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Com estrutura de dar inveja a empresas de marketing, corretoras de investimentos que já produziam conteúdo para redes sociais e plataformas de vídeo agora também atendem clientes via WhatsApp com boletins do mercado financeiro, assessoria de investimentos e alertas de vencimentos de títulos. "A gente tem que procurar o cliente onde ele está. E a maioria das pessoas está hoje no WhatsApp", diz Cristiane Belotti, superintendente de marketing da Órama Investimentos.

A assessoria de investimentos é o serviço mais prestado pelo aplicativo de mensagens entre as empresas do ramo. "É superágil. Tanto para demandas de clientes quanto para enviar notícias, alteração de cadastro. As pessoas respondem melhor que em outros meios de comunicação", conta Bianca Moura, gestora da Terra Investimentos. As corretoras enviam em massa boletins com os acontecimentos mais importantes do dia e análises, além de informativos institucionais, mas a conversa com o assessor pode acontecer na mesma plataforma, para ajudar na tomada de decisões e escolhas de produtos financeiros de maneira individualizada.

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Para corretoras que já contam com estrutura de produção de conteúdo, caso da Necton, o WhatsApp funciona como um complemento de comunicação, justamente pela agilidade que proporciona. "No caso de algum vencimento importante, mandamos para o cliente o vídeo explicativo ou o texto pelo app de mensagens", diz Rafael Giovani, diretor da corretora. Em outros casos, a empresa prefere usar redes como o Youtube.

Outras corretoras já se preparam para aderir à ferramenta, como a MyCap, do Rio de Janeiro. "A ideia é que no próximo semestre o WhatsApp seja uma das nossas principais plataformas de atendimento", conta Alexandro Nishimura, gestor da corretora, que montou um estúdio na empresa para produzir conteúdos para o Youtube e para o APP.

Ainda há, no entanto, quem prefira outras maneiras de conversar com o investidor. A Easynvest, por exemplo, acredita que o atendimento aos clientes é mais organizado por meio do chat em sua plataforma própria.

A corretora ainda levanta a preocupação com a segurança. "Se o cliente tem o celular roubado, alguém pode continuar a conversa no app no lugar do investidor e causar danos ao patrimônio dele. Na nossa plataforma, é preciso entrar com login e senha. WhatsApp, por enquanto, a gente só estuda", conta Paiva. A Easynveste também não faz indicações de investimentos em nenhuma das plataformas em que divulga conteúdo.

Interesses

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo participantes do mercado de capitais no País, informou em nota que a comunicação que envolve indicação de investimentos deve adotar princípios como "lealdade ao cliente, tratamento de conflitos de interesse, full disclosure (divulgação da informação completa), linguagem serena e moderada e equilíbrio entre pontos, tais como riscos e benefícios, independentemente da mídia utilizada pela corretora".

O professor William Eid, coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV, recomenda cautela nesse contato. "O investidor tem que saber que, em última análise, está tratando com um vendedor. É preciso avaliar os interesses envolvidos", explica.

Para Eid, as ferramentas digitais podem ajudar a criar uma cultura de poupança e investimentos. E recomenda a busca de informação em plataformas independentes a respeito dos produtos apresentados pelas corretoras. "O assessor pode ajudar a decidir entre uma opção ou outra, contanto que você saiba o que significa cada uma delas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma semana depois da tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), causada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos da Vale, a ação da mineradora está fora das carteiras recomendadas pelas corretoras. Aquelas que tinham o papel entre suas recomendações retiraram Vale ON da lista para a próxima semana. As corretoras evitam mudar suas recomendações para a ação por enquanto, mas começam a recomendar mais cautela aos investidores.

O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) retirou Vale ON de sua carteira para o mês de fevereiro. Em relatório, o banco informa que decidiu, no entanto, manter o preço-alvo para a ação em R$ 62, e para o American Depositary Receipt (ADR) em US$ 16. Isso por conta da manutenção dos fundamentos da indústria de mineração, e pela demanda por minério de ferro de melhor qualidade, que deve continuar forte, segundo as analistas Gabriela Cortez e Catherine Kiselar.

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Também retiraram Vale ON de suas carteiras Modalmais, Nova Futura, Terra Investimentos e XP Investimentos. Para o analista Karel Luketic, da XP, o plano de ação da Vale ajuda a mitigar incertezas em relação à produção. "No entanto ainda existe incerteza em relação aos processos judiciais decorrentes do evento. Após incorporarmos as medidas anunciadas, ajustamos marginalmente o preço-alvo mas mantivemos a recomendação de compra. A queda ao longo dos últimos dois dias parece já refletir parte relevante dos riscos". A XP baixou o preço-alvo da Vale de R$ 70 para R$ 66.

Sandra Peres, analista da Coinvalores, afirma que a corretora também não mudou sua recomendação para Vale ON, mas neste momento, acredita que a ação destinam-se principalmente a investidores de perfil mais arrojado ou que visem o longo prazo.

Na visão de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, ainda são necessárias maiores informações para inserir o desastre de Brumadinho nas projeções e no preço-alvo da Vale. "A decisão de congelar pagamento de dividendos afetou aquelas estratégias de investidores que inseriram a ação da mineradora em função do anúncio de que iria remunerar melhor seus acionistas".

Com o início do mês, alguns bancos que divulgam carteiras mensais fizeram alterações nas suas recomendações. No caso do BB-BI, além de Vale ON, saíram também Movida ON e Ultrapar ON, para a entrada de MRV ON, Locamerica ON e B2W ON. As carteiras da Bradesco Corretora e Agora Investimentos registram as saídas de Cyrela ON e Petrobras PN, com a inserção de Duratex ON e Energisa Unit.

A Socopa fez uma alteração, com a saída de EcoRodovias ON e a entrada de Kroton ON. Ainda entre as corretoras que retiraram Vale ON de suas carteiras, a Terra excluiu também Via Varejo ON, e inseriu Braskem PNA e Marfrig ON. Já a XP retirou também Lojas Americanas PN, e inseriu JBS ON e Suzano ON.

A Modalmais, além de Vale ON, retirou também Itaúsa PN e Lojas Renner ON, com a entrada de Ambev ON, Porto Seguro ON e Banco do Brasil ON. A Nova Futura retirou Lojas Renner ON, Copel PNB e Vale, com as entradas de Ambev ON, Gerdau PN e Telefônica Brasil PN. A Mirae fez quatro alterações, retirando BRF ON, Ambev ON, Santander Brasil Unit e Randon PN, e inserindo Sanepar Unit, Lojas Renner ON, Klabin Unit e Itaú Unibanco PN.

Termômetro

 

Os investidores estão menos otimistas com relação ao desempenho do Ibovespa na próxima semana, segundo profissionais ouvidos pelo Termômetro Broadcast Bolsa. Pela pesquisa, que tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do Ibovespa na semana seguinte, 70,97% das 31 respostas enviadas apontam para alta do principal índice acionário local. Esse porcentual era de 75,00% no levantamento anterior.

A fatia dos que esperam estabilidade aumentou de 12,50% para 22,58% no mesmo período. A parcela que prevê baixa diminuiu de 12,50% para 6,45%. Nesta semana, o Ibovespa acumulou valorização de 0,19%.

Na primeira semana cheia de fevereiro, os investidores estarão atentos a detalhamentos que podem ser divulgados sobre o projeto de reforma da Previdência a ser encaminhado durante este mês ao Congresso Nacional. Inclusive, os olhares vão se concentrar no início efetivo do ano do Legislativo com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado já eleitos e a participação de parlamentares novatos. A força política do presidente Jair Bolsonaro começará a ser testada.

No plano econômico, o foco recairá na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a Selic - que deve ser de manutenção da taxa básica ainda estimulativa em 6,5% ao ano - e, sobretudo, na sinalização dos próximos passos na condução da política monetária, num contexto no qual a atividade econômica ainda demora a ganhar velocidade de recuperação.

A temporada de balanços continua tanto aqui, com a divulgação de resultados do Itaú Unibanco, da Porto Seguro e da Klabin, quanto no exterior, com a apresentação dos números de Alphabet, GM e Disney nos EUA.

O diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, informou que até janeiro de 2019 todas as agências e clientes do banco estarão interligados às plataformas das corretoras Ágora e Bradesco, um investimento de R$ 150 milhões. Com parte da sede no Rio de Janeiro, a Ágora foi comprada pelo banco em 2008.

O objetivo é que o trabalho esteja finalizado até janeiro de 2019. "Estamos finalizando investimento de R$ 150 milhões nas plataformas das corretoras para poder interligá-las totalmente ao banco, porque tanto a Ágora quanto a Bradesco Corretora lidam com clientes que têm conta no banco ou não", explicou o executivo, que participou pela primeira vez como presidente do Bradesco da reunião da Apimec-Rio, entidade que reúne analistas e profissionais de investimento.

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No evento, Lazari afirmou não ver problema no surgimento de bancos puramente digitais no mercado. Ele ressaltou, no entanto, que as regras devem ser iguais para que o novo segmento não seja favorecido. "Essa concorrência é sadia, faz a gente melhorar, mas o que a gente sempre pede é que a condição de concorrência seja igual para todo mundo", disse. Ele informou ainda que o Bradesco tem 140 fintechs e startups trabalhando para o banco.

O executivo disse ainda que o banco está bem posicionado para capturar o crescimento do País. Ele disse ainda que vê os primeiros sinais de retomada da busca por crédito e de queda na inadimplência. "O pior já passou na inadimplência, a fase aguda de 2016 e 2017. O indicador veio se reduzindo e bateu 3,9%. E a tendência é que melhore um pouco", frisou, ao comentar o balanço do Bradesco para o segundo trimestre. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O fundo americano Advent anunciou na quarta-feira, 8, a compra de uma participação minoritária relevante da corretora Easynvest. Com cerca de 150 mil usuários ativos e aproximadamente R$ 10 bilhões de ativos sob custódia, a empresa é uma das maiores plataformas digitais de investimentos do País e líder em aplicação em Tesouro Direto, respondendo por cerca de 25% desse segmento.

O valor e a fatia adquirida não foram divulgados pelas partes. A operação está sujeita à aprovação do Banco Central. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a transação girou em torno de R$ 200 milhões para aquisição de uma fatia de um pouco menos de 50% do negócio. Os acionistas da Easynvest ficam com o controle.

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As negociações para a aquisição de parte da Easynvest foram conduzidas pela Nyx Participações, empresa controlada por fundos do Advent. As conversas começaram no ano passado.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Mario Malta, diretor do fundo de private equity (que compra participações em empresas) no Brasil, disse que a aquisição é importante para a gestora, que tem 30% de seus investimentos globais no setor de serviços financeiros. Malta, que não comentou o valor da transação, disse apenas que os recursos para a aquisição fazem parte da captação de US$ 2,1 bilhões feita pelo Advent para investir na América Latina.

No Brasil, o Advent já foi um dos investidores da Cetip, central depositária de títulos privados de renda fixa e derivativos de balcão no Brasil e que anunciou fusão com BM&FBovespa; e na J. Malucelli Seguradora.

Segundo Marcio Cardoso, um dos sócios da Easynvest, a entrada do Advent deverá dar impulso à corretora, fundada em 1968, mas que passou a partir de 2010 a fazer parte do ranking das maiores investidoras em Tesouro Direto. "Entre 2012 e 2013, começamos a fazer um reposicionamento para a plataforma online." A expectativa é que a corretora dobre o total de clientes no fim de 2017, para cerca de 300 mil, com cerca de R$ 20 bilhões sob gestão.

Atuante. O Advent tem sido um dos principais fundos de investimentos atuantes no Brasil. Entre dezembro e janeiro, anunciou importantes aquisições – a distribuidora de produtos químicos quantiQ, que pertencia à Braskem, e a faculdade gaúcha Cesuca.

O fundo também é apontado como favorito para comprar o laboratório de genéricos Teuto, que tem a multinacional americana Pfizer como sócia, e está em negociações avançadas para vender o terminal TCP, de Paranaguá, para o Dubai Ports World (DPW). O terminal de Paranaguá é avaliado em cerca de R$ 3 bilhões.

A gestora americana também está em conversas avançadas para abrir o capital da farmacêutica Biotoscana, que no Brasil controla a United Medical. Além disso, avalia a Via Varejo, divisão de eletroeletrônico do grupo francês Casino, mas, neste caso, não há negociações em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Central decretou nesta quarta-feira, 07, a liquidação extrajudicial de quatro corretoras de câmbio e de uma Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) por indícios de crime de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores. As corretoras são Pioneer, Catedral, Midas e Titu. A DTVM é a Previbank.

De acordo com a assessoria do BC, essas instituições que entraram em liquidação possuem peso pequeno nos negócios, representando 0,1% do valor total das operações de câmbio do mercado primário. A área de supervisão do BC constatou que essas instituições fizeram "inúmeras operações cambiais irregulares", com "inequívocos indícios de crimes" previstos na Lei 9.613, de 3 de março de 1998, e que trata sobre crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores. Além disso, as instituições não implementaram políticas, procedimentos e controles internos compatíveis com o porte e o volume de operações, segundo o BC.

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Em nota, o regulador afirma que está tomando "todas as medidas cabíveis" para apurar as responsabilidades. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e à comunicação às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Com a decretação, ficam indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições.

Há entre essas corretoras, instituições que estão citadas na Operação Lava Jato, mas o BC garante que não há relação entre as liquidações de hoje e o trabalho realizado pela Polícia Federal porque se trata de uma apuração que o regulador faz de tempos em tempos. Como identificou indícios de irregularidades, o BC decidiu tirar essas empresas do mercado. Há indícios, por exemplo, de operações fictícias de negócios internacionais, como exportações sem a existência de um importador na outra ponta. O BC detectou também em alguns casos o uso de nomes fictícios de pessoas. A liquidação extrajudicial não afeta os clientes das instituições.

A Pioneer tem sede em São Paulo e foi nomeado como liquidante do caso Eduardo Bianchini, que atuou como liquidante do Banco Cruzeiro do Sul. No caso da Catedral, que tem sede em Salvador (BA), o liquidante será Othon Ayres Rehm. Quem comandará as análises na Midas será Tupinambá Quirino dos Santos e, na Previbank, Eliatan de Castro Machado. A primeira tem sede no Rio de Janeiro e a segunda, em Fortaleza. Por fim, o liquidante da Titur, que tem sede em Niterói (RJ), será Sergio Luiz Borges de Azevedo.

Em meio à conjuntura econômica difícil, ao desempenho sofrível da Bovespa nos últimos anos e aos custos operacionais cada vez maiores, o setor de corretoras de valores passa por uma nova onda de consolidação, com dois negócios apenas neste ano. Escritórios de advocacia especializados em fusões e aquisições (M&A) consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, dizem que novas operações devem ser anunciadas até meados do ano, sobretudo de grandes corretoras comprando empresas menores que ainda permanecem sob controle familiar. Entre os negócios de 2015, a SLW anunciou uma parceria com a Guide Investimentos e a CGD Securities fechou uma integração parcial com a RICO CTVM.

Com margens cada vez mais apertadas, além desse tipo de operação, grandes players apostam também na diversificação de produtos, sobretudo de renda fixa, para se destacar.

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José Eduardo Carneiro Queiroz, sócio-diretor do escritório de advocacia Mattos Filho, afirma que a base de clientes pessoa física das corretoras não cresceu de maneira significativa nos últimos anos, enquanto os grandes clientes institucionais preferem, muitas vezes, as vantagens oferecidas pelos conglomerados financeiros, o que deixa as corretoras em uma situação difícil. "O setor está tendo de se reinventar".

"Obviamente o mercado está passando por um momento difícil, em função da própria conjuntura macroeconômica. O mercado de renda variável sempre foi muito importante para as corretoras e nos últimos anos as coisas não ajudaram muito", comenta Caio Villares, sócio da Concórdia e presidente da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). Ele afirma que o desempenho do Ibovespa tem uma forte correlação com o lucro das corretoras, em função dos volumes negociados, da atratividade para o consumidor final e do sentimento geral de aversão ou apetite por risco. "Além disso, existe uma grande pressão de custo, em função dos investimentos em tecnologia da informação (TI), que são cada vez mais importantes para as corretoras". Nesse cenário, muitas corretoras estão indo para nichos específicos, criando novos serviços, saindo de alguns setores.

 

"Com a Bolsa do jeito que está, fica muito pouca margem para as corretoras, que precisam diluir custos e às vezes acabam se fundindo, também para ter uma estrutura administrativa menor", comenta Victor Baez, sócio fundador da Heartman House Consultores.

Uma alternativa à opção de fusão e aquisição são parcerias que ajudam a reduzir gastos, como por exemplo o compartilhamento da infraestrutura de TI. "São projetos que demandam grandes investimentos e podem ser compartilhados, não são estratégicos para as corretoras", explica Villares, da Ancord. Ele relata que esses projetos de compartilhamentos ficaram muito tempo sendo "requentados", mas agora que o segmento passa por maiores dificuldades, estão começando a sair do papel.

Revoluções Entre os principais casos de sucesso do setor estão corretoras que apostaram na inovação. Guilherme Benchimol, executivo-chefe da XP Investimentos, defende o conceito de "shopping center de produtos financeiros". A empresa, criada em 2001, é hoje uma das maiores do Brasil. "Empresas independentes como a XP precisam se posicionar como contraponto aos bancos comerciais, que têm mais de 30 milhões de clientes que investem mal.

Os bancos só vendem marcas próprias, enquanto a vantagem de ser independente é que você vende todas as marcas", explica. Eduardo Moreira, sócio e diretor da Geração Futuro, que foi comprada em 2012 pelo banco Brasil Plural, apostou em uma gestão diferenciada e base de clientes própria, sem depender de agentes autônomos. "Nós falamos diretamente com quase 90% dos nossos clientes. Isso nos gera uma margem maior e nos dá uma robustez muito grande para enfrentar momentos difíceis. Temos uma capilaridade muito grande", argumenta. O sócio da Geração Futuro espera mais consolidações no setor e diz que está sempre analisando oportunidades, apesar de não ter nenhuma negociação muito avançada no momento.

Já Benchimol, da XP, prefere investir no crescimento orgânico. "Nós captamos quase R$ 3 bilhões nos primeiros quatro meses deste ano, então teria de ser uma aquisição muito relevante para fazer a gente gastar energia em outra coisa que não seja o nosso próprio negócio", expõe.

Diferentemente da maioria do setor, Benchimol se mostra bastante otimista. "Nunca tivemos um crescimento tão acelerado. Não há crise para quem quer trabalhar, inovar", afirma. Segundo ele, se as corretoras derem a devida atenção a outros produtos além das ações, é possível fazer muita coisa. "A diferença entre o rendimento da poupança e títulos públicos nunca foi tão alta, ou seja, nunca foi tão fácil vender esse tipo de produto", conta.

Desmutualização

Um dos fantasmas que ainda paira sobre o setor é a disputa em torno da cobrança de tributos pela Receita no processo de desmutualização da Bolsa, em 2008, que transformou a Bovespa e a BM&F, que eram sociedades sem fins lucrativos, em uma sociedade comercial.

Para a Receita, quando foram encerradas as duas sociedades - e os títulos detidos pelas corretoras e bancos foram transformados em ações -, as companhias tiveram um ganho de capital, que deve ser tributado.

Já as instituições defendem que a antiga sociedade não foi encerrada, mas transformada em companhia aberta. A solução é aguardada pelo mercado porque, em muitos casos, o valor das multas impostas pelo Fisco ultrapassa o patrimônio líquido de algumas instituições.

Para o presidente da Ancord, o grande problema era que esses passivos não podiam ser quantificáveis, o que gerava incertezas. "Hoje, há uma capacidade muito maior de quantificar isso. Colocando um número, fica mais fácil de isolar esse fator. Não acho que esse assunto esteja impedindo novas fusões no setor", comenta Villares.

Chegou-se a ser dito que, desde meados do ano passado, o Banco Central estaria pressionando as corretoras a aumentar as provisões para o caso de serem obrigadas a pagar esse imposto.

Procurada, a autoridade, que é responsável pela fiscalização do mercado financeiro nacional, se limitou a dizer que não há nenhuma novidade sobre o caso e que a questão das provisões é discutida caso a caso com as corretoras.

As oscilações do mercado financeiro em torno de pesquisas eleitorais estão no radar da xerife do mercado de capitais brasileiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O interesse pelas pesquisas lembra o movimento visto em 2002, durante o processo que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

A possibilidade de antecipação dos resultados dos levantamentos pelos investidores chama atenção, já que o índice Bovespa vem reagindo antes da hora a rumores que circulam pelas mesas de operações a respeito dos números das pesquisas.

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O comportamento dos mercados levanta discussões sobre duas práticas. A primeira seria o uso de dados ainda sigilosos para a compra ou venda de ativos, o que configuraria informação privilegiada, passível de punição pela CVM.

Além disso, é usual a contratação de pesquisas privadas por instituições financeiras para monitorar a situação dos candidatos, conforme disseram diversas fontes consultadas pelo Broadcast, que preferiram não se identificar. Um banco pode encomendar uma pesquisa para ficar pronta na véspera da divulgação de um levantamento público e, assim, antecipar o resultado e comprar ou vender ações antes de outros investidores.

Com custo elevado, estimado entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, a encomenda parte, geralmente, de bancos e grandes corretoras. A contratação privada é comum e não representa irregularidade, desde que não seja publicada sem registro. Mas o uso da informação para comprar ou vender ações antecipadamente é questionado pela CVM.

"O uso de informação de resultados de pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, antes de divulgação ao público, pode caracterizar prática não equitativa", alerta a CVM.

As sanções previstas vão desde a advertência até a proibição de atuação no mercado, informou a CVM por e-mail.

Pesquisas eleitorais têm de ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral com no mínimo cinco dias de antecedência da publicação. Os rumores e as movimentações nos mercados por vezes começam com base em informação sobre o registro de determinada pesquisa no TSE, publicada no site do tribunal. A divulgação de levantamentos sem registro está sujeita A multa de R$ 53,2 mil até R$ 106,4 mil.

Cenário

A Bolsa, influenciada pelas ações de estatais, passou a reagir em alta quando existe a perspectiva de queda na intenção de voto na presidente Dilma Rousseff. Na visão de investidores, uma eventual mudança de governo seria favorável aos negócios por significar menor intervenção na economia.

Na eleição de 2002, a CVM decidiu estabelecer uma deliberação sobre o tema (n.º 443). "Havia muita volatilidade nos mercados e as pessoas aproveitavam para especular com as pesquisas", afirmou o advogado Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM, responsável pelo estabelecimento das normas na época.

A CVM determinou que analistas, consultores, gestores de carteiras e companhias abertas precisam informar caso contratem pesquisas que não sejam apenas para seu conhecimento exclusivo. A comunicação tem de ser feita à CVM no prazo de 24 horas da contratação da pesquisa, sob pena de multa de R$ 1 mil por dia de atraso.

Além disso, a norma estabelece que o uso de informações apuradas em pesquisas de opinião pública antes de sua divulgação pelos meios de comunicação pode configurar vantagem indevida, colocando os demais participantes do mercado em posição de desigualdade. Ou seja, pode cair na configuração de informação privilegiada.

Casos desse tipo já chegaram a ser alvos de investigação pela CVM. Em dezembro de 2002, a CVM abriu processo contra o Bank of America relacionado ao uso de pesquisas eleitorais para a obtenção de lucros. O processo foi arquivado no mesmo ano. Procurado, o Bank of America não comentou o assunto.

"A CVM deve olhar tudo que pode representar tentativa de vantagem e caberia a ela tentar organizar para evitar o uso de informação privilegiada ou manipulação", diz Cantidiano.

A influência das pesquisas nos mercados deve perdurar, conforme fontes, até as eleições. "Não me lembro desde a primeira disputa do Lula se falar tanto em política", diz um executivo de banco. Conforme um gestor, existe correlação de praticamente 100% entre Bovespa e pesquisas nos últimos 40 dias. "O mercado está com pouquíssima liquidez, e oscilando ao sabor das pesquisas eleitorais", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A corretora MF Global entrou com pedido de concordata na semana passada, deixando, além de um rombo estimado em US$ 600 milhões, um rastro de desconfiança e temor em relação a outras corretoras e bancos de investimentos. As ações das firmas do setor despencavam na tarde desta quarta-feira (9) em Nova York.

O maior temor é sobre a exposição dessas firmas de investimentos à dívida soberana europeia, especialmente Grécia, Itália, Espanha e Portugal, ou negócios com a própria MF Global. O pior é atualmente, ao contrário de 2008, há menos disposição de bancos e outras empresas financeiras de saírem ao salvamento de náufragos. O próprio Federal Reserve lavou as mãos e deixou a MF afundar.

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Por volta das 13h30 (de Brasília), os papéis da corretora Jefferies & Co. caíam 7,96%, com queda acumulada de janeiro até hoje de 57%. As ações da Charles Schwab derretiam 5,12% e tinham perda acumulada em 2011 de 28,8%. As ações da E*Trade Financial caíam perto de 6%, registrando desvalorização de 36,61% no ano. As ações do Fortress Investment Group caíam 4,43% e no ano a empresa acumula perdas de quase 40%. As ações da Blackrock encolhiam 4,11%, com perdas de quase 18% no ano.

Para o ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e diretor para EUA do Barclays Capital, Michael Gapen, ainda é cedo para saber se outras companhias correm o mesmo risco da MF Global. "Por enquanto, creio ser um fato isolado, baseado nos riscos que eles decidiram correr, e não acredito que signifique uma deterioração mais ampla envolvendo outras firmas financeiras", disse à Agência Estado. O presidente do Fed, Ben Bernanke, também havia avaliado, logo após a concordata da MF Global, que se tratava de um caso isolado.

O diretor-gerente da Fortress, Gordon Runde, garantiu na semana passada que a companhia não estava na linha de fogo. "A Fortress não tem exposição financeira à MF Global", disse, durante conference call para divulgação dos resultados trimestrais.

Em comunicado divulgado na semana passada, a Jefferies garantiu aos clientes não possuir "exposição significativa" às dívidas de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha e que a exposição à MF Global era "mínima".

Mas vale lembrar que, dias antes do colapso da MF Global, seu então executivo-chefe, Jon Corzine, havia garantido que a empresa tinha liquidez e os clientes não corriam riscos, o que se provou uma grande mentira. A corretora tinha exposição de US$ 6,3 bilhões às dívidas da Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e Bélgica. A falência da MF Global é a oitava maior dos Estados Unidos.

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