As taxas futuras de juros iniciaram o dia em queda, em reação à divulgação, nesta quinta-feira, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O documento reforçou as expectativas de manutenção da Selic em 7,25% ao ano ao longo de 2013, podendo permanecer neste nível também em 2014, com potencial de flexibilização para baixo.
Por volta das 9h55, na BM&FBovespa, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 6,98%, de 7,10% no ajuste de quarta-feira (05); o DI para janeiro de 2015 tinha taxa de 7,48%, de 7,59% na véspera; e o DI para janeiro de 2016 marcava 8,07%, de 8,15% na quarta-feira (05). Entre os vencimentos mais longos, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 8,43%, de 8,51% e o DI para janeiro de 2021 apontava 9,14%, de 9,24% no ajuste da véspera.
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Mais cedo, o Copom repetiu na ata o comunicado que se seguiu à decisão de manter a Selic em 7,25% ao ano na reunião dos dias 27 e 28 de novembro. Segundo o texto, os diretores entendem que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear. A avaliação foi feita considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade do ambiente internacional.
Para o economista-chefe da Planner, Eduardo Velho, a ata da reunião de novembro é "parecida" em termos de projeção de inflação com a divulgada após a reunião de outubro. "Me parece que segue a ideia de probabilidade zero de o Banco Central aumentar os juros em 2013 e em 2014. Caso ocorra um desvio forte da inflação, me parece que usará outros instrumentos".
Velho cita uma informação sobre a utilização da capacidade instalada para justificar sua avaliação. No parágrafo 25, o Copom informa observar que "que o nível de utilização da capacidade instalada se encontra abaixo da tendência de longo prazo, ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços".
Por outro lado, o economista da Planner acrescenta que a ata é mais "realista" ao admitir ajustes em relação à política fiscal. "Considera-se geração de superávit primário em torno de 3,10% do PIB em 2012, com ajustes. Além disso, admite-se como hipótese de trabalho a geração de superávit primário de quase 3,10% do PIB, sem ajustes, em 2013", informa o documento. A ata salientou que o balanço do setor público tem se deslocado de uma posição neutra para expansionista.
Mas, nota Velho, as projeções de inflação se mantiveram estáveis. Em 2013, nos dois cenários (de referência e de mercado), a estimativa ficou estável e acima de 4,50%. Em 2014, em torno de 4,50% (centro da meta de inflação). Segundo Velho, portanto, "não há pressões inflacionárias que preocupam o BC".
Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do ABC Brasil, chama a atenção para a retirada da ênfase sobre os impactos da crise internacional sobre a atividade brasileira. "A avaliação do BC antes da divulgação do PIB do terceiro trimestre (na última sexta-feira, 30/11) era de que o cenário externo estava entre os principais responsáveis pelo fraco desempenho da economia brasileira. E agora ele tira três parágrafos sobre o setor externo", observou Souza Leal, em entrevista à Agência Estado. Para ele, o BC pode ter avaliado que os problemas enfrentados pela economia brasileira, como o baixo crescimento, podem estar mais relacionados a fatores internos que externos. "O documento de janeiro terá mais informações", conclui.
Vale lembrar que na quarta-feira (05), na sessão estendida, as taxas futuras reagiram em queda ao anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de extensão do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) para 2013 e da redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 5,50% para 5%, em janeiro do próximo ano. As medidas foram interpretadas por profissionais do mercado como indicação de que o governo prioriza o crescimento, anulando chances de alta da Selic no próximo ano.
Na agenda doméstica, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de novembro voltou a mostrar inflação, ao subir 0,25%, após a queda de 0,31% de outubro. O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que ia de 0,10% a 0,40% e acima da mediana, de 0,20%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,16% e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), +0,45%.
Às 11 horas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informa o Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) em outubro, que deve ter ficado entre 81% e 81,60%, com mediana de 81,10%, de acordo com as estimativas do mercado financeiro. No mesmo horário, o governo federal anuncia o pacote "Portos - Programa de Investimentos em Logística", que deve estimular os investimentos públicos e privados de até R$ 60 bilhões entre 2013 e 2030, sendo que cerca de R$ 35 bilhões devem ser investidos até 2015, com participação da presidente Dilma Rousseff.