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Desembargadores da 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo sustentaram nesta terça-feira (12), a condenação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por improbidade administrativa pelo uso do slogan "SP - Cidade Linda", mas negaram a perda do mandato do tucano.

A sentença de primeira instância, proferida em agosto do ano passado pela juíza Carolina Martins Clemencio Duprat Cardoso, da 11ª Vara da Fazenda Pública da Capital, havia decretado a perda dos direitos políticos de Doria por quatro anos. Como cabia recurso, a execução da pena não foi imediata.

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A ação acusa o ex-prefeito de promoção pessoal com o uso do slogan "SP - Cidade Linda". De acordo com o Ministério Público, Doria "utilizou de verba integrante do erário da Prefeitura Municipal de São Paulo em proveito próprio" e, assim, cometeu "atos que importam enriquecimento ilícito" e prejuízo aos cofres públicos.

A defesa de Doria alega nos autos que o uso do slogan não contraria a Constituição Federal nem a Lei Municipal, insistindo que não há "qualquer promoção pessoal do então prefeito" visto que não foi inserido o nome do tucano nas ações. Os advogados do governador negam prejuízos aos cofres públicos.

O relator do processo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), desembargador Luís Francisco Cortez, afirmou não haver provas suficientes "para afirmar que o programa destinava-se exclusiva ou preponderantemente à promoção pessoal do então Prefeito", pois o "slogan não continha o nome do requerido, suas iniciais ou mesmo as cores de seu partido ou gestão". "Todavia, é certo ter havido ofensa ao princípio da legalidade", afirmou Cortez.

Segundo o magistrado, Doria infringiu a lei ao violar a liminar que o proibia de utilizar o slogan e, ao se ver alvo da ação civil por improbidade, apresentou projeto de lei para alterar a lei municipal e permitir que "programas, campanhas e serviços específicos' possam ter identidade visual própria".

A lei 16.898/18 foi sancionada em maio do ano passado pelo atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), ex-vice de Doria. "O próprio réu tomou a iniciativa de remeter à casa legislativa o projeto de lei alterando a norma municipal que embasou a propositura desta demanda, admitindo, por conseguinte, que atuava fora dos limites da legislação então vigente", afirma Cortez.

"O que se reconhece é a intenção reiterada de descumprir a lei então vigente, com voluntarismo incompatível com os deveres do cargo, impondo vontade particular acima das obrigações de conduzir e dar exemplo a servidores e cidadãos, prática violadora dos princípios da legalidade e moralidade."

O relator, no entanto, afirmou não vislumbrar "efeitos econômicos nocivos" decorrentes do uso do slogan nem "vinculação direta a identificação pessoal do gestor".

Segundo Cortez, por ter ocorrido a alteração da lei que flexibilizou a restrição anterior do uso de slogans e Doria já ter deixado o cargo, além de ausência de prova de prejuízo aos cofres públicos, ficou mantida somente a pena de pagamento de multa civil correspondente a cinquenta vezes o valor da remuneração do tucano à época do caso e o pagamento de dez salários mínimos pela violação à liminar que proibiu o uso do "SP - Cidade Linda".

Votaram com o relator os desembargadores Danilo Panizza, Aliende Ribeiro e Vicente de Abreu. O desembargador Rubens Rihl abriu divergência para cobrar a perda de mandato de Doria, mas foi voto vencido.

Defesa

A reportagem entrou em contato com a assessoria de João Doria e aguarda resposta. O espaço está aberto para manifestações. Nos autos, a defesa do tucano alega que o uso do slogan não contraria a Constituição Federal nem a Lei Municipal, pois não há "qualquer promoção pessoal" do ex-prefeito nem o seu nome do tucano nas ações. Os advogados do governados negam prejuízos aos cofres públicos.

O Ministério Público Estadual (MPE) abriu um inquérito civil para investigar o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), por suposta promoção pessoal com o uso da marca Cidade Linda, programa de zeladoria criado em janeiro deste ano pelo tucano. A prática configuraria improbidade administrativa, o que pode resultar em multa ou até inegibilidade do prefeito em caso de condenação.

Segundo o promotor Wilson Tafner, da Promotoria do Patrimônio Público, "o uso constante da frase e logomarca 'CIDADE LINDA', acompanhada por um coração vermelho com as letras 'SP', não possuem qualquer caráter educativo, informativo ou de educação social, mas, ao reverso, fica patente tratar-se de imagem/símbolo com o papel de fixar a marca registrada do atual prefeito enquanto tal, vinculando os feitos administrativos divulgados no material publicitário a seus nome e imagem".

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Em nota, a gestão Doria informou que "o slogan Cidade Linda não guarda qualquer relação pessoal com o prefeito" e que "essa equivocada interpretação será prontamente esclarecida" assim que a Prefeitura for notificada.

Na portaria de instauração do inquérito, o promotor relata que há uma série de reportagens e vídeos publicados pelo próprio prefeito em sua página no Facebook nos quais se constatam várias ações de Doria com cartazes, camisetas, bonés, anúncios, placas, etc. com a logomarga do "Cidade Linda", com símbolo "SP" dentro de um coração vermelho.

Tafner destaca que o artigo 37 da Constituição Federal diz que a administração pública deve obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e que a publicidade dos atos, programas, obras e serviços dos órgãos públicos devem ter caráter educativo, informativo ou de orientação social e não podem constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Ele menciona ainda que a lei orgânica do Município define que os símbolos municipais da cidade são a bandeira, o brasão e o hino. O promotor solicita que a gestão Doria discrimine todos os gastos que contenham o símbolo Cidade Linda, inclusive em bonés, camisetas, placas em caminhões de lixo, jornais de bairro, rodovias e até em canecas.

Só maiores de idade poderão comprar tintas spray em São Paulo. Em guerra declarada contra pichadores, o prefeito João Doria (PSDB) anunciou na manhã deste sábado (11) que a medida faz parte do pacote de restrições pensado para preservar muros, imóveis e monumentos da cidade. Ao participar de mais uma ação do programa Cidade Linda, o prefeito também comemorou o avanço da lei antipichação na Câmara Municipal.

Na sexta-feira (10)  os vereadores de São Paulo aprovaram, em primeira votação, um projeto de lei proposto pelo vereador Adilson Amadeu (PTB) em 2005, que prevê apenas a criação de uma central telefônica para receber denúncias de pichação na capital. "É, sim, uma vitória, até porque foi iniciativa do poder Legislativo", afirmou Doria.

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O texto deve ser alterado por um substitutivo do governo que estabelece multa de R$ 5 mil para quem for flagrado pichando e R$ 10 mil para casos de reincidência. De acordo com a proposta da Prefeitura, o pichador também deverá pagar pelo restauro de monumentos históricos. "Se não pegar será processado judicialmente, fora o processo crime."

Segundo o prefeito, um outro projeto de lei terá como objetivo "coibir o acesso à compra de tinta em spray". "Primeiro, a obrigatoriedade (de venda) só para maiores de 18 anos, além da obrigatoriedade de apresentar sua carteira de identidade, seu CPF, e preencher uma ficha indicando seu endereço, seu telefone. Tudo para dificultar", disse.

Protestos

O prefeito chegou vestido de gari à Praça da República, na região central, às 6h59, um minuto antes do limite de tolerância de atraso estabelecido por ele mesmo na chamada "Lei Soninha". A agenda estava marcada para às 6h45.

Enquanto caminhava na Praça, Doria foi acompanhado por um pequeno grupo sindical que carregava duas faixas. Em uma delas, se lia: "Cidade boa para turista tem que ser boa para o morador".

O prefeito vestiu um avental, pôs uma máscara protetora, calçou botas e usou água aquecida a 90 graus Celsius para iniciar a limpeza de uma estátua na Praça. Ao fim, ainda era possível ver a marca da pichação no monumento.

Ao falar com a imprensa, Doria precisou aumentar um pouco o tom de voz, mas não demonstrou irritação com isso. Fora do grupo, um rapaz protestava pelo Parque Augusta. "Nós já ouvimos", disse um segurança, em tom de ameaça, sem permitir que o jovem se aproximasse.

Um grupo de ciclistas também passou pela ciclovia da Praça da República fazendo barulho durante a entrevista. "Fora, Doria!", gritaram alguns deles.

Técnicos que auxiliaram a ação da Prefeitura afirmaram que a marca de pichação no monumento limpo por Doria é difícil de remover. Segundo eles, como a estátua é feita de granito, que é poroso, facilita a impregnação da tinta. Seria preciso repetir o procedimento várias vezes para retirar completamente a pichação, sem danificar o monumento.

A pedido do prefeito João Doria (PSDB), a base aliada do tucano na Câmara Municipal agendou para as 10h desta sexta-feira, 10, a primeira votação do projeto que visa a aplicar multas que podem variar de R$ 5 mil a R$ 50 mil, podendo dobrar em caso de reincidência, a quem for flagrado pichando muros ou monumentos públicos na cidade. A matéria será debatida em sessão extra, já que os vereadores só se reúnem em plenário às terças, quartas e quintas-feiras.

Para agilizar a sanção e vigência da lei, a saída encontrada pelo líder de governo, Aurélio Nomura (PSDB), e também pelo presidente da Casa, Milton Leite (DEM), foi pautar projeto de autoria do vereador Adilson Amadeu (PTB) que trata do mesmo tema, apesar de não prever a multa. Mudanças no texto original serão encaminhadas pelo Executivo após a votação em primeira, por meio de um substitutivo, que terá de passar pelas comissões temáticas.

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A apresentação desse substitutivo até sexta não é possível porque as comissões ainda não estão formadas. A pedido de Leite, os partidos ficaram de indicar seus representantes nos próximos dias. Quando esse rito for finalizado, o novo projeto antipichação, já com a previsão das sanções, poderá ser votado em segunda votação e posteriormente ser sancionado por Doria.

A pressa em legislar sobre o tema foi criticada nesta segunda pelos petistas Antonio Donato e Eduardo Suplicy. Ambos pediram mais tempo para debater o assunto com a sociedade. Donato exige que a Câmara agende ao menos uma audiência pública antes de marcar a votação do projeto. José Police Neto (PSD) também declarou, durante reunião de líderes partidários, ser favorável a um debate mais aprofundado.

Nomura, no entanto, afirmou que "o prefeito João Doria está muito preocupado" com essa questão e que, por isso, pediu urgência no trâmite legislativo. Segundo o líder, o projeto de Amadeu é indicado para iniciar a discussão.

Disque

Apresentada em 2005, a proposta de Amadeu prevê a criação de um "disque pichação", linha telefônica exclusiva para recebimento de denúncias relacionadas a pichações na cidade. No texto original, esse canal de comunicação com a Prefeitura teria de se dar por um "0800", ou seja, sem custo para o cidadão, que poderia ainda fazer a queixa de forma anônima. Mas, segundo Amadeu, o central telefônica da Prefeitura, o 156, poderia assumir mais esse serviço.

Em sua justificativa, Amadeu dizia, em 2005, que a "grande maioria do patrimônio municipal encontrava-se verdadeiramente transformado em 'obras primas' de imenso mau gosto", referindo-se aos muros pichados. Nesta sexta, o vereador reafirmou que a cidade está muito feia por causa das pichações. "Agora temos um prefeito que resolveu por ordem na casa. Isso é bom. Meu projeto está pronto para ser votado e segundo orientação do Executivo, o disque-pichação será mantido".

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse neste sábado, 4, que "todos os pichadores são bandidos" e voltou a pedir que autores de pichação se tornem "grafiteiros ou artistas". No mesmo dia em que o tucano fez a declaração, em entrevista para a Rádio CBN, duas pessoas foram presas pichando o muro de uma escola na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.

A ação foi flagrada pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). Os detidos foram encaminhados ao 72.º Distrito Policial (Vila Penteado) para o registro da ocorrência. O local é a Escola Municipal do Ensino Fundamental (EMEF) Osvaldo Quirino Simões. Em nota, a administração municipal informou que "vai continuar os esforços para o combate à pichação, um crime ambiental que danifica o patrimônio da cidade, inclusive edifícios e monumentos tombados e com valor histórico".

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A Prefeitura anunciou no fim de janeiro que as pessoas flagradas cometendo esse tipo de delito serão processadas para ressarcimento. A gestão Doria tem endurecido o cerco contra pichadores. Entre as medidas mais duras de combate à pichação, começou a articular um projeto na Câmara para aumentar a pichação.

O tucano chegou a defender multa de R$ 5 mil para quem for pego pichando muros públicos ou privados, R$ 10 mil no caso de reincidentes e R$ 50 mil para quem pichar monumentos. Nesta sexta-feira, 3, a Prefeitura recebeu novas adesões ao Projeto Guardiões da Cidade.

A parceria permite que taxistas auxiliem na fiscalização a atos de vandalismo. Desde 1.º de janeiro, a Guarda Civil Metropolitana conduziu 50 pichadores a distritos policiais. "É importante ressaltar que a fiscalização não será feita de forma indiscriminada. Grafite e pichação receberão tratamentos diferenciados. Os pontos de grafite serão ampliados. A intenção é valorizar essa modalidade de arte urbana com a criação de cursos e oficinas para estimular que pichadores adotem o grafite e passem a atuar em locais permitidos", destacou a gestão em nota.

O grafiteiro Mauro Neri foi detido por policiais militares na tarde desta sexta-feira, 27, depois de apagar a tinta passada pela Prefeitura em um grafite que ele mesmo havia feito, com aval da gestão anterior, em uma pilastra no Complexo Viário João Jorge Saad (Cebolinha), na zona sul de São Paulo. Acusado de crime ambiental, ele assinou um termo circunstanciado e deve ser liberado em breve.

"Eu estava removendo o cinza e escrevendo novas frases em um lugar onde eu já tinha autorização", disse ao jornal O Estado de S. Paulo por telefone. Ele era acompanhado por um grupo de cinegrafistas espanhóis que fariam um documentário sobre street art e o acompanharam ao longo da semana.

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Ao ser abordado, Neri disse que foi questionado pelos policiais se ele era um pichador que eles procuravam. "Estavam procurando e queriam saber se eu era essa pessoa."

O grafite apagado (foto à direita) era parte do projeto Cartografitti, da Secretaria Municipal de Cultura, contemplado pelo edital Arte na Cidade. Neri coordenou o projeto.

Segundo o texto de apresentação no site da pasta, a proposta "faz um recorte no mapa da cidade de São Paulo por meio de uma série de intervenções em 21 locais estratégicos que contou com a participação de diversos artistas da cena street art local".

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu na segunda-feira (23)  lei que torne mais pesada a legislação contra pichação na cidade, aplicando multa aos autores. De acordo com o tucano, os pichadores que não aceitarem se tornar artistas, muralistas ou grafiteiros serão penalizados "com a lei pública e a legislação que a Câmara Municipal de São Paulo vai colocar muito em breve, ampliando as multas para aqueles que estragarem e prejudicarem a cidade", disse. "Ninguém gosta da pichação."

Doria ressaltou que é absolutamente a favor da arte urbana, desde que feita por meio do grafite e de murais, e contra a pichação. "E contra os pichadores vamos agir com absoluta intransigência."

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São Paulo tem uma lei antipichação, de 2007, que não prevê multa. Em Curitiba, desde 2013, pichadores podem ser punidos com multas de até R$ 1,6 mil Na cidade gaúcha de Santa Maria, a punição pode chegar a R$ 5,4 mil.

A ideia de multar pichadores é mais um capítulo da "cruzada" de Doria contra a pichação. Na sexta-feira, a Prefeitura informou que "as ações não serão feitas de forma indiscriminada" e "grafite e pichação receberão tratamentos diferenciados". No fim de semana, pichações e também grafites foram pintados de tinta cinza na Avenida 23 de Maio, que há dois anos abrigava mais de 70 murais.

Quem teve uma obra apagada na via foi o grafiteiro Binho Ribeiro, de 45 anos, com grafites expostos em pelo menos 40 países, incluindo os Estados Unidos. Binho é curador da Bienal do Grafitti, do projeto da 23 de Maio e do Museu Aberto de Arte Urbana (pilastras na Avenida Cruzeiro do Sul, em Santana). Binho definiu a ação da Prefeitura como "massacre" e "ataque violento" a artistas.

"O que ele (Doria) está fazendo na 23 de Maio me parece muito mais pirraça do que uma atitude coerente", diz ele. "É tão contraditório você se dedicar tanto a educar crianças a gostarem da cidade, a desejarem que fique mais linda e de repente você tem um ataque violento. É muito contraditório com uma postura de alguém que deve ser um representante de todos."

Legislação

Segundo a Lei de Crimes Ambientais, da esfera federal, a pena prevista para quem pichar um monumento urbano varia de 3 meses a 1 ano, além de multa. A Câmara Municipal até já tentou legislar sobre pichações em anos anteriores. O vereador Adilson Amadeu (PTB) propôs, em 2005, a criação de um "Disque Pichação". O projeto fala em 0800, mas de acordo com Amadeu, poderia ser o canal de denúncias 156.

Em 2008, a então vereadora Lenice Lemos (PTB) propôs multa para pichações de monumentos públicos ou privados, fixando valores entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil. O texto propunha também que o infrator fosse obrigado a reparar o dano. Caso o projeto de lei citado por Doria seja de autoria do Executivo, o prefeito pode fazer um adendo a alguma lei já existente, modificando o texto.

Detenções

Nas três primeiras semanas de gestão, pelo menos um pichador foi detido a cada dois dias. Foram 13 pessoas conduzidas pela Guarda Civil Metropolitana por "vandalismo", segundo a Prefeitura.

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), grupo da Polícia Civil especializado em investigações contra o crime organizado, está mapeando pichadores e se prepara para executar prisões coletivas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A gestão João Doria (PSDB) instalou telas em volta do Viaduto Doutor Plínio de Queirós, na Avenida 9 de Julho, no centro da capital. Elas ocultam moradores de rua que estão no local desde segunda-feira, quando a Prefeitura executou a primeira ação do programa Cidade Linda, de mutirões de zeladoria. Os moradores de rua estão abrigados em uma quadra embaixo do viaduto, que agora foi "envelopada". A gestão Doria afirma que a medida é para proteção deles.

Com as telas, é possível ver apenas vultos das pessoas e suas barracas. Funcionários a serviço da Prefeitura Regional da Sé disseram que as telas serviriam para impedir que as pessoas da rua pudessem ver o que se passava no local. "Mas isso aqui vai durar dois dias. Logo eles (moradores de rua) tiram", disse um dos empregados.

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Há cerca de 50 moradores de rua abrigados no espaço. Eles disseram não saber o motivo da instalação das telas e reclamam da concentração de tanta gente naquele lugar. "Eu já estava aqui antes de vir todo mundo para cá. Agora, já começou a ter briga, sumir coisas. Não vou ficar mais aqui", contou, enquanto carregava sacos e mochilas, a moradora de rua Simone Santos, de 36 anos.

Já os moradores dos prédios do entorno do abrigo improvisado também reclamam da situação. "Primeiro que, à noite, muitos deles saem de lá (da quadra) e voltam para onde estavam, na praça. E deixam toda a sujeira de manhã. Outra coisa é o barulho. Ontem à noite, chegou uma mulher com vários cachorros e eles ficaram latindo a noite toda", conta a aposentada Neyde Andrade, de 59 anos.

Na 9 de Julho, após a operação da Prefeitura, ainda há barracas e carroças de gente que não quis ir para a quadra. Também há novos grafites nas paredes pintadas na segunda-feira.

O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, esteve na quadra nesta quinta-feira, 5, e diz que "a situação é dramática". "Há mulheres que estão fazendo xixi em latas", disse.

"Criou-se uma série de expectativas que precisam ser concretizadas com urgência", afirmou o padre. "Aos moradores de rua, foram ditas informações desencontradas para convencê-los a ir para a quadra, promessas de trabalho, encaminhamento, acolhimento, e eles estão agitados." O padre continua: "E entre os moradores dos prédios, foi criada a expectativa de que os moradores de rua iriam sair. Há muita tensão".

Segundo Lancellotti, os moradores de rua se queixam de serem filmados e fotografados pelos moradores dos prédios durante a noite. "Os carros passam xingando eles, fazendo ameaças. Tenho medo de uma tragédia", disse. Há risco ainda de acidentes, uma vez que os próprios moradores fazem fogo no local para cozinhar.

Proteção

Por meio de nota, a gestão Doria informou que "a Prefeitura instalou telas no local para proteção dos moradores" e que a ação só foi executada "após diálogo entre agentes da Secretaria de Assistência Social e as pessoas em situação de rua". No texto, a administração diz que a ocupação do espaço é provisória e que a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social está atuando para que os moradores "aceitem os encaminhamentos da rede". "A expectativa é de que as pessoas que se encontram no local sejam encaminhadas para vagas de acolhimento, moradia e emprego o mais breve possível", diz o texto, sem esclarecer a quais os riscos aquelas pessoas estariam expostas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Auditório da Prefeitura, no 6º andar do Edifício Matarazzo, esteve fechado nesta quarta-feira, 4, por causa de uma minirreforma tocada após pedido direto do prefeito João Doria (PSDB). A ordem foi dada após a primeira entrevista coletiva feita pelo prefeito na sala, na segunda-feira, 2. O prefeito determinou a pintura de paredes e reforma das cortinas.

"Não dá para receber pessoas na sala com marcas de mão na parede", disse o prefeito, ao justificar a ordem.

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Por causa da reforma, a entrevista coletiva programada entre o prefeito e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) realizada nesta quarta teve de ser transferida para o 3º andar, que dá acesso ao Viaduto do Chá, onde fica a entrada principal do prédio - funcionários reclamaram do cheiro de tinta no espaço e fizeram paralelo com a operação "Cidade Linda", um mutirão para limpeza de ruas que faz parte do plano de governo do prefeito.

Questionado se esse não seria um gasto desnecessário, em um momento em que ele determinou corte de 15% no valor dos contratos públicos, de 30% no gasto de custeio da secretarias, a venda de todos os carros dos gabinetes e ainda precisa achar R$ 3,3 bilhões no orçamento para manter a circulação dos ônibus, o prefeito foi enfático: "Não."

"Uma lata de tinta ainda estamos podendo pagar. Se for preciso, pago do meu bolso. Agora, você precisa ter um lugar para receber as pessoas", afirmou Doria, com bom humor.

Em sua primeira agenda pública, o prefeito eleito João Doria, vestido de gari, se comprometeu a fazer, pessoalmente, varrição das ruas da cidade de São Paulo uma vez por semana até o fim de sua gestão.

"Toda semana, em todos os eixos, o Prefeito estará lá, vestido de gari, ajudando a limpar a cidade para demonstrar que é trabalhando que nós vamos limpar a cidade. Em quatro anos, todas as semanas", disse o tucano.

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O gesto de Doria simboliza o início do programa Cidade Linda, de ações de zeladoria e limpeza urbana na capital ao lado de seu secretariado também vestido como gari. "É bom vocês acordarem muito cedo", disse à imprensa.

Doria também se comprometeu a ser catador de recicláveis por um dia durante o evento, ao ser abordado por representantes do movimento social Pimp my Carroça.

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