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O chocolate amazônico ganha o mundo. Izete Costa, conhecida como dona Nena, está à frente da produção de cacau 100% orgânico na ilha do Combu, pertinho do centro de Belém, capital do Estado do ParáCasa do Chocolate da Ilha do Combu promove um importante resgate da cultura e tradições ribeirinhas da região.

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Formada por 39 ilhas, a região insular de Belém assume destacado potencial turístico. Também permite aos pequenos empreendedores do local uma produção sustentável, com respeito ao meio ambiente.

Em projeto de vídeo experimental, os estudantes Messias Azevedo, Vallery Dantas, Gabriel Pires, Ana Paula Mafra, Painah Silva e Eduardo Quemel, do curso de Jornalismo da UNAMA - Universidade da Amazônia, atravessaram o rio para gravar um minidocumentário sobre o empreendimento. Confira o trabalho.

Da Redação do LeiaJá.

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Fortalecer, valorizar a cultura e promover o protagonismo feminino. Esses foram os pilares para a criação da Associação de Mulheres Extrativistas do Combu (AME Combu), resultado do projeto de dissertação "Sociedade e Natureza: Um Estudo sobre o Protagonismo das Mulheres Andirobeiras da Ilha do Combu, Belém-Pa", vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Veja vídeo sobre o projeto aqui. 

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Executado pela acadêmica Ana Carolina Gonçalves, sob orientação das professoras doutoras Flávia Lucas e Cláudia Urbinati, o projeto da Associação surgiu por uma demanda das próprias mulheres das comunidades do Combu e Piriquitaquara, na região das ilhas de Belém. Para a professora Flávia Lucas, uma das criadores do projeto, "essa criação surgiu da necessidade de trazer o protagonismo para essa mulher, fazê-la se sentir valorizada, valorizar o seu trabalho e lhe trazer conhecimentos sobre a matéria prima local, que é o óleo da andiroba”, declara.

Segundo a professora Cláudia Urbinati, em média, 20 mulheres fazem parte da Associação. São trabalhadoras da florestas que desenvolvem diversas atividades, tanto quanto os homens, e não possuem o reconhecimento devido. 

Além de promover esse protagonismo feminino, o projeto também tem o intuito de valorizar o óleo da andiroba e a conservação da espécie, para que continue a produzir o fruto que será a matéria-prima rentável a muitas famílias. Ele também visa profissionalizar essas mulheres para que possam atuar em uma atividade rentável, pois muitas dessas extrativistas não recebem o valor merecido pelo trabalho minucioso realizado, que pode levar até meses para ser finalizado por conta do clima, dos frutos e do processo que envolve crença, cultura e empenho.

Valorização da cultura local

Dentro das crenças na produção do óleo, Izete dos Santos, conhecida como Dona Nena, conta que mulheres menstruadas ou grávidas e pessoas desconhecidas não podem participar ou observar o processo de extração e produção do óleo pois, segundo a crença, entendem que a andiroba é capaz de absorver a energia dos envolvidos. "Se as regras não forem cumpridas, o óleo não sai da maneira natural, tendo que optar por expor ao sol, forçando a extração do fruto e fazendo com que o óleo se torne inutilizável para o consumo tradicional."

Dona Nena é uma das tantas mulheres que acreditam e participam do projeto. Moradora do Combu, ela vive pelo resgate da cultura da família, utilizando como fonte de renda tudo o que a floresta lhe oferece. Hoje em dia, ela trabalha com o foco no chocolate, mas tem a andiroba como expectativa de complementação de renda para ela e outras mulheres da Ilha. "Vejo o projeto como uma forma de despertar o interesse a esse trabalho de extração, para que as mulheres vejam o potencial da andiroba para a nossa Ilha."

Visando amparar e dar estrutura para a execução do trabalho, a equipe do projeto já providenciou fogão, utensílios individuais para o projeto. Há o planejamento de equipar a sede da melhor maneira para as mulheres se sentirem não apenas no seu lugar de trabalho, mas em um lugar em que sejam acolhidas, possam conversar e se sentirem valorizadas. 

Segundo a discente Ana Carolina Gonçalves, toda a iniciativa veio para valorizar a cultura local que aos poucos está se perdendo, principalmente, por conta das mudanças sociais que vêm acontecendo na Ilha. "No passado, havia mais zelo pela floresta e costumes caboclos. O trabalho das andirobeiras visa justamente um recurso nativo, que é um patrimônio material, mas também imaterial, pois faz parte da cultura, tradição e herança familiar", afirma

"Muitas já possuem uma demanda de óleo, então o nosso projeto visa fortalecer essa atividade, fazendo com que a sede atual se torne um ponto comercial das produções, que os terrenos onde acontecem a colheita do fruto da andiroba se tornem vias turísticas e rentáveis a essas famílias", explica a aluna.

Desde o início, em 2020, o projeto, por meio da Uepa, já promoveu diversas oficinas na sede da Associação, localizada na comunidade de Piriquitaquara, para estimular capacitações das andirobeiras para elaboração de cosméticos, materiais de limpeza, dentre outros, à base de andiroba, visando o fortalecimento da cadeia de valor da andiroba na Ilha. Essa etapa tem sido acompanhada pelo químico e doutorando da Universidade Federal do Pará (UFPA) André Reis, que presta todas as orientações técnico-científicas que agregam qualidade e segurança no uso destes produtos.

A equipe do projeto conta com a participação da comunidade envolvida, representada pelas andirobeiras, além do apoio jurídico do Escritório Ferreira Melo e Barroso Advocacia, por meio do advogado Paulo de Tarso, e do designer Bernardo Magalhães, diretor da Agência de Comunicação Libra Branding, que estão trabalhando conjuntamente para a criação da AME Combu e da marca coletiva.

Impactos na comunidade

Por muito tempo a andiroba foi a principal fonte de renda de muitas famílias ribeirinhas. Mas as descobertas de novas fontes fizeram com que o valor, da até então fonte principal, caísse até não suprir mais a necessidade das famílias, que consistiam desde necessidades básicas, alimentação, até o cultivo da matéria e o processo de tratamento até chegar ao mercado. 

Prazeres Quaresma, mais conhecida como Dona Prazeres, é turismóloga especialista em Ecoturismo. Mas, como conta, acima disso é ribeirinha, com família extrativista presente há mais de 100 anos na região. Para ela, a andiroba é o sangue da população ribeirinha, porque sempre foi considerada um medicamento e, mais que isso, representa uma fonte de renda muito importante. "Apesar de ter perdido o valor hoje, nós ainda continuamos acreditando no potencial desse fruto, que assim como o cacau e o açaí, ela também tem tudo para voltar a crescer e conquistar novamente o mercado. A andiroba representa a esperança de manter a nossa floresta de pé", destaca.

Segundo Dona Prazeres, atualmente, 95% das andirobeiras perderam o lugar para o açaí e cacau, matérias que estão com maior valor no mercado. A chegada do projeto é a esperança para a retomada financeira do produto. "Acredito que o projeto tenha vindo para despertar as pessoas que achavam que as andirobeiras não serviam mais pra nada. Que isso traga de volta o ânimo e a intenção de plantar mais andiroba, entender que ela pode ser uma fonte de renda valiosa. O futuro da andiroba depende hoje da Associação. As pessoas só irão valorizá-la a partir do sucesso e engajamento dessa iniciativa. O diferencial desse projeto é o compromisso que estão tendo com a comunidade. Existe uma frase que diz: 'saber e não fazer é o mesmo que não saber' e o diferencial do AME é porque sabem e fazem", acredita.

Ao final da pesquisa espera-se que o óleo de andiroba e derivados, como sabonetes, shampoos e hidratantes, tenham valor de mercado agregado, bem como as mulheres andirobeiras da Ilha do Combu se sintam valorizadas e estimuladas a manter a produção de óleo, visando a tradição dos povos da floresta. A expectativa é que o projeto AME ajude a trazer de volta o valor de todo o trabalho com a andiroba, além da valorização cultural, reconhecimento da mão de obra e o retorno financeiro, essencial para a economia local e às mulheres extrativistas que ainda produzem os produtos naturais na região. 

Por Larissa Silva, da Ascom Uepa.

 

 

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Uma das fontes de economia da ilha do Combu, na Região Metropolitana de Belém, são os bares e restaurantes. O polo turístico, localizado em frente à capital paraense, amarga dificuldades. Abaixo, ouça podcast sobre a atividade econômica do Combu.

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O restaurante Saldosa Maloca foi inaugurado 22 de junho de 1982. A ideia surgiu dos irmãos José e Waldemar, que perceberam o aumento de lanchas pela ilha aos finais de semana e logo viram que seria bom fazer um restaurante onde essas pessoas pudessem almoçar. 

“Viram então a oportunidade de ter uma renda extra, já que o seu José tinha como fonte de renda apenas cacau, açaí e outros produtos oriundos da floresta, já seu irmão Waldemar que morava no continente se dedicava ao comércio de cerâmicas e também a corretagem de imóveis”, contou a atual proprietária do Saldosa Maloca, Prazeres Quaresma. 

Hoje, o seu José está aposentado e o seu Waldemar é falecido. Além do restaurante, os proprietários têm outra fonte de renda, que é o sítio, de onde tiram o extrativismo. As pessoas que trabalham no restaurante são preferencialmente moradores da ilha e também do continente. 

Prazeres diz que no trabalho com os restaurantes, que movimenta a economia da ilha do Combu, eles não têm nenhum tipo de apoio governamental. “Não temos nenhuma ajuda governamental, a não ser durante a pandemia que fizemos uso dos incentivos do governo federal”, explicou.

Durante o isolamento social, por causa da covid-19, eles precisaram diminuir o quadro de funcionários e suspender o salário, já que o restaurante não estava abrindo e redução salarial. 

A proprietária do restaurante Saldosa Maloca fez um apelo. “Gostaria, se possível, que o plano de manejo de nossa ilha saia do papel e que as autoridades consigam enxergar que, se a ilha já é boa para os visitantes, ela precisa, antes, ser boa para os ribeirinhos que ao longo de tantas gerações cuidaram com tanto zelo por esse pequeno pedaço de paraíso”, finalizou. 

Outro restaurante que é antigo na ilha e tem os proprietários moradores do Combu é o Boá Na ilha, inaugurado em meados de 2006. O dono, Boaventura Júnior, percebeu que o Turismo de Experiência (turismo que vai além de dias de descanso em determinado local, e propõe a vivência no local) estava ficando forte. Segundo Boaventura, ainda há muita deficiência, pois não há investimentos. 

“As pessoas que vêm de fora buscam esse tipo de turismo, querem ter experiência do local e querem vivenciar o que é nosso, o que é daqui. Quando elas veem o açaí, elas querem ter a experiência de como apanha e foi com base nessas experiências que o restaurante acabou surgindo”, explicou Boaventura.

 Boá contou que, além do restaurante, eles também trabalham com o extrativismo do açaí e que as pessoas que ajudam no restaurante são moradores da Ilha. “Nós não temos nenhuma ajuda governamental e durante a pandemia nós vivemos à base do açaí, da pesca e da taberna, onde vendemos mantimentos”, disse.

Boaventura frisou que não há saneamento básico, que a situação é precária e que nunca nenhum poder público fez algo para mudar a realidade das pessoas da ilha do Combu. “Como moramos em um núcleo familiar, temos uma média de 130 famílias. Essas famílias não têm um atendimento do governo para vir a ajudá-las a recolher o lixo. Nós do restaurante, levamos o lixo pra Belém, mas essas famílias não têm esse atendimento e nem todas conseguem fazer o mesmo”, explicou.

Um dos restaurantes mais recente é o Kakuri, com três anos de funcionamento e que foi projeto de um morador da Ilha, junto com sua esposa, segundo um dos sócios, Wladmir Miranda.

Além do sustento vir do restaurante, eles trabalham também com a extração do açaí, serviços de carpintaria e trabalhos que surjam na área de construção. A maioria dos seus colaboradores são moradores da ilha do Combu, apenas dois são do continente. 

Wladmir aproveita a oportunidade para deixar a sua indignação com a falta de incentivo, vinda principalmente da Prefeitura de Belém. “Ausência do poder público municipal por não dar infraestrutura alguma, serviço de fornecimento de energia elétrica precário, inexistência de água tratada, elevando nossos custo com água mineral comprada no continente. Cobrança de taxas administrativas por parte dos 3 poderes públicos, como se tivéssemos em pé de igualdade com restaurantes do continente em relação a infraestrutura oferecida pela prefeitura, principalmente”, reclamou.

Segundo o Ideflor-Bio, mais de 20 estabelecimentos, entre bares e restaurantes, estão localizados às margens da APA da ilha do Combu. Ao longo dos anos o turismo tem aumentado na ilha. Levados por grandes e pequenas embarcações fretadas, principalmente de Belém, os visitantes desfrutam da culinária local, e, também, realizam passeios locais através das trilhas ecológicas. Esses estabelecimentos dispõem de banheiros e áreas de lazer de banho, como chuveiros, e até hospedagem. Alguns destes necessitam de reserva prévia e também podem disponibilizar transportes ao visitantes.

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