Tópicos | Célio de Barros

O estádio de atletismo Célio de Barros, no Rio de Janeiro, foi reaberto neste sábado (11) após ficar seis anos sem uso e quase 10, sem receber competições. A Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude apresentou nesta manhã algumas melhorias feitas no local e informou que ele poderá receber eventos, escolinhas, audiências públicas e palestras.

Entre as obras realizadas estão a recuperação da pista de aquecimento de 100 metros e do auditório com 115 lugares, a revitalização das arquibancadas para 9 mil pessoas, a alteração da identidade visual, a poda de arbustos e o plantio de mudas, a restauração da fachada, além da criação de estrutura para acessibilidade de pessoas com deficiência.

##RECOMENDA##

"Nossos jovens estão sendo corrompidos pelo tráfico de drogas e eu fui eleito para limpar as comunidades desse mal. E nós vamos fazer de várias maneiras. Não só através do enfrentamento com a polícia indo às comunidades retirar os fuzis, mas também dando dignidade ao nosso jovem, trazendo ele para praticar esporte, para estudar nas nossas escolas", disse o governador Wilson Witzel, presente na reabertura.

Inaugurado em 1974, o Célio de Barros ocupa uma área superior a 18 mil metros quadrados. Ele faz parte do complexo esportivo que inclui ainda o estádio de futebol Maracanã e o Parque Aquático Júlio de Lamare. Em sua pista, já treinaram destacados atletas do país, como bicampeão olímpico no salto triplo Adhemar Ferreira da Silva. O Célio de Barros já recebeu também competições nacionais e internacionais, entre elas o Troféu Adhemar Ferreira da Silva e o Troféu Brasil de Atletismo.

Demolição cancelada

O projeto original de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 previa a demolição do Célio de Barros e do Parque Aquático Júlio de Lamare. Em agosto de 2013, porém, o então governador Sérgio Cabral cedeu aos apelos de federações esportivas, atletas e representantes da sociedade civil e decidiu manter as estruturas esportivas. No entanto, desde essa época, o estádio de atletismo estava sem uso. No mês passado, o Parque Aquático Júlio de Lamare, que estava fechado há quatro anos, também foi reaberto.

A pista do Célio de Barros, que foi demolida durante a reforma do Maracanã, ainda não foi reconstruída, o que inviabiliza a realização de provas de atletismo. De acordo com a Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, a reconstrução da pista está nos planos, mas ainda não há prazo para ocorrer. Ainda assim, a ex-atleta Edneida Freire celebra a reabertura do estádio. Quando ele foi fechado, em 2013, ela oferecia treinamento em atletismo para mais de 400 crianças.

"Continuamos na luta indo em manifestação popular e em audiência pública. Em um país olímpico, não faz sentido ficarmos perambulando pela cidade para treinar cada hora em um canto. Na UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro], no Parque Madureira, em volta do estádio do Engenhão. Hoje, estamos muitos felizes porque conseguimos uma parte da vitória e adentramos o Célio de Barros".

Gabriel Leite, um dos alunos de Edneida, tem hoje 14 anos e começou a treinar aos quatro. Ele espera que a reabertura do estádio o ajude a alcançar o sonho de se tornar um atleta de alto rendimento. "Precisei ir treinar na rua, sem pista. E aqui, nós ficamos mais à vontade. Temos a estrutura que precisamos. Na rua, nem o material adequado podemos usar. Por exemplo, a sapatilha. Tem que usar tênis", conta.

Por ora, o uso do estádio pela comunidade está limitado à uma área reduzida, que inclui a pista de aquecimento. De acordo com o governo do Rio, o Célio de Barros ficará alugado por 45 dias para a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que utilizará o espaço para suporte às partidas da Copa América que ocorrerão no Maracanã. Os jogos da competição acontecem de 14 de junho a 7 de julho. Encerrado o período de aluguel, o governo pretende transferir para o Célio de Barros uma série de programas educativos e esportivos que já são realizados em outros locais.

O processo de privatização do Maracanã pode sofrer uma reviravolta. Foi o que deixou claro o governador do Rio, Sérgio Cabral, em entrevista concedida nesta sexta-feira no Palácio Guanabara, quando ele anunciou que o estádio de atletismo Célio de Barros, localizado no Complexo do Maracanã, não será mais demolido. Na última segunda-feira, Cabral tomou a mesma decisão com relação ao Parque Aquático Julio Delamare, que também fica na área do estádio.

"A concessão está em suspenso", disse o governador. "Você estabelece normas, regras, publica um edital. E muda-se tudo. Havia uma disputa com algumas características e isso mudou. Então entra aí o aspecto jurídico, não só o econômico-financeiro", continuou Cabral.

##RECOMENDA##

Ao lado dele, o presidente do Consórcio Maracanã S.A., João Borba pediu 20 dias para que o grupo analise a nova situação criada com a permanência dos dois equipamentos esportivos. Indagado sobre a possibilidade de o contrato com o governo ser suspenso, ele respondeu: "Não tenho a menor ideia". Antes, Borba deu a entender que a privatização está mesmo sob sério risco. "Vamos verificar agora para ver se é possível somente o estádio mostrar resultados", declarou.

Borba acrescentou que havia um plano de negócios ainda em elaboração muito voltado para a construção de lojas, restaurantes, um museu do esporte e estacionamento exatamente nos locais onde seriam demolidos o parque aquático e o estádio de atletismo. Ele disse que não sabe se o consórcio vai se satisfazer apenas com a arrecadação proveniente da bilheteria dos jogos de futebol. "Essas receitas acessórias de visitação, restaurantes, lojas, etc. são muito fundamentais", afirmou o presidente do consórcio.

Além de Cabral e Borba participaram da entrevista outras autoridades, como o presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Alberto Lancetta.

Motivada pelo recuo do governador Sérgio Cabral em relação ao Parque Aquático Júlio Delamare, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) aumenta a pressão pela manutenção do Estádio Célio de Barros, que também integra o Complexo do Maracanã, no Rio de Janeiro.

A entidade quer aproveitar a reunião que a federação local fará com o governador, nesta quarta, para tentar evitar a demolição do estádio, o que estava previsto no contrato de concessão assinado entre o governo e o Complexo Maracanã, grupo que venceu licitação para administrar o estádio e seus arredores pelos próximos 35 anos.

##RECOMENDA##

"Apoio total à Federação de Atletismo do Rio de Janeiro e aos atletas da cidade olímpica, na pessoa de Robson Caetano", afirmou o presidente da CBAt, José Antonio Martins Fernandes, nesta terça-feira. No dia seguinte, o presidente da Federação de Atletismo local, Carlos Alberto Lancetta, vai se encontrar com Cabral.

O governador surpreendeu na segunda ao afirmar que o Júlio Delamare não será mais demolido. Ele chegou a entrar em contato com Coaracy Nunes Filho, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), para informar sobre sua nova decisão. No mesmo dia, porém, o Complexo Maracanã disse desconhecer a definição de Cabral.

"Ficamos felizes com a decisão do governador de manter o Parque Aquático Júlio Delamare, tão importante para a natação nacional", disse o presidente da CBAt. "Agora, esperamos que também a importância do Estádio Célio de Barros para o atletismo carioca e brasileiro seja reconhecida, pois estamos muito perto dos Jogos Olímpicos de 2016. E o Célio de Barros é fundamental na preparação dos atletas do nosso País", afirmou.

Assim como Parque Júlio Delamare, o Célio de Barros faz parte do complexo esportivo do Maracanã. Mas, ao contrário do primeiro, já começou a ser demolido. A pista de atletismo, por exemplo, já não existe mais. Na reforma do Maracanã, o estádio foi usado como canteiro de obras.

Cerca de 40 pessoas fizeram na tarde desta quinta-feira um protesto contra a demolição do parque aquático Júlio Delamare e do estádio de atletismo Célio de Barros, previstas no edital de concessão do Maracanã à iniciativa privada pelos próximos 35 anos. Da manifestação, organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), participaram atletas e crianças de projetos sociais do governo do Rio que funcionavam nos dois centros de treinamento, que já estão fechados.

Segundo o presidente da CBDA, Coaracy Nunes Filho, demolir o parque aquático será o "maior crime da história olímpica do Brasil". Ele voltou a reclamar de seu parceiro histórico Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. "O COB não tem nos ajudado em nada, pelo contrário! As declarações do Nuzman têm sido no sentido de derrubar tudo isso aqui", disse Coaracy, mandatário da CBDA há 25 anos (Nuzman está no COB há 18 anos).

##RECOMENDA##

"Nuzman sempre nos deu total apoio, mas desta vez pisou na bola. Sempre tive uma excelente relação de amizade com ele, mas não posso aceitar isso", afirmou Coaracy.

Em nota, o COB informou que "não é o responsável pelas obras, mas entende o contexto maior de transformação que o Rio de Janeiro está vivenciando em função da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, que deixará benefícios concretos para o esporte e para a população brasileira". "O COB está atento à questão e buscando alternativas para o treinamento dos atletas de alto rendimento destas modalidades. Entre as alternativas estão o treinamento em outras instalações do Rio de Janeiro, outros estados e, em alguns caso, no exterior", informou a entidade.

As críticas do presidente da CBDA foram direcionadas também ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). "Para o Pan de 2007, foram investidos R$ 10 milhões na reforma do parque aquático. Temos aqui um estádio novo, posso garantir que faço aqui qualquer competição nacional ou internacional, do jeito como está", afirmou. "A própria Fifa já disse que não exige as demolições, tanto que a Copa das Confederações foi realizada com os dois estádios ainda de pé. Isso é coisa do governo", afirmou.

A Defensoria Pública da União no Rio (DPU-RJ) informou que vai ingressar até a semana que vem com uma ação civil pública pedindo o tombamento federal do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Júlio Delamare, ameaçados de demolição no processo de concessão do Maracanã à iniciativa privada.

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira, o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, parceiro histórico do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, reclamou da omissão da entidade.

##RECOMENDA##

"O COB nos ignorou. Tinha a obrigação de nos dar apoio, mas não deu - pelo contrário", disse Nunes. O presidente da Federação de Atletismo do Rio, Carlos Lancetta, endossou as críticas de Nunes. Procurado, o COB informou que não vai se pronunciar.

Durante a audiência, Nunes afirmou ter recebido a informação de que, a partir desta quinta, os atletas já não mais podem treinar no Delamare. O governo do Rio havia marcado a desocupação para 1º de abril, depois deu novo prazo: 10 de maio. A secretaria estadual de Esporte e Lazer ainda não confirmou a informação transmitida pelo presidente da CBDA.

Participaram da audiência atletas das seleções brasileiras de saltos ornamentais e nado sincronizado, a esposa do falecido jornalista Júlio Delamare, Míriam, de 81 anos, além de jovens atletas que treinavam atletismo no Célio de Barros e tiveram de sair, a maioria para treinar no Engenhão.

O governo do Rio está um passo mais próximo das demolições do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Júlio Delamare, previstas no edital de concessão do Maracanã à iniciativa privada. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizou as demolições e já enviou comunicado ao governo fluminense. As duas arenas ficam no entorno do Maracanã, tombado pelo Iphan em 2000.

Segundo o Iphan/RJ, somente o Maracanã é tombado, mas qualquer intervenção no entorno só pode ser feita com a autorização do Instituto. No documento enviado ao governo do Rio, o Iphan autoriza as demolições de Célio de Barros, Júlio Delamare e também da escola municipal Friedenreich porque "sob o ponto de vista do tombamento, estas não agregam valor ao bem tombado".

##RECOMENDA##

A decisão, de acordo com o Iphan/RJ, é final. Foi tomada pela superintendente no Rio, Cristina Lodi, "com a concordância" da presidente nacional do Instituto, Jurema de Sousa Machado. A autorização "recomenda" a "manutenção" do Maracanãzinho e do prédio do antigo Museu do Índio, que já estão previstas no edital de concessão - embora inicialmente a intenção do governo fosse também demolir o prédio do Museu. Agora, será transformado em Museu Olímpico.

O Iphan/RJ solicitou que sejam submetidos ao Instituto os "novos projetos executivos a serem construídos no entorno do Maracanã, quer sejam edificações ou obras de urbanização", e também os projetos de "restauração/requalificação" do Museu do Índio e do Maracanãzinho.

A autorização do Iphan veio um dia depois de a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) lançar abaixo-assinado em sua página na internet contra a demolição no parque aquático Júlio Delamare (que recebeu investimentos de R$ 10 milhões na reforma para o Pan de 2007). O protesto já foi assinado pelos grandes nomes da natação brasileira, os medalhistas olímpicos Thiago Pereira e Cesar Cielo, que disputam no Rio o Troféu Maria Lenk.

A licitação para concessão do Maracanã à iniciativa privada continua em andamento. Na fase atual, a comissão de licitação, formada por integrantes do governo do Rio, analisa as propostas técnicas apresentadas pelos dois consórcios que disputam o comando do estádio pelos próximos 30 anos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando