgana e Joaquim Cavalcanti conversaram com o Vencer e falaram sobre as técnicas de treinamento desses animais que se tornam grandes companheiros das pessoas cegas, como é o caso da professora Keytianne Barros, que ganhou do projeto Simba, um labrador.

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No quadro Cine Vencer, Keila Fidélis e Bob Anderson trazem mais uma grande dica de cinema. A da vez é 'Minha amada Imortal', que conta uma história de amor que envolve o músico Beethoven.

O Vencer é exibido toda semana no Portal LeiaJá.

Dois labradores irmãos, batizados de Frontier e Footloose, são os pivôs de uma briga que se estende desde dezembro entre um associado do Esporte Clube Pinheiros e a própria associação, e que pode parar na Justiça.

Voluntário do projeto Cão-Guia do Serviço Social da Indústria (Sesi-SP), o advogado Bruno Caligaris foi responsável pela socialização de Frontier até maio e agora faz o mesmo com Footloose. Seu objetivo é expor os filhotes a diversas situações (trânsito, metrô, crianças, barulho) para que sejam, mais tarde, destinados a acompanhar deficientes visuais.

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Apesar de ter tido problemas para entrar em alguns estabelecimentos com o cão-guia, como restaurantes e até a Defensoria Pública do Estado, a maior confusão foi no Clube Pinheiros, do qual é sócio há 20 anos. Após uma reunião infrutífera com a diretoria, Caligaris optou por uma abordagem mais incisiva.

"Em março, comecei a forçar minha entrada e causar um pouco de constrangimento. Eles não me expulsaram, mas alguns sócios reclamaram, e a diretoria me chamou para conversar", conta Caligaris. "O Sesi explicou o projeto, mas, uma semana depois, recebi uma carta com assinatura do diretor do clube dizendo que eu estava proibido de entrar lá."

O Pinheiros diz que o advogado "jamais respeitou limites no interior do clube, chegando a ingressar no restaurante central com o cão, deixando-o próximo a mesas com crianças". Também afirma que, por ser uma entidade de "frequência coletiva restrita", não é comparável a shoppings e teatros.

Um decreto federal determina que o ingresso de um cão em fase de socialização pode ocorrer em "local privado de uso coletivo", definido como "aquele destinado às atividades de natureza comercial, cultural, esportiva, financeira, recreativa, social, religiosa, de lazer, educacional, laboral, de saúde ou de serviços, entre outras".

A tímida expressão "entre outras" abre espaço para interpretações: "Isso significa que o rol de locais permitidos é só exemplificativo", diz Ricardo Morishita, advogado especialista em Defesa do Consumidor.

Ainda não se chegou a um consenso, mas a multa prevista para quem "impedir ou dificultar o ingresso e a permanência do usuário com o cão-guia nos locais definidos" pode chegar a R$ 30 mil. Frontier e Footloose poderiam ser os cachorros mais caros já vistos pelo clube. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, das quais 582 mil cegas e seis milhões têm baixa visão. No País, apenas cerca de 80 pessoas cegas foram beneficiadas com a doação de um cão-guia por institutos e projetos brasileiros que selecionam e treinam os animais para serem encaminhados aos cegos. Em Pernambuco, quatro deficientes visuais têm cães-guia.

A preparação do cão para adoção leva de dois anos a dois anos e meio e se dá em duas etapas. Na primeira, o animal é acolhido por uma família que ficará responsável pelo trabalho de socialização do cão e na segunda etapa, o animal será treinado por um instrutor habilitado para treinar cão-guia. O profissional que faz esse trabalho tem certificação reconhecida, já que o cão-guia não pode ser preparado por um adestrador comum ou da polícia, a menos que ele tenha certificação. O cão, por sua vez, não pode ter nenhum traço de agressividade.

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O secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Antônio José Ferreira, lembra que, desde 2007, temos uma legislação que garante o direito de ir e vir das pessoas cegas. O secretário ressalta que a partir da norma o governo fica comprometido de fornecer o cão-guia. “Pelo plano Viver Sem Limite, estabelecemos a instalação de cinco centro tecnológicos de formação de treinadores e instrutores de cães-guia, em cada uma das regiões brasileiras. Neles serão formados os treinadores e as duplas (cão e deficiente visual). Agora ampliamos a meta para sete centros, através de uma parceria com institutos federais de educação”, diz o secretário.

Um dos centros de formação de treinadores e instrutores já foi instalado, o de Camboriú, Rio de Janeiro, que está treinando as pessoas que irão atuar nos demais centros (São Cristovão-SE, Limoeiro do Norte-CE, Alegre-ES, Muzambinho-MG, Urutaí-GO e Manaus-AM). “São dois anos de formação do cachorro (labrador) e cada instrutor só pode ficar com seis cachorros ao mesmo tempo. O cão é treinado para apenas uma pessoa, ele é intransferível. Esse será um processo bem lento. Não temos como atender todas as pessoas de uma vez, até porque temos que adaptar as cidades para a circulação dos cães”, complementa Antônio.

Serviço:
Projetos que treinam e doam cães-guias:
Cão Guia Brasil - www.caoguiabrasil.org
Associação Cão-Guia de Cego - www.caesguia.com.br
Projeto Cão-Guia Sesi-SP- www.sesisp.org.br/caoguia
Instituto IRIS (SP) - www.institutoiris.org.br

Confira todas as matérias do especial Sem Limites.

Toda pessoa com deficiência visual deseja conquistar a independência para caminhar sem o auxílio dos outros. Para alguns, o uso da bengala é suficiente. Para os que desejam reduzir ainda mais os obstáculos e não temem os cães, o auxílio do cão-guia é a melhor alternativa. No Brasil, há projetos e institutos que selecionam, treinam e doam cães que ajudam cegos a terem mais mobilidade.

O tempo entre a inscrição do interessado e a chegada do cão pode ser longo, como aconteceu com o publicitário Milton Carvalho, 31 anos, que tem cegueira congênita. Ele esperou em torno de cinco anos por Shiva, uma cadela da raça labrador, preta, de quatro anos de idade. O primeiro encontro com Shiva aconteceu em agosto deste ano, em Brasília, na sede do Projeto Cão-guia. A dupla (cão e deficiente visual) passou pelo processo de adaptação, que durou 15 dias.

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Apesar do longo tempo de espera, Milton comemora os benefícios que a chegada da sua companheira lhe trouxe. “Quando eu usava bengala era complicado, pois a ruas do Recife são muito complicadas para um cego andar, existem muitos obstáculos. Os piores são os bueiros, os canos de ferro que são colocados nas calçadas, o deterioramento, além das cadeiras de bares colocadas nas calçadas. Esses obstáculos atrapalham demais a nossa mobilidade”, destaca.

Ele conta que o cão e a pessoa que o adota precisam ter um perfil que se adeque um ao outro. “O cão passa de dois a dois anos e meio sendo preparado para atuar como cão-guia. Primeiro ele passa pela fase de socialização, é acolhido por uma família, e depois ele passa por um treinamento com um profissional capacitado para esse trabalho. Não é toda pessoa cega que tem perfil para adotar um cão-guia, pois nem toda pessoa gosta de cachorro e ainda tem algumas que tem medo do animal”, explica Milton.

O publicitário também destaca os cuidados que os projetos e institutos exigem que as pessoas tenham para receber o cão-guia. Vacinação em dia, bons tratos e demais cuidados com a saúde e bem-estar dos animais são exigidos e acompanhados de perto pelas instituições que doam os cães. “O cão não é uma bengala que você chega em casa e joga atrás do armário. Ele é um ser que tem necessidades de atenção, de alimento e cuidados com a saúde. Antes de uma pessoa receber um cão-guia, o projeto verifica se o animal será bem aceito pelo deficiente e pela sua família, para assegurar que o cão seja bem tratado”, menciona o publicitário enquanto afaga Shiva, que também é o xodó do seu filho Pedro e da esposa Iolanda.

Além de ter que superar os entraves para conseguir adotar um cão-guia e os obstáculos das ruas com a ajuda deste que é considerado o melhor amigo do homem, as pessoas que adotam o animal ainda têm que lidar com o descumprimento da lei. Os relatos são de descumprimento da Lei 11.126/2005 e do Decreto Federal 5.904/2006, que permitem a entrada com o cão em ambientes de uso coletivo (restaurantes, shoppings, aeronaves, supermercados, táxis, ônibus, metrôs, entre outros). “Vou ao trabalho de ônibus diariamente e não tenho problemas, mas nos dias que preciso usar o táxi é complicado. Os motoristas muitas vezes não querem nos levar, alegam que o animal é de grande porte, que não usa focinheira, que são alérgicos a pelos de cachorro. É sempre uma situação constrangedora”, lamenta.

A mesma situação é relatada pelo professor de educação inclusiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o paulista Francisco Lima, 48, erradicado no Recife há 10 anos. O docente, que também tem cegueira congênita, relata que já viveu diversas situações delicadas ao lado de Okra (Quiabo, em inglês), cadela da raça labrador, que tem sete anos e há cinco anos e meio foi doada a Francisco pelo Instituto Iris. “Eu sou do tipo que vou entrando nos locais, não fico esperando que venham falar comigo, mas mesmo assim já fui algumas vezes barrado em supermercados e restaurantes. Mas a pior situação que enfrento é com os taxistas que alegam diversos motivos para não transportar o cão”, conta. “Uma vez, pedi a um amigo que ligasse para solicitar um táxi para mim [mencionando que estava com o cão] e outro para ele. O dele foi encaminhado pela companhia em 15 minutos, enquanto que o meu táxi levou 40 minutos para chegar ao mesmo local e, ainda assim, o taxista se negou a me levar com o animal”, lembra Francisco.

As constantes negativas dos taxistas em transportar a dupla motivaram o professor a procurar o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para mover um processo contra o Sindicato dos Taxistas. O MPPE marcou uma audiência com Francisco, o sindicato e a Polícia Militar, que segundo o professor não tem o ajudado no momento de fazer cumprir a Lei. Durante o encontro, o promotor do MPPE apenas solicitou que o sindicato e a PM cumprissem a Lei, pois alegou que mover uma ação levaria mais tempo.

“Houve essa conversa no final de julho, início de agosto deste ano e de lá pra cá nada mudou. Os taxistas continuam se negando a nos transportar. A Lei determina que havendo descumprimento dela, o MP deve atuar. E atuar significa autuar também. Outro dia estava em uma parada na avenida Caxangá e três taxistas pararam, mas dois deles se negaram a me levar. Não só fui constrangido pela situação como fui ameaçado pelo taxista, que me disse absurdos”, relata Francisco.

De acordo com o Decreto Federal nº 5.904/2006, impedir ou dificultar o ingresso e a permanência do usuário com o cão-guia em ambientes de uso coletivo ou de condicionar tal acesso à separação da dupla geram sanção. A pena se configura em multa no valor mínimo de R$ 1 mil reais e máximo de R$ 30 mil. Se houver reincidência a sanção é a interdição do local, pelo período de trinta dias, e multa no valor mínimo de R$ 1 mil e máximo de R$ 50 mil.

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